A psicoterapia de casais é uma terapia em conjunto que visa
melhorar o relacionamento dos casais que querem ser ajudados com o intuito de
melhorar seu relacionamento e sua comunicação. De acordo com Hintz e Souza
(2009) a terapia familiar surgiu no Brasil em torno de 1946, com a experiência
pioneira no Centro de Orientação Juvenil, pertencente ao Departamento Nacional
da Criança do Ministério da Saúde.
Em 1970 ocorreu um grande interesse de diversos
profissionais por terapia familiar, tendo esse movimento uma grande influência
religiosa. A igreja Católica Promovia Encontro de Casais e famílias com o
intuito de equilibrar os desajustes familiares e os profissionais de saúde
montaram grupos de estudos para discutir o tema.
Willi (1978) ressalta que o resultado mais importante da
terapia de casal é o conhecimento da temática fundamental do conflito colusivo
vivido pelos cônjuges. Os parceiros, antes, em suas posições polarizadas,
acreditam que não tinham nada em comum. A terapia vai mostrar que, com seus
problemas, estão no mesmo barco. O que antes consideravam que os separava é
agora o que os une. O objetivo é não tornar os temas fundamentais colusivos
ineficazes, mas levar o casal a um equilíbrio livre e flexível. São as posturas
extremas rígidas, nas quais os cônjuges se fixam, que tornam a relação menos
saudável. Se vividos com flexibilidade, os temas da colusão se convertem em
enriquecimento recíproco.
Segundo Aun (2005), citado por Hintz e Souza (2009), os
primeiros grupos de Estudos surgiram em São Paulo, em 1976, CECAP (Centro de
Estudos do Casal e da Família - com orientação Psicanalítica). Em 1978 surgiu o
Centro Brasileiro de Estudos da Família (Cefam).
Em 1979 em Porto Alegre, 1980 em Salvador, 1982 em
fortaleza, 1984 em Belo Horizonte e em 1087 no Rio de janeiro. Tais grupos
cresceram tanto que fizeram com que as famílias fossem alvos de discussões.
Suas contribuições geravam em torno de abordagens sistêmicas que visavam o
equilíbrio familiar das famílias (HINTZ, 2009).
Papp (1992) ressalta que a teoria sistêmica tem uma
diversidade de definições através de situações que abrangem a terapia familiar.
Vários terapeutas a definem como situações vividas em seus consultórios, outros
como movimentos comportamentais vividos no dia a dia conseguindo equilíbrio
dentro do sistema.
O autor ainda ressalta que alguns casais procuram eliminar
apenas alguns problemas do mal estar familiar, evitando entrar em contato com o
verdadeiro motivo dos problemas familiares.
Segundo Miller (1995) existe uma grande dificuldade dos
casais em lidar com suas questões individuais, levando deste modo para sua vida
conjugal. As dificuldades surgidas são tantas que precisam de ajuda
profissional para resgatar os laços emocionais e amorosos que se perderam com
as desavenças.
A falta de harmonia de amor, de compreensão e a falta de
perdão podem afetar a relação conjugal e levar a pensamentos de separação, uma
vez que na maioria das vezes a comunicação já não existe entre os casais,
portanto o objetivo da terapia em primeiro lugar é com a promoção da saúde
emocional do casal e não com a manutenção ou ruptura do mesmo.
2. Como a Psicoterapia Funciona
Na terapia não existe mágica, para que surta efeito o casal
precisa entender que a sinceridade é de fundamental importância para o
tratamento. A terapia pode ser realizada num primeiro momento de forma
individual para que os casais expressem seus receios e medos e posteriormente
de uma forma conjunta.
A terapia é para melhoria do casal e não para pessoas que
querem manter um caso extraconjugal e quer que o outro aceite, portanto a
primeira coisa a fazer é esclarecer os objetivos da terapia, buscando o
autoconhecimento da vida dos cônjuges, suas escolhas amorosas, as perspectivas
que levaram ao casamento, como era o comportamento de sua família de origem, se
tinham um bom relacionamento com os pais, se havia excesso de trabalho ou se
não tinham a atenção devida por parte deles.
A necessidade de se desenvolver pensamentos positivos cria
expectativas quanto à melhoria da comunicação fazendo com que haja o cessar das
discórdias, buscando desta forma orientações quanto à harmonia no lar.
Gomes (1998-2006) destaca que uma das formas do casal
entrar em contato com seus conflitos é através do contato de seus filhos que
denuncia a problemática do casal. Em muitos casamentos os sintomas de um filho
podem expressar um conflito conjugal. Em situações de crise familiar como
mudanças culturais, luto ou desemprego podem atingir toda a família fazendo com
que o casal procure ajuda terapêutica para exercer um efeito curativo e
curativo atingindo o casal e consequentemente toda família.
Para se acertar é necessário buscar alternativas dentro da
terapia para que o casal compreenda que o mais importante no ambiente familiar
é a busca da plena felicidade, para isso é necessário aceitar as diferenças,
saber lidar com seus papéis, não ter medo das diferenças sabendo aceita-las e
não ter medo de ser feliz e saber aproveitar em todos os tempos a liberação do
perdão.
3. Diferença entre a Terapia Individual e a Terapia Familiar
Segundo Michael P. Nichols-Richard c. Schwartz (Terapia
Familiar Conceitos e Métodos 2007), tanto a psicoterapia individual quanto a
terapia familiar oferecem uma abordagem de tratamento e uma maneira de
compreender o comportamento humano. Como abordagens de tratamento ambas possuem
virtudes, A terapia individual pode fornecer o foco concentrado para ajudar a
pessoa a enfrentar seus medos e se tornar mais integralmente o que ela
realmente é. Os terapeutas individuais sempre reconheceram a importância da
vida familiar na formação da personalidade
Os terapeutas familiares por outro lado acreditavam que as
forças dominantes na nossa vida estão localizadas na família. A terapia baseada
nessa estrutura tem por objetivo mudar a organização da família. Quando a
organização desta é transformada a vida de cada um de seus membros também é
alterada, de forma que mudar a família muda a vida de cada um de seus membros,
ou seja, modifica cada um dos membros da família, provocando mudanças
simultâneas nos outros.
Quando os problemas estão relacionados a filhos,
insatisfação sexual no casamento, hostilidades familiares, ou qualquer coisa
ligada à transição familiar, a melhor forma de tratamento é com a terapia
familiar, uma vez que se busca o conhecimento da vida em que levam em família,
como se relacionam um com o outro, se não há inversão de papéis, se há ajuda
quanto às tarefas domésticas e se são bem distribuídas, para que não haja sobrecarga,
se há momentos de lazer e intimidade ou se o lazer é só em família.
Ambos os cônjuges são vistos pelo mesmo terapeuta ao mesmo
tempo. Essa técnica permite ao terapeuta observar a dinâmica efetiva que se
estabelece (paralelamente à escuta) de queixas, de razões e de racionalizações.
O terapeuta traça uma estratégia para que ambos se sintam a
vontade para falar, certificando-se que não há constrangimento de ambas as
partes uma vez que ambos buscam ajuda para a solução dos conflitos. O uso de
dinâmicas interpessoais é um excelente atrativo para observação dos cônjuges.
Fazer com que entendam que ambos tem direito a igualdade é um ponto de partida
não devendo nenhuma das partes serem inferiorizadas, ambas tem que entender que
caminhar juntos, numa mesma linha de raciocínio lógico é uma boa forma de se
chegar a um acordo.
Para Lemaire (1988), o casal se constitui em torno de zonas
mal definidas do “eu” de cada cônjuge, assim na relação amorosa, os sujeitos
misturam suas fronteiras e, muitas vezes a terapia de casal é um meio
privilegiado para o tratamento de sujeitos mal individualizados.
A terapia individual simultânea com o mesmo terapeuta foi
proposta inicialmente por Mitleman em 1948. Possibilita que o terapeuta
empreenda um recorte mais dinâmico e realista da interação, pois, trata em
separado ambos os cônjuges simultaneamente. Essa técnica pode ser utilizada
quando se percebe um desequilíbrio de desenvolvimento psíquico dos casais, e
pode ser empregado quando existem violências do casal impossibilitando o
tratamento em conjunto ou quando se quer preservar a imagem do parceiro perante
o outro.
O terapeuta deve tomar cuidado para que não haja
transferência uma vez que analisará os cônjuges separadamente. A questão do
manejo dos segredos também é uma coisa a ser observada com cuidado para que não
haja violação dos segredos. Este tipo de terapia tem sido proposta em
complementação a conjunta, em momentos de impasse ou de resistências
incontornáveis por parte de um ou de ambos os membros do casal.
4. Conclusão
Viver a dois, por mais satisfatória e saudável que seja a
relação requer dos parceiros o enfretamento de alguns desafios. O primeiro
grande desafio diz respeito às constantes tensões do dia a dia. O
individualismo e a conjugalidade, devem viver de forma harmoniosa para que
ambos possam respeitar os limites um do outro e de seu relacionamento.
Deve-se entender que quando este resultado harmonioso não
acontece dificilmente consegue-se manter um relacionamento a dois, deste modo o
terapeuta não deve tomar partido de nenhum dos lados, mantendo-se neutro e
aceitando a decisão de um possível divórcio, uma vez que o entendimento não foi
bem aceito entre os cônjuges e que envolve particularidades que são destinadas
a opinião de cada um.
Os declínios de valores morais muitas vezes são mais fortes
que as comoções de um relacionamento e das satisfações que ele pode trazer,
fazendo desta forma que as dissoluções das famílias ocorram com mais
freqüências no mundo moderno.
Se não houver compreensão mútua e o controle da ansiedade
que abate metade dos casamentos hoje em dia não é possível uma comunhão a dois,
fato triste esse que levam as pessoas a divórcios e a novos relacionamentos sem
serem pessoas bem resolvidas.
Pessoas mal resolvidas tendem a ter um fracasso maior em novos
relacionamentos, pois o problema nunca é seu é sempre da pessoa com que está,
desta forma cria-se um círculo vicioso de tentativas sem perspectivas nenhuma
de acertos.
Fonte: https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/psicoterapia-de-casais-quando-usar-e-quando-comecar © Psicologado.com
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