O
trabalho refere-se à nossa proposta de dissertação de Mestrado junto ao
Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS. O tema de pesquisa volta-se
para o papel do professor no desenvolvimento afetivo-emocional do aluno. Como
questão norteadora a pesquisa trás: Quais as estratégias pedagógicas e/ou
medidas que os docentes, de Séries Iniciais do Ensino Fundamental numa Escola
Pública da cidade de Santa Maria – Rio Grande do Sul, utilizam na prática com a
finalidade de resolver questões afetivos –emocionais de seus alunos? O objetivo
geral consiste em verificar quais as estratégias e/ou medidas que os docentes,
de Séries Iniciais do Ensino Fundamental utilizam com a finalidade de resolver
questões afetivo-emocionais de seus alunos. Dentre os objetivos específicos
estão: Investigar a maneira como os docentes resolvem situações de conflito
interpessoal na sala de aula. Elencar as características comportamentais dos
alunos que mais preocupam os docentes. Analisar como ocorreu a formação docente
em relação aos aspectos afetivos-emocionais dos alunos. A abordagem metodológica
adotada está vinculada ao paradigma construtivista ou naturalístico,
consistindo num Estudo de Caso do tipo qualitativo. Os participantes da
pesquisa são professores de Ensino Fundamental de uma Escola Estadual da cidade
de Santa Maria –Rio Grande do Sul e a turma de alunos correspondente aos
referidos docentes. A escolha por professores de Ensino Fundamental se dá porque
crianças nesta faixa etária sofrem um grande salto qualitativo no que se refere
ao amadurecimento emocional e social mostrando grande envolvimento afetivo com
o professor. Outro fato que nos conduziu a esses sujeitos de pesquisa foi
porque acreditamos na influencia do professor sobre a vida do aluno, num
período do desenvolvimento considerado crucial com relação ao aparecimento de
problemas afetivos-emocinais no comportamento infantil. Entre a infância
inicial e a infância intermediária, os professores como mediadores deaprendizagens
terão grande importância para a vida imediata e futura do aluno. O ingresso na Primeira
Série do Ensino Fundamental marca uma separação significativa entre a criança e
o grupo familiar. Surgirão, gradativamente exigências bem diferentes daquelas
apresentadas pela família. Crianças que
mostravam dificuldades nas etapas anteriores do desenvolvimento podem vir a
acentuá-las na presente ocasião. A imaturidade psicológica ou fatores relativos
a personalidade do aluno podem precipitar problemas, anteriormente
inexistentes. No entanto, na terceira infância, as crianças tornam-se mais
habilidosas socialmente, capazes de formar autoconceitos amplos e abrangentes,
passando a privilegiar o brincar e o aprender em grupos e com os mais velhos.
Além disso, ela torna-se mais responsável, e capaz de entender ideias complexas.
Prestando mais atenção à continuidade e a padrões de comportamento e melhorando
a percepção dos objetos físicos. É por volta dos seis e sete anos de idade, que
a criança passa do autoconceito concreto para o autoconceito abstrato,
libertando-se gradativamente da supervisão dos pais ou professores, passando a
experimentar novos riscos, detectar emoções mais complexas e, conseqüentemente,
acontece um aperfeiçoamento na qualidade dos vínculos relacionais que se tornam
mais duradouros (BEE, 2003; BERGER, 2003). Relacionado ao que foi colocado
acima, Marturano e Loureiro (2003) reforçam a ideia na qual crianças entre seis
a doze anos experimentam a necessidade de aprender com os adultos e tornam-se
competentes e com capacidade produtiva. Por isso, nosso estudo focar-se-á nos
professores desses alunos, que dentro de uma perspectiva do desenvolvimento
humano estão em um momento da vida especial no que se refere a construção de
novas aprendizagens sociais e cognitivas. Os professoresparticipantes da
pesquisa são todos oriundos de uma Escola Pública Estadual da cidade de Santa Maria.
A escolha destes deu-se de modo intencional, ou seja, foram escolhidos a partir
do critério indicação. Na escola o Serviço de Orientação Educacional elencou as
professoras para o estudo. As educadoras deveriam corresponder aos seguintes
critérios: boa relação com os alunos, dedicação à docência ou “gosto pelo que
faz” (grifo nosso). Estão sendo utilizados os seguintes instrumentos para a
coleta de dados: a entrevista semi-estruturada com os professores e os diários
de campo, que foram intitulados de planilhas de coleta de dados. Para
entrevista com os professores elaborou-se um roteiro contendo as questões de
pesquisa, pra guiar a entrevista, passando por alguns tópicos principais a
serem tratados, seguindo uma seqüência de assuntos, não descartando questões
que possam surgir ao longo da conversa, as quais podem ser de grande
importância ao estudo. Procurou-se estabelecer um contato amistoso com o entrevistando
de modo que este possa sentir-se à vontade para falar livremente, sem medos ou ansiedade.
Para o registro das entrevistas utilizamos um gravador e fitas cassetes. A
análise dosdados ocorrerá de maneira qualitativa através da Análise de Conteúdo
(ENGERS, 1987, 1994), seguindo as seguintes passos:
•
Impregnação do texto, uma leitura exaustiva e flutuante no qual o pesquisador
vai interagindo com a fala do entrevistado a fim de compreender suas
manifestações. Esta fase está vinculada com a percepção do entrevistador e
daquele(s) que faz (em) a análise, razão pela qual esta pessoa, sempre que
possível, é um elemento importante na leitura e correção da transcrição da
entrevista, bem como da análise.
•A
análise vertical estuda as manifestações expressas na entrevista de cada respondente
e aquelas que estão implícitas, isto é, busca extrair os significados;
• A análise horizontal estuda cada questão de
entrevista, considerando todos os entrevistados naquilo que já foi evidenciado
na análise vertical;
• A síntese busca identificar as diferentes
manifestações dos entrevistados, agrupando-as, quando possível, para finalmente
buscar sintetizá-las;
•
A Categorização, que traduz as evidências que emergem do estudo.
O
estudo está em andamento, até a presente ocasião contatamos com os docentes e iniciamos
uma análise superficial das entrevistas. Foi possível perceber até o momento
que as estratégias que os docentes se utilizam na sala de aula para resolver
questões relacionais dos alunos são: conversas individuais com os alunos,
solicitação do apoio da turma de alunos, pedido da visita dos pais à escola e
acompanhamento dos serviços de psicopedagogia e
Orientação
Educacional da escola. Partindo disso, nessa ocasião podemos dizer que uma das medidas
mais eficientes, porque gera mudança de comportamento, é a conversa individual entre
professor e aluno. De uma maneira geral, os professores preocupam-se mais com
os alunos hiperativos/ indisciplinados e agressivos. Todos os docentes
afirmaram que a formação não ofereceu subsídios para trabalhar com os problemas
afetivo-emocionais dos alunos, um grupo menor dos entrevistados disse que tem
buscado formação continuada para dar conta disso. Para finalizar, é possível
dizer que a maioria dos professores que estabelecem relação de proximidade com
os alunos vem mostrando capacidade de encontrar soluções para a resolução dos
problemas escolares, isso quer dizer que esses trabalham os aspectos
afetivosemocionais independentemente de uma recíproca de outros órgãos ou
pessoas (governo, família, educador educacional, direção da escola e outros
profissionais).
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