VARIEDADES LINGUÍSTICAS
Variedades
linguísticas no
âmbito da Sociolinguística são diferentes de da variação linguística...
A
variedade se refere a um dos muitos modos de se falar, pois cada variedade tem
suas características próprias, podendo ser descritas e explicadas.
A
variedade linguística também é classificada em tipos. São eles: dialeto,
socioleto, cronoleto e idioleto.
Dialeto
Você
pode questionar: “dialeto” e “sotaque” não seriam a mesma coisa? Realmente há
confusão entre os dois termos. Mas é importante que saiba que não. “Dialeto”,
além de ser caracterizado pela pronúncia, pode também apresentar diferenças de gramática
e de vocabulário. Já o sotaque é restrito a variedades de pronúncia.
Conforme
Lyons (1987, p. 249), “aquilo que é um dialeto uniforme em sua essência, tanto
do ponto de vista da gramática quanto do vocabulário, pode ser associado a
vários sistemas fonológicos mais ou menos diferentes”. É esta a situação do
português do Brasil em vários estados.
O
que torna a noção de sotaque importante no universo da Sociolinguística é que
os membros de uma comunidade linguística reagem com frequência às diferenças de
pronúncias.
Vamos
a um exemplo: o falante do Nordeste do Brasil. Qual é a imagem projetada, por
exemplo, no Sudeste/Sul do Brasil, de um falante nordestino? Ou melhor, de um baiano?
É aquela reproduzida pelos grandes meios de comunicação, particularmente a televisão.
Cabe
a você entender que, mesmo com as variações produzidas, o falante tem
consciência de que o sistema gramatical usado por ele é organizado e coerente
de regras.
É
preciso reconhecer que um falante aprende as variedades linguísticas em
circulação no meio social; logo, não há nada de errado com essas variedades.
A importância dos estudos dos
dialetos
Foram os estudos dessa variedade que
contribuíram para o surgimento da Dialetologia, disciplina precursora da
Sociolinguística.
Com
ela, vários estudiosos procuraram descrever diversos falares, sobretudo “os
falares rurais isolados, considerados na época como mais ‘puros’ e
‘autênticos’, não influenciados pelas modas e corrupções da vida urbana
moderna” (BAGNO, 2007, p. 48).
Socioleto
É a variedade linguística de um grupo de
falantes que compartilham as mesmas características socioculturais. Pode ser um
grupo de uma mesma classe socioeconômica, de um mesmo nível cultural, de uma
mesma profissão etc.
Pense
nas profissões: um professor, um médico, um policial, um linguista, um
jornalista, um cozinheiro, um advogado, um jogador de futebol... enfim, cada
uma delas também se caracteriza por fazer uso de termos e expressões específicas.
Existem tantas variedades quantas forem as profissões, quantos forem os grupos
fechados.
Cronoleto
É
a variedade específica e própria de uma determinada faixa etária, de uma
geração de falantes. Com certeza, você sabe reconhecer a fala de uma criança,
de um adolescente, de um idoso. Estou certo? Cada uma delas pode ser identificada
através de particularidades linguísticas, como, por exemplo, no que tange à
pronuncia, ao estilo, à colocação dos termos nas frases, às inovações. Vamos
ver alguns casos!
Em
se tratando da ordem indireta, aquela em que o sujeito aparece posposto ao
verbo, como em “entrava uma pessoa idosa”, “quem manda é o patrão”, “não chegou
a dar nada pro Inter o Taffarel”, Zilles (1997) revela que, apesar de ser pouco
frequente na fala das pessoas de modo geral, ela ainda é favorecida pelos
falantes mais velhos da região de Porto Alegre.
Quanto
à alternância do nós e do a gente, Lopes (1998) confirma: falantes mais jovens
empregam a forma a gente, enquanto os mais velhos utilizam, preferencialmente,
a forma nós, aquela que faz parte do paradigma pronominal descrito pelas
gramáticas tradicionais.
Pesquisas
revelam que a idade é um fator que contribui significativamente para as
mudanças que se processam nas línguas.
Idioleto
Para
entender o que caracteriza essa variedade, responda: você acha que um grupo de
uma mesma classe social, por exemplo, pais e filhos, se comunicam da mesma
forma? Se respondeu que sim, errou! Embora seja de uma mesma classe, cada um
tem um modo específico de falar, tem as suas preferências quanto ao léxico,
quanto às estruturas gramaticais, quanto à forma de pronunciar: homens têm voz
mais grave, enquanto as mulheres, voz aguda; um adolescente do sexo masculino
fala diferente de quando era criança; um falante mais velho não fala da mesma
forma quando era mais jovem... É esse tipo de falar que caracteriza o idioleto,
ou seja, é o conjunto dos usos de uma língua própria de um indivíduo, num
determinado momento. É o seu estilo próprio de falar a língua.
Compreendendo
melhor: quando está triste, você fala da mesma forma quando está alegre? quando
está diante de uma situação séria, você fala da mesma forma de quando está numa
situação descontraída? Certamente, não. Em cada um dos momentos, você fala de
uma maneira específi ca. Ou seja, você, individualmente, se expressa de acordo
com a situação (psicológica, física, social) em que se encontra. Conforme Lyons
(1987), uma pessoa pode ter diversas variantes dialetais em seu repertório e
mudar de uma para outra quando lhe for conveniente. Do ponto de vista sociolinguístico,
é importante reconhecer a competência linguística do falante para os usos
diferenciados que pode fazer da língua.
Nas
palavras desses autores, o idioleto é, na verdade, a única realidade que
encontra o estudioso. No entanto, é preciso ter cautela ao ouvir um determinado
falante, pois, a depender da situação, ele poderá se expressar de uma forma ou
de outra.
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