Biologicamente
a gravidez pode ser definida como o período que vai da
concepção ao nascimento de um indivíduo. Entre os animais irracionais trata-se
de um processo puro e simples de reprodução da espécie. Entre os seres humanos
essa experiência adquire um caráter social, ou seja, pode possuir significados
diferenciados para cada povo, cada cultura, cada faixa etária.
Em
alguns países como a China, que não possui mais capacidade territorial para
absorver um número elevado de indivíduos a maternidade é controlada pelo
governo e cada casal só pode ter um filho. Em outras culturas como em tribos
indígenas e alguns países africanos gravidez é sinônimo de saúde, riqueza e
prosperidade.
No
Brasil, onde não há controle de natalidade e onde o planejamento familiar e a
educação sexual ainda são assuntos pouco discutidos, a gravidez acaba
tornando-se, muitas vezes, um problema social grave de ser resolvido. É o caso
da gravidez na adolescência.
Gravidez
na adolescência
Denomina-se
gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que
encontram-se, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e
acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe
destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo
das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as
condições biológicas necessárias para engravidar, um filho não é concebido por
uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no
ventre, o filho, durante toda a gestação, de enfrentar as dificuldades e dores
do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir
de sua parcela de responsabilidade. Por isso, quando uma adolescente engravida,
não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de
ambos também passam pelo difícil processo de adaptação a uma situação
imprevista e inesperada.
Diante
disso cabe nos perguntar: por que isso acontece? O mundo moderno, sobretudo no
decorrer do século vinte e início do século vinte e um vem passando por
inúmeras transformações nos mais diversos campos: econômico, político, social.
Essa
situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais
encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade
recebida por esses jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por
exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e
responsabilidade é um dos motivos que favorecem a incidência de gravidez na
adolescência.
Outro
fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a
desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do
dia-a-dia, os pais estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de
dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem
responsabilidade. Ele passa, muitas vezes, a não ter a quem dar satisfações de
sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o
problema já se instalou.
A
desinformação e a fragilidade da educação sexual são também questões
problemáticas. As escolas e os sistemas de educação estão muito mais
preocupados em dar conta das matérias cobradas no vestibular, como: física,
química, português, matemática, etc., do que em discutir questões de cunho
social. Dessa forma, temas como sexualidade, gravidez, drogas,
entre outros, ficam restritos, quase sempre, aos projetos, feiras de ciência,
semanas temáticas, entre outras ações pontuais. Os governos, por sua vez,
também se limitam às campanhas esporádicas. Ainda assim, em geral essas
campanhas não primam pela conscientização, mas apenas pela informação a
respeito de métodos contraceptivos. Os pais, como já foi
dito anteriormente, além do afastamento dos filhos, enfrentam dificuldades para
conversar sobre essas questões. Isso se dá devido a uma formação moralista que
tiveram. Diante dessa realidade o número de pais e mães adolescentes cresce a
cada dia.
A
adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios,
que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente,
outros assuntos preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular,
profissão, etc.
A
gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer
desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além
de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
Os
primeiros problemas podem aparecer ainda no início da gravidez e vão desde o
risco de aborto espontâneo – ocasionado por desinformação e ausência de
acompanhamento médico – até o risco de vida – resultado de atitudes
desesperadas e irresponsáveis, como a ingestão de medicamentos abortivos.
O
aborto além de ser um crime, em nosso país, é uma das principais causas de
morte de gestantes. Por ser uma prática criminosa não há serviços
especializados o que obriga as mulheres que optam por essa estratégia, a se
submeterem a serviços precários, verdadeiros matadouros de seres humanos,
colocando em risco a própria vida.
Um
outro problema é a rejeição das famílias. Ainda são muito comuns pais que
abandonam seus filhos nesse momento tão difícil, quando deveriam propiciar toda
atenção e assistência. Há que se pensar que esse não é o momento de castigar,
pelo menos não dessa forma, o filho ou filha.
Em
outras situações a solução elaborada pelos pais é o casamento. Embora hoje haja
poucos e apenas nas regiões interioranas os casos de casamentos forçados com o
objetivo de reparar o mal cometido, os casamentos de improviso, acertados entre
as famílias ainda é bastante recorrente. Os adolescentes, nessa situação, são,
normalmente, meros observadores e em geral não se opõem a decisão tomada pelos
pais. Isso acontece tanto pela inexperiência quanto pela culpa que carregam ou
ainda por pura falta de condições de apontar melhor solução. O agravante dessa
situação são os conflitos de depois do casamento, que na maioria das vezes
acabam em separação, causando uma situação estressante não só para os pais, mas
também para o bebê.
A
adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do
trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso
ou até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da
carreira ou o desenvolvimento profissional.
Como
evitar?
É
muito comum ouvir nas ocasiões em que se discute esse assunto com os
adolescentes, perguntas do tipo: o
asseio íntimo com ducha vaginal depois da relação sexual previne a gravidez?
Quando a relação é em pé há risco de engravidar? Uma menina pode engravidar na
sua primeira transa? E muitas outras perguntas e afirmações mitológicas sobre
como não engravidar. A resposta a todas essas questões postas acima é única.
Em todas as situações há risco de engravidar sim.
Não
importa que tipo de asseio se faça depois do ato sexual. O espermatozóide é lançado no canal vaginal durante a
ejaculação ou até mesmo antes, no líquido lubrificante produzido pelo homem.
Isso significa que na hora do asseio eles já estão bem longe do alcance de uma
ducha íntima. O fato da transa ser em pé, de lado ou em qualquer outra posição
também não altera em nada o percurso dos espermatozóides até o óvulo. Também não se pode pensar que porque
é a primeira vez de uma garota os espermatozóides fiquem “cerimoniosos” e
resolvam voltar sem fecundar o óvulo. Até mesmo porque eles não teriam para
onde voltar não é verdade?
Outras
garotas ao iniciarem sua vida sexual tomam decisões como: só praticar sexo
anal; só transar durante a menstruação; fazer tabelinha; pedir ao parceiro que
utilize o coito interrompido1,
entre outras estratégias equivocadas, que passam de boca-em-boca como
eficientes.
Tudo
bem, sexo anal não engravida porque é anatomicamente impossível: não há como o
espermatozóide migrar do canal retal para o vaginal. Porém, há que se ter
cuidado com o líquido expelido pelo pênis durante a excitação. Esse líquido
pode conter espermatozóides que em contato com a vagina podem ter acesso ao óvulo mesmo
não havendo penetração vaginal
O
coito interrompido é outra opção que não convém, pois no momento máximo da
excitação pode não dar tempo de realizar o procedimento ou mesmo que tudo
ocorra bem bastaria que uma gotícula de esperma caísse na vagina para que
houvesse risco de gravidez.
Denomina-se coito interrompido a ação do homem de retirar o pênis da
vagina durante a penetração para ejacular o sêmen fora.
A
tabelinha também é um método arriscado, sobretudo no início da vida sexual e
sem acompanhamento de um profissional. Esse é um recurso usado como paliativo e
sempre orientado por um médico e acompanhado de outros métodos contraceptivos.
Assim como no caso da transa durante a menstruação o fator regularidade do
ciclo menstrual é fundamental, o que significa dizer que se o ciclo for
irregular não dá para confiar nesses métodos.
Diante
disso só o acesso à informação, a educação, assim como a conscientização e a
orientação para o uso de contraceptivos, são as únicas formas de combater e
prevenir a gravidez na adolescência. Tudo isso, porém, só será possível através
da associação de ações educacionais e de saúde pública. Não basta ter a
informação se o acesso a uma consulta, um aconselhamento, ou a uma cartela de
camisinhas é truncado.
Espermicida
é um produto, uma espécie de gel, comprado em farmácias sem a necessidade de
receitas médicas e utilizado para matar ou imobilizar os espermatozóides
evitando que eles cheguem ao óvulo. É aplicado na vagina pouco antes da relação
sexual, mas não oferece o mesmo grau de proteção que a camisinha, por exemplo.
O ideal é que seja usado junto com a camisinha aumentando assim sua eficácia.
Diafragma
O
diafragma é outro método ideal que cãs bem com o espermicida. Aliás, ele só
funciona assim. É um objeto côncavo, arredondado e de bordas, feito de borracha
flexível. Para utilizá-lo é necessário aplicar-lhe o espermicida e em seguida
inseri-lo no canal vaginal. Ele funciona como uma barreira de proteção do
útero.
Camisinha
É o método contraceptivo mais seguro
chegando a oferecer 90% de segurança em relação a gravidez. Além
da gravidez previne também todo tipo de doença sexualmente transmissível.
Além disso, pode ser utilizada tanto pelo parceiro (camisinha masculina) quanto
pela parceira (camisinha feminina). Outra vantagem é que sua aquisição é fácil.
Tanto pode ser adquirida gratuitamente nos postos de saúde como comprada a um
preço módico em supermercados e farmácias. O único cuidado que deve ser tomado
é o de observar se o produto tem o selo do imetro e se está dentro da data de
validade.
Pílulas
anticoncepcionais
Um
dos métodos contraceptivos mais populares as pílulas ocupam o primeiro lugar no
ranking dos métodos mais usados pelas meninas. Isso acontece, primeiro porque
sua fama de método seguro é grande, segundo porque o acesso a esse produto
também é muito fácil. Embora isso seja errado a maioria das farmácias não pede
receita médica no ato da compra e muitas mulheres fazem uso desse medicamento
sem orientação médica. É importante salientar que essa atitude não deve ser
cultivada. O uso de qualquer medicamento por iniciativa própria é arriscado à
saúde. As pílulas costumam provocar efeitos colaterais como aumento ou redução
de peso, dores de cabeça, náuseas, tonturas, entre outros.
Outras
alternativas
Além
desses há ainda um método contraceptivo que não é adequado à adolescência. É o
DIU (Dispositivo Intra Uterino). Trata-se de um mecanismo depositado, apenas
pelo médico, no útero da mulher e que deve ser acompanhado pelo menos de 6 em 6
meses pelo ginecologista.
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