Psicologa Organizacional

3 de dezembro de 2015

O Bullying no local de trabalho


O Bullying no local de trabalho



Diferente do que se imagina, a prática do bullying não ocorre somente dentro das salas de aulas. Também não acontece somente entre alunos: os mais populares e os nerds; ou entre os maiores e os menores.

A prática do bullying, esse comportamento tão eficaz e destrutivo da nossa autoestima, está presente também entre adultos em seus locais de trabalho. Com pouquíssimas diferenças nas suas definições e muita semelhança nas suas consequências, o bullying no local de trabalho pode se tornar um grande pesadelo para muitas pessoas.



O bullying no local de trabalho pode ser definido como:

“A exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”.

Margarida Maria Silveira Barreto (2000), Médica do Trabalho

O bullying no local de trabalho frequentemente envolve o abuso ou mau uso do poder. A prática do Bullying inclui comportamentos que intimidam, denigrem, ofendem ou humilham um trabalhador, normalmente na frente de outras pessoas.  A prática do bullying cria sentimentos de impotência no alvo e minimiza o direito do indivíduo à dignidade no trabalho.

È importante lembrar que a prática do bullying é diferente da agressão. Enquanto a agressão pode significar um ato isolado, a prática do bullying requer ataques repetitivos contra o alvo, criando um padrão de comportamento que nunca se acaba.

Outro ponto importante a ser levado em consideração é que chefes “durões” ou “exigentes” não são necessariamente bullies/agressores, uma vez que suas motivações principais são conseguir o melhor desempenho de seus funcionários.

Além disso, muitas situações de bullying envolvem funcionários agredindo seus próprios colegas, ao invés de um supervisor ou chefe intimidando um funcionário.

É muito interessante notar que a prática do bullying no local de trabalho é frequentemente dirigida a alguém de quem o agressor tem medo. O alvo muitas vezes nem percebe que está sendo agredido porque o comportamento pode ser camuflado através de críticas triviais e ações isoladas que ocorrem atrás de portas fechadas.

Alguns exemplos de comportamentos de bullying no local de trabalho:

• Críticas não cabíveis

• Culpar o funcionário sem uma justificativa real

• Ser tratado de forma diferente da sua equipe de trabalho

• Ser alvo de xingamentos

• Ser excluído ou isolado socialmente

• Ser alvo de gritos ou ser humilhado

• Ser alvo de piadas

• Ser constantemente e excessivamente vigiado

Como a prática do Bullying no local de trabalho afeta as pessoas




Alvos da prática do bullying vivenciam sérios problemas físicos e mentais:

• Alto stress; desordem de stress pós-traumático

• Problemas financeiros causados por faltas

• Baixa autoestima

• Problemas musculares

• Fobias

• Dificuldades para dormir

• Alto índice de depressão/auto-acusação

• Problemas de ordem digestiva/alimentar

Como a prática do Bullying afeta as empresas:

Cada uma das consequências citadas acima pode ter um custo muito alto para uma empresa. Os custos da prática do bullying geralmente se encaixam em três categorias:

1. Recontratação de funcionários que saem por serem alvos de bullying.

2. Tempo gasto na resolução de conflitos causados pela prática do bullying: energia é dirigida a assuntos que não dizem respeito à produtividade no trabalho.

3. Gastos relacionados à investigação da prática do bullying e potenciais processos trabalhistas.

A quebra da confiança em um ambiente aonde existe a prática do bullying pode significar que os funcionários não serão capazes de contribuir com o seu melhor desempenho ou dar ideias novas de melhorias ou opiniões sobre fracassos que poderiam ser revertidos de maneira aberta e honesta.

O que pode ser feito? Aqui vão algumas dicas do que fazer:

Funcionários:

Retome o controle da situação!

• Reconheça que você está sendo alvo de bullying

• Reconheça que você NÂO é o causador do problema.

• Reconheça que a prática do bullying tem a ver com controle e portanto, não tem nada a ver com o seu desempenho no trabalho.

Tome uma atitude!

• Faça anotações em um diário detalhando a natureza da prática do bullying: datas, horários, locais, o que foi dito ou feito e quem estava presente.

• Guarde cópias de qualquer prova da prática do bullying contra você, documentos que mostrem a contradição das acusações do agressor contra você: relatórios, cartão ponto, etc.

Outras ações:

• Tenha em mente que o agressor irá negar e talvez reverter suas alegações; tenha sempre uma testemunha com você quando estiver na presença de um agressor; denuncie o comportamento à pessoa apropriada.

Empresários:

Crie uma política de tolerância zero à prática do bullying dentro da sua empresa. A política deve fazer parte de um comprometimento amplo para um local de trabalho seguro e sadio e deve envolver representantes do departamento de recursos humanos.

Quando a prática do bullying for testemunhada ou denunciada por alguém, o problema deve ser resolvido imediatamente.

• Se a prática do bullying já faz parte da cultura da sua empresa, queixas devem ser levadas a sério e investigadas prontamente. A re-alocação das pessoas envolvidas pode ser necessária sob a alegação: “inocente até que se prove o contrário”.

• Organize sua empresa para que seus funcionários possam participar da tomada das decisões em algumas situações. Isto ajuda muito a criar um ambiente aonde as pessoas se sentem importantes e valorizadas.

• Realize treinamentos que esclareçam o que é a prática do bullying.

• Encoraje políticas de portas abertas no local de trabalho.

• Investigue o tamanho e a natureza dos conflitos.

• Capacite gerencias e chefias para terem habilidades e sensibilidade ao lidar e resolver conflitos.

• Demonstre um comprometimento “de cima para baixo” sobre o que é e o que não é um comportamento aceitável no local de trabalho.

Se você sabe que a prática do bullying acontece no seu local de trabalho e não faz nada, você está aceitando compartilhar da responsabilidade por abusos futuros. Isto significa que testemunhas da prática do bullying devem ser encorajadas a denunciar tais incidentes. Indivíduos sentem-se muito menos motivados a terem comportamentos anti-sociais no trabalho quando fica claro que a empresa não tolera tais comportamentos e que os agressores serão punidos.

Na verdade, o ideal seria que empresas e organizações tivessem a possibilidade de ofertar aos seus trabalhadores momentos de aproximação e diálogos que permitissem a estas pessoas se conhecerem melhor e se conectarem através de suas histórias de vida, sonhos e desafios. O entendimento só é possível quando eu realmente conheço o outro, o que ele pensa e sente sobre as mesmas coisas que eu.

Grupos de trabalho são fontes riquíssimas de crescimento e percepções que podem ocasionar mudanças importantes na nossa sociedade como um todo.

E você? Já foi alvo de bullying no seu local de trabalho?


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