Psicologa Organizacional

26 de fevereiro de 2015

PARA QUÊ SERVE UMA RELAÇÃO?






Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem corpo um do outro quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro ao médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.
Drauzio Varella

Fonte: http://www.mulherdeclasse.com.br/ParaQueServeUmaRelacao.htm

22 de fevereiro de 2015

O soluço de um bilhão de almas





Diz-se que Martinho Lutero tinha um amigo íntimo, cujo nome era Miconio. Ao ver Lutero sentado dias a fio trabalhando no serviço do Mestre, Miconio ficou penaliza¬do e disse-lhe: "Posso ajudar mais onde estou; permanece¬rei aqui orando enquanto tu perseveras incansavelmente na luta." Miconio orou dias seguidos por Martinho. Mas enquanto perseverava em oração, começou a sentir o peso da própria culpa. Certa noite sonhou com o Salvador, que lhe mostrou as mãos e os pés. Mostrou-lhe também a fonte na qual o purificara de todo o pecado. "Segue-me!" disse-lhe o Senhor, levando-o para um alto monte de onde apontou para o nascente. Miconio viu uma planície que se estendia até o longínquo horizonte. Essa vasta planície estava coberta de ovelhas, de muitos milhares de ovelhas brancas. Somente havia um homem, Martinho Lutero, que se esforçava para apascentar a todas. Então o Salvador disse a Miconio que olhasse para o poente; olhou e viu vastos campos de trigo brancos para a ceifa. O único ceifador, que lidava para segá-los, estava quase exausto, contudo persistia na sua tarefa. Nessa altura, Miconio reconheceu o solitário ceifeiro, seu bom amigo, Martinho Lutero! Ao despertar do sono, tomou esta resolução: "Não posso ficar aqui orando enquanto Martinho se afadiga na obra do Senhor. As ovelhas devem ser pastoreadas; os campos têm de ser ceifados. Eis-me aqui, Senhor; envia-me a mim!" Foi assim que Miconio saiu para compartilhar do labor de seu fiel amigo.
Jesus nos chama para trabalhar e orar. É de joelhos que a Igreja de Cristo avança. Foi Lionel Fletcher quem escre¬veu:
"Todos os grandes ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração. Conheço como homens de oração quase todos os pregadores de êxito da geração atual, tanto como os da geração próxima passada, e sei que, igualmente, foram homens de intensa oração.
"Certo evangelista tocou-me profundamente a alma quando eu era ainda jovem repórter dum diário. Esse evangelista estava hospedado em casa de um pastor presbiteriano. Bati à porta e pedi para falar com o evangelista. O pastor, com voz trêmula e com o rosto iluminado por estranha luz, respondeu:
"Nunca se hospedou um homem como ele em nossa casa. Não sei quando ele dorme. Se entro no seu quarto durante a noite para saber se precisa de alguma coisa, encontro-o orando. Vi-o entrar no templo cedo de manhã e não voltou para as refeições.
"Fui à igreja... Entrei furtivamente para não perturbá-lo. Achei-o sem paletó e sem colarinho. Estava caído de bruços diante do púlpito. Ouvi a sua voz como que agonizante e comovente instando com Deus em favor daquela cidade de garimpeiros, para que dirigisse almas ao Salvador. Tinha orado toda a noite; tinha orado e jejuado o dia inteiro.
"Aproximei-me furtivamente do lugar onde ele orava prostrado, ajoelhei-me e pus a mão sobre seu ombro. O suor caía-lhe pelo corpo. Ele nunca me tinha visto, mas fitou-me por um momento e então rogou: 'Ore comigo, irmão! Não posso viver se esta cidade não se chegar a Deus.' Pregara ali vinte dias sem haver conversões. Ajoelhei-me ao seu lado e oramos juntos. Nunca ouvira alguém insistir tanto como ele. Voltei de lá assombrado, humilhado e estremecendo.
"Aquela noite assisti ao culto no grande templo onde ele pregou. Ninguém sabia que ele não comera durante o dia inteiro, que não dormira durante a noite anterior. Mas, ao levantar-se para pregar, ouvi diversos ouvintes dizerem: 'A luz do seu rosto não é da terra!' E não era mesmo. Ele era conceituado instrutor bíblico, mas não tinha o dom de pregar. Porém, nessa noite, enquanto pregava, o auditório inteiro foi tomado pelo poder de Deus. Foi a primeira grande colheita de almas que presenciei."
Há muitas testemunhas oculares do fato de Deus continuar a responder às orações como no tempo de Lutero, Edwards e Judson. Transcrevemos aqui o seguinte comentário publicado em certo jornal:
"A irmã Dabney é uma crente humilde que se dedica a orar... Seu marido, pastor de uma grande igreja, foi chamado para abrir a obra em um subúrbio habitado por pobres. No primeiro culto não havia nenhum ouvinte: somente ele e ela assistiram. Ficaram desenganados. Era um campo dificílimo: o povo não era somente pobre, mas depravado também. A irmã Dabney viu que não havia esperança a não ser clamar ao Senhor, e resolveu dedicar-se persistentemente à oração. Fez um voto a Deus que, se Ele atraísse os pecadores aos cultos e os salvasse, ela se entregaria à oração e jejuaria três dias e três noites, no templo, todas as semanas, durante um período de três anos.
"Logo, que essa esposa de um pastor angustiado começou a orar, sozinha, no salão de cultos, Deus começou a operar, enviando pecadores, a ponto de o salão ficar superlotado de ouvintes. Seu marido pediu que orasse ao Senhor e pedisse um salão maior. Deus moveu o coração de um comerciante para desocupar o prédio fronteiro ao salão, cedendo-o para os cultos. Continuou a orar e a jejuar três vezes por semana, e aconteceu que o salão maior também não comportava os auditórios. Seu marido rogou-lhe novamente que orasse e pedisse um edifício onde todos quantos desejassem assistir aos cultos pudessem entrar. Ela orou e Deus lhes deu um grande templo situado na rua principal desse subúrbio. No novo templo, também a assistência aumentou a ponto de muitos dos ouvintes serem obrigados a assistir às pregações de pé, na rua. Muitos foram libertos do pecado e batizados."
Quando os crentes sentem dores em oração, é que renascem almas. "Aqueles que semeiam em lágrimas, com júbilo ceifarão."
"O soluço de um bilhão de almas na terra me soa aos ouvidos e comove o coração; esforço-me, pelo auxílio de Deus, para avaliar, ao menos em parte, as densas trevas, a extrema miséria e o indescritível desespero desses mil milhões de almas sem Cristo. Medita, irmão, sobre o amor do Mestre, amor profundo como o mar; contempla o horripilante espetáculo do desespero dos povos perdidos, até não poderes censurar, até não poderes descansar, até não poderes dormir."
Sentindo as necessidades dos homens que perecem sem Cristo, foi que Carlos Inwood escreveu o que lemos acima, e é por essa razão que se abrasa a alma dos heróis da igreja de Cristo através dos séculos.
Na campanha de Piemonte, Napoleão dirigiu-se aos seus soldados com as seguintes palavras: "Ganhastes sangrentas batalhas, sem canhões, atravessastes caudalosos rios sem pontes, marchastes incríveis distâncias descalços, acampastes inúmeras vezes sem coisa alguma para comer, tudo graças à vossa audaciosa perseverança! Mas, guerreiros, é como se não tivéssemos feito coisa alguma, pois resta ainda muito para alcançarmos!"
Guerreiros da causa santa, nós podemos dizer o mesmo: é como se não tivéssemos feito coisa alguma. A audaciosa perseverança é-nos ainda indispensável; há mais almas para salvar atualmente do que no tempo de Müller, de Livingstone, de Paton, de Spurgeon e de Moody.
"Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!" (1 Coríntios 9.16).
Não podemos tapar os ouvidos espirituais para não ouvir o choro e os suspiros de mais de um bilhão de almas na terra que não conhecem o caminho para o lar celestial.


Autor: Orlando S. Boyer

20 de fevereiro de 2015

COMPULSÃO À SEDUÇÃO



 Síndrome de Don Juan

O donjuanismo é um protótipo particular de comportamento humano, classificação esta estribada particularmente em valores culturais e morais.

Fica mais difícil entender os novos tempos, quando consideramos que as expressões ficar com... e sair com... significam a mesma coisa, apesar dos termos ficar e sair serem antagônicos.

Donjuanismo é uma expressão em desuso que veio à tona há algum tempo, depois do filme Don Juan de Marco, com Marlon Brando e Johnny Depp. O filme Don Juan de Marco foi escrito e dirigido por Jeremy Leven.

Don Juan é um personagem literário tido como símbolo da libertinagem. O primeiro romance com referência ao personagem foi a obra El Burlador de Sevilla, de 1630, do dramaturgo espanhol Tirso de Molina. Posteriormente Don Jun aparece em José Zorrilla com a estória de Don Juan Tenorio. A figura de Don Juan foi também cultuada na música, em obras de Strauss e Mozart, este último com a ópera Don Giovanni, composta em 1787. Outro paradigma do eterno sedutor é a figura de Casanova, conhecida pela autobiografia do veneziano Giovanni Jacopo Casanova.

Mas a figura do eterno sedutor continua atrelada à Don Juan, que aparece ainda na obra de Molière, em Le Festin de Pierre, no poema satírico de Byron chamado simplesmente Don Juan, no drama de Bernard Shaw, chamado Man and Superman.

Segundo Jung, para quem qualquer forma de arte, assim como os mitos, são veículos para a expressão do inconsciente coletivo, Don Juan pode representar nossos arquétipos (Walter Boechat - veja mais sobre o filme).Trata-se de um padrão de personalidade caracterizado por uma pessoa narcisista, enamorada, inescrupulosa, amada e odiada e que faz tudo valer para a conquista de uma pessoa.


O donjuanismo representa um protótipo particular de comportamento humano, classificada particularmente pelos valores culturais e morais. Não existe essa denominação no CID.10 ou DSM.IV, mas isso não significa, absolutamente, que por isso pessoas assim deixam de existir.

Independente das interpretações psicanalíticas sobre o filme Dom Juan de Marco, interessa aqui apenas caracterizar um tipo de conduta atual; a inclinação que as pessoas têm para liberdade sexual explícita. A característica principal do que se pode chamar hoje de donjuanismo, seria uma forte compulsão para sedução, entretanto essa característica não é isolada nem única na personalidade da pessoa, também não é exclusiva do sexo masculino.

Descreve-se o donjuanismo como uma personalidade que necessita seduzir o tempo todo, que aparentemente se enamora da pessoa difícil mas, uma vez conquistada, a abandona por desinteresse. As pessoas com esse traço não conseguem ficar apegados a uma pessoa determinada, partindo logo em busca de novas conquistas. Elas são os anarquistas do amor (Sapetti), tornando válidos quaisquer meios para conquistar, não obstante, os sentimentos da outra pessoa não são levados em consideração. Aliás, Foucault enfatiza essa questão ao dizer que Don Juan arrebenta com as duas grandes regras da civilização ocidental, a lei da aliança e a lei do desejo fiel.

Em psiquiatria clínica, entretanto, o desprezo para com o sentimento alheio pode ser critério para caracterizar uma atitude sociopática ou anti-social. Para o donjuan só interessa o hedonismo, o instante do prazer e o triunfo sobre sua conquista, principalmente quando a pessoa de seu interesse tem uma situação civil proibida (casada, freira, irmã ou filha de amigo, etc ou os correspondentes masculinos). Sobre essa característica o escritor Carlos Fuentes, alega ao seu Don Juan a frase: "Porque nenhuma mulher me interessa se não tiver um amante, marido, confessor ou Deus, ao qual pertença ...".

Normalmente essas pessoas ignoram a decência e a virtude moral mas seu papel social tenta mostrar o contrário; são eminentemente sedutores. O aspecto de desafio mobiliza o donjuan, fazendo com que a conquista amorosa tenha ares de esporte e competição, muitas vezes convidando amigos para apostas sobre sua competência em conquistar essa ou aquela mulher. Não é raros que esses conquistadores tragam listas e relações das mulheres conquistadas, tal como um troféu de caça.


O narcisismo (traço feminóide) dessas pessoas é uma das características mais marcantes, a ponto delas amarem muito mais a si mesmas que a qualquer outra pessoa conquistada. Outros autores acham o donjuanismo um excesso do complexo de Édipo, ou fixação na mãe, já que muitos deles não constituem família com nenhuma de suas conquistas e acabam vivendo para sempre com suas mães.

Nos casos mais sérios a inclinação à sedução pode adquirir caráter de verdadeira compulsão, tal como acontece no jogo patológico. De certa forma, apesar dessa conquista compulsiva servir-lhe para melhorar sua sensação de segurança e autoestima, uma vez possuído o que desejava, já não o deseja mais. Em alguns casos o donjuan começa a se desestimular com a conquista quando percebe que a pessoa conquistada já está apaixonada por ele. Pode até nem haver necessidade do ato sexual a partir do momento em que ele percebe que a pessoa aceita e deseja o sexo com ele. Por outro lado, se a pessoa a ser conquistada é indiferente ou não cede à sedução, o donjuan se torna mais obstinado ainda.

Não será totalmente lícito dizer, como dizem alguns, que o donjuan se diverte com o sofrimento alheio. Na realidade parece mais que seja insensível ao sentimento alheio do que tenha prazer com ele. De fato, parece que eles não experimentam com o amor o mesmo tipo de sentimento que as demais pessoas. O amor neles é um sentimento fugaz, passageiro e que, continuadamente, tem o objeto-alvo renovado. Se algum déficit pode ser apurado na personalidade do donjuan, este se dá no controle da vontade.

Apesar dessa compulsão à sedução, isso não significa que a pessoa portadora de donjuanismo seja, obrigatoriamente, mais viril ou mais ativo sexualmente. Esse quadro não deve ser confundido com a Atividade Sexual Compulsiva onde, aí sim há hipersexualidade.

Portanto, a contínua sedução do donjuan nem sempre se dá às custas de um desempenho sexual excepcional mas sim, devido à habilidade em oferecer às pessoas a serem seduzidas, tudo aquilo que elas mais estão querendo. Nesse sentido, todos eles são sempre muito inconstantes, desempenham papeis sociais sempre teatrais e exclusivamente dirigidos à satisfação de suas conquistas, por isso fazem sempre o tipo "príncipe encantado", tão cultuado pelo público feminino. As pessoas sedutoras têm habilidade em perceber rapidamente os gostos e franquezas de suas vítimas e são igualmente rápidos em atender as mais diversas expectativas.

Há quem considere como uma das características fundamentais da personalidade do donjuan uma acentuada imaturidade afetiva. O aspecto volúvel e responsável pela constante troca de relacionamento pode ser indício dessa imaturidade afetiva e indica, sobretudo, uma completa carência de responsabilidade ou medo de assumir os compromissos normais das pessoas maduras (casamento, família, filhos, etc.).

"Ficar com..."
"Ficar com...", "sair com...", "namorix", são termos atualmente usados para designar a atitude de se relacionar sexualmente (com penetração sexual ou não), fortuitamente, fugazmente e sem nenhum compromisso de continuidade. Este relacionamento é fortuito porque não implica, obrigatoriamente, em nenhuma combinação ou contrato prévio, é fugaz devido à provisoriedade da união. Não há compromisso de continuidade porque, ao menor sinal de interesse de um dos envolvidos no sentido de continuar, a relação se desfaz e é evitada (diz-se que fulano(a) não é legal porque pega no pé). Nessa nova modalidade de relacionamento não há envolvimento amoroso, não há cobrança de compromisso e os objetivos se concretizam e se esgotam no orgasmo ou na despedida, normalmente com satisfação bilateral.

As mulheres começaram a expandir significativamente sua sexualidade depois da disseminação do uso da pílula anticoncepcional, nas décadas de 60-70, e a inconseqüência sexual que antes era monopólio dos homens, também passou a ser experimentada por elas. Descobriu-se que o prazer podia ser bilateral e, a partir daí, deixou-se de falar que fulano se aproveitou de fulana; ambos se aproveitavam.

A atitude de "Ficar com..." é diferente daquilo que se entende por donjuanismo porque não implica numa verdadeira conquista. "Ficar com..." é uma afinidade recíproca, e um não conquista o outro porque ambos estão, decididamente, com o mesmo objetivo em mente.

Se no donjuanismo a insensibilidade e menosprezo para com o sentimento alheio são a marca do diagnóstico, "ficar com..." implica, em essência e caracteristicamente, na ausência de sentimentos mais profundos de ambas as partes. Assim sendo, não havendo sentimentos profundos, não há o que menosprezar.

Dessa forma, decididamente, entre a população adepta do "ficar com..." não há espaço para o donjuan. Nesse meio ele não encontra sua presa, já que as pessoas não preenchem os requisitos de candidatas, pois são desimpedidas, livres e com vontade de ficar com outras pessoas. A compulsão do Don Juan se desfaz ante a ausência do desafio.

Não há denominação satisfatória para descrever a mulher que preenche os requisitos do donjuanismo, mas elas existem indubitavelmente. São também pessoas movidas pela compulsão da conquista e sedução do outro, pela inclinação ao relacionamento impossível, seja com homens mais velhos ou muito mais novos, casados, padres, enamorados de outras mulheres, enfim, pessoas que oferecem alguma condição de desafio.

No donjuanismo feminino, tanto quanto no masculino, não há necessidade invariável de concluir a conquista através do ato sexual. Basta a mulher perceber que o objeto da conquista está, digamos, aos seus pés, que a motivação para continuar o relacionamento se desvanece.

Representação Cultural do Donjuanismo
Evidentemente o mito de Don Juan pode representar um ideal masculino e, em alguns segmentos culturais, também um ideal feminino. A conquista como reforço da autoestima pode, durante alguns momentos da vida ou em certas circunstâncias afetivas, ser eficiente. Entretanto, sendo a personalidade mais bem estruturada, a atitude conquistadora acaba mais cedo ou mais tarde, dando-se por satisfeita diante do objetivo conquistado. Essa é a principal diferença entre a Sedução Compulsiva e as conquistas normais durante a vida de qualquer pessoa.

Outra característica que diferencia as conquistas circunstanciais, apesar de múltiplas, do sedutor compulsivo, é a ausência de consideração para com os sentimentos alheios que sempre está presente neste último. Nas conquistas múltiplas e circunstanciais a pessoa tem boa noção e crítica sobre os eventuais transtornos sentimentais causados nas pessoas conquistadas e, em seguida, abandonadas.

Psicopatologia
Seria o donjuanismo uma doença? Seria uma doença, merecedora de tratamento ? Considerando o critério estatístico, aquele que constata a normalidade ou não-normalidade tendo como base a ocorrência estatística do fenômeno, podemos dizer que o donjuanismo não é normal (maioria das pessoas não é assim). Na realidade, a expressiva maioria das pessoas não é despojada de consideração para com o sentimento dos outros, mais especificamente, podemos dizer que a maioria das pessoas se mobiliza com o sentimento das mulheres.

Em psiquiatria ou na medicina geral, ser não-normal não significa, obrigatoriamente, ser doente. Para ser objeto de atenção médica é necessário que essa não-normalidade (estatística) implique também em um aspecto de morbidez, ou seja, implica na necessidade de sofrimento da pessoa ou de terceiros. Então, o donjuanismo poderá ser objeto de atenção médica na medida em que produz sofrimento.

Dentre os quadros classificados no DSM.IV e na CID.10, alguns critérios encontrados no Donjuan podem também ser encontrados no Transtorno Dissocial da Personalidade, da CID.10, ou em seu correspondente no DSM.IV, Transtorno Anti-social da Personalidade.

Entre os critérios do DSM.IV para o Transtorno Anti-social da Personalidade temos os seguintes:
Critérios para 301.7 - Transtorno da Personalidade Anti-Social

A. Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
(1) fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
(2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer
(3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
(4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
(5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia
(6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras
(7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade.

Entre esses critérios do Transtorno Anti-social da Personalidade, o Donjuan puro e sem outra patologia poderia cumprir os itens 1, 2, 3 e 7. Não mais que isso e, talvez isso não seja suficiente para alocar essas pessoas nessa classificação. Normalmente elas trabalham, não costumam ser irritáveis e agressivas, não desrespeitam a segurança própria, etc.

Entretanto, sob o código 302.9 do DSM.IV há o chamado Transtorno Sexual Sem Outra Especificação. Diz lá, que esta categoria é incluída para a codificação de uma perturbação sexual que não satisfaça os critérios para qualquer transtorno sexual específico, nem seja uma Disfunção Sexual ou uma Parafilia. Cita como exemplos o seguinte:

1. Acentuados sentimentos de inadequação envolvendo o desempenho sexual ou outros traços relacionados a padrões auto-impostos de masculinidade ou feminilidade.
2. Sofrimento acerca de um padrão de relacionamentos sexuais repetidos, envolvendo uma sucessão de amantes sentidos pelo indivíduo como coisas a serem usadas.
3. Sofrimento persistente e acentuado quanto à orientação sexual.
Nosso Don Juan poderia ser incluído no item 2 desse diagnóstico mas, mesmo assim, fica meio vago e pouco preciso pois, em nosso caso, o sofrimento seria mais por conta das vítimas do Don Juan que dele próprio e isso não está claro na descrição do DSM.IV.


A impressão (falsa) que se tem sobre o donjuan é que, assim como é bem sucedido nas conquistas amorosas, também deve sê-lo em relação aos demais aspectos de sua vida. Entretanto, apesar dessas pessoas dominarem muito bem a arte da conquista do sexo oposto, elas não costumam ter a mesma habilidade em outras áreas da atividade humana; ocupacional, empresarial, estudantil ou mesmo familiar.
A trajetória de sua vida nem sempre resulta num final satisfatório. Normalmente as pessoas com esse perfil de personalidade acabam por não se fixarem com nenhuma companhia mais seriamente, não constituem família e acabam se aborrecendo quando constatam que não têm mais facilidade para conquistar mocinhas de 20 anos quando já estão na casa dos 60. Além disso, muitas vezes acabam ridicularizados por essas tentativas totalmente fora do contexto.

Além disso, eles podem atravessar períodos de grande angústia na maturidade quando se dão conta de que todos seus amigos estão casados têm família e eles já não podem desfrutar de tantas companhias femininas como outrora.

Tendo-se em mente a natureza constitucional do donjuanismo, ou seja, considerando ser este um defeito do caráter, o tratamento mais eficiente deve ser pleiteado para as intercorrências emocionais que acometem o paciente por conta da situação vivencial em que se encontra e não, diretamente dirigido à essa característica da personalidade.



Bibliografía
Brockman DD - The fate of Don Juan: the myth and the man - Adolesc Psychiatry,
1992, 18:, 44-62
Holzbach E - Don-Juanism. Sexual formation of style as a culture-historical phenomenon and psychiatric problem - Schweiz Arch Neurol Neurochir Psychiatr,
1977, 120:2, 227-41
Kaplan H, Sadock B, Grebb J - Sinópse de Psiquiatria, Koogan, 4ª ed. 1994.
Sapetti A - Los varones que saben amar, Buenos Aires - Galerna, 1996.
Sapetti A, Rosenszvaig R - Sexualidad en la pareja - Buenos Aires, Galerna, 1987.
Smith CU - Don Juan and the vision of Vision - Perception, 1981, 10:4, 435-53

16 de fevereiro de 2015

A escuta na psicoterapia de adolescentes: as diferentes vozes do silêncio



Apesar de polêmico, o tema do silêncio é ainda pouco explorado em psicanálise. Desde Freud e seus trabalhos originais sobre o fenômeno da resistência, o silêncio do paciente é visto como forma particular de resistência, mas, contemporaneamente, existe tendência para se passar a compreendê-lo como maneira singular de se comunicar (1). No presente estudo pretende-se delinear as diferentes facetas do silêncio, apontando para outros possíveis significados que não o de resistência ao processo analítico.

O silêncio em psicanálise: revisitando a literatura

Na literatura psicanalítica o silêncio foi primeiramente interpretado como evidência do movimento de resistência do paciente ao processo analítico. Isso decorre do fato de que o processo analítico tem como pressuposto básico a livre-associação, que consiste na regra de ouro da psicanálise. Nesse sentido, ao permanecer em silêncio, o paciente estaria implicitamente violando um preceito fundamental do método psicanalítico. É como se ele quebrasse uma regra essencial que havia sido pactuada por ocasião do estabelecimento do contrato terapêutico, no qual ele se comprometera a dizer ao analista tudo o que viesse à superfície de sua mente durante a sessão. Desse modo, espera-se que o paciente colabore com o exame do material psíquico mediante esforço voluntário de atenção, tentando não submeter suas associações à censura prévia, que normalmente se manifesta sob a forma de pudor ou vergonha, sentimentos que geralmente embutem juízos de valor, autocrítica e auto-recriminação. É esperado, assim, que aquele que se submete ao método psicanalítico se entregue ao livre sabor de suas associações verbais, que seriam produzidas na atmosfera permissa que o analista buscaria instaurar e preservar.

Uma vez silente, o paciente de algum modo infringe o que havia combinado originalmente com o analista, de maneira que acaba se insurgindo contra um preceito básico da psicanálise, sendo visto, então, como resistente ao processo terapêutico.

A questão do silêncio como manifestação que vai além da resistência já foi abordada na literatura psicanalítica a partir de dois conceitos que o definem: o sileo e o taceo(1). O sileo equivaleria ao silêncio estruturante, representaria a ausência essencial de palavras para representar o que resiste à significação, ou seja, o irrepresentável que constitui o inconsciente. Esse fenômeno é definido como vazio de significações(1). Em contrapartida, o taceo remeteria ao calar, ao silenciar do paciente, representaria, portanto, a palavra não proferida, ao não-dito, a palavra interditada porque algo lhe faz obstáculo, impedindo-a de ser enunciada, porém, não se trata de impossibilidade estrutural de dizer. Desse modo, segundo a formulação lacaniana, o ato de permanecer em silêncio não confere à pessoa uma ausência de linguagem(2), uma vez que o silêncio sempre comunica algo que não pôde se manifestar no plano verbal.

Na literatura recente, encontra-se que o silêncio pode assumir diferentes significados, de acordo com o contexto em que é produzido. Com o propósito de sistematizá-los, esses distintos significados que o silêncio pode assumir no contexto psicanalítico foram separados em 10 categorias(1), que podem ser sintetizadas do seguinte modo: simbiótico — quando o paciente espera que o analista adivinhe, de maneira mágica, suas demandas não satisfeitas; bloqueio — quando ocorre um bloqueio da capacidade de pensar; inibição fóbica — medo de falar por apresentar intenso sentimento de ansiedade paranóide relacionada ao medo de dizer alguma besteira, ou proferir algo que pode ser mal interpretado ou, ainda, por se temer a quebra do sigilo em relação ao que é dito na sessão analítica; protesto — ocorre devido à intolerância do paciente frente à situação assimétrica que caracteriza a relação com o analista; nesse caso, o protesto ocorre pelo fato de o paciente achar que o analista deve falar mais do que ele; controle — maneira de testar a tolerância do analista e impedir que ele tenha material psíquico disponível para construir interpretações que possam ferir sua autoestima; desafio narcisista — nesse caso, o paciente acredita que, em silêncio, triunfará sobre o analista e, assim, o derrotará. Mas é bom lembrar que, de acordo com o pensamento lacaniano, no curso de um diálogo quem cala permanece no poder, uma vez que é ele quem confere significações ao que o outro diz; negativismo — nesse caso, o silêncio pode representar uma forma de identificação com objetos internos frustradores que não respondiam ao paciente ou, ainda, o necessário e estruturante uso do não; comunicação primitiva — captado pelos efeitos contra transferenciais que desencadeia no analista, o silêncio do paciente pode fazer uma importante comunicação a respeito de seus aspectos inconscientes e que ele não consegue transmitir verbalmente; regressivo — o silêncio arrastado por longo período de tempo e com um relativo distanciamento pode representar a busca de construção de um sentido na presença da mãe, ou seja, a capacidade para estar só tal como formulada na psicanálise winnicottiana; elaborativo — aparece apenas como um espaço de tempo para que o paciente possa refletir e integrar insights parciais rumo à obtenção de um insigth total(1).


Nesse rol de categorias que permitem enquadrar os distintos silêncios do paciente na sessão de psicanálise é possível acrescentar ainda uma modalidade bastante peculiar que se observa no atendimento de pacientes mais jovens: está-se, aqui, fazendo referência ao silêncio do adolescente. silente Nesse aspecto em particular, um estudo destacou que, nessa etapa do desenvolvimento, é comum que os pacientes permaneçam em silêncio na análise(3). Esse fenômeno se deve ao não desenvolvimento pleno da capacidade de discriminar e abstrair; desse modo, o adolescente não compreende a dimensão abstrata do como se que é própria da interpretação. Assim, o jovem paciente tende a levar tudo para o concreto, exigindo respostas imediatas do analista, chegando a mesclar, em certos momentos, o real com o imaginário. Ao falar, o faz como se fosse adulto; por várias vezes irá cobrar do analista opiniões e conselhos e, caso as ponderações do analista contrariem seus pensamentos, intensos sentimentos de frustração e mágoa poderão emergir na relação da dupla.

Frente à emergência de tais sentimentos, o adolescente tende a reagir por meio de actings, ou seja, de passagens ao ato, que podem consistir em faltas frequentes e consequente abandono da psicoterapia. Outra modalidade muito usual de actings na psicoterapia de adolescentes se manifesta também por meio de longos períodos de silêncio durante as sessões ou, até mesmo, pelo silêncio absoluto que perdura durante muito tempo da análise.

Para a psicanálise contemporânea, é necessário que o analista se atenha ao silêncio como uma forma de comunicação, de modo que possa pensá-lo como um idioma desconhecido que precisa de tradução(1). Nos momentos de silêncio o analista precisa, então, pensar nos tipos de comunicação não-verbal estabelecidos pelo paciente, uma vez que durante o processo analítico existem momentos em que as palavras não conseguem exprimir o que está acontecendo no plano emocional, tal a intensidade com que são vivenciadas essas experiências.

Atualmente, pode-se dizer que há certo consenso de que o bebê se comunica com a mãe não por meio de palavras, mas predominantemente por seu comportamento e, sobretudo, pelo choro. Denominou-se de linguagem sígnica os sinais emitidos para aliviar a tensão sem a representação do estímulo que a originou (4). Tome-se como exemplo o choro do bebê: é a linguagem sígnica. São sons que servem para aliviar a tensão, contudo, o que a originou ou incrementou não é expresso por palavras, não pode ser discriminado. Cabe à mãe fazer a decodificação da inquietação que está sendo veiculada pelo choro — ou seja, cabe à mãe a tarefa de interpretação, emprestando seu aparelho mental para o bebê realizar inicialmente as transformações que ele ainda não é capaz de elaborar por conta própria.

Guardadas as devidas proporções e diferenças, é possível transpor essa explicação para o âmbito da relação terapêutica, em que, por vezes, não acontece linguagem simbólica, apenas a linguagem sígnica (1). Disso se conclui que o analista deve estar preparado para a escuta das diferentes formas de comunicação utilizadas pelo analisando. A modalidade de comunicação aparece didaticamente separada em: verbal e não-verbal. Ambas, a priori, têm a função de comunicar algo, contudo, nem sempre essa função é efetiva, às vezes o discurso pode estar mais a serviço da incomunicação como forma de ataque aos vínculos perceptivos (1).

O pensamento simbólico, próprio da condição humana, permite a comunicação. É um pensamento que resulta de um trabalho de transformação, que se insere no processo da hominização; já a linguagem sígnica se manifesta nas formas psicossomáticas do adoecimento (4), onde houve falhas no processo de simbolização.

Considerando esses pressupostos teóricos, o presente estudo propõe-se a tematizar o silêncio na situação analítica. Para tanto ater-se-á, aqui, às formas de comunicação não-verbais, que permitem subdivisões específicas de expressão. Cada subdivisão solicita uma escuta especial (1).

A primeira dessas escutas especiais é a escuta da linguagem pára-verbal. Esse termo se refere às mensagens que estão ao lado do verbo; nesse caso, as palavras estão presentes, mas o analista permanece atento não apenas a elas, mas também à entonação, volume, intensidade e amplitude da voz do paciente. Dentro dessa percepção dos sentimentos que aparecem junto ao verbo, também se deve considerar a escolha das palavras, a seleção de assuntos e possíveis lapsos acompanhados pelo discurso (1).

A partir do momento em que o paciente chega ao consultório, já passa a comunicar algo por meio de sua linguagem não-verbal, que pode ser percebida pelo horário em que chega à sessão, o modo como se veste, a postura física e a expressão facial, a maneira como se dirige ao analista e como o cumprimenta, o modo como inicia a sessão, se induz o analista a realizar algum tipo de papel, entre outras pistas. Durante a sessão, o paciente pode aguçar a percepção do analista e sua escuta de gestos e atitudes por meio de sinais de mímica facial, gestos sugestivos de impaciência, inquietação, contrariedade, sofrimento ou alívio, choro ou riso (1).

A escuta do corpo se dá desde o início da vida: o bebê fala com sua mãe por meio de sua gestualidade, pela coordenação de ações motoras, pelos movimentos articulados de seu corpo. Na situação analítica, o corpo fala e se comunica de diferentes maneiras, por exemplo, o modo como o paciente vivencia sua imagem corporal pode indicar a possibilidade de despersonalização. Deve-se atentar também aos sinais dos cuidados corporais, à higiene pessoal, às conversões, manifestações hipocondríacas e somatizações. Essas reações mostram que alguma parte daquele corpo está funcionando como uma caixa de ressonância para os conflitos psíquicos que não puderam alcançar uma inscrição simbólica. É observação corriqueira da clínica psicanalítica o fato de que aquilo que o corpo fala, por vezes, é muito mais informativo do que certas palavras que mal conseguem tangenciar a dor mental.

A linguagem metaverbal se caracteriza por uma vivência ambígua por parte do paciente. Ele comunica algo verbalmente, que é anulado por outro conteúdo, diferente e oposto ao verbalizado. Na situação analítica, isso ocorre quando o paciente aparentemente aceita a interpretação oferecida pelo analista, mas, na verdade, a anula em surdina, em um plano latente.

Por meio de devaneios, fenômenos alucinatórios e sonhos pode emergir no contexto terapêutico a linguagem oniróide. Esses fenômenos podem ser verbalizados ou não, podendo, inclusive, adquirir dimensão mística (1).

A escuta da conduta tem como aspecto mais importante a expressão do fenômeno dos actings. Por muito tempo esse fenômeno foi visto apenas de maneira negativa, contudo, tal conduta pode apresentar facetas positivas que favorecem a estruturação do self. Sob esse aspecto é importante fazer uma diferenciação: perceber os atos rotineiros da conduta do paciente na vida cotidiana ou na análise não é o que se denomina de escuta da conduta (1).

Os sentimentos contra transferenciais também devem fazer parte da escuta do psicanalista. É a escuta dos efeitos contra transferenciais (1). A partir das sensações despertadas pelo paciente no terapeuta pode-se estabelecer uma relação de empatia, uma vez que essas reações provocadas no profissional tendem a ser análogas aos sentimentos vividos pelo paciente. Apesar de lhe causarem desconforto e angústia, o paciente não consegue expressar tais sentimentos em palavras.

Por fim, existe a escuta intuitiva. O analista deve ir para a sessão de análise preparado para permitir que aflore uma intuição encontrada de forma subjacente e latente (1), conforme postula o pensamento bioniano. O analista deveria entrar na sessão em um estado psíquico especial, sem memória, sem desejo e sem ânsia de entendimento (5). Ao cunhar a expressão sem memória, sem desejo, o pensamento bioniano levou às últimas conseqncias o estado de atenção flutuante preconizado por Freud como próprio da disciplina mental que o analista deve cultivar no exercício de seu ofício.

Pode-se separar essas formas de escuta para melhor explicação didática, mas é preciso lembrar que elas ocorrem simultaneamente no processo terapêutico. Junto com a comunicação verbal formam-se canais alternativos de expressão que permitem ao paciente transmitir o que deseja. Constituem-se, assim, canais de comunicação, que podem ser categorizados em quatro grupos: a livre associação de ideias, as formas de comunicação não verbais, a intuição não-sensorial e os efeitos contra transferenciais (1).

Apresentar-se-á, a seguir, material clínico de uma paciente adolescente, o que permitirá articular a teoria revisada nesse estudo com o objetivo de compreender os diferentes significados que o silêncio pode assumir dentro da relação analítica com pacientes adolescentes.

MATERIAL CLÍNICO

Dados da paciente

Juliana tem 14 anos, é solteira e mora com os pais e duas irmãs, sendo uma delas sua gêmea univitelina e a outra, dois anos mais velha. Esteve em atendimento psicoterápico de orientação psicanalítica, realizado em uma clínica-escola de psicologia, em contexto de estágio supervisionado, onde era atendida duas vezes por semana, com sessões de 50 minutos.

Procurou o serviço espontaneamente e relatou que já havia feito psicoterapia anteriormente. Referiu ter recebido o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo. Aludiu, ainda, que, com frequência, se sentia triste e que chorava quase todos os dias. Alega que havia abandonado os acompanhamentos psicoterápicos anteriores por dificuldades financeiras.

Frequentava escola regularmente, cursando a oitava série do ensino fundamental na mesma escola e turma que sua irmã gêmea. Dizia não gostar de ir à escola, nem de estudar e que, por várias vezes, ao acordar, pensava em alguma desculpa para poder faltar às aulas. Ainda sobre seus estudos, referiu que se sentia pressionada para sempre tirar boas notas ir melhor que minha irmã e, por sentir-se pressionada, não conseguia estudar direito para as provas, o que a deixava bastante estressada e triste.

Fazia ainda aulas de diversas modalidades de dança, além de curso de inglês e catecismo. Dizia gostar muito das aulas de balé e que as fazia por prazer. Falou que gostava de dançar e que na academia se sente bem e que não fazia por obrigação, como as demais atividades.

A respeito dos relacionamentos familiares, referiu que brigava muito com as duas irmãs, que se juntavam para deixá-la estressada, pois bagunçavam seu quarto e riam de seu modo de agir, recheado de manias, regras e rituais. O pai era tido como figura ausente por trabalhar demais e a mãe como alguém que, por vezes, a ajudava a se defender das irmãs. Porém, em outros momentos, assim como o pai, a mãe ria das brincadeiras feitas pelas irmãs contra a paciente. Esse fato a deixava bastante incomodada.

Juliana contou que tinha algumas amigas com quem gostava de conversar e passear, mas não conseguia contar para elas como se sentia triste em determinadas situações. Guardava esse sentimento só para si, com medo de ser mal compreendida pelos outros.

Vinha para os atendimentos trazida pela mãe, que, no início, a aguardava na sala de espera e, com o passar do tempo, a deixava e vinha buscá-la no horário do término da sessão. Chegava sempre pontualmente às sessões, tendo faltado apenas uma vez, justificando antecipadamente essa falta.

EVOLUÇÃO DO CASO

Desde o encontro em que foi realizada a entrevista inicial com a paciente, ela se mostrou quieta e evasiva; respondia apenas àquilo que era perguntado. Trazia conteúdos que indicavam forte exigência para consigo mesma. Parecia inquieta na presença da terapeuta, falando pouco sobre si. Falava baixo, chorava em alguns momentos de maior densidade psicológica. A terapeuta não conseguia perceber claramente o que trazia Juliana a essa primeira entrevista. Chegou a questionar qual seria sua real motivação para o início do processo terapêutico e suas expectativas em relação a ele.

T— Em que você acha que eu poderei te ajudar aqui?
P— Eu não quero mais ficar triste, chorar como eu chorava no ano passado. Quero saber por que me sinto assim.
A partir dessa comunicação a terapeuta percebeu que ela havia recorrido à clínica por acreditar que precisava de ajuda. Pareceu genuína em seus sentimentos e ansiosa por receber apoio terapêutico. Apesar disso, durante os primeiros encontros, a terapeuta não entendia bem porque Juliana permanecia em silêncio durante a maior parte das sessões.

Apesar de angustiantes para a terapeuta iniciante, os longos períodos em que Juliana permanecia calada não passavam a impressão de resistência à análise. Ela vinha a todas as sessões, faltara apenas uma vez, tendo inclusive justificado sua impossibilidade de comparecer. Contudo, em determinada sessão foi questionada se vinha por vontade própria ou por ser trazida pela mãe, ao que a paciente respondeu venho porque eu quero, porque eu gosto de estar aqui, o que mostra envolvimento e investimento na psicoterapia.

A angústia suscitada na terapeuta a mobilizava no sentido de quebrar o silêncio, procurando um canal pelo qual pudesse entrar em contato mais íntimo com a paciente. A terapeuta sentia-se fracassada a cada nova longa pausa da paciente. Ainda não conseguia se ater às comunicações não verbais estabelecidas a cada encontro e às potencialidades de compreensão que elas poderiam proporcionar.

Pensou, então, que essas interferências em seu silêncio podiam despertar-lhe o sentimento de invasão, assim como ela relatava que ocorria em sua casa.

P— Lá em casa é assim, minhas irmãs ficam indo no meu quarto toda hora, por causa do computador. Entram, ligam a TV, ficam na Internet, meu quarto é como se fosse a sala. Isso me incomoda, elas tiram tudo do lugar!
Pode-se pensar que as intervenções no momento de silêncio poderiam ser compreendidas por Juliana como se a terapeuta estivesse invadindo o seu quarto (possível representação psíquica de sua mente), tirando tudo do lugar (isto é, revirando seus conteúdos psíquicos). Sendo assim, seu quarto poderia representar, do ponto de vista psíquico, seu mundo interno, sua organização psíquica, assim como o tirar tudo do lugar poderia equivaler, simbolicamente, ao movimento de se aproximar de seus sentimentos e pensamentos.

Assim, o silêncio em que Juliana mergulhou logo após essa interpretação pode ser pensado como um desejo de proteger sua autoestima: se ela não mostrasse o que tinha no quarto, a terapeuta não poderia bagunçar, preservando a ordem preestabelecida por ela. Seria o que a literatura psicanalítica pontua como o silêncio que busca testar a tolerância do terapeuta (1), além de proteger o paciente de possíveis desestruturações em sua autoestima, pois a ausência de material verbal fazia com que a terapeuta se sentisse incapaz de agir e oferecer interpretações — por ela consideradas ameaçadoras para a integridade de seu self.

Deixá-la em silêncio por longos períodos foi uma decisão difícil de ser tomada. A terapeuta sentiu que precisaria estar ali à disposição, de forma não-intrusiva, sem intervir, mas também de modo a não reforçar o sentimento de desamparo. Juliana até então não se sentia plenamente à vontade na situação de análise. Por diversas vezes iniciou a sessão trazendo conteúdos referentes à cobrança sentida em relação à escola, onde suas notas deviam ser sempre altas porque não podia decepcionar ninguém. Certo dia, a terapeuta fez o seguinte comentário:

T— Lembrei de algumas vezes em que você chegou e ficou em silêncio, depois me disse que não sabia o que dizer, que não tinha o que me contar. Será que isso não acontece porque você pensa que tem algo que seja certo para me falar?!
P—Hum...(risos).
Aparentemente, essa interpretação transferencial não surtiu muito efeito, contudo, ainda na mesma sessão, Juliana foi capaz de se permitir fazer associações livres sabe, lembrei de uma coisa, nem sei se tem a ver, mas eu vou contar. Pode-se postular, então, que o silêncio que permeou as sessões, na maioria das vezes, ocorria por medo de dizer algo que pudesse parecer uma besteira ou um erro aos ouvidos do analista, resultado de uma inibição fóbica perante o medo de ser julgada indevidamente pelo outro.

Ao perceber o medo que Juliana sentia em se expor na sessão, por imaginar que a terapeuta poderia fazer algum tipo de censura ao que fosse dito, uma mudança se operou. A terapeuta retomou parte do contrato, esclarecendo que durante a terapia ela poderia falar o que quisesse, o que sentisse e o que pensava. A terapeuta não estava ali para julgá-la ou lhe dar uma nota, como uma professora, mas para acolher tudo o que ela quisesse falar, na medida em que se sentisse segura e confiante para se expor, porque essa abertura era o mais importante no contexto da psicoterapia.

A despeito disso, os silêncios continuaram. A terapeuta percebeu, então, que teria que ficar atenta aos outros modos encontrados por Juliana para se comunicar. Notou que ela, ao se dirigir à sala de atendimento, caminhava vagarosamente poucos passos à sua frente, até que ficassem lado a lado. Sentiu que ela precisava manter alguém ao seu lado, com quem pudesse permanecer, sentir que estavam juntas sem o compromisso de acertar sempre, apesar do rigor da própria cobrança.

Com o decorrer dos atendimentos Juliana pareceu ficar cada vez mais à vontade. Nos momentos de silêncio, ficava pensativa, parecia conseguir estar mais consigo mesma na presença da terapeuta. Era um momento só dela, que não precisava dividir com ninguém, como sempre havia feito em sua vida, dividindo tudo com a irmã gêmea.

Assim, pode-se perceber esse silêncio como manifestação de um movimento regressivo, pois, na presença da psicoterapeuta, ela descobrira que poderia elaborar a capacidade de estar só, assim como o bebê faz em relação à mãe. Esse fenômeno é descrito na teoria psicanalítica como a capacidade para estar só (6). Em algumas ocasiões, junto de sua mãe, o bebê passa por momentos de desorganização de seus elementos psíquicos. Essas experiências são necessárias para que ele possa, posteriormente, elaborá-las e (re)integrá-las. Necessitar estar integrado o tempo todo pode ser ansiogênico nessa etapa do desenvolvimento emocional.

Por volta da vigésima quinta sessão, Juliana referiu melhora de alguns sintomas:

P— Eu até que tô mais calma, não tenho nem brigado mais com a Daniela. Não tenho me estressado mais como antes. Tem uma menina na escola que ficava me cutucando e agora eu não fico mais atrás, na frente dela. É, tô menos estressada (risos) (...) eu tô mais calma mesmo (...) eu penso nas coisas e volto a pensar desse jeito, que não adianta ficar nervosa senão não consigo estudar. (...) E fui bem na prova, acabei tirando uma nota boa.
Desse modo, pode-se inferir que o processo terapêutico estava começando a surtir efeito e que essa maneira de estar ali, da maneira como estava podendo exercitar, utilizando-se inclusive do silenciar, possivelmente estava sendo útil para ela. O poder estar junto de alguém disponível apenas para si, que ajude a modular suas relações com o mundo, parece lhe ter permitido descobrir seus próprios valores, trazendo um feixe de luz e esperança de transformação em seu viver.


CONCLUSÕES

Nos fragmentos do processo terapêutico aqui apresentado, pode-se destacar diferentes facetas do silêncio, sugerindo a possibilidade de olhar para esse fenômeno não apenas como resistência ao processo analítico. Essa mudança de perspectiva favorece novas possibilidades de acolhimento para o sofrimento psíquico do adolescente. É importante que o psicoterapeuta esteja atento para outros canais de comunicação que não o verbal, estabelecidos a cada encontro, uma vez que esses canais, especialmente na psicoterapia de adolescentes, são tão ou mais reveladores do que os conteúdos verbais.

A paciente em análise pôde recordar, repetir e elaborar algumas de suas experiências emocionais, mesmo sem comunicá-las por meio da livre-associação (7). Mesmo envolta em seu silêncio protetor, pôde fazer uso proveitoso do processo terapêutico, mostrando-se interessada e mantendo-se presente e esperançosa. O que indica que, mesmo na ausência de palavras, há possibilidades de captação da comunicação inconsciente que se processa na intimidade da relação analítica, desde que o terapeuta esteja sensibilizado para captar outras formas de abertura do inconsciente.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Zimerman DE. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed; 1999.
2 Hernandez J. O duplo estatuto do silêncio. Psicol. USP; 2004; 15(1-2):129-47.
3 Rascovsky A. O assassinato dos filhos. Rio de Janeiro: Documentário; 1973.
4 Zusman W. A opção sígnica e o processo simbólico. Rev. Bras. Psicanal. 1994; p 28(1): 153-64.
5 Bion WR. Atenção e interpretação. São Paulo: Imago; 1973.
6 Winnicott DW. A capacidade para estar só. In: Winnicott DW. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas; 1983 p. 31-7.
7 Freud S. Recordar, repetir, elaborar (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II). In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1987 p. 191-203.


15 de fevereiro de 2015

ARREPENDIMENTO



“Portanto, que todo Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo. Quando ouviram isso, os seus corações ficaram aflitos, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Irmãos, que faremos? Pedro respondeu: "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo”. Atos 2:36-38

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Atos 17:30”



O arrependimento é o primeiro passo que damos, para recebermos a salvação que Deus nos oferece no Senhor Jesus Cristo.

O que o arrependimento não é:

Não é um mero sentimento de culpa. O sentimento de culpa com relação ao pecado vem antes do arrependimento, porém não é o arrependimento em si. Ninguém se arrepende, a menos que tenha primeiramente se sentido culpado com relação ao seu pecado. Porém nem todos que se sentem culpados arrependem-se de fato. At 24.25  “E discorrendo ele sobre a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro, Félix ficou atemorizado e respondeu: Por ora vai-te, e quando tiver ocasião favorável, eu te chamarei.”– Felxz sentiu-se culpado, porém não se arrependeu.

Não é uma mera tristeza pelo seu pecado.  Algumas pessoas ficam muito tristes por causa das conseqüências de seus pecados ou pelo fato de terem sido pegas. Muitas pessoas ficam tristes, não pelo que tem feito de errado, mas pela penalidade que recebem ao serem pegas.  2 Co. 7.10. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte.”

Não é uma mera tentativa de sermos pessoas boas. Muitas pessoas tentam com as suas próprias forças tornarem-se pessoas melhores e mudarem os seus estilos de vida. Todo esforço próprio traz consigo uma raiz de auto-justiça, que é algo que não reconhece a necessidade de arrependimento pelo pecado.  Is. 64.6. “Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam.”

Não é adquirir religiosidade. Os fariseus da Bíblia eram extremamente religiosos em seus comportamentos e práticas. Jejuavam, oravam e tinham muitas cerimônias religiosas. No entanto nunca se arrependeram. Mt. 3.7-10.

Não é um mero conhecimento da verdade. Aposse de um conhecimento intelectual da verdade não garante necessariamente que a verdade tenha se tornado uma realidade em nossas vidas.  Crermos com as nossas cabeças e crermos com os nossos corações são duas coisas diferentes. Rm 10.10. “pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.

O que é o verdadeiro arrependimento:

Estar pesaroso para com Deus pelo seu pecado. O verdadeiro arrependimento é uma tristeza não somente para consigo próprio, ou para com outra pessoa. Mas  em primeiro lugar uma verdadeira tristeza para com Deus. Sl.51.1-4. “ Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.’

Ser realista com relação ao seu pecado.  Sl.32.5; “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado” I Jo. 1.9.

Abandonar o seu pecado Pv. 28.13. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.  “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e abandona encontra misericórdia” NVI.

Odiar o pecado. Hb. 1.9. “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade;...”

Quando possível, restituir aos outros o que você lhes deve. Lc. 19.8 “Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.” ; Lv. 6.1-7.

O que o arrependimento envolve:

O abandono do pecado. Zc. 1.4 “Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor” ; Gl. 5.19-21; Ef. 5.5.

Abandono do mundo. I Jo. 2.15 “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” ; Tg. 4.4.

Abandono de si próprio. II Co. 5.15 “e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” ; Lc. 14.26.

Abandono do diabo. At. 26.18 “para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim” ; Cl. 1.13.

Conversão a Deus. Zc. 1.3 “Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.”

Conversão a um estilo de vida de retidão. Rm. 6.13. “nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.”  ( Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumento de justiça) NVI.



Então declare pros céus ouvir: Senhor Jesus decido hoje a arrepender-me e continuarei abandonando o pecado à medida em que Deus me revelar as coisas que são erradas. Amém.