Psicologa Organizacional

30 de julho de 2015

O que é Motivação



O que é Motivação

Motivação é um impulso que faz com que as pessoas ajam para atingir seus objetivos.

A motivação envolve fenômenos emocionais, biológicos e sociais e é um processo responsável por iniciar, direcionar e manter comportamentos relacionados com o cumprimento de objetivos.
Motivação é o que faz com que os indivíduos deem o melhor de si, façam o possível para conquistar o que almejam, e muitas vezes, alguns acabam até mesmo “passando por cima” de outras pessoas.
Motivação é um tópico muito estudado pela psicologia, para saber o que faz com que as pessoas se comportem da maneira que fazem de onde sai à motivação, e o que ocorre quando as pessoas não são motivadas. A motivação é avaliada em certos tratamentos psicológicos em que é imprescindível medir a disposição real que um indivíduo tem para iniciar um tratamento.
A motivação é um elemento essencial para o desenvolvimento do ser humano. Sem motivação é muito mais difícil cumprir algumas tarefas. É muito importante ter motivação para estudar, para fazer exercício físico, para trabalhar, etc.
A motivação pode acontecer através de uma força interior, ou seja, cada pessoa tem a capacidade de se motivar ou desmotivar, também chamada de automotivação, ou motivação intrínseca. Há também a motivação extrínseca, que é aquela gerada pelo ambiente que a pessoa vive, o que ocorre na vida dela influencia em sua motivação.
Na área da psicologia, Maslow e McClelland criaram suas teorias para motivação. Maslow disse que o homem se motiva quando suas necessidades são supridas, como a auto-realização, autoestima, necessidades sociais, segurança e necessidades fisiológicas. Já McClelland, indicou três necessidades que são essenciais para a motivação: poder, afiliação e realização.

Motivação nas organizações
A motivação, e a falta dela, são assuntos muito discutidos também nas organizações. A motivação empresarial, ou seja, a capacidade de motivar cada elemento de uma empresa é essencial para o seu sucesso.

Motivação e liderança
Motivação e liderança são conceitos que estão intimamente ligados. Um bom líder deve estar motivado e ao mesmo tempo, deve ser capaz de motivar os elementos da sua equipe.

Motivação no trabalho
A motivação é um conjunto de motivos que se manifestam e influenciam a conduta de um indivíduo.
Assim, a motivação no trabalho influencia a disposição que o funcionário de uma empresa tem para cumprir as suas tarefas. Quanto mais motivado está, melhor vai cumprir o seu trabalho.

É importante que os chefes consigam motivar os seus trabalhadores, porque assim conseguem há uma existe a probabilidade de ocorrer um aumento na produtividade.

Salto Alto


17 de julho de 2015

Narciso e o Espelho das Redes Sociais

 



O computador e a internet são meios de comunicação cada vez mais utilizados pela população, tendo diversas finalidades, sendo uma delas a interação virtual. A partir dos anos 70, os computadores, que antes eram máquinas de uso restrito às indústrias públicas e privadas e às universidades, foram fazendo parte da casa das pessoas e, consequentemente, de suas vidas pessoais (PINTO, 2009).
Na contemporaneidade, existem inúmeras redes sociais que estão ao alcance das mãos; basta ter acesso à internet, seja pelo computador ou aparelho celular smartphone. Kirkpatrick, citado por Marra e Rosa e Santos (2013), nos mostra que o Facebook é a rede social a qual mais tem usuários no mundo inteiro, sendo que o Brasil é um dos países em que o número de usuários aumenta a cada ano.
O Facebook, por exemplo, serve como agenda, lugar de encontros, debates, compras, ofertas e é também lugar de exibicionismo. Essa é a realidade construída a partir dos meios de comunicação da internet. As redes sociais surgiram no final da década de 1990 e se desenvolveram muito rapidamente no mundo inteiro, conectando milhares de usuários de diferentes lugares do mundo (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
Entretanto, a tecnologia das redes sociais é aliada por um lado, por ser facilitadora da comunicação, mas também pode influenciar a vida do indivíduo e até mesmo lhe trazer prejuízos, sendo assim um assunto complexo. Como afirma Pinto (2009), ao mesmo tempo em que a conexão com a internet proporciona aumento da quantidade de amizades, ocorre também um distanciamento das relações reais. “Ao se entranhar pelo mundo virtual, o indivíduo se dispersa na rede infinita de contatos que a internet oferece, raramente estabelecendo vínculos permanentes” (PINTO, 2009, p. 70).
Segundo Lévy (1996), a virtualidade não é uma desrealização (alteração da sensação a respeito de si próprio), mas sim uma mutação de identidade. O autor considera que o virtual é mediado pela tecnologia, produto da externalização de construções mentais em espaços de interações cibernéticos. Conforme o autor, a realidade virtual transmite mais do que imagens, transmite uma quase presença e o virtual existe sem estar presente.
Lévy (2010) assinala que o desenvolvimento de redes sociais talvez seja um dos maiores acontecimentos dos últimos anos, por ser uma nova maneira de “fazer sociedade” devido ao âmbito da internet.
Como afirma Dornelles (2004), a internet permite às pessoas explorarem facetas de sua personalidade que têm expressão limitada nas relações sociais presenciais offline. Para o autor, comunicação virtual pode favorecer o autoconhecimento e vínculos saudáveis com outras pessoas, mas por outro lado, também favorece comportamentos compulsivos. Esses comportamentos podem ser, por exemplo, postar demasiadamente atualizações na rede social, atualizações estas que variam desde fotos, músicas, textos até check-in do lugar onde se está. São comportamentos de postar tudo o que se está fazendo e assim expor a vida na rede, seja ela Facebook, Instagram, Twitter, Tumblr ou até mesmo em mais redes ao mesmo tempo, o que é facilitado pelo botão “compartilhar”.
As limitações impostas pela sociedade ao comportamento individual parecem não participar da vida online, o que estimula a auto-expressão livre, que, por sua vez, pode favorecer o desenvolvimento de uma nova identidade (DORNELLES, 2004). Ou seja, como se no espaço virtual o indivíduo estivesse livre para expressar-se da maneira como deseja sem se preocupar com as regras da sociedade.
Na mitologia grega, o mito do Narciso dá origem ao termo narcisista. Greene e Sharman-Burke (2001) contam que Narciso era uma criança linda, pela qual sua mãe nutria muito amor e admiração. Por causa da beleza excessiva do filho, a mãe, preocupada, levou-o até um sábio. Foi então revelado que Narciso só teria uma vida longa se nunca enxergasse a sua própria imagem. Durante um longo período foi o que aconteceu; os pais esconderam todos os espelhos da redondeza para que Narciso crescesse sem jamais enxergar seu reflexo no espelho. Até que, certa vez, ele se aproximou do rio e viu uma imagem pela qual se apaixonou: Narciso estava apaixonado por si mesmo.
Conforme Freud (1914), o narcisismo surge deslocado em direção ao ego ideal, que se acha possuidor de toda perfeição, isto é, a ideia de ser o máximo, o melhor. E o sujeito não está disposto a renunciar a essa perfeição narcísica da infância. Já Lacan (1998) afirma a importância da imagem corporal para a formação do eu; é a partir do outro que o eu se constitui. O estádio do espelho de Lacan se refere à questão da imagem adquirida pela criança demonstrada pela relação estabelecida entre ela e sua imagem no espelho. Então, o estádio do espelho mostra que a partir da imagem corporal, a criança estabelece uma diferença entre seu corpo e o mundo externo.
Já segundo Miguelez (2005), o narcisismo está relacionado à cultura e os fenômenos sociais. Uma face do narcisismo está voltada à cultura e à construção da sociedade, e outra está voltada aos fenômenos psicóticos. Sendo assim, há mais um motivo de estudo a respeito do narcisismo e como ele aparece na vida social, mais especificamente no que é mostrado da vida do sujeito no virtual das redes sociais.
Narcisismo então é o conceito utilizado para definir o sujeito que tem paixão e admiração excessiva por si próprio. Para a Psicanálise, o narcisismo tem um papel muito importante na constituição do sujeito, no sentido de que aquilo que é em excesso (neste caso, a paixão por si mesmo) se torna prejudicial para o indivíduo. O sujeito que se comporta narcisicamente clama por ser aceito; existe nele uma imensa necessidade de aprovação da sua imagem pelo outro e, principalmente, há o desejo de ser especial. Assim sendo, ele pode expressar essa necessidade de aceitação de diversas formas, como por meio da internet e a exposição facilitada por ela. Como o narcisismo se expressa nas redes sociais é o que será analisado no decorrer deste estudo.
O narcisismo é uma característica da personalidade do indivíduo e constitui a personalidade pós-moderna; “o narcisismo é o efeito do cruzamento entre uma lógica social individualista hedonista, impulsionada pelo universo dos objetos e dos sinais” (LIPOVETSKY, 2005, p. 34). A ideia do autor corrobora com o fato de que a geração da internet vem demonstrando o narcisismo de diversas maneiras. O meio virtual é um espaço no qual o sujeito pode expressar comportamentos narcísicos, visto que o perfil do usuário nas redes sociais exibe inúmeras informações da vida do indivíduo, como cidade onde mora, local de estudo, local de trabalho, data de nascimento, entre outros dados. E também permite publicações de fotos, vídeos, eventos, enviar mensagens abertas ou privadas para os amigos, criar grupos, entre outros recursos que a rede oferece.
Estas opções podem desencadear um comportamento de publicar tudo que acontece em sua vida; sendo assim, se isso ocorre, há a exposição da imagem, do corpo e beleza e as pessoas exigem relacionamentos “perfeitos”, bem como expõem suas conquistas e bens materiais nas redes. Sendo assim, o egocentrismo prevalece, o que sugere relacionamentos superficiais na contemporaneidade.
Deste modo, as informações que não são bem vistas socialmente e características físicas opostas ao padrão aceito, os quais podem ser critérios de discriminação, tendem a ser ocultadas ou dissimuladas nas redes sociais (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
As redes sociais são como janelas abertas para a vida das pessoas, ou seja, espaço no qual elas podem observar o outro e serem observadas. E há certo exibicionismo do corpo e da beleza ligados ao narcisismo. Até mesmo a prática da atividade física, um hábito de vida saudável, acabou se tornando uma forma banal de exibicionismo nas redes sociais por parte de usuários. Isso se torna possível, como assinalam Marra e Rosa e Santos (2013), porque o perfil e as interações que os usuários fazem tornam-se públicas ou semipúblicas pela exposição na rede, o que permite o acesso, mesmo que parcial, de usuários cadastrados nesta rede social. Esse fenômeno pode gerar repercussão na subjetividade do sujeito, porque, ao entrar na rede, exibe e esconde o que quer.
Conforme Pinto (2009), essa questão mostra a existência dos indivíduos cada vez mais centrada no eu, bem como a necessidade presente nas pessoas de se identificar com os valores da sociedade de consumo na atualidade; como afirma a autora, sociedade esta que estimula aparência perfeita e exposição de boas formas. A busca incondicional pelo prazer, que é estimulada pelo consumismo do mundo pós-moderno, conforme Santos citado por Pinto (2009), é o hedonismo, uma espécie de “filosofia portátil” do sujeito pós-moderno. Ou seja, segundo o autor, a paixão por si mesmo e sua glamorização dão posse a um narcisismo militante.
Baudrillard citado por Marra e Rosa e Santos (2013) também possui uma visão crítica em relação ao tecnicismo da cultura atual, porque a mesma expandiu imitações que passaram a ser idealizadas como realidade no ambiente virtual. Sendo assim, o mesmo autor afirma que o imediatismo e a banalização do uso da informática acarretam em perda da essência e do que é real. Essa ideia se opõe à concepção de Lévy, que afirma que a tecnologia incorpora características da sociedade e da cultura (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013), o que torna o tema ainda mais complexo.
As atualizações que os indivíduos fazem nas redes sociais, quando se comportam narcisicamente, exibem suas próprias qualidades ou desvanecimento por possuir algo. As redes sociais reforçam estes comportamentos vaidosos, sendo que as pessoas querem saber o que acontece na vida das outras. Ainda, outro fator que estimula estes comportamentos narcísicos de exposição é a competição; uns querendo mostrar-se mais que os outros é comum na sociedade atual. Assim, volta-se para o mesmo pensamento: a vangloria que esconde a insegurança do sujeito.
Como afirmam Marra e Rosa e Santos (2013), mesmo que o Facebook permita a expressão de sentimentos e emoções dos usuários, existe uma comercialização de sentimentos, comprados para proporcionar um sentimento de identidade. Os autores citam o exemplo de frases postadas para autoafirmação e sentimentos de grandeza; assim, tudo o que é publicado fornece referências para a identificação de quem é o indivíduo e como ele se sente. Dessa forma, eles originam sentidos para “quem sou”, “como estou” e “o que acontece comigo.”
Outra maneira de manifestação do comportamento ocorre quando o indivíduo compartilha a sua imagem nas redes sociais e, além disso, espera os comentários positivos dos outros, bem como espera pelas “curtidas”, sendo assim, busca a aprovação. Quanto mais amigos na rede o sujeito tem e quanto mais seguidores possui, maior é a visibilidade de sua imagem, o que contribui para mais exibicionismo.
Como refere Ammann (2011), na função “curtir” da rede social há características que representam o atual momento, bem como produção de sentido. “Curtir” representa um contingente de indivíduos que, sem instruções, entram na rede e por meio dela se expressam, relacionam-se e agregam sentido, conforme o autor.
Marra e Rosa e Santos (2013) assinalam que se pode perceber a importância das fotos e dos comentários como resíduos comportamentais dos usuários. Sendo assim, as fotos e os comentários tendem a ser customizados a partir das identidades. Os autores afirmam que os usuários utilizam táticas de gerenciamento de impressões nos outros, o que inclui postagens e remoções dos comentários que não lhes agrada e que, por sua vez, não gerarão aprovação.
Os mesmos autores apontam que, ao utilizar uma rede social, o indivíduo seleciona aspectos de sua identidade, tendo como critério o que ele deseja que seja visto, o que pode estar relacionado à imagem socialmente aceita. Mas isso não exclui a possibilidade de o sujeito representar a sua própria identidade, tampouco o priva de experimentar maneiras de ser (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
Na realidade, no narcisismo o indivíduo possui autoestima baixa e, por isso, a aprovação do outro neutraliza sua insegurança. Existe nele uma enorme ansiedade produzida pelo medo do desamor. Essa ansiedade resulta do medo de não conseguir a aprovação do outro. “A dimensão narcísica é evidente naqueles que reagem com hipersensibilidade à intrusão no espaço próprio e, ao mesmo tempo, conservam a nostalgia da fusão e temem a separação.” (HORNSTEIN, 2007, p. 21). Para evitar o sofrimento o indivíduo tenta abordar o mundo para reencontrar a sua própria imagem ou então imprimi-la, conforme o autor.
Sendo assim, o comportamento de publicar e se expor, por causa da necessidade de aprovação pelo outro, gera também ansiedade pela vontade de querer atender às expectativas de seus amigos/seguidores. Conforme Hornstein (2009), existe um resíduo do narcisismo infantil, chamado de autoestima. Em alguns problemas do narcisismo, vemos a vulnerabilidade do sujeito, sensível aos fracassos e frustrações. As pessoas centram-se em si mesmas e buscam o reconhecimento do outro, o que, para o autor, gera depressão, perda da vitalidade, tédio.
“O ideal do ego se converte no depositário da onipotência narcísica original e o ego desfruta de autoestima à medida que sua autorrepresentação se aproxima de seu ideal” (HORNSTEIN, 2009, p. 170). O autor continua, afirmando que é no ideal de ego que estão presentes as identificações narcísicas com os pais e, posteriormente, com irmãos e adultos admirados. E neste mundo contemporâneo, com imagens de pessoas que admira na internet.
O sentimento da autoestima é instável. As experiências frustrantes ou de reconhecimento, a sensação de rejeição ou de sentir-se querido pelos outros fazem o sujeito flutuar em relação aos outros. E quanto mais estrito for o superego, menor é a autoestima (HORNSTEIN, 2009).
Na psicanálise, dentro das patologias do narcisismo há a Patologia do Vazio ou do Contemporâneo, que está ligada às funções paterna e materna. A função materna está ligada à constituição do bebê através de seu olhar, sua fala, seu toque e, assim, proporcionar-lhe representações. A patologia do vazio é caracterizada pela falta da palavra da mãe e pela descarga no corpo. A mãe deveria oferecer a palavra ao bebê e manipular o seu corpo, isto é, investir na criança (WINNICOTT, 2000). Na vida adulta, esse indivíduo só vai existir se for olhado; ele terá esta necessidade do olhar e da aceitação do outro. A aparência narcísica de um ego grandioso esconde um vazio de sua própria subjetividade; na verdade, o que existe é um ego frágil.
Segundo Maffesoli, citado por Xiberras (2010, p. 259), “a importância de existir pelo olhar do outro. [...] O outro decide quem sou eu. E destaca a nova forma de um narcisismo pós-moderno: um narcisismo de grupo.” Conforme Xiberras (2010), o Facebook, definido como plataforma relacional, tem como objetivo criar laços sociais primeiramente de acordo com as imagens de rosto, publicadas no perfil do usuário, e por meio de toda a imagem representando a si mesmo, pelos seus olhos, a seu grupo de pertencimento.
E as redes sociais amplificam os comportamentos narcísicos e o desejo de esconder o vazio, como estamos apresentando neste trabalho, uma vez que o ciberespaço facilita a divulgação da imagem. “De fato, tudo acontece como se as pequenas redes tendessem a dar-se uma imagem delas mesmas, para elas mesmas, expressas em seus próprios códigos simbólicos” (XIBERRAS, 2010, p. 260). De acordo com o autor, estas imagens aparecem em um fluxo como um “narcisismo de grupo” espelhando as pequenas comunidades.
Hoje em dia as imagens que emanam das mídias tidas como mais clássicas ou já obsoletas parecem claramente menos livres, ou menos sustentadas por uma construção de tipo coletivo. De fato, os grupos não podem nem ao menos ser os criadores de sua própria imagem, mas seguem dependentes de imagens construídas fora deles mesmos (XIBERRAS, 2010, p. 260).
Como nos diz Pinto (2009), o ciberespaço torna-se um bom local para dar vazão ao tipo de comportamento narcísico. Nesse sentindo, para a autora, no nosso mundo contemporâneo onde cada vez mais os interesses individuais são privilegiados em relação aos interesses coletivos, o ser humano está mais preocupado com a forma perfeita, não para satisfazer o outro, mas para ser o padrão ideal ditado pela mídia.
Bauman, citado por Pinto (2009) afirma que a identidade é algo a ser inventado, é uma construção que demanda esforço. Segundo Pinto (2009), no espaço virtual o indivíduo cria e recria imagens que refletem identidades ou aquela identidade que gostaria de incorporar.
Para a autora, há práticas narcísicas na internet nas quais as pessoas tanto querem ser vistas como verem a si mesmas, o que corrobora com a visão de Marra e Rosa e Santos (2013) ao analisarem que há motivos importantes que levam as pessoas a se tornarem adeptas do Facebook, por exemplo, sendo a principal delas uma motivação subjacente: a tentativa de buscar e descobrir quem somos, a qual também inclui os outros. Eles consideram que é essa motivação que norteia as atividades realizadas pelos usuários no site; é o que está implícito e pode somar-se a outros interesses. Sendo assim, a grande motivação que os usuários tem está em volta da possibilidade de expressar-se para si mesmo, o saber sobre os outros, a distância e a comparação com eles por meio de um ambiente virtual, ou seja, a expressão pessoal e o voyeurismo (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
“Dessa forma, a tela do computador se abre como um espelho de Narciso, um espelho que refletirá não a imagem de contornos próximos ao real, mas a imagem que o sujeito deseja ter de si mesmo” (PINTO, 2009, p. 71).


Os usuários das redes sociais tem a oportunidade de interagir com outros usuários, manter contato, manifestar pensamentos, sentimentos, ideias, enfim, as opções são variadas. Desta forma, os perfis dos usuários tendem a ter representações deles próprios e do que desejam expor na rede. Não são todos os usuários que se comportam narcisicamente, mas o meio virtual possibilita sua expressão.
Além disso, não podemos fugir do digital, porque ele nos cerca de todos os lados, mas o espaço individual também é necessário: espaço para intimidade. E quando a imagem do sujeito é tão pública devido às divulgações nas redes sociais e ao comportamento narcísico, o que resta da identidade fora do meio digital? Um dos maiores desafios da atualidade pode ser a relação entre o que é representado nas redes sociais e o que existe fora dela, na vida real, pelo fato de poder ocasionar repercussões na subjetividade do indivíduo contemporâneo (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
Na realidade, no narcisismo o que existe é uma fragilidade de ego; então, o sujeito faz de tudo para demonstrar o oposto: grandiosidade, porque é com a aprovação do outro que este sujeito ameniza sua insegurança. As redes sociais, então, podem amplificar a cultura do narcisismo, devido à grande exibição e exposição de imagens. Exibições estas que, na maioria dos casos, demonstram situações felizes, pessoas sorrindo, viagens perfeitas etc., que facilitam a aprovação do outro.
Este trabalho investigou as manifestações de comportamentos narcísicos nas redes sociais, porque as mesmas propiciam esta expressão. Em nosso contexto atual, com o desenvolvimento de novas tecnologias, a vida no mundo contemporâneo tem ficado cada vez mais exposta. Temos muitos conhecimentos disponíveis na internet, muitas informações e opções. A subjetividade do ser humano então, na situação atual, nos leva a questionar se os efeitos são positivos ou negativos, leva-nos a refletir sobre qual é a repercussão em nossas vidas (MARRA E ROSA; SANTOS, 2013).
Existe, neste fenômeno, grande complexidade, e, embora seja um tema contemporâneo, ainda há poucas pesquisas e reflexões sobre o assunto. Desta forma, o presente trabalho tem o intuito de possibilitar e convidar investigações futuras, também pelo fato de que muitas mudanças estão por vir, acarretando em transformações no meio virtual e nas relações mediadas por ele.

14 de julho de 2015

Encanto dos Encantos


Educação inclusiva: uma contribuição da história da psicologia



Educação inclusiva: uma contribuição da história da psicologia

Ao longo da história da Psicologia a educação inclusiva vem se mostrando como um desafio. Este pode ser traduzido como uma mescla de novas perspectivas e métodos com as mais diversas críticas aos resultados obtidos. O trabalho da psicóloga e educadora Helena Antipoff com educação especial mostra como estas duas possibilidades podem estar presentes.
Refletir sobre a educação inclusiva implica pensar nas relações entre psicologia, práticas educacionais e educação especial, e, consequentemente, no papel social do psicólogo. Segundo Campos (1996), a história da ciência psicológica vem nos mostrando que a atuação do psicólogo, seja na educação, seja em outra área possível, jamais é neutra e responde a demandas que se inscrevem em um contexto político, econômico, social e cultural, estando sujeita a suas especificidades. Portanto, o resultado da intervenção do psicólogo pode ser bastante diverso das suas propostas iniciais, e, conforme denuncia Patto (1984), pode vir a legitimar práticas sociais que levam aos mais diversos tipos de discriminação.
Tal denúncia feita por Patto aponta para uma característica que, segundo Figueiredo (1995), marca a história da psicologia científica desde o seu surgimento no final do século XIX e que, conforme outros autores como Campos (1996), Bueno (1993) e Velho, este último citado por Wanderley (1999), vem se mantendo ao longo da história da disciplina, manifestando-se em muitas de suas diferentes propostas: a contradição entre o reconhecimento da subjetividade e das diferenças individuais, e, ao mesmo tempo, um movimento de controle destas diferenças através da construção de padrões de normalização. O resultado seria exatamente a geração de mecanismos de discriminação daqueles que não se enquadram nos padrões de normalidade.
Por estar relacionada exatamente com a diferença, podemos dizer que a atuação do psicólogo na área da educação do excepcional vem estando sujeita a tais contradições, e, conforme esperado, a muitas críticas. É a história, mais uma vez, que vem nos mostrar que o convívio com estas condições contraditórias constitui ora o grande desafio, ora a grande limitação do psicólogo que se dedica a esta área.
Estudos referentes à relação entre psicologia e ideologia, como os de Patto (1984), e referentes à história da educação especial no Brasil, como os de Bueno (1993), tendem a considerar propostas como estas de Antipoff a partir de suas conseqüências práticas: a segregação e a exclusão das crianças excepcionais dos sistemas públicos de ensino.
Propomos aqui uma análise um pouco mais ampla das propostas de Antipoff - uma análise que aponte justamente as contradições que as permearam e que permita que se diferencie o contexto e os objetivos destas propostas de seu (inesperado) resultado segregacionista. Esta análise se fundamenta em uma leitura das Obras Completas de Helena Antipoff, publicadas pelo Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff em 1992. Estaremos assim, apresentando uma situação a que também hoje estão sujeitos os psicólogos que trabalham na educação do excepcional, seja na escola pública, seja em escolas especiais.
Helena Antipoff (1892-1974) nasceu na Rússia, mudando-se para a França em 1909. Fez sua formação superior na própria França, onde estagiou no Laboratório de Binet e Simon. Em seguida foi para a Suíça, estudando e trabalhando no Instituto Jean Jacques Rousseau, um dos principais centros propagadores das idéias da Escola Nova da Europa do início do século XX - o movimento das Escolas Novas constituiu-se a partir do final do século XIX e se caracterizou por novas propostas pedagógicas que enfatizavam a democracia nas relações escolares, uma educação que respeitasse as diferenças individuais, as aptidões e os interesses das crianças. Antipoff especializou-se, portanto, em Psicologia da Educação. Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, voltou à Rússia, onde viu eclodir a Revolução de 1917. Neste país permaneceu até o ano de 1924, engajando-se num trabalho de triagem e reeducação das crianças órfãs e abandonadas em decorrência dos conflitos militares. De volta a Genebra, voltou a se integrar à equipe do Instituto Jean Jacques Rousseau (Antipoff, 1975).
Antipoff permaneceu em Genebra até 1929, quando veio ao Brasil a convite do governo de Minas Gerais para trabalhar na reforma do ensino do estado. Dentre as múltiplas propostas vinculadas a esta reforma, estava a formação das professoras das escolas públicas em psicologia da criança e nos novos métodos divulgados pelo movimento das Escolas Novas que estavam em voga na Europa e nos Estados Unidos. Para este fim, algumas professoras foram enviadas para fazer cursos nos Estados Unidos, enquanto professores estrangeiros foram convidados para ministrar cursos para as professoras que aqui permaneceram. Foi criada em Belo Horizonte a Escola de Aperfeiçoamento de Professoras e Antipoff foi convidada para aí dar aulas de psicologia da infância e ajudar na implantação da reforma nas escolas públicas mineiras.
Uma das primeiras atividades na qual Antipoff se envolveu em Minas Gerais foi a homogeneização das classes das escolas públicas. Esta proposta deve ser considerada no contexto em que surgiu: o ideário escolanovista - separadas em classes homogêneas, as crianças receberiam uma educação orientada por seus interesses individuais e sob medida para o melhor desenvolvimento de suas capacidades. Foi em meio a esta atividade de separar as crianças segundo seus interesses e aptidões individuais que Antipoff se deparou pela primeira vez no Brasil com a causa das crianças excepcionais, causa esta que abraçaria pelo resto da vida e que traria a marca da contradição que anteriormente mencionamos.
A partir deste momento inicial de descoberta de um grande número de crianças que acabavam por ficar excluídas do sistema público de ensino, suas propostas em educação especial podem ser divididas em dois momentos bastante específicos: a atuação em prol das classes especiais nas escolas públicas de Minas Gerais e, depois, sua atuação na educação dos excepcionais na Fazenda do Rosário.
Aqui é importante ressaltar que apesar das diferenças e contradições que marcaram estes dois momentos de sua obra e dos resultados de suas intervenções, em ambos os momentos, Antipoff pensava na inclusão dos excepcionais, seja em um sistema público de ensino, seja na sociedade.
Antipoff no processo de homogeneização das classes das escolas públicas percebeu que havia um grande contingente de crianças portadoras dos mais diversos graus e tipos de necessidades especiais colocadas em classes comuns. Os professores, segundo sua observação, não possuíam qualquer preparação ou mesmo interesse para promover meios para a educação destas crianças. Assim, deixadas à parte do andamento da turma como um todo, seu destino era a múltipla repetição de ano, até a desistência dos estudos.
Estando previsto nas leis do ensino a existência das classes especiais nas escolas públicas, Antipoff, atuando junto às professoras alunas da Escola de Aperfeiçoamento, tentou fazer com que funcionassem. Programou a seleção e distribuição dos alunos de acordo com suas necessidades e com seu grau de desenvolvimento físico e mental. Enfatizou a necessidade de turmas pequenas, de um ensino individualizado, de um ambiente adequado, com material didático disponível e professoras bem preparadas.
Considerava-se preciso dar a cada um uma educação que permitisse seu máximo desenvolvimento. A regra era válida também para os portadores de necessidades especiais. Esta era não só a proposta da Escola Nova, mas também da Declaração de Genebra, uma declaração dos direitos das crianças que foi promulgada após o término da Primeira Guerra Mundial e que Antipoff, em sua experiência no Instituo Jean Jacques Rousseau aprendeu a tomar como fundamento de sua prática (Lourenço, 1998).
Por outro lado, estava embutida nestas mesmas propostas uma visão organicista da excepcionalidade. Havia a crença em que, através da educação, dos exercícios de ortopedia mental incluídos nas atividades escolares - exercícios lúdicos para o treino e a melhoria das capacidades mentais como atenção, memória etc. - estas crianças poderiam ser curadas de seus desvios. A educação era então vista como um meio de evitar que a anormalidade trouxesse influências nocivas para a sociedade, conforme observa Aun (1994).
Aí podemos apontar uma contradição - uma ideia democrática, de uma escola pública para todas as crianças, atendendo às suas necessidades e visando seu máximo desenvolvimento em contraposição à ideia de excepcionalidade como um problema a ser sanado, uma doença a ser curada.
Ainda segundo Aun (1994), o resultado destas propostas não foi outro senão a segregação das crianças excepcionais, o que se deu em vários níveis. Não só na separação das crianças em classes diferentes, mas no pouco interesse que estas classes despertaram nas professoras, o que implicou no não atendimento das propostas de uma educação especial - exatamente o oposto do esperado.
A própria Antipoff percebeu que a escola pública e a Escola de Aperfeiçoamento pouco vinham conseguindo fazer pela infância excepcional e em 1932 criou a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Esta foi uma alternativa para angariar a assistência necessária à complementação do treinamento das professoras no ensino do excepcional, do diagnóstico psicológico e do atendimento clínico oferecidos no Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico.
Com o crescimento do número de associados e da atuação da Sociedade Pestalozzi ao longo das décadas de 30 e 40, foram aumentando os serviços prestados às crianças das classes especiais visando o diagnóstico psicológico e físico, novas propostas educacionais, tratamento médico e pesquisas para a compreensão científica da excepcionalidade.
Aos poucos, à medida que aumentava seu contato com as crianças excepcionais, a concepção organicista da excepcionalidade que Antipoff adotava foi sendo transformada em uma visão mais abrangente. Segundo Aun(1994), deixando de enfatizar a necessidade de cura de uma deficiência ou de prevenção de suas influências negativas para o futuro desenvolvimento da sociedade, o cerne das suas intervenções passou a ser o meio físico e social no qual a criança estava inserida. Na prática, esta proposta tão diversa da anterior atingiu o auge na Fazenda do Rosário, marcando o que podemos considerar um segundo momento da atuação de Antipoff em educação especial.
Enfatizando o papel do meio ambiente na produção da excepcionalidade e na forma de com ela lidar, de acordo com Antipoff (1992), a cidade não seria o local mais indicado para a educação das crianças excepcionais. Em suas palavras:
Escolas para excepcionais devem ser localizadas fora das cidades. O local natural é o campo. Espaços mais largos permitem movimentos mais amplos. Os ritmos da vida são ali mais regulares: o sol, melhor que o relógio, e os sinos marcam as horas, convidando ao trabalho e ao sono.(...) A estética do ambiente é o fundo no qual se perfilarão as ações dos adolescentes. Esses, rapidamente, eles mesmos, ou com o auxílio dos educadores, procurarão a harmonia, fugindo do chocante visível e da cacofonia das discordâncias. E, assim, paulatinamente, se aproximam das regras da vida social e moral. (p.149-150).
Em 1940 parte da Sociedade Pestalozzi foi transferida para o município de Ibirité, localizado a pouco mais de 20 km de Belo Horizonte - aí fora comprada, com a verba angariada pela própria Sociedade Pestalozzi, a Fazenda do Rosário. Foi aberta na Fazenda do Rosário uma escola, com vagas para crianças e adolescentes excepcionais que não conseguiam se adaptar às escolas públicas ou por elas ser aceitos.
O conceito de excepcionalidade adotado por Antipoff (1962) foi ampliado. A educação especial passou a ser endereçada a crianças e adolescentes que se desviam acentuadamente para cima ou para baixo da norma de seu grupo em relação a uma ou a várias características mentais, físicas ou sociais, ou qualquer destas de forma a criar um problema essencial com referência à sua educação, desenvolvimento e ajustamento ao meio social.(p.10).
Funcionando no modelo construtivista, a escola oferecia diversas atividades, onde a criança podia, no contato com a natureza e com o instrumental disponível, sob a orientação de professoras devidamente treinadas, exercitar e desenvolver, de forma lúdica, suas habilidades e funções mentais.
Paralelamente às aulas, eram oferecidos serviços e assistência médica, odontológica, psicológica, cursos para preparação de professores, palestras para orientação de familiares e voluntários que cuidavam de excepcionais.
Além disso, havia o acompanhamento sistemático do desenvolvimento de cada aluno nos níveis somático e psicológico, visando a avaliação do trabalho realizado e o melhor conhecimento científico das diversas disfunções apresentadas pelas crianças e adolescentes.
Outro aspecto ao qual se dava atenção era a preparação para a inclusão da criança na vida social fora da Sociedade Pestalozzi. Diversas das atividades oferecidas visavam não só o desenvolvimento das funções mentais, mas também o desenvolvimento moral e a socialização da criança. Nas diversas oficinas a que tinham acesso, os alunos aprendiam um ofício que seria útil como meio de ganhar a vida fora da Fazenda do Rosário. Também esta saída dos alunos era acompanhada, de forma a permitir a adaptação gradual do aluno a um novo ambiente.
Consciente de que tinha um papel social a cumprir, de que não podia se omitir frente a um problema identificado a partir de sua atuação em psicologia da criança, Antipoff, em seu tempo, foi incansável na elaboração e avaliação de propostas para uma educação especial. Na Fazenda do Rosário a proposta educacional da Escola Nova foi eficazmente aplicada à educação especial. Aí as propostas da Escola Nova assumiram o caráter democrático desejado por Antipoff, sendo usado para a melhoria das condições de educação não só das crianças que se enquadravam nos padrões de normalidade, mas também daquelas que, por algum motivo se desviavam deste padrão - e que, nas escolas públicas acabavam por ser excluídas do sistema educacional.
Com uma nova concepção acerca do caráter da excepcionalidade, parte da contradição que marcara as intervenções anteriores desapareceu. Era ampla a preocupação com o desenvolvimento físico, psicológico, moral e social das crianças. Também sua reinserção na sociedade era alvo de intervenção, enfatizando-se a necessidade de um acompanhamento dos adolescentes nesse processo que deveria ser gradual.
Entretanto esta proposta surgiu em um determinado cenário social, não deixando de se sujeitar às suas condições. Mesmo que no interior da Fazenda do Rosário o pensamento de Antipoff se concretizasse em um modelo de educação democrática, o fato de seu funcionamento ocorrer no campo, afastado da vida social comum, gerou novas contradições. Desta vez, relacionadas à reinserção dos adolescentes à sociedade. Apesar de diversos dos ex-alunos haverem conseguido de forma satisfatória esta reinserção, permaneceu a crítica à localização da escola no meio rural e às dificuldades deste processo de reinserção. Hoje, é a pesquisa histórica que vem resgatando o pensamento que estava por trás dos resultados alcançados e as contradições que ele manifesta: desejo de inclusão e justificativa da segregação.
Com este relato o que pretendemos apresentar não foi um modelo de atuação. Quisemos, ao contrário, mostrar que a prática psicológica na educação das crianças excepcionais está sujeita às influências do pensamento de seu tempo e, por isto, sujeita também a resultados que podem se mostrar ou ser interpretados de maneira bastante diversa da que se propunha.
Atualmente, as questões que são pertinentes quando consideramos a prática da psicologia na educação do excepcional não são muito diferentes daquelas que inspiraram as propostas de Antipoff. Entretanto o referencial teórico-prático que temos disponível é outro. Está na pauta dos debates a proposta de educação inclusiva, já que a LDB propõe que as crianças excepcionais sejam aceitas nas classes comuns das escolas públicas e que as escolas especiais sejam coadjuvantes no processo educacional destas crianças. De acordo com Lüscher (1999) discute-se a forma pela qual se dará este processo, a necessidade de preparação das professoras e das outras crianças visando evitar a discriminação. Já estão também sendo apontadas algumas dificuldades para o processo, como o caso de escolas que se recusam a aceitar a matrícula das crianças excepcionais.
Em síntese, hoje, diversas são as propostas, os eixos de discussão e os problemas que aparecem em torno da educação inclusiva - e, vale ressaltar, todos sujeitos às contradições apontadas, pois, de acordo com o discurso vigente, ao mesmo tempo em que se propõe a inclusão, teme-se que esta gere a segregação. Entretanto, tais sujeições, tais temores, tais possibilidades não devem levar à paralisação e nem devem ser tomadas como limites intransponíveis, mas como desafios para as novas propostas. Que estas sejam planejadas e implantadas com um cuidado, preparação de pessoal e avaliação tais que no futuro se possa perceber que houve realmente a inclusão, pois, sabendo das contradições possíveis de aparecer na mais inocente e bem intencionada ideia, sabemos o bastante para não mais esperar que só o futuro avalie os resultados das nossas intervenções.
Faz-se por isso necessário que nós psicólogos tenhamos sempre em mente que nossas propostas e intervenções têm efeitos sociais que não podem ser desprezados. Assim, poderemos pretender atuar de forma a fazer com que os ideais de uma educação democrática (leia-se aí inclusiva) de hoje não se tornem futuros instrumentos de segregação.

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932000000100004


Saúde mental e psicologia: o que é necessário para manter o equilíbrio emocional



Saúde mental e psicologia: o que é necessário para manter o equilíbrio emocional

Sejam de origem fisiológica ou psicológica os transtornos mentais são cada vez mais comuns entre a população. A elevada carga de estresse na qual somos submetidos diariamente tendem a causar alguns efeitos indesejáveis em nosso comportamento. A psicologia é a área responsável pelo diagnóstico, prevenção e tratamento dos transtornos psicológicos, é consenso entre os especialistas que a presença de determinados critérios indica uma boa saúde mental.

Atitudes positivas consigo mesmo
A busca do equilíbrio emocional muitas vezes pode envolver situações conflituosas que devem ser mudadas para tornar a pessoa mais sociável e adaptável às adversidades do cotidiano. Contudo a aceitação da pessoa consigo mesma, é indispensável para que se possa viver tranquilamente sem conflito do corpo com a mente.

Crescimento, amadurecimento e realização pessoal
É preciso que a pessoa tenha a iniciativa de buscar o seu crescimento pessoal, conhecer novos lugares, culturas, livros e músicas são passos essenciais para o autodescobrimento e a realização pessoal. Muitas pessoas não se encaixam no padrão de felicidade imposto pela sociedade, encontrar o que realmente te faz feliz é um processo contínuo e amadurecimento pessoal.

Integração e inteligência emocional
A integração com pessoas diferentes é fundamental no processo de sociabilização do indivíduo, encontrar pessoas com preferencias semelhantes, hobbys semelhantes é uma importante etapa no processo de amadurecimento psicológico. Vale ressaltar a necessidade de respeitar opiniões divergentes para a manutenção do bem estar social.

Autonomia e autodeterminação
Quando tratamos de autonomia nos referimos não apenas à autonomia financeira, mas principalmente a autonomia emocional. Ser feliz de maneira independente de terceiros é a melhor maneira de comprovar o autoconhecimento, a determinação na busca dos objetivos é outro fator fundamental para o sucesso pessoal e profissional.

Percepção da realidade
A sociedade apresenta uma série de conceitos muitas vezes moldados por uma minoria que deseja controlar a massa através de conceitos preestabelecidos, possuir uma visão crítica e independente dos fatos o torna menos dependente das necessidades propagadas, por exemplo, pela mídia.

Domínio ambiental e competência social
Quando se diz dominar o ambiente é apenas uma maneira figurada de dizer que o indivíduo deve compreender o funcionamento da estrutura social, só assim ele estará apto a cumprir o seu papel social. O comportamento que se espera de uma pessoa em sua situação será sempre de acordo com os conceitos culturais e sociais vigentes, buscar o equilíbrio entre o a sociedade e o psicológico é um passo necessário para uma saúde mental plena.


10 de julho de 2015

Professor



Professor

Ser professor é uma das mais importantes profissões do mundo, pois, através destes profissionais a arte, a ciência, a oratória, entre outras técnicas são ensinadas. A história nos apresenta que na Antiguidade grega existiam pessoas que desempenhavam papeis de grande relevância para o povo da época e estes eram chamados de sábios. Entre esses sábios havia os rapsodos que era uma espécie de artista popular ou cantor, na Grécia Antiga, que trabalhava indo de cidade em cidade e recitava poemas. Outro tipo de sábio é apresentado na lenda dos sete sábios, estes por sua vez, eram responsáveis por escrever máximas ou leis morais e em destaque os sofistas que desempenhavam a função de professor e ensinavam os jovens a desenvolver a habilidade de falar bem e convencer os outros nas assembleias políticas.
Percebe-se que mesmo no período grego quando a educação ainda estava desenvolvendo a sua identidade de forma didática, já existia a preocupação em criar estratégias de ensino e de aprendizagem como também as relacionadas à metodologia. Os sofistas, por exemplo, não tinham como objetivo a construção de uma verdade única ou absoluta, mas, desenvolviam o poder de argumentação, da oratória e do conhecimento das doutrinas divergentes aos seus alunos.
As questões educacionais apresentadas através dos pensamentos filosóficos de Platão e Aristóteles traz em destaque de forma positiva e negativa o processo de aprendizagem como também o despertar do senso critico em uma sociedade política. Nesse contexto o conceito de mímesis é inserido, pois tanto Platão quanto Aristóteles via na mímesis a representação de um mundo compreensível. No entanto, o filósofo Platão acreditava que toda a criação era vista como uma imitação. Para ele a própria criação do mundo era como uma imitação da natureza verdadeira. A representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão. Por outro lado Aristóteles via na dramatização a cópia de uma ação, que no drama teria o efeito catártico. Como o filósofo questiona o mundo das ideias, ele acredita que a arte é a representação do mundo.
Fazendo uma inferência é possível destacar que a forma como Platão apresenta o significado de mímesis é possível correlacionar com o método de ensino tradicional nos dias atuais. Pois nesse método tanto a apresentação verbal como a demonstração de conteúdos, as experiências vivenciadas pelo aluno, são ignoradas, tornando a prática do ensino linear ou estática, sem provocar no estudante questionamentos da realidade e das possíveis relações existentes, sinalizando assim nenhuma pretensão de transformação no sentido de abstração do conhecimento, para produzir um ser reflexivo. Por outro lado, fazendo um paralelo ao pensamento de Aristóteles é possível por inferência associar ao modelo de aprendizagem progressista, pois, apresenta a importância da subjetividade e como uma mola propulsora para o desenvolvimento de aptidões individuais. Dessa forma o professor se coloca a disposição do aluno, sem impor suas ideias, pois seu papel é orientar, e junto ao aluno produz conhecimento e abstração reflexiva.
Sendo assim o sistema educacional brasileiro sinaliza, no decorrer da sua história, que têm recebido influências na sua forma didática de ensino-aprendizagem, métodos de educação tradicional versus o progressista e estão em todo tempo sendo aplicados de forma concomitante. Percebe-se, por exemplo, que em uma aula expositiva o professor faz uso de um método tradicional, prática essa que para muitos já deveria não ser mais aplicada, no entanto, mesmo diante de tantas inovações tecnológicas, ainda se faz necessário o uso desse tipo de metodologia. Pois é necessário tornar a aula mais atrativa para o alunado, e isso pode ser incorporado a aula através de questionamentos bem elaborados pelo professor, de modo, que possa permitir e estimular a interação dos alunos no ambiente de ensino aprendizagem. Os professores da atualidade podem também desenvolver o ensino-aprendizagem nos alunos através do exemplo dado. Porque a postura ética do professor influenciará de forma direta na formação da personalidade dos seus alunos, além dos conteúdos programáticos a serem lecionados, os valores morais e sociais, de acordo com a conduta do docente, serão pontos de suma importância na formação da cidadania em cada aluno. Percebe-se a grande relevância, da metodologia usada pelo professor para com seus alunos, pois o conhecimento será transmitido formalmente, através de comportamentos, valores, opiniões, enfim, tudo que envolve a pessoa do educador em sala de aula e extraclasse.


Acimarley Freitas

8 de julho de 2015

A importância da psicoterapia



A importância da psicoterapia

A psicoterapia é um recurso utilizado por psicólogos para auxiliar as pessoas a lidar com conflitos, no enfrentamento das dificuldades, na compreensão das relações interpessoais, na busca do autoconhecimento, qualidade de vida e ampliação da consciência.

 O atendimento psicológico possibilita a descoberta de si mesmo, o paciente tende a reconhecer suas características pessoais, identificar seus pensamentos e sentimentos, refletir sobre seus comportamentos, bem como as conseqüências destes em sua vida, podendo assim, melhorar sua qualidade de vida.

Ao se conhecer o ser humano consegue lidar melhor com suas emoções, planejar seu crescimento e promover mudanças significativas em sua vida.

Durante os atendimentos o cliente poderá tratar de suas angústias, anseios, desejos, medos, idéias e dúvidas. É um espaço livre para abordar diversos assuntos, refletir, re-construir e amadurecer novas alternativas que possibilite seu desenvolvimento pessoal.

Normalmente, os principais motivos pelos quais as pessoas buscam a psicoterapia são: dificuldades emocionais, conflitos familiares, dificuldades nos relacionamentos afetivos, questões sexuais, profissionais, estresse, dependência química, depressão, fobias, síndrome do pânico, obesidade, transtornos: alimentares, do sono e do humor, ansiedade excessiva, perdas emocionais e materiais, auto-estima baixa, orientação vocacional e no processo de recolocação profissional, distúrbio de aprendizagem, pacientes oncológicos, entre outros.

 
Entretanto, não é necessário estar com problemas para buscar orientação. A psicoterapia pode também ser preventiva.



Balanço do Amor