Quem é você no Teatro da Vida:
o pessimista, o otimista, o realista?
Se observarmos atentamente o palco do
cotidiano, veremos que cada um de nós atua como protagonista na grande peça
chamada vida. Às vezes, somos também espectadores de nossas escolhas,
sentimentos e reações. No Teatro da Vida, expressão desenvolvida pelo psicólogo
Acimarley Freitas, somos convidados a contemplar tanto o espetáculo vasto e
impressionante do universo quanto as miudezas poéticas do dia a dia — a abelha
pousando suavemente numa folha, a dança silenciosa das nuvens, o sorrir do
tempo em nossa pele. No entanto, a cena mais desafiante é aquela que se
desenrola dentro de nós mesmos, quando nos vemos frente a frente com quem
realmente somos.
Nesse palco interno, é inevitável
percebermos as diferentes formas de encarar a vida. Pode ser que, por vezes, a
cortina se abra para um personagem pessimista. Ele percebe no mundo uma
constante ameaça. Enxerga o tempo como adversário, sente que a natureza
conspira contra seus projetos, duvida do valor de suas emoções positivas e
sente-se aprisionado pelas negativas. Suas falas são carregadas de receio,
desânimo ou até mesmo de uma certa resignação perante as adversidades. No
entanto, ele não deixa de trazer à tona a importância de questionar, de
duvidar, de não se deixar embalar pelo excesso de confiança. Sua presença pode
soar áspera, mas, em sua essência, alerta para perigos reais e convida à
cautela.
Em outro ato, o otimista entra em cena
com energia contagiante. Seus olhos brilham ao contemplar o futuro, ele se
permite encantar com a simplicidade das pequenas alegrias cotidianas, vendo
florescer possibilidades mesmo nas mais inesperadas situações. Para ele, o
tempo é um aliado, a natureza, uma fonte infinita de inspiração, e até mesmo os
sentimentos negativos são aprendizados disfarçados. Sente-se leve, aberto ao
novo, impulsionando aqueles ao seu redor a sonhar, a reconstruir, a não
desistir diante da primeira queda. Por vezes, pode ser ingênuo; mas,
frequentemente, é o sopro de esperança que mantém o espetáculo em andamento.
E há, claro, quem se reconheça no papel
do realista. Este personagem vê a vida com um olhar equilibrado, atento tanto
para as adversidades quanto para as oportunidades. Ele observa a abelha e
reconhece o valor tanto do esforço quanto da doçura produzida. Compreende o
funcionamento do universo e sabe que há mistérios insolúveis, mas também
aprecia cada pequena certeza conquistada. O realista abraça sentimentos
positivos e negativos, entende que são partes legítimas da existência, e
utiliza ambos como bússolas para possíveis tomadas de decisão. Seu discurso é
pautado em serenidade e coerência; não nega os problemas, mas também não se
deixa abater por eles; constrói, dia após dia, um caminho sólido, ainda que se
permita sonhar.
No Teatro da Vida, cada um desses
personagens — pessimista, otimista, realista — habita dentro de nós em
diferentes intensidades e situações. Perceber quem está no comando é um convite
à autodescoberta. Trata-se de um exercício de olhar para fora, mas, sobretudo,
de olhar para dentro, de decifrar os próprios sentimentos, perceber o que nos
move, o que nos freia. É um chamado para que cada pessoa, com consciência de
seus traços únicos, se desafie a criar seu próprio projeto de vida — seja ele
de curto, médio ou longo prazo — e, assim, assuma o papel principal na
construção do próprio destino.
Olhe para o palco. Repare nos seus
movimentos, nas suas falas, nas suas escolhas. Hoje, quem é você no Teatro da
Vida? Como suas emoções e sua forma de ver o mundo determinam o rumo de sua
peça pessoal?
Talvez o segredo não seja escolher um
único personagem, mas aprender com cada um deles, misturando a esperança do
otimista, a prudência do pessimista e o equilíbrio do realista. Afinal, o
espetáculo continua, e o mais importante é nunca deixar de atuar com
autenticidade, coragem e propósito.
Acimarley Freitas
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