O Bullying no local de trabalho
Diferente do que se imagina, a
prática do bullying não ocorre somente dentro das salas de aulas. Também não
acontece somente entre alunos: os mais populares e os nerds; ou entre os
maiores e os menores.
A prática do bullying, esse
comportamento tão eficaz e destrutivo da nossa autoestima, está presente também
entre adultos em seus locais de trabalho. Com pouquíssimas diferenças nas suas
definições e muita semelhança nas suas consequências, o bullying no local de
trabalho pode se tornar um grande pesadelo para muitas pessoas.
O bullying no local de trabalho pode ser definido como:
“A exposição dos trabalhadores e
trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e
prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo
mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que
predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração,
de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a
relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a
desistir do emprego”.
Margarida Maria Silveira Barreto
(2000), Médica do Trabalho
O bullying no local de trabalho frequentemente
envolve o abuso ou mau uso do poder. A prática do Bullying inclui
comportamentos que intimidam, denigrem, ofendem ou humilham um trabalhador,
normalmente na frente de outras pessoas.
A prática do bullying cria sentimentos de impotência no alvo e minimiza
o direito do indivíduo à dignidade no trabalho.
È importante lembrar que a prática do
bullying é diferente da agressão. Enquanto a agressão pode significar um ato
isolado, a prática do bullying requer ataques repetitivos contra o alvo,
criando um padrão de comportamento que nunca se acaba.
Outro ponto importante a ser levado
em consideração é que chefes “durões” ou “exigentes” não são necessariamente
bullies/agressores, uma vez que suas motivações principais são conseguir o
melhor desempenho de seus funcionários.
Além disso, muitas situações de
bullying envolvem funcionários agredindo seus próprios colegas, ao invés de um
supervisor ou chefe intimidando um funcionário.
É muito interessante notar que a
prática do bullying no local de trabalho é frequentemente dirigida a alguém de
quem o agressor tem medo. O alvo muitas vezes nem percebe que está sendo
agredido porque o comportamento pode ser camuflado através de críticas triviais
e ações isoladas que ocorrem atrás de portas fechadas.
Alguns exemplos de comportamentos de
bullying no local de trabalho:
• Críticas não cabíveis
• Culpar o funcionário sem uma
justificativa real
• Ser tratado de forma diferente da
sua equipe de trabalho
• Ser alvo de xingamentos
• Ser excluído ou isolado socialmente
• Ser alvo de gritos ou ser humilhado
• Ser alvo de piadas
• Ser constantemente e excessivamente
vigiado
Como a prática do Bullying no local de trabalho afeta as pessoas
Alvos da prática do bullying vivenciam sérios problemas físicos e mentais:
• Alto stress; desordem de stress
pós-traumático
• Problemas financeiros causados por
faltas
• Baixa autoestima
• Problemas musculares
• Fobias
• Dificuldades para dormir
• Alto índice de
depressão/auto-acusação
• Problemas de ordem
digestiva/alimentar
Como a prática do Bullying afeta as empresas:
Cada uma das consequências citadas
acima pode ter um custo muito alto para uma empresa. Os custos da prática do
bullying geralmente se encaixam em três categorias:
1. Recontratação de funcionários que
saem por serem alvos de bullying.
2. Tempo gasto na resolução de
conflitos causados pela prática do bullying: energia é dirigida a assuntos que
não dizem respeito à produtividade no trabalho.
3. Gastos relacionados à investigação
da prática do bullying e potenciais processos trabalhistas.
A quebra da confiança em um ambiente
aonde existe a prática do bullying pode significar que os funcionários não
serão capazes de contribuir com o seu melhor desempenho ou dar ideias novas de
melhorias ou opiniões sobre fracassos que poderiam ser revertidos de maneira
aberta e honesta.
O que pode ser feito? Aqui vão algumas dicas do que fazer:
Funcionários:
Retome o controle da situação!
• Reconheça que você está sendo alvo
de bullying
• Reconheça que você NÂO é o causador
do problema.
• Reconheça que a prática do bullying
tem a ver com controle e portanto, não tem nada a ver com o seu desempenho no
trabalho.
Tome uma atitude!
• Faça anotações em um diário
detalhando a natureza da prática do bullying: datas, horários, locais, o que
foi dito ou feito e quem estava presente.
• Guarde cópias de qualquer prova da
prática do bullying contra você, documentos que mostrem a contradição das
acusações do agressor contra você: relatórios, cartão ponto, etc.
Outras ações:
• Tenha em mente que o agressor irá
negar e talvez reverter suas alegações; tenha sempre uma testemunha com você
quando estiver na presença de um agressor; denuncie o comportamento à pessoa
apropriada.
Empresários:
• Crie uma política de tolerância zero à prática
do bullying dentro da sua empresa. A política deve fazer parte de um
comprometimento amplo para um local de trabalho seguro e sadio e deve envolver
representantes do departamento de recursos humanos.
Quando a prática do bullying for
testemunhada ou denunciada por alguém, o problema deve ser resolvido
imediatamente.
• Se a prática do bullying já faz
parte da cultura da sua empresa, queixas devem ser levadas a sério e
investigadas prontamente. A re-alocação das pessoas envolvidas pode ser
necessária sob a alegação: “inocente até que se prove o contrário”.
• Organize sua empresa para que seus
funcionários possam participar da tomada das decisões em algumas situações.
Isto ajuda muito a criar um ambiente aonde as pessoas se sentem importantes e
valorizadas.
• Realize treinamentos que esclareçam
o que é a prática do bullying.
• Encoraje políticas de portas
abertas no local de trabalho.
• Investigue o tamanho e a natureza
dos conflitos.
• Capacite gerencias e chefias para
terem habilidades e sensibilidade ao lidar e resolver conflitos.
• Demonstre um comprometimento “de
cima para baixo” sobre o que é e o que não é um comportamento aceitável no
local de trabalho.
Se você sabe que a prática do
bullying acontece no seu local de trabalho e não faz nada, você está aceitando
compartilhar da responsabilidade por abusos futuros. Isto significa que
testemunhas da prática do bullying devem ser encorajadas a denunciar tais
incidentes. Indivíduos sentem-se muito menos motivados a terem comportamentos
anti-sociais no trabalho quando fica claro que a empresa não tolera tais
comportamentos e que os agressores serão punidos.
Na verdade, o ideal seria que
empresas e organizações tivessem a possibilidade de ofertar aos seus
trabalhadores momentos de aproximação e diálogos que permitissem a estas
pessoas se conhecerem melhor e se conectarem através de suas histórias de vida,
sonhos e desafios. O entendimento só é possível quando eu realmente conheço o
outro, o que ele pensa e sente sobre as mesmas coisas que eu.
Grupos de trabalho são fontes
riquíssimas de crescimento e percepções que podem ocasionar mudanças
importantes na nossa sociedade como um todo.
E você? Já foi alvo de bullying no
seu local de trabalho?
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