Autismo
Os primeiro sintomas do autismo
manifestam-se, necessariamente, antes dos 3 anos de idade, o que faz com que os
profissionais da área da saúde busquem incessantemente o diagnóstico precoce.
A principal área prejudicada , e a
mais evidente, é a habilidade social. A dificuldade de interpretar os sinais
sociais, e as intenções dos outros impede que as pessoas com autismo percebam
corretamente algumas situações no ambiente em que vivem. A segunda área
comprometida é a da comunicação verbal e não verbal. A terceira é a das
inadequações comportamentais.
Percebe-se que crianças com autismo
apresentam repertório de interesses e atividades restritos e repetitivos (como
interessar-se somente por trens, carros,
dinossauros etc.), tem dificuldade de lidar com o inesperado e
demonstram pouca flexibilidade para mudar rotinas. Essa é a tríade de sintomas
do comportamento autistíco.
Sabe-se que a dificuldade de
socialização é a base da tríade de sintomas do funcionamento autistíco. O ser
humano é um ser social. Pis é através da socialização que o ser humano aprende
as regras e os costumes da sociedade em que habita. É notório que pessoas com
autismo apresentam muitas dificuldades na socialização, com variados níveis de
gravidade. É necessário entender a fundo os sentimentos e percepções dos
portadores desse funcionamento mental para que possamos ajudá-los. Um dos
granes desafios do tratamento do funcionamento autistíco é ensinar a essas
pessoas os mecanismos e os prazeres contidos nos momentos de convivência. Crianças
com autismo buscam contatos sociais, mas não sabem exatamente o que fazer para
mantê-los. Crianças com autismo tendem a fazer pouco contato visual.
As pessoas com autismo apresentam
grandes dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não
verbal e, com isso, permanecem isoladas e distintas em seus mundinhos
particulares. A linguagem verbal é a escrita ou falada, ou seja, é o poder que
temos de nos comunicar por meio de cartas, emails, textos, livros,
vocalizações, conversas, pedidos ou discursos eloqüentes. A linguagem não
verbal, por sua vez, é composta pelo conjunto de sinais e símbolos, com os
quais nos deparamos no dia a dia. Como exemplo de linguagens não verbal, temos
as placas e os sinais de trânsito,, que nos passam mensagens indicativas – por
meio de símbolos, imagens e cores – como devemos agir: reduzir velocidade,parar
o carro, atravessar a rua etc. a linguagem não verbal também é constituída por
sinais que emitimos o tempo todo, como gestos, posturas corporais e expressões
faciais. Aprendemos, desde muito cedo, a interpretar expressões faciais e a
linguagem corporal das pessoas com quem interagem. Grande parte da comunicação
vem da linguagem não verbal. Falhas ou problemas na evolução da linguagem
constituem os primeiros sinais de que o desenvolvimento de uma criança não está
conforme o esperado e podem sugerir um funcionamento autistíco. Assim como nas
questões relacionados a socialização, nos deparamos aqui, com um espectro de
alterações. As crianças com funcionamento autistíco, dificilmente, contam
eventos passados e, exatamente por isso, ensina-las a narrar suas vivências é prioridade no
tratamento., até para que possamos identificar situações constrangedoras e
humilhantes no espaço escolar, como o bullying.
Os padrões de comportamento das
pessoas com autismo independem de raça, nacionalidade, ou credo desses
indivíduos. É fácil identificar comportamentos autistícos, pois não estão relacionados
a costumes de um povo e sim ao desenvolvimento particular dessas pessoas. Os comportamentos
são divididos em duas categorias: primeiro
trata-se dos comportamentos motores estereotipados e repetitivos, como
pular, balançar o corpo e/ou as mãos, bater palmas, agitar ou torcer os dedos e
fazer caretas. São sempre realizados da mesma maneira e alguns pais até relatam
que observam algumas manias na criança que desenvolve tais comportamentos.
Algumas crianças com autismo são muito agitadas, não seguem os comandos, fazem
apenas o que é de seu interesse. Querem sempre as mesmas coisas, do mesmo
jeito, na mesma seqüência. A segunda categoria
está relacionada a comportamentos disruptivos cognitivos, tais como
compulsões, rituais, rotinas, insistência, mesmice e interesses circunscritos
que são caracterizados por uma aderência rígida a alguma regra ou necessidade
de ter as coisas somente por tê-las.
Estudos na área da neuropasicologia
têm demonstrado que indivíduos com autismo aparentam ter dificuldades na área
cognitiva de funções executivas. Essas funções são um conjunto de processos
neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma tarefa, se
controle para continuar na tarefa, tenha atenção e, finalmente, resolva o
problema. Os padrões restritos e repetitivos de comportamento dominam as
atividades diárias de crianças com autismo, e causam impacto em suas
habilidades de aprendizagem e nos desenvolvimentos de comportamentos
adaptativos.
O autismo é um transtorno global do
desenvolvimento infantil que se manifesta antes dos três anos de idade e se
prolonga por toda a vida. Para compreender melhor o autismo é necessário que o
leitor se aprofunde mais no assunto.
Fonte:
SILVA, Ana Beatriz. Mundo singular:
entenda o autismo. Rio de Janeiro : Objetiva, 2012.
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