Aprendizagem,
Educação e Subjetividade: aspectos entrelaçados e desafiadores
Nos dias atuais, existe a necessidade de mudanças no contexto
educacional, onde há a troca de informações entre alunos e professores. Vale
ressaltar que, é fundamental a reciclagem de conteúdos elaborados em sala de
aula e o modo em que a didática é aplicada.
Obter novas aprendizagens nos remetem à repensar sobre
questionamentos e práticas, que serão colocadas em ação. No ambiente
educacional, frente à isso, podemos simbolizar, sentir emoções e colocá-las em
prática e refletir se faz sentido para si, para atuar de modo diferente no
mundo.
Desta forma, a aprendizagem mostra diferentes nuances, como a
individualidade de cada pessoa e as culturas que revelam as desigualdades
sociais.
Pensar de maneira tão complexa, abre espaço para refletirmos
sobre a subjetividade de cada um. Comunicação verbal, reciprocidade e práticas
educacionais que estimulem novos conhecimentos com significado, atribui novos
contextos para os profissionais na docência construírem identidades e novos
saberes.
São nas mudanças onde cada indivíduo elabora suas
alternativas de atuar no mundo, refletir, concordar ou não com o senso comum e
contribuir com as alternativas de superação.
O histórico de vida de cada aluno, tem sido um requisito
interessante na formação. O contexto pessoal é a principal alternativa de
ensino, para facilitar a aprendizagem (teoria e prática). A cultura e o
indivíduo são os pontos principais para tal acontecimento.
O diálogo, a vida pessoal, troca de vivências, experiências e
as metodologias, são facilitadores na aprendizagem.
Enfatizar na história de vida de cada pessoa, auxilia na
produção do conhecimento em vários sentidos, como: psicológico (o sujeito e sua
trajetória de vida), sociológicos (mudanças do indivíduo frente às condições
sociais), educativas (aprendizagem frente à sua realidade), entre outros.
O professor autocrático, ou seja, que recusa-se a ouvir o
aluno, nega-se à novas aprendizagens e visões frente à vida. Não considera o
discente como sujeito do seu conhecimento.
O ensino de novas matérias, relaciona-se com a flexibilidade
de “escuta” do docente, assim, atribui responsabilidades também ao educando.
Ensino e aprendizagem estão interligados. O que o aluno constrói, deve estar
ligado ao trabalho do docente.
A formação acadêmica não tem focado em situações que
possibilitem o fortalecimento emocional dos futuros profissionais, assim,
acentua a ansiedade dos discentes. A postura dos docentes é falha para
estimular a aprendizagem do aluno. Há a desconsideração do que pensam e sentem,
principalmente, quando ficam de frente com a vulnerabilidade humana. Esse
modelo de ensino tão cristalizado, tem que passar por profundas mudanças, pois
já chegou até o limite e os sinais de exaustão são evidentes.
Há uma necessidade de uma nova postura dos educadores e focar
o ensino no aluno em sua totalidade. Além de ressaltar o lado racional do
aluno, é importante olhar também o todo, ou seja, seus atributos pessoais e
sentimentos quando implementa suas ações profissionais.
De forma geral, as pessoas possuem a propensão em considerar
seus sentimentos como algo que tem que ser descartado. É importante o ser
humano confiar em si próprio, de maneira holística.
Ressaltar a interdisciplinaridade também é importante,
considerar o docente como sujeito da aprendizagem e novos conhecimentos, é um
pedido para construir novos sentidos para o processo de si mesmo, para produzir
ciência, assim, assumir uma postura nova frente ao conhecimento. A
interdisciplinaridade está entrelaçada com atitudes frente ao conhecimento, de
buscar fontes para conhecer melhor e maior conteúdo, esperar atitudes que não
se concretizaram, relação de igualdade, verbalização, humildade frente as
próprias limitações, de novos saberes, de enfrentar novas situações,
transformar para positivo o conhecimento antigo, comprometimento e maturidade
frente aos compromissos a serem realizados, felicidade e realização.
Anabela et al (2006), preocuparam-se com o insucesso escolar
e o quanto este influencia no ensino superior. Foi realizado um programa de
intervenção interdisciplinar, com intuito de promover o sucesso acadêmico, com
o apoio de psicólogos e suporte social para promoção de estilos de vida
saudáveis. A priori, foram identificadas as necessidades e problemas dos
estudantes do ensino superior. Obtiveram sinais de sucesso, pois houve aumento
de participação e avaliação positiva pelos alunos envolvidos. Reforça-se, mais
uma vez, a necessidade de novas estratégias de ensino.
Esse novo paradigma, rompe com o modelo antigo na produção da
ciência, supera a rigidez e permite mudar modelos científicos.
Para ser um bom docente, é necessário organização, eliciar a
participação dos alunos e o modo como a matéria é conduzida, comunicação,
linguagem adequada, bom humor, conhecer os discentes, clareza e realização do
que foi determinado, conteúdo adequado, estratégias de ensino adequadas e
avaliação. Conhecimento sólido e atualizado do professor, relacionar teoria com
a realidade, procurar sempre o conhecimento, mostrar segurança e metodologia
adequada no ensino, variação dos procedimentos educativos, síntese da matéria
(envolvendo o aluno), recursos que facilitem o aluno a raciocinar,
desenvolvimento de postura ética e humana, usar a tecnologia como recurso de
aprendizagem, atenção a possível amizade entre professor e aluno.
Na teoria psicanalítica, o professor tem um papel fundamental
na construção do saber e do desejo do aluno. O modelo identificatório é de suma
importância, como referência da autonomia moral do sujeito.
É necessário ressignificar o papel do professor, enquanto
transmissor de conhecimentos e saberes. Mas para isso, a cultura escolar
precisa levar em consideração a constituição do desejo, abrir espaço para
alunos e professores relatarem suas dores e sofrimentos. Relacionar esse tema
com a nossa atualidade, principalmente a subjetividade de cada um.
Segundo o Ministério da
Educação, houve no mês de maio (2009), um encontro dos representantes de
instituições de educação superior, para discutir o ensino nos próximos anos. Os
resultados e discussões servirão como subsídios para a Conferência Mundial de
Educação Superior, prevista para junho deste ano, em Paris. Um dos temas que
serão abordados é a formação dos professores, a igualdade de oportunidade na
educação e o comprometimento social. Segundo o presidente da Câmara da Educação
Superior do CNE, Paulo Barone, “a educação básica tem problemas que influenciam
todos os aspectos da educação nos níveis seguintes”. Por conta disso, um dos
assuntos abordados será sobre a educação superior na formação da educação
básica.
O educador necessita olhar para si, como o responsável por
futuras transformações na docência, frente à falta de interesse dos alunos.
Modificar as matérias que são obrigatórias, a maneira como esta é exposta,
fazer com que esse conteúdo tenha sentido para o aluno e levá-los a
curiosidade, criticidade e enfrentar novos desafios.
Os docentes enxergavam o mundo com parâmetros de nossos pais
e professores, diferente dos alunos de hoje, que tem como referências a cultura
atual, a mídia e o consumismo.
Para haver melhorias na educação brasileira, necessita a
reflexão sobre a atual situação no ensino, consequentemente, elaborar e exercer
idéias e ações para garantir um futuro promissor.
Se a escola ensina com qualidade, há a possibilidade de
aprender e oferecer ao aluno subsídios para um país mais evoluído, para
melhorias na qualidade de vida da população.
A situação de nossas escolas são precárias. O ensino e as
avaliações deixam a desejar, as matérias dos livros não correspondem a
realidade. E a tendência de vários educadores, seria a de negar a realidade,
acomodam-se na posição passiva, que não possibilita crescer, aprender e
reciclar.
Raros são os docentes que são criativos, empenhados e
flexíveis, frente a triste realidade da maioria.
A forma passiva dos docentes, pode ter como consequência,
negar para as novas gerações, as mudanças necessárias para um futuro próspero.
Os professores bons são os que sentem insatisfação frente a
sua metodologia de ensino, pois assim, permitem-se melhorar, aprender e
empenhar-se. Frente a essa atitude, a aprendizagem sempre será reciclada.
E o salário? O financeiro resolve apenas problemas
financeiros, como, por exemplo, a aquisição dos materiais e recursos para o
docente, mas não beneficiará o crescimento educacional. Necessita relacionar um
bom salário com boa educação e ensino.
Subjetividade e
Educação
A partir do século XX, a subjetividade começa a fazer parte
da modernidade, que engloba o indivíduo em vários aspectos, entre eles, o
social, cultural e coletivo.
A subjetividade é constituída no relacionamento com outro
sujeito, que possui sua historia, sonhos e desejos. E o sujeito social, é
gerado na relação com a sociedade e é receptor das informações que necessita. A
subjetividade fica de frente com a concepção de um sujeito que procede da
sociedade complexa e competitiva.
E é por esse tipo de relações que, o ser humano cresce e
surge a pessoal, o seu eu, no qual se reconhece como ser, pessoa, indivíduo e
constrói sua autoimagem. O âmbito escolar, está relacionado com a construção da
subjetividade e tem que haver coerência e lógica em seus recursos.
As subjetividades estabelecem como base nas representações e
construções do modo como se apresentam, assim, criam expectativas, motivações e
desejos. Transformar, transmutar o que se passa na mente das pessoas, pela
participação da educação.
A psicologia da educação, está entrelaçada nas relações que o
indivíduo explicita no ambiente escolar, principalmente as interpessoais. Se
existir a valorização das vivências individuais e grupais, reconhecemos mundos
diferentes e objetivos específicos, assim, valorizamos as diferenças entre as
pessoas.
Um dos desafios atuais, referem-se sobre as estratégias que
são realizadas no caso de alunos excluídos, repetentes e aprovados. Se
valorizarmos a subjetividade de cada um, será possível lidarmos com esse
desafio, pois iremos ao encontro das diferenças individuais.
Na educação, o subjetivo necessita de um novo olhar, que
surge na atualidade. As formas de desenvolvimento, aprendizagem e o papel que o
subjetivo tem no surgimento psicológico da educação, necessitam de uma nova
perspectiva.
A psicologia da educação, tem como meta, direcionar a relação
entre educação e conhecimento, que se originam das teorias psicológicas, em um
ambiente que inclui esses conhecimentos, o sistema educacional, comunidade,
familiar, etc.
Existe a necessidade de compreendermos a sociedade atual,
suas mudanças, sutilezas, focando na ciência, conhecimentos e sociedade.
Refletir sobre a subjetividade torna-se necessidade. Temos
que criar alternativas para lidar com a nossa criatividade e participação com
outras pessoas, seja na formação de professores, ou nos valores individuais.
Seria enriquecedor se a educação, tivesse um espaço
reconhecido para cada um, criasse oportunidades e levasse em consideração as
diversidades. A subjetividade está nessas diferenças, para promover identidades
coletivas e individuais, como gancho para novas linhas pedagógicas e sociais,
que são necessárias na formação do cidadão.
A escola atual, enxerga o aluno como um produto do meio em
que vive, na posição passiva e não como sujeito ativo e transformador da sua
realidade.
A educação está relacionada com a elaboração da
subjetividade, que fundamenta-se em alguns princípios como o sujeito que gera
suas possibilidades e sua interação com o mundo, reconhecer suas qualidades
pessoais, viver e experimentar suas atitudes.
A formação do sujeito, que adquire conhecimentos,
significados e representações que ele atribui a sua vida, são qualidades em que
a educação tem que comprometer-se. A psicologia nos oferece princípios, para a
construção e colabora, para a qualificação da educação em suas finalidade e
metas.
É importante construir a subjetividade nas relações entre
pessoas, principalmente nas escolas. A psicologia, auxilia na reflexão de
caminhos para a educação e a sua construção.
A Subjetividade e
o Behaviorismo
no que diz respeito à construção da subjetividade, deve-se
atentar para o papel da cultura, pois é através dela que o indivíduo entra em
contato com um aspecto extremamente importante do ambiente: o mundo privado. É
a cultura que permite, por exemplo, o autoconhecimento, o autocontrole e a
autoestima, que são padrões que preparam os indivíduos para serem eficientes no
ambiente social e assim reproduzirem as práticas sociais. Esses conhecimentos
são ensinados desde o início da vida do bebê e seguem ao longo de toda a sua
existência.
Esse processo de aprendizagem é possível porque somos parte
de uma comunidade verbal. Essa comunidade nos ensina a observar e a nomear
tanto elementos do mundo externo – uma cadeira, uma paisagem, um livro, coisas
que tem correspondentes externos, em suma – quanto nossos estados internos
- como sentimentos, conceitos, regras sociais, sensações, ou seja,
elementos que não possuem correspondentes externos. Ademais, a comunidade
verbal também nos ensina a nomear o que será importante para a pessoa e para o
seu meio.
A construção da subjetividade começa na família, mas também
ocorre em outros ambientes e em outros grupos sociais. Na situação
escolar, por exemplo, o educador deve criar condições de desenvolvimento do
repertório necessário para a aprendizagem de letras, palavras e números, assim
como para a identificação de estados corporais e eventos internos como
motivação, alegria, autoestima e outros. Atualmente, a sociedade é mais
complexa, exigindo que a escola se preocupe em instalar diferentes padrões de
comportamento que permitam a sobrevivência da comunidade como um todo. A
educação formal desenvolve habilidades mais específicas e complexas e deve
formar indivíduos com valores e um repertório de habilidades que contribuam
para o grupo.
É com base na comunidade verbal que se constrói uma
importante parte do repertório dos indivíduos: sua subjetividade. A construção
da individuação dentro de uma história de interação com um ambiente particular
faz com que cada pessoa adquira uma singularidade que não é idêntica a nenhuma
outra. Nesse sentido, a subjetividade é estritamente social. Pode parecer
estranho que a subjetividade seja uma característica social, pois só é
conhecida como tal a partir de correlatos públicos. E no momento em que é
conhecida publicamente, de certa forma, deixa de existir.
Stutz (2006), realizou
um estudo, sobre as dificuldades encontradas por alunos técnicos de nível médio
na área da enfermagem. Os resultados mostraram que, as dificuldades presentes,
estavam relacionadas a comunicação e relacionamento interpessoal .
Fonte:
https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/aprendizagem-educacao-e-subjetividade-aspectos-entrelacados-e-desafiadores
Nenhum comentário:
Postar um comentário