Psicologa Organizacional

24 de agosto de 2016

A Percepção da Figura do Profissional Psicólogo por Estudantes Universitários


 
 
A Percepção da Figura do Profissional Psicólogo por Estudantes Universitários

 

A consolidação da entrada do psicólogo no mercado de trabalho, no contexto nacional, gerou a necessidade de avaliar essa profissão, no tocante à forma como essa prática vinha sendo percebida (FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006).

Vários foram os estudos realizados com a população em geral sobre a função do psicólogo e a ética profissional. A pesquisa realizada por Souza e Trindade (apud FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006) sobre representações das atividades do psicólogo, mostram que indivíduos do segmento de classe média, veem o psicólogo como “um profissional liberal que resolve problemas por meio de conversas e testes.” Nessa mesma pesquisa, indivíduos de menor nível sócio-econômico, pouco ou nada puderam dizer sobre a função do psicólogo, talvez pelo fato do pouco contato com a psicologia. Outras pesquisas definem o psicólogo como responsável pela promoção de saúde e auxílio psicológico (MONTEIRO et al, 2011).

O objetivo deste estudo foi verificar como o profissional psicólogo é percebido na sociedade. Qual a visão que homens e mulheres possuem a respeito destes profissionais?  Homens e mulheres divergem sobre o assunto? Existe alguma relação entre curso de nível superior e a imagem que o indivíduo faz do psicólogo?

Foi realizado um estudo descritivo procurando descrever completamente o fenômeno. Este estudo pretendia coletar informações entre os alunos universitários do município de Cachoeira – BA, sobre a visão dos mesmos a respeito do psicólogo.

O interesse pelo tema abordado deu-se devido à necessidade de verificar a forma como é percebido o profissional psicólogo, uma vez que essa percepção perpassa a relação existente entre o psicólogo e seus clientes.

É importante verificar como as pessoas percebem uma prática profissional em qualquer área de atuação, uma vez que possibilita o reconhecimento de aspectos positivos e de debilidades dessa prática (FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006)

1.1 Conceituando Preconceito


A definição de preconceito segundo Bagno (2008) é a ideia ou conceito formado antecipadamente, antes de ter os conhecimentos adequados.  O preconceito parece estar ligado ao ser humano que vive em sociedade. É muito difícil desarraiga-lo, porque ele é tão velho quanto à humanidade, que tem por consequências males profundos, ora sutis, ora extremamente violentos. Mas em termos de agressividade os efeitos do preconceito podem apresentar níveis distintos (RODRIGUES, 2007).

Pereira (2003) cita alguns estudos que tem verificado a existência de dois tipos de preconceito, o clássico e o comportamento hostil. O clássico é caracterizado pela expressão de atitudes, já o comportamento hostil ocorre em relação ao grupo alvo, que se apresenta de forma menos aberta, mais encoberta. “A expressão encoberta do preconceito explicaria a diminuição de manifestações clássicas de discriminação”.

Na verdade qualquer grupo social pode ser alvo de preconceito. Ocorreram mudanças na visão do preconceito, a partir dos anos 30, passando a ser encarado como frutos de defesas inconscientes, influenciados por normas sociais, ou manifestações de interesses grupais. (RODRIGUES, 2007).

No alicerce do preconceito estão as crenças sobre características pessoais que atribuímos a indivíduos ou grupos, chamadas de estereótipos. Psicólogos sociais contemporâneos identificam o estereótipo como base cognitiva do preconceito. Que segundo eles é uma forma de simplificar a visão de mundo (RODRIGUES, 2007).

Rodrigues (2007) diz ainda que o ato de rotular as pessoas é um processo bem semelhante ao estereótipo, podendo assim dizer que rotulação seria um caso especial do ato de estereotipar. Quando se atribui um rótulo nas relações interpessoais, isso facilita o relacionamento com os outros, pois faz com que certos comportamentos sejam antecipados. “A atribuição de um rótulo a uma pessoa nos predispõe a pressupor comportamentos compatíveis com o rótulo imputado”.

Embora o preconceito seja um fenômeno psicológico, aquilo que leva um indivíduo a ser ou não preconceituoso está relacionado ao processo de socialização. Aquilo que permite ao indivíduo se constituir, também é responsável por ele desenvolver ou não preconceito, sendo sua manifestação individual (CROCHEK, 2006).

O processo para se tornar indivíduo envolve a socialização, e o desenvolvimento da cultura tem se dado em função da adaptação à luta pela sobrevivência, surgindo o preconceito em respostas aos conflitos presentes nessa luta (CROCHEK, 2006).

Segundo Crochek (2006) o indivíduo preconceituoso tende a desenvolver preconceitos em relação a “diversos objetos”, como Judeus, Negros, Homossexuais e etc. Isso mostra que o preconceito fala mais a respeito das necessidades do preconceituoso do que as características dos seus objetos, pois cada um destes possuem características distintas daquilo que eles são. Porem, é importante lembrar que cada objeto suscita nos preconceituosos afetos diversos relacionados a conteúdos psíquicos distintos.

1.2 Sobre a Psicologia


É comum no dia a dia usarmos o termo PSICOLOGIA em situações do cotidiano, por exemplo, dizer que alguém usou seu poder de persuasão para conquistar alguém, ou que foi condicionado a se comportar de determinada maneira, ou até mesmo fazer “diagnóstico” como, por exemplo, dizer que uma determinada pessoa é neurótica. Quando fazemos uso desta psicologia, estamos usando a psicologia do senso comum (BOCK, 2009).

O senso comum é um conhecimento construído de maneira folclórica, através deste acredita-se que o psicólogo tem disposição para ouvir as pessoas, capacidade para dar conselhos e resolver intrigas.  Será essa realmente a imagem do psicólogo? (BOCK, 2009).

A psicologia estuda o homem e sua interação com o meio interno e externo, seu comportamento e os processos mentais. Para a psicologia, nenhum comportamento é por acaso. Todo comportamento é a revelação de algo que está guardado. Por isso, para a psicologia, todo comportamento humano tem um sentido, um intenção e uma motivação. A psicologia não julga o comportamento das pessoas, ela analisa e procura o sentido, a intenção, o motivo (BOCK, 2009).

1.3 Evolução da Psicologia


A psicologia é uma ciência relativamente nova. Seu berço foi na Alemanha no final do século XIX com Wundt, Weber e Fechner. Em 1879, Wundt montou o primeiro laboratório de psicologia em Leipzig, que foi o ponta pé do desenvolvimento científico da psicologia, sendo graças a Wundt que a psicologia passou a ser ciência (BOCK, 2009).

A história da atuação profissional no Brasil surge juntamente com a Psicologia científica; antes disso não existia aqui o reconhecimento da Psicologia como prática com terminologia e conhecimento definido (FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006).

A formação profissional do psicólogo foi institucionalizada através da Portaria 272, referente ao Decreto-Lei 9092, de 1946. No que tange à inserção no mercado de trabalho, a atuação do psicólogo se iniciou nas áreas da educação e do trabalho entre os anos 1940 e 1950. Em 27 de agosto de 1962 a Lei nº 4.119 regulamentou a profissão de psicólogo e, nesse mesmo ano, o Parecer 403 do Conselho Federal de Educação definiu o currículo mínimo e duração do curso superior de Psicologia. Tais fatos históricos serviram como grande apoio para a abertura do mercado aos psicólogos (FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006)

1.4 A Vocação do Psicólogo


Magalhães (2001) relata sobre a investigação realizada sobre diversas perspectivas de autores, com relação à escolha da vocação para psicologia. E é mostrada que são por motivações inconscientes, valores, representação social da profissão entre outros. É notório que o estereótipo com relação à atuação profissional do psicólogo, é idealizado com foco em atendimento clínico em consultório.

Magalhães (2001) nos faz refletir sobre as seguintes perguntas: Quais as origens do chamado a uma preocupação com o outro? Ou o que é precisamente a vocação do psicólogo? Segundo Carvalho e Kavano (apud MAGALHÃES, 2001). Permanece a incógnita sobre a natureza deste anseio, desta curiosidade. Em relação, ou que a atuação clínica oferece aos psicólogos, que parece ser a possibilidade de penetrar no outro, conhecê-lo, ou estabelecer com ele, certo tipo de relação.

Diversos estudos (MILLER; SUSSMAN apud MAGALHÃES, 2001) analisaram a infância familiar de psicólogos, e nos mostram que esses profissionais foram precoce, tendo assim grande responsabilidade quando criança em suas famílias, assumindo o papel de cuidados em relação a outros familiares. Segundo vários achados (BURTON et all Apud MAGALHÃES, 2001) relatam que a infância dos profissionais de ajuda foi marcada por eventos especialmente problemáticos no âmbito familiar, tais como a presença de doenças físicas e mentais incapacitantes, separações, alcoolismo e distúrbios de caráter.

1.5 Quem é o Psicólogo?


Vários foram os estudos realizados sobre a função do psicólogo e a ética profissional, segundo a visão da população em geral e dos próprios estudantes de psicologia.  

Weber e col. (apud FILHO et al, 2006) comentaram que a representação social que o público leigo tem do psicólogo e da Psicologia apresenta limitações e equívocos, em boa parte. No Brasil, é culturalmente comum, as pessoas referirem-se aos profissionais da área de saúde e também psicólogos chamando-os de "doutores". Ao que parece, as pessoas tenderiam a perceber a psicologia como uma área ou especialidade da medicina e o psicólogo como uma espécie de "médico da mente".

Apesar da grande difusão da psicologia, os serviços do psicólogo ainda estão em termos práticos, bastante restritos a uma pequena parcela da população. A população leiga, em geral, indica a ausência de conhecimentos acerca do psicólogo. Diversas áreas da psicologia não são mencionadas pelos sujeitos quando questionados sobre a atuação do psicólogo. Raramente é feito menção sobre a atuação do psicólogo em contextos, como por exemplo, o educacional, o do trabalho, o jurídico, o penitenciário e tantos outros. Em resumo, a percepção geral da maioria das pessoas é pautada numa visão do psicólogo enquanto um profissional de promoção da saúde mental e que está apto a também oferecer um apoio de cunho psicológico (FILHO; OLIVEIRA; LIMA, 2006).

Filho, Oliveira e Lima (2006) afirmam que:

Verificar, pois, como as pessoas percebem uma prática profissional se faz necessário em qualquer área de atuação uma vez que possibilita o reconhecimento de aspectos positivos e de debilidades dessa prática, seja no seu processo de formação acadêmica, ou no próprio exercício dessa mesma prática e ainda, na trajetória histórico-epistemológica de sua constituição enquanto disciplina.

Filho, Oliveira e Lima (2006) realizou um estudo exploratório com o objetivo de identificar elementos que apontem como a figura do psicólogo é percebida não por um único grupo, mas sim por diferentes grupos, especificamente por pessoas da população geral, estudantes de enfermagem e de psicologia, buscando vincular a percepção de cada grupo às circunstâncias e aspectos predominantes de cada um deles. Os resultados apontaram que os três grupos enfatizam o psicólogo como alguém que fornece um auxílio, notadamente de cunho psicológico. Assim, o grupo dos estudantes de psicologia, seguido pelos de enfermagem foram mais específicos ao tratarem desse auxílio em comparação com o público em geral.

Santos (apud FILHO; OLIVEIRA; LIMA), analisando uma amostra de calouros de um curso de formação em Psicologia da cidade de São Paulo - SP, apresentou a seus participantes a pergunta "O que faz um psicólogo em sua opinião?". Seus resultados revelaram um insuficiente e desordenado conhecimento acerca das diversas áreas de atuação em psicologia. No geral, o que se observou foi uma expressiva predominância da menção à área de atuação clínica e do psicólogo percebido enquanto um profissional liberal atuando em consultórios particulares; ele possuiria um "conhecimento teórico eclético e profundo" sobre o ser humano e tal conhecimento seria o responsável ou o elemento capacitador que lhe permitiria ajudar, aconselhar e orientar as pessoas.

Fereira e Rodrigues (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2007) utilizando um procedimento experimental realizaram um estudo visando detectar como os estudantes de psicologia eram percebidos por seus colegas. Este estudo foi realizado no campus universitário da PUC-Rio. Pelo fato da psicologia ser, naquela época, uma ciência sem muita aceitação, nova, porém com alguns aspectos relativos às suas características e métodos estarem deturpados, os autores esperavam encontrar um estereótipos negativo em relação aos estudantes de psicologia. Foi apresentada a uma amostra de estudantes uma lista com 90 adjetivos, solicitou-se então, que escolhessem quais mais se aplicariam àqueles que estudavam psicologia.

Problemáticos, pesquisadores, idealistas, observadores e humanos, foram os cinco adjetivos que melhor caracterizavam os estudantes de psicologia de acordo com os resultados fornecidos dos 60 participantes da amostra. Contrariamente ao esperado pelos autores, os estudantes de psicologia foram categorizados simplesmente com alguns poucos adjetivos, a maioria de conotação positiva (FERREIRA; RODRIGUES apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2007).

De acordo com Rodrigues, Assmar e Jablonski (2007) “existe um estereótipo acerca do estudante de psicologia que o faz ser visto como dotado de certas características bem marcantes”.

Embasada neste pensamento Monteiro (et al, 2011), realizaram um novo estudo, com metodologia similar a de Ferreira e  Rodrigues (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2007). O publico alvo foram os estudantes do campus universitário da FABDA. O estudo objetivava entender como o estudante de psicologia era percebido dentro desta faculdade (FADBA), pelos alunos universitários tanto de Psicologia quanto dos demais cursos. Será que nossa imagem mudou diante da comunidade nos últimos anos?

Trinta pessoas participaram do estudo, sendo 13 do sexo masculino, 16 do sexo feminino e mais um indivíduo que não se pronunciou quanto ao seu gênero. Dos 30 adjetivos descritos no questionário, apenas doze foram marcados, são eles: Observador; Inteligente; Conselheiro; Educado; Atencioso; Curioso; Competente; Interessante; Convencido; Equilibrado; Comunicativo; Questionador. Dentre esses doze adjetivos, nove são considerados positivos, dois com o duplo-sentido (curioso e questionador), e um negativo (convencido). (MONTEIRO et al, 2011).

Como podemos perceber com os dois estudos, depois de 43 anos não houve uma mudança considerável na visão que o público tem dos estudantes de psicologia. (FERREIRA; RODRIGUES apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2007); (MONTEIRO et al, 2011? No prelo)

Profissionais como policiais e advogados são estereotipados como “bandidos” e “pessoas não dignas de confiança”.  Muitas vezes, o psicólogo é visto como “alguém que trata de malucos” ou até mesmo que o próprio psicólogo “é doido”. Monteiro (et al, 2011? No prelo)

Frente a todas as descrições aqui relatadas sobre o profissional psicólogo, fez necessário este estudo.

2. Método


Participaram do estudo 60 alunos universitários do município de Cachoeira/BA, sendo 23,33% (14/60) nascidos na capital e 65% (39/60) no interior.  Em relação ao sexo, 53,33% (32/60) era do sexo feminino. A idade variou entre 16 a 40 anos, com média de 23 anos (DP=5,86). Colaboraram para esta pesquisa alunos do curso de Administração, dando um percentual de 16,67% (10/60), Enfermagem 16,67% (10/60), Fisioterapia 16,67% (10/60), Pedagogia 15% (9/60), Psicologia 16,67% (10/60) e Teologia 16,67% (10/60). 

Para a coleta de dados, foi utilizado o questionário com 14 questões fechadas, apresentando ao respondente um conjunto de alternativas em escala do tipo Likert de cinco pontos dos quais variavam de “nem um pouco” à “completamente” para que ele escolhesse a que melhor representasse sua situação ou ponto de vista, garantindo assim que, qualquer que fosse a situação do respondente, houvesse uma alternativa em que este se enquadrasse.

Os participantes foram abordados pelas entrevistadoras nos corredores da faculdade durante os intervalos de aulas. Todos os entrevistados foram informados sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, em seguida, foi solicitada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), permitindo assim a participação voluntária no estudo. Após a assinatura foram aplicados os questionários. Após o preenchimento, com duração de aproximadamente 10 minutos, os questionários foram recolhidos imediatamente.  

Após coletados, os dados estatísticos foram analisados usando o programa PSPP. As respostas dos sujeitos foram separadas em grupos: Curso (Administração, Enfermagem, Fisioterapia, Pedagogia, Psicologia e teologia)) Sexo (Masculino e Feminino). Os resultados foram submetidos à análise descritiva e os dados foram cruzados (CROSTABS).

3. Resultados


Participaram desta pesquisa 60 indivíduos, sendo 53,33% (32/60) do sexo feminino e 46,67% (28/60) do sexo masculino. Houve uma concordância entre os gêneros ao serem questionados a respeito de que quem procura um profissional psicólogo é porque está louco, ambos discordaram da ideia de que psicólogo trata  loucos

Quem procura um psicólogo é por que está louco?

Já relacionado à presença do profissional psicólogo, 40,7% das mulheres  afirmaram se sentirem desconfortáveis na presença do psicólogo, enquanto 50% delas manifestaram não sentir desconforto na presença do profissional psicólogo. Já para os homens boa parte sendo 37% falaram que a presença do profissional psicólogo é indiferente para eles, porém a maioria, 51,8% falaram que a presença do profissional psicólogo não trás nenhum desconforto.

Você se sente confortável na presença de um psicólogo?

Ao os participantes responderem a questão que o psicólogo tem que ser uma pessoa equilibrada emocionalmente, tanto homens com 96,3%, quanto mulheres com 96,8% afirmaram que o psicólogo tem que ser uma pessoa equilibrada emocionalmente.

O psicólogo tem que ser uma pessoa equilibrada emocionalmente?

Os cursos em geral, sendo a maioria dos participantes da pesquisa, concordaram que a psicologia é uma profissão importante para a sociedade, como pode ser observado no gráfico abaixo:

A psicologia é uma profissão importante para a sociedade?

Existe um certo mito a respeito de que as pessoas que procuram fazer psicologia é porque querem se entender, ou porque é louco, porém nos dados coletados nos trás resultados contrários a esta ideia. Como pode ser observado nos gráficos abaixo, a maioria dos participantes de todos os cursos não concordam que o profissional de psicologia buscou essa profissão para se entender ou porque é louco.

4. Discussão e Considerações Finais


A psicologia vem ganhando seu espaço como ciência e profissão. A atuação do psicólogo vem sendo solicitada não mais somente pela clínica, mas também por escolas, hospitais, empresas, órgãos público, entre outras instituições. Os profissionais psicólogos estão cada vez mais sendo aceitos pela sociedade e ampliando seu mercado de trabalho.  Este estudo nos mostrou que a maioria dos participantes da pesquisa concordaram que a psicologia é uma profissão importante para a sociedade indo contra a ideia de que psicólogo é coisa de gente fresca, de gente que não tem onde gastar seu dinheiro por isso faz terapia. Alguns participantes demonstraram alguma vontade de fazer o curso,

É comum ouvirem as pessoas dizerem que quem procura psicólogo é por que está louco, porém não foi o que mostrou este estudo. Tanto homens quanto mulheres, ao serem questionados, discordaram da ideia de que psicólogo trata loucos, desmistificando este pensamento mostrando que pessoas “normais” também procuram ajuda destes profissionais.

As pessoas ainda se sentem desconfortáveis na presença de um psicólogo por acharem que eles vivem analisando as pessoas o tempo todo. As mulheres se mostraram menos a vontade em estar em um mesmo ambiente que um psicólogo.

No que diz respeito aos motivos que levam uma pessoa a fazer o curso de psicologia. A maioria dos participantes de todos os cursos não concordam com o conceito de que o profissional de psicologia buscou essa profissão para se entender ou porque é louco.

Apesar desta posição de que o psicólogo não é louco, Os dados do estudo mostram  que,  na visão do senso comum, o profissional psicólogo tem que sempre estar bem psicologicamente, não podendo ter sentimentos depressivos, ansiedade, preocupação e outros, não dando o direito do psicólogo ter dificuldades emocionais como todo o ser humano tem.

Apesar do estudo mostrar que muitos dos mitos que foram criados ao decorrer do tempo à respeito do profissional psicólogo já estarem sendo desmistificados, ainda há uma grande necessidade de que as pessoas entendam e conheçam melhor o trabalho e os benefícios que o profissional psicólogo pode proporcionar à população. Sendo de grande importância que o profissional psicólogo busque conscientizar a sociedade da importância do seu papel.

18 de agosto de 2016

Inteligência Emocional


Inteligência Emocional

 


A psicologia define a Inteligência Emocional como o poder de identificar as suas emoções e as alheias, bem como o dom de trabalhar cada uma delas. O sujeito emocionalmente inteligente tem condições de incentivar a si próprio e de seguir em frente mesmo diante das desilusões; detém a aptidão de conter estímulos, transferir sentimentos para contextos adequados; exercitar a gratidão dilatada; encorajar os outros, induzindo-os a despertar em seu íntimo as maiores propensões e a participar de esforços coletivos.

 

Alguns estudiosos, como Daniel Goleman, dividem a Inteligência Emocional em cinco tendências.  Quando alguém distingue uma emoção à medida que ela se manifesta, diz-se que ela tem capacidade de Auto-Conhecimento Emocional. Já a pessoa que detém o Controle Emocional tem o dom de se ocupar dos seus sentimentos, adaptando-os a cada cenário específico.

 

No quesito Auto-Motivação o indivíduo direciona seus afetos a um propósito fundamental, e assim ele pode seguir na luta para alcançar este objetivo. Há também quem seja perito em identificar sentimentos alheios e os que são hábeis nas relações entre pessoas.

Os três primeiros fatores estão vinculados à Inteligência Intra-Pessoal, a capacidade de compreender a si próprio, de produzir uma representação autêntica e exata de seu eu e de utilizá-la permanente e criativamente. Os dois restantes se ligam à Inteligência Inter-Pessoal, o dom de compreender os outros, que elementos os estimulam, de que forma atuam, e como se deve agir com eles associativamente.

 

Charles Darwin talvez tenha sido o primeiro teórico a usar uma concepção semelhante à Inteligência Emocional. Ele defende o valor da manifestação das emoções para a subsistência e a acomodação a um determinado contexto. Apesar de alguns estudiosos ressaltarem os elementos do conhecimento na composição da inteligência, diversos outros acadêmicos famosos estão começando a destacar a significância de fatores não-cognitivos.

 

O psicometrista Robert L. Thorndike, da Universidade de Columbia, recorreu em 1920 à utilização da expressão ‘inteligência emocional’ para se referir à habilidade de entender e incentivar as outras pessoas. Vinte anos depois David Wechsler discorreu sobre a ascendência dos aspectos não pertencentes ao campo do intelecto sobre a performance da inteligência. Ele também afirmava que os padrões da inteligência só seriam plenos quando esses elementos fossem apropriadamente considerados na análise desse conceito.

 

Foi só em 1983 que o psicólogo Howard Gardner desenvolveu sua tese das Inteligências Múltiplas. Neste estudo ele inseriu o propósito de abranger tanto as concepções de inteligência intrapessoal quanto as de inteligência interpessoal. Segundo este estudioso, ferramentas como o QI não elucidam integralmente o potencial de aquisição de conhecimento.

 


 

12 de agosto de 2016

Situações Precursoras da Gravidez na Adolescência



Situações Precursoras da Gravidez na Adolescência


 


1. Introdução


Este trabalho pretende abordar um tema atual no mundo das sociedades modernas, muitas vezes sendo visto pelas próprias famílias como um problema social – a gravidez na adolescência. Ocorre, com isso, a união de dois fatores muito importantes, a travessia do período da adolescência e a inevitável vivência de uma gravidez, trazendo implicações, muitas vezes grandes desequilíbrios, pois a maternidade em si, exige reajustes importantes na vida da mulher, tanto em alterações corpóreas, como da inevitável mudança de identidade. É por isso, que a união de gravidez e adolescência pode provocar crises da adolescência e puxando mais uma, a da gravidez, sabendo-se que a mulher fica mais frágil nesta época.

Foi feita uma revisão bibliográfica, através de dissertações de vários autores renomados com o tema de gravidez na adolescência. Nas leituras e pesquisas críticas de diversas obras, foram feitas anotações, incluindo questionamentos e as respectivas respostas, foi observado que o presente título é infindável e apenas haverá mudanças nas gerações, mas as problemáticas oriundas da gravidez na adolescência continuarão. Os objetivos deste trabalho é buscar melhores entendimentos sobre a gravidez na adolescência, em quais contextos ocorre e quais suas consequências, tanto materiais como mentais, para a mãe, filho e famílias.

2. Gravidez na Adolescência


Nas décadas de 70 e 80, verificou-se um acentuado aumento da incidência de relações sexuais entre os jovens e, hoje em dia, a primeira liberação sexual e a segunda a liberação feminina. Mas a educação sexual explícita foi esquecida ou preferencialmente silenciada. A maioria dos jovens tem sido preparada para a vida sexual adulta pela ignorância, auto formação, e pela troca de experiências no seu grupo de pares, igualmente (mal) formados.

Baracho (2007, p.63), afirma a gravidez cada vez mais precoce:

As liberações sexuais dos anos 60, associadas à maior segurança oferecida pelos anticoncepcionais orais, trouxeram mudanças radicais no comportamento sexual dos jovens. Desde então, a atividade sexual é mais frequente e cada vez mais precoce. Além disso, o erótico transmitido aos jovens através da mídia e o menor controle da família e da escola contribuem de forma marcante para a gravidez na adolescência.

Para  Içami Tiba (2005, p.78), “O adolescente tem conhecimentos suficientes, mas acredita em mitos como não há perigo de engravidar na primeira relação amorosa”.

Existem hoje, disponíveis, múltiplas fontes de informação/educação sexual. A mídia é uma fonte importante de informação para os jovens, mas bombardeiam a geração de rapazes e moças com imagens de corpos perfeitos, com sucessos, passando mensagens pouco realistas que podem provocar angústias enquanto negligenciam a comunicação e o apego, provocando, muitas vezes, o que por hora chamamos de “doença do século” a depressão.

Estamos perante uma realidade simultaneamente permitida e negada, dado que nem os pais, nem o sistema educativo, nem o sistema de saúde oferecem condições a estes jovens para que vivam uma sexualidade sem risco (implementando uma verdadeira educação sexual e oferecendo apoio técnico), apesar de vários programas do governo, tentativas no mínimo frustrantes. A adolescência e a juventude convertem-se em grupos de risco, em dois grandes sentidos: a possibilidade de terem experiências sexuais inadequadas; pelos riscos de gravidez não planejada e pelos riscos de contágio de doenças sexualmente transmissíveis.

Ao contrário de algumas culturas, podemos citar a cigana, nas sociedades ocidentais a gravidez na adolescência é vista como um grave problema. Qualquer gravidez extra-matrimonial é quase sempre motivo de marginalização e estigma social. Porém, enquanto as sociedades ditas primitivas encorajam precocemente o processo de autonomia e independência, na nossa sociedade a tendência é para prolongar cada vez mais a dependência econômica dos filhos em relação aos pais. Há ainda uma alta percentagem de mulheres jovens que engravidam sem desejarem, embora difícil de estimar devido à prática dos abortos clandestinos e porque, por motivos culturais, esta realidade tende a ser ocultada.

3. Gravidezes na Adolescência e seus Principais Fatores


Os adolescentes são bombardeados continuamente com mensagens e modelos de comportamento sexual, ora irresponsáveis ora nada saudáveis. A família e o sistema educativo lhes negam a formação e os serviços que precisam para poder decidir de forma responsável sobre a sua sexualidade. Isto faz com que os jovens se encontrem indefesos perante a poderosa “falta de educação” sexual que se desenvolve sistematicamente nos meios de comunicação social.

De acordo com estudos, a “menarca”, primeira menstruação, hoje chega aproximadamente com dez meses de antecedência, se levar em conta a geração anterior, esquecemos que antigamente as mulheres menstruavam, ou seja, possivelmente entravam em dias férteis aproximadamente 40 vezes em sua vida e hoje em tempos de anticoncepcionais e métodos contraceptivos, menstruam por volta de 400 vezes. Isso tudo e mais a questão higiênica das melhorias sanitárias e de estilo de vida, seja socioeconômica e nutricional, podendo ter nestes as causas do início precoce das relações sexuais, consequentemente adiantando a idade em que a criança passa a ser adolescente e já pula uma fase para se tornar mãe.

 As atitudes individuais são condicionadas, seja pela família como pela sociedade. Sendo a segunda, passando por profundas mudanças em sua estrutura, tornou-se cada vez mais tolerante e permissiva em relação à aceitação das relações sexuais na adolescência e antes do casamento, por vezes até mesmo permitindo ou preferindo que tudo aconteça em seus lares e, também, em relação à gravidez na adolescência. Os tabus desapareceram e a atividade sexual disparou. A isto acresce uma forte pressão social exercida pelos meios de comunicação, pelas amizades e por alguns membros adolescentes da própria família (BARACHO, 2007).

Charboneau (1987), para as gerações anteriores, as relações pré- conjugais eram consideradas como deslize ou uma “exceção”, mas hoje (nos dias atuais) esta sendo considerada como algo natural e normal. É importante que o adolescente tenha consciência das consequências que tal prática pode acarretar e decidir se isso  realmente irá ser importante, pois é algo que pode influenciar sua vida inteira. O argumento usado para justificar tal prática consiste na necessidade de se ter uma identidade. São movidos pelo desejo do prazer e não por amor, “porque o amor nasce devagar, enquanto o desejo que se torna cobiça estoura no começo da puberdade”.

Em certos casos uma atitude incorreta das mães que, para evitarem a gravidez, acabam por se tornarem as principais fornecedoras de contraceptivos para as suas filhas, ao invés de terem um diálogo aberto e esclarecedor sobre sexualidade e métodos anticonceptivos. Esta prática banaliza a sexualidade e deformam a consciência, consequências que aumentam a vulnerabilidade das adolescentes não apenas a gravidez quanto a doenças sexualmente transmissíveis.

A ausência da presença materna ou do bem cuidar materno pode ser também um fator relevante, já que muitas destas adolescentes não têm presente a tal membro. A isto, há que juntar que muitas delas concebem as relações sexuais como forma de vingança ou castigo em relação aos pais.

As jovens que engravidam apresentam um perfil pessoal caracterizado por rendimento escolar baixo ou já desistente, desinteresse pela aprendizagem, ausência de aspirações profissionais, entre outros, os quais podem perceber que sempre as levam ironicamente para um elo onde pessoas não as podem aconselhar, o que em contra partida, para evitar a solidão, algumas adolescentes creem que ter um filho satisfará as necessidades afetivas, que não conseguiram alcançar em suas famílias. Outras, pelo contrário, acreditam que ter um filho ajudará a “prender” o namorado, a sair de casa, a mostrar que já não é uma criança ou até para provar que também pode ser mãe. Noutras circunstâncias, o início das relações sexuais é mais um ato de rebeldia contra as normas sociais estabelecidas. Outros fatores ligados ao início precoce das relações sexuais estão a diminuição do prestígio e do valor familiar.

4. Repercussões da Gravidez na Adolescência


4.1 Nível físico e psicológico


A gravidez é um período de grandes mudanças e para a adolescente é ainda  maior, pois tem que se tornar adulta mais depressa, significando ter de abrir mão da infância. É na adolescência que ocorrem as últimas e mais importantes transformações do corpo, sabemos que uma gravidez entre os 12 e os 18 anos, mesmo com todas as tecnologias na área hospitalar, é uma gestação considerada de risco, quanto mais baixa a faixa etária da adolescente maior é a proporção de complicações obstétricas e maiores são os níveis de mortalidade, tanto da criança quanto da mãe. Os riscos para o futuro bebê são: a prematuridade, maior mortalidade, baixo peso à nascença, anomalias no sistema nervoso central, dificuldade respiratória, hiperglicemia, convulsões, entre outras.

Na Coletânea de Leis e Resoluções (2009, p. 187), esclarece a gravidez na adolescência é considerada de alto risco:

O comportamento reprodutivo das mulheres brasileiras vem mudando nos últimos anos, com o aumento da participação das mulheres mais jovens no padrão da fecundidade do país. Chama a atenção o aumento da proporção de mães com idades abaixo de 20 anos. Este aumento é verificado tanto na faixa de 15 a 19 anos de idade como na de 10 a 14 anos de idade da mãe. A gravidez na adolescência é considerada de alto risco, com taxas elevadas de mortalidade materna e infantil.

Normalmente as novas mulheres, ficam com uma estatura definitiva inferior às que amadurecem mais tarde, com todos os sofrimentos e alegrias advindos de uma gravidez. O desequilíbrio nutritivo pode manifestar-se por emagrecimento ou obesidade, o que ocorre na maior parte dos casos, ocasionando também a depressão pós-parto.

Bolsanello, A., Bolsanello, M. (1996, p.403), esclarece que: “O fato é que a gravidez inesperada costuma deixar marcas irreparáveis nas grávidas adolescentes”. Ao descobrir que está grávida sem planejamento, a mesma entra em pânico, algumas garotas tem a esperança de estarem enganadas com a tal situação, a maioria das jovens se abre com sua melhor amiga, uma professora, as reações são bem variadas. Quanto mais cedo se descobrir a gravidez mais fácil será de controlar as emoções, o pânico e de tomar decisões (COATES 1994).

A instabilidade psicológica e insegurança podem conduzi-la a estados de ansiedade e depressão para os quais contribuem o afastamento dos amigos e a relação instável com o namorado e com a família (PEIXOTO, 2004).

Podemos considerar que as adolescentes grávidas têm que enfrentar graves e grandes crises: os problemas e conflitos de identidade, dependência, autonomia e autocontrole que todo o adolescente tem; a crise de aceitação a rápidas mudanças corporais acentuadas pela gravidez, sobretudo por se tratar de uma idade em que o aspecto fisco é tão importante e desafiador; e finalmente, a dificuldade em aceitar o papel de mãe precisamente no momento em que começava a poder chamar-se "mulheres", mais que outra coisa pelo seu desenvolvimento físico, bem como em alguns casos aceitar o papel de esposa.

De acordo com Charbonneau (1987), As alternativas a serem tomadas pela adolescente grávida são três escolhas para a tal gestação, ou aborta, que é doloroso, ou ela será mãe solteira, condição detestável que ela carregará durante toda a sua existência, ou fará um casamento dificultoso que será frustrante para os dois.  Como resultado destas crises a adolescente sente-se frustrada, desamparada e com baixa autoestima, com manifestações de ansiedade, depressão e hostilidade, sendo a taxa de suicídio relativamente alta nesta populações.

4.2 Nível social e familiar


Acarretam vários problemas, nomeadamente a exclusão, com a consequente pressão que a adolescente sente na escola e a imposição do casamento. A maior parte dos adolescentes não possui educação sexual, dado que provêm de matrizes familiares desestruturadas, onde os problemas a nível emocional são uma constante, aliados ainda a fracos recursos socioeconômicos.

Com a gravidez muitas adolescentes deixam a escola, ou após o nascimento do filho, são muitos fatores precursores que levam a jovem abandonar os estudos, são eles; os cuidados a serem tomados a respeito da criança fazem a adolescente não ter tempo para estudar, o preconceito dos colegas da escola, depressão, falta de interesse, a proibição do marido, entre outros (PEIXOTO, 2004).

A adolescente grávida vive um desajustamento a nível social suscitando sentimentos entre; vergonha e culpa, medo e insegurança, face aos comportamentos dos familiares, amigos e da própria sociedade. Todos estes aspectos levam a adolescente a não procurar desenvolver projetos de vida para si e para o seu bebê. O abandono escolar provoca uma obtenção precoce de uma ocupação profissional, cuja remuneração é baixa e com fracas possibilidades de satisfação profissional. Por vezes, a adolescente depende de ajuda econômica da família, do estado, enfim de outras instituições que possa lhe dar o que realmente precisa. As mães adolescentes que continuam a viver sobre tutela dos pais, têm índices mais elevados de estudos, porque possuem possibilidades de completá-los, devido ao suporte para sustentar o seu filho.

Peixoto (2004, p.1089), O adolescente, será prejudicado no plano profissional como:

A maioria das adolescentes do nível social menos favorecido que engravida não completou o ensino fundamental, o que limita sua possibilidade de emprego futuro às atividades braçais e de menor remuneração. O parceiro geralmente está em condições escolar semelhante e também interrompe seus estudos pra trabalhar e colaborar com as despesas advindas da nova situação. Os planos profissionais para o futuro se tornam inviáveis, pois o ingresso precoce no mercado de trabalho inviabiliza a formação profissional mais especializada. Entretanto, a não realização dos planos profissionais para o futuro não significa que, obrigatoriamente, não vencerão as primeiras dificuldades e conseguirão se emancipar economicamente; isso pode ocorrer, mas em condições precárias.

A adolescente tem o futuro profissional mais prejudicado que o homem, pois interrompe os estudos, não ingressa no mercado, acomodando-se na situação de dependente dos pais ou do parceiro.

A maternidade precoce leva certo ar de estigma destas jovens, a causa desta censura acontece na maioria das ocasiões porque esta situação ocorre muitas vezes em subgrupos específicos, nomeadamente em contextos sociais caracterizados por fracos recursos econômicos.

Segundo Coates (1994, p. 21) esclarece que: “Os dois podem estar desempregados e descobrir que o esforço de ficarem juntos 24 horas por dia é maior do que esperavam”. Igualmente resultado da maternidade precoce é a imposição de um compromisso, o casamento. A união com o parceiro, quando ocorre, é instável e imatura. Este por sua vez, pela própria imaturidade e pela ausência de um vínculo afetivo com frequência abandona a mãe e o filho.

O acontecimento de uma gravidez, associado a todas as pressões a nível psicossocial que uma adolescente tem de enfrentar conduz por vezes, à tomada de decisões no sentido de continuar ou não essa gravidez, contudo, podemos observar que por vezes o recurso ao aborto surge como a solução mais viável. Esta solução de interrupção da gravidez através do aborto varia do nível socioeconômico da adolescente. As adolescentes provenientes de meios sociais desfavorecidos possuem uma taxa mais baixa de abortos em comparação com as de estratos mais elevados.

Contudo, na maioria dos casos, os pais deixam transparecer uma posição de desapontamento, vergonha e até mesmo agressividade, isto pode levar adolescente a pôr-se à parte. No caso de famílias desestruturadas a gravidez pode agravar a falta de estrutura. Os pais da adolescente grávida são subitamente transformados em avós, em muitos casos terão que ser eles a assumir parcial ou integralmente a responsabilidade pelo neto.

No início da gestação, a jovem deixa de conviver com os amigos, pois sua atenção se volta para o namorado e seus próprios pais diante do fato, as adolescentes começam a se afastar dos amigos e do circulo de amizades (PEIXOTO, 2004).

A adolescente grávida precisa de todo o apoio familiar, pois as mudanças físicas, psicológicas e sociais da adolescência, aliadas a uma gravidez precoce e à aproximação do parto desencadeiam na adolescente necessidade de afeto e apoio.

5.Conclusão


A desinformação e a fragilidade da educação sexual são fatores relevantes na gravidez precoce. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, além de muita consciência, responsabilidade e um amplo planejamento, quando isso não acontece a iminência de acontecerem problemas é muito grande. Na procura de uma identidade e de um reconhecimento com o mundo exterior, os jovens descobrem a sexualidade, o envolvimento, a revelação e muitas vezes com atitudes e comportamentos que geram consequências, por vezes imprevistas ou indesejadas. É neste âmbito que surge a gravidez, que vem como uma barreira no desenvolvimento normal dos jovens, das meninas em particular; podendo acarretar implicações que isso causará para sua saúde física, emocional e social. As repercussões são muitas, como o fator social, aceitação em geral, evasão escolar, aborto, estatura física que esta em desenvolvimento, e as dificuldades para sobreviver, a maioria não têm uma definição profissional. Em relação à família, acarreta transtornos principalmente no aspecto emocional, e a fase de adaptação da adolescência e ainda a gravidez sem planejamento.

Após a execução deste estudo com o auxílio da pesquisa literária realizada para este fim, considera-se que os objetivos propostos no início do trabalho foram alcançados, contudo as épocas mudam e com elas a forma de pensar e analisar as situações que surgem em cada geração, portanto é necessário que apesar da modernidade e da evolução de costumes entre jovens; os pais e responsáveis procurem aproximar se de seus filhos, dialogar e criar laços de amizade para que essa cumplicidade livre-os de atos impensados e de suas consequências.