Psicologa Organizacional

20 de janeiro de 2024

 




A Estrada da Autoestima

 

Era uma manhã de segunda-feira, e o sol brilhava tímido por entre as nuvens. Jhon, um jovem de trinta anos, com um sorriso cauteloso e olhos cheios de histórias não contadas, sentou-se no banco do motorista de seu carro, um veículo simples, mas cheio de significados. Ao seu lado, sentou-se o Dr. Freitas, seu terapeuta, um homem de expressão serena e olhar acolhedor.

 

O carro de Jhon, assim como sua vida, estava em perfeito estado funcional, mas carregava algumas marcas de desgastes emocionais. Cada arranhão e amassado representava um golpe na sua autoestima, uma lembrança de palavras duras e falhas percebidas.

 

"Dê a partida, Jhon," disse o Dr. Freitas com um sorriso encorajador. "Você está no controle."

 

Jhon deu a partida, e eles começaram a jornada. Inicialmente, ele dirigia por caminhos familiares, estradas que percorria diariamente e que não exigiam muito dele. O  Dr. Freitas, atento, apenas observava, pronto para intervir, mas sem pressa. Ele sabia que cada um tem seu próprio ritmo.

 

Conforme avançavam, o terapeuta sugeria gentilmente que Jhon experimentasse rotas alternativas. "Que tal virarmos à direita aqui? Pode ser um caminho interessante." Suas sugestões eram sempre oferecidas, nunca impostas, e Jhon se sentia seguro para aceitá-las ou não.

 

Em um certo ponto, eles chegaram a uma estrada menos cuidada, repleta de buracos e pedras. Era a estrada da autoestima de Jhon. Ele hesitou, mas com um aceno de cabeça do Dr. Freitas, decidiu prosseguir.

 

"Você não está sozinho," lembrou-lhe o terapeuta. "Estou aqui como seu carona, para te apoiar, mas lembre-se, você é quem dirige."

 

Ao longo dessa estrada mais desafiadora, Jhon começou a abrir-se sobre suas inseguranças, suas dúvidas. Cada buraco que desviava, cada pedra que superava, era como se ele estivesse se libertando de um peso antigo, uma crença limitante.

 

Em um determinado trecho, a estrada tornou-se particularmente difícil. Jhon sentiu-se tentado a desistir, mas a presença calma e a confiança do Dr. Freitas ao seu lado deram-lhe força para continuar. Juntos, eles encontraram um caminho mais suave, e Jhon começou a ver-se de uma maneira nova, mais gentil e compreensiva.

 

Quando chegaram ao final daquela estrada, Jhon olhou para trás e viu o quanto tinha percorrido. Ele não estava mais no mesmo lugar; ele tinha crescido, se transformado.

 

"A jornada continua, Jhon," disse o Dr. Freitas com um sorriso. "E lembre-se, cada estrada, cada escolha, cada desafio, é uma oportunidade para conhecer-se melhor e fortalecer sua autoestima."

 

E assim, com o carro agora em movimento numa estrada mais iluminada, Jhon sentiu-se mais confiante, pronto para as próximas etapas de sua jornada, sabendo que, apesar de estar ao volante, ele não estava sozinho.

 

 

 

Entendendo a Metáfora da 'Estrada da Autoestima' na Abordagem Centrada na Pessoa

 

A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers, é uma forma de terapia que enfatiza a importância da perspectiva única de cada indivíduo em seu processo de autoconhecimento e crescimento pessoal. Nessa abordagem, o terapeuta proporciona um ambiente de aceitação incondicional, empatia e congruência, facilitando assim a exploração e a compreensão do mundo interno do cliente.

 

A metáfora da "Estrada da Autoestima" ilustra esse processo de maneira vívida e acessível. Vamos decompor essa metáfora para entender melhor cada um de seus componentes:

 

    O Veículo (O Eu): No contexto da metáfora, o veículo representa o próprio indivíduo - suas emoções, pensamentos, experiências de vida e percepções. Assim como um carro, cada pessoa tem suas características únicas, forças e áreas que necessitam de atenção e cuidado.

 

    O Motorista (O Cliente): Na ACP, o cliente é visto como o especialista em sua própria vida. Ele é o motorista do carro, decidindo para onde vai, o ritmo e o caminho a seguir. Este aspecto enfatiza a autonomia e a auto-determinação do cliente em sua jornada terapêutica.

 

    O Carona (O Terapeuta): O terapeuta, neste caso, é um acompanhante atento e compreensivo. Ele não dirige o carro, mas oferece suporte, reflexões e insights que podem ajudar o motorista a escolher a melhor rota. O papel do terapeuta é ser um facilitador da viagem, respeitando sempre as decisões e o ritmo do cliente.

 

    A Estrada (O Processo Terapêutico): A estrada simboliza o processo terapêutico em si. Pode haver trechos lisos, curvas fechadas, subidas íngremes e até mesmo buracos. Estes representam os desafios, as descobertas, as dificuldades e os avanços no percurso do autoconhecimento e da autoaceitação.

 

    A Jornada (O Crescimento Pessoal): A viagem ao longo desta estrada não é apenas sobre chegar a um destino, mas sobre o que se aprende e como se cresce ao longo do caminho. Cada experiência, desafio e escolha contribui para o desenvolvimento da autoestima e a compreensão mais profunda de si mesmo.

 

A "Estrada da Autoestima" na ACP é, portanto, uma poderosa metáfora para descrever a jornada de crescimento e autoconhecimento. Respeitando a autonomia do cliente e oferecendo um ambiente acolhedor e empático, a ACP facilita uma viagem de descoberta pessoal onde cada indivíduo aprende a valorizar-se, a entender suas emoções e pensamentos, e a desenvolver uma autoestima mais saudável e resiliente.

 

Acimarley C. S. Freitas

Psicólogo Clinico

CRP – 04/54732

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