Psicologa Organizacional

24 de setembro de 2015

VARIEDADES LINGUÍSTICAS




VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Variedades linguísticas no âmbito da Sociolinguística são diferentes de da variação linguística...
A variedade se refere a um dos muitos modos de se falar, pois cada variedade tem suas características próprias, podendo ser descritas e explicadas.
A variedade linguística também é classificada em tipos. São eles: dialeto, socioleto, cronoleto e idioleto.

Dialeto
Você pode questionar: “dialeto” e “sotaque” não seriam a mesma coisa? Realmente há confusão entre os dois termos. Mas é importante que saiba que não. “Dialeto”, além de ser caracterizado pela pronúncia, pode também apresentar diferenças de gramática e de vocabulário. Já o sotaque é restrito a variedades de pronúncia.
Conforme Lyons (1987, p. 249), “aquilo que é um dialeto uniforme em sua essência, tanto do ponto de vista da gramática quanto do vocabulário, pode ser associado a vários sistemas fonológicos mais ou menos diferentes”. É esta a situação do português do Brasil em vários estados.
O que torna a noção de sotaque importante no universo da Sociolinguística é que os membros de uma comunidade linguística reagem com frequência às diferenças de pronúncias.
Vamos a um exemplo: o falante do Nordeste do Brasil. Qual é a imagem projetada, por exemplo, no Sudeste/Sul do Brasil, de um falante nordestino? Ou melhor, de um baiano? É aquela reproduzida pelos grandes meios de comunicação, particularmente a televisão.
Cabe a você entender que, mesmo com as variações produzidas, o falante tem consciência de que o sistema gramatical usado por ele é organizado e coerente de regras.
É preciso reconhecer que um falante aprende as variedades linguísticas em circulação no meio social; logo, não há nada de errado com essas variedades.

A importância dos estudos dos dialetos
 Foram os estudos dessa variedade que contribuíram para o surgimento da Dialetologia, disciplina precursora da Sociolinguística.
Com ela, vários estudiosos procuraram descrever diversos falares, sobretudo “os falares rurais isolados, considerados na época como mais ‘puros’ e ‘autênticos’, não influenciados pelas modas e corrupções da vida urbana moderna” (BAGNO, 2007, p. 48).
Socioleto
 É a variedade linguística de um grupo de falantes que compartilham as mesmas características socioculturais. Pode ser um grupo de uma mesma classe socioeconômica, de um mesmo nível cultural, de uma mesma profissão etc.

Pense nas profissões: um professor, um médico, um policial, um linguista, um jornalista, um cozinheiro, um advogado, um jogador de futebol... enfim, cada uma delas também se caracteriza por fazer uso de termos e expressões específicas. Existem tantas variedades quantas forem as profissões, quantos forem os grupos fechados.


Cronoleto
É a variedade específica e própria de uma determinada faixa etária, de uma geração de falantes. Com certeza, você sabe reconhecer a fala de uma criança, de um adolescente, de um idoso. Estou certo? Cada uma delas pode ser identificada através de particularidades linguísticas, como, por exemplo, no que tange à pronuncia, ao estilo, à colocação dos termos nas frases, às inovações. Vamos ver alguns casos!
Em se tratando da ordem indireta, aquela em que o sujeito aparece posposto ao verbo, como em “entrava uma pessoa idosa”, “quem manda é o patrão”, “não chegou a dar nada pro Inter o Taffarel”, Zilles (1997) revela que, apesar de ser pouco frequente na fala das pessoas de modo geral, ela ainda é favorecida pelos falantes mais velhos da região de Porto Alegre.

Quanto à alternância do nós e do a gente, Lopes (1998) confirma: falantes mais jovens empregam a forma a gente, enquanto os mais velhos utilizam, preferencialmente, a forma nós, aquela que faz parte do paradigma pronominal descrito pelas gramáticas tradicionais.
Pesquisas revelam que a idade é um fator que contribui significativamente para as mudanças que se processam nas línguas.

Idioleto
Para entender o que caracteriza essa variedade, responda: você acha que um grupo de uma mesma classe social, por exemplo, pais e filhos, se comunicam da mesma forma? Se respondeu que sim, errou! Embora seja de uma mesma classe, cada um tem um modo específico de falar, tem as suas preferências quanto ao léxico, quanto às estruturas gramaticais, quanto à forma de pronunciar: homens têm voz mais grave, enquanto as mulheres, voz aguda; um adolescente do sexo masculino fala diferente de quando era criança; um falante mais velho não fala da mesma forma quando era mais jovem... É esse tipo de falar que caracteriza o idioleto, ou seja, é o conjunto dos usos de uma língua própria de um indivíduo, num determinado momento. É o seu estilo próprio de falar a língua.
Compreendendo melhor: quando está triste, você fala da mesma forma quando está alegre? quando está diante de uma situação séria, você fala da mesma forma de quando está numa situação descontraída? Certamente, não. Em cada um dos momentos, você fala de uma maneira específi ca. Ou seja, você, individualmente, se expressa de acordo com a situação (psicológica, física, social) em que se encontra. Conforme Lyons (1987), uma pessoa pode ter diversas variantes dialetais em seu repertório e mudar de uma para outra quando lhe for conveniente. Do ponto de vista sociolinguístico, é importante reconhecer a competência linguística do falante para os usos diferenciados que pode fazer da língua.
Nas palavras desses autores, o idioleto é, na verdade, a única realidade que encontra o estudioso. No entanto, é preciso ter cautela ao ouvir um determinado falante, pois, a depender da situação, ele poderá se expressar de uma forma ou de outra.

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