Psicologa Organizacional

11 de janeiro de 2015

MANTENDO O FOCO


 
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante de ti.”Provérbios 4:25

Quando Jesus estava treinando os seus discípulos, uma das coisas que buscou produzir neles foi a capacidade de manter o foco, de concentrar-se em objetivos definidos sem se desviar por distrações ou mesmo por necessidades.
Acho muito interessante, até surpreendente, a ordem que o Mestre dá à sua equipe de setenta discípulos ao enviá-los para preceder sua visita a várias cidades: “a ninguém saudeis pelo caminho” (Lc 10:4). Anteriormente, em outra missão de treinamento, Ele já havia enviado seus doze a pregar aos judeus, mandando expressamente que não tomassem rumo aos gentios e nem entrassem na cidade de samaritanos (conf. Mt 10:5-6).

Ordens como estas soam estranho nos lábios de um Senhor tão amoroso e nobre quanto o nosso. Não cumprimentar ninguém, evitar determinados tipos de pessoas e lugares não parece fazer parte da ética que Ele veio trazer. Porque então Jesus foi tão radical nestes comandos? Qual era seu propósito em tais orientações?

Como eu disse antes, o Senhor estava treinando seus discípulos para a liderança. Muitas das coisas que Ele fez e falou visava a desenvolver naqueles homens habilidades para serem líderes bem-sucedidos da igreja que estava por nascer. Aqui, nesse caso específico, Jesus estava trabalhando neles um dos princípios mais fundamentais da liderança: a concentração. Ninguém alcança grandes conquistas sem a habilidade de focalizar suas metas e manter esse foco até o fim. “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza persevera” (Is 32:8).

Em cada área da nossa vida temos que saber claramente o que buscamos. Infelizmente, a maioria das pessoas vive ao “Deus dará”, sendo jogada de um lado para o outro pela maré das circunstâncias. Não sabem para onde vão e nem o que buscam da vida. Não têm projetos.

É verdade que alguns chegam a sonhar, a desejar determinadas conquistas, mas há uma grande distância entre um sonho e um projeto. O primeiro pode ficar apenas no nível da imaginação, enquanto o segundo requer planejamento e atitude.

No exercício da liderança, seja no lar, na vida profissional ou na igreja, é fundamental que estejamos trabalhando por projetos. Eles incluem metas, objetivos, alvos definidos, a curto e a longo prazo. Temos que saber o que buscamos, como e em quanto tempo pretendemos alcançar cada conquista. Temos que estabelecer etapas e trabalhá-las com seriedade.

Se alguém sonha em comprar a casa própria, tem um bom sonho, mas talvez tudo o que esta pessoa consiga com ele seja um túmulo (mesmo assim, por pouco tempo, até que novos “inquilinos” reivindiquem o espaço). Agora, se esta pessoa transformar o sonho em projeto e concentrar-se o tempo que for preciso em trabalhar por ele, muito provavelmente terá sua casa, independentemente do poder aquisitivo que tenha no começo.

Para alguns, ter uma casa pode ser um projeto a curto prazo que envolva juntar um pouco mais de dinheiro ou assumir uma prestação plausível. Para outros, pode exigir muito tempo e vencer várias etapas: estudar, formar-se profissionalmente, conseguir um emprego, crescer nele, poupar e, finalmente, conquistar o objetivo final, a tão sonhada (e suada) casa própria!

Jesus ensinou seus discípulos a concentrarem-se no alvo. Se é para evangelizar judeu, não perca tempo com gentio. Se é para ir a cidade, não bata-papo pelo caminho. Se uma meta foi traçada, não deixe que nada desvie o seu foco dela. Quando se tem um alvo, o mais importante é atingi-lo.

O próprio Jesus foi um exemplo patente dessa postura. Seu projeto de vida passava pela cruz. O Pai quis assim. Antes Ele deveria oferecer a salvação aos judeus, formar uma equipe que depois desse continuidade à sua obra e vencer o pecado através de uma vida irrepreensível. Depois viria a cruz e, com ela, a oportunidade de salvação a todos os povos e a glória devolvida à destra de Deus... Ele concentrou-se em cumprir esse trajeto, sendo radical para não aceitar outras “visões” ou propostas da vida. Dos galileus que quiseram proclamá-lo rei sem a ignomínia da cruz, Ele fugiu (conf. Jo 6:15). Ao amigo Pedro que tentou enchê-lo de autopiedade e demovê-lo do sacrifício, repreendeu (conf. Mt 6:23). Aos gregos que queriam vê-lo antes da hora, não deu resposta (conf. Jo 12:20-28). A Satanás que lhe propôs mundos e fundos sem custo, resistiu até ao sangue (conf. Mt 4:1-11)... “Tudo porque manifestava, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc 9:51). Se aquele era o projeto traçado no céu, nada o desviaria dele!


Convém avaliarmos nossa vida. Há projetos que nos norteiam? Na família, na vida secular, no ministério, estamos trabalhando por metas ou somos um barco à deriva? Já aprendemos a manter o foco ou nos distraímos a todo o tempo, correndo o risco de ver o prazo se esgotar antes que cumpramos nosso papel. É bom parar e pensar nisso... Ter visão é ter foco!

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