Psicologa Organizacional
28 de abril de 2015
27 de abril de 2015
VOCÊ FAZ PARTE DOS 5% ou DO RESTO?
Era o inicio de um novo ano, e lá
estava o professor Hermann, tentando começar sua aula. Não conseguia. Pediu
educadamente silêncio. Não adiantou e parece que ninguém queria ouvi-lo.
Fixou sua visão em toda classe.
Arrastou a cadeira e bateu-a contra o piso de madeira. Subiu na cadeira,
apoiando-se na mesa, e falou em voz alta:
“Prestem muita atenção porque vou
dizer isso uma só vez!”
Silêncio total na sala. E continuou:
“Há alguns anos descobri que todos
nós professores trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma classe. Minha
descoberta baseia-se que, em cada cem alunos, apenas cinco por cento fazem
realmente a diferença no futuro. Na verdade estes que fazem à diferença
tornam-se profissionais eficazes e contribuem para melhorar a vida das pessoas.
Os outros restantes, 95% só servem para fazer numero dentro de uma classe. A
realidade é simples o restante apenas passa pela vida como excepcionais
medíocres.”
Descendo da cadeira, puxando-a para
junto da mesa, continuou:
“Essa porcentagem vale para todos. De
cada cem mecânicos, apenas cinco são realmente bons; de cada cem cozinheiros,
só cinco são excelentes; de cada cem vendedores, somente cinco são verdadeiros
profissionais, enfim, de cem pessoas em todo qualquer segmento, apenas cinco
são especiais.”
Agora andando lentamente pela sala,
acrescentou:
“É uma pena não poder separar estes
5% do restante. Se isso fosse possível Eu deixaria na sala, os alunos especiais
e é claro convidaria os demais para saírem, então teria silêncio para dar uma
boa aula, que preparo com muita dedicação. Mas não há como saber, quem são os
especiais e o resto. Só o tempo poderá mostrar. É claro que cada um de vocês
sempre pode escolher a qual grupo gostaria de pertencer. O meu muito obrigado
pela atenção e agora vamos a nossa aula de hoje.”
Nem é preciso dizer, que a partir
daí, a classe passou a ter um comportamento exemplar, naquela matéria, até o
final do ano. Na verdade, todos não queriam ser classificados como “parte do
resto”.
O professor Hermann foi um dos 5% que
fizeram a diferença, entre os professores daquele curso. Ensinou que, se não
tentarmos fazer o melhor possível, com certeza, faremos parte da turma do
resto.
MORAL DA HISTÓRIA:
“SE VOCÊ CONTINUAR AGINDO DE FORMA
CONDICIONADA, COMO A GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS, VOCÊ NÃO PODERÁ SURPREENDER-SE
QUANDO DESCOBRIR QUE FAZ “PARTE DO RESTO”. SÓ VOCÊ PODE FAZER A ESCOLHA;
PERTENCER AO PEQUENO GRUPO DE ESPECIAIS OU APENAS FAZER PARTE DA “NINGUENZADA”.
A ESCOLHA É SUA.....
POR: Gemir Cassan
25 de abril de 2015
24 de abril de 2015
Dicas para você memorizar o que estuda
Existem muitas pessoas com dificuldade de memorizar o que lê,
o que estuda. Passa um tempo, já não se lembram mais e na hora do teste
acontece o temível “branco”.
Essa situação é explicada através da forma com que o
indivíduo estudou determinada matéria. Quando o assunto é exatas, os
professores indicam a prática dos exercícios, pois através dela os resultados
serão cada vez mais fáceis de serem obtidos.
Agora, quando se trata da parte de humanas, que envolve
leitura, ou seja, teoria, tudo parece ficar mais complicado!
Mas isso acontece porque você ainda não parou para analisar
como lê melhor. Essas são 10 dicas para
tornar sua leitura eficaz na hora da provação:
1. Primeiro, avalie que tipo de ambiente favorece sua
leitura: claro, aberto, fechado, mais escuro. Se este último for o de sua
preferência, lembre-se de não deixar o lugar muito escurecido, pois é
prejudicial à saúde dos olhos e incita ao sono.
2. Desligue a TV, o som, o computador. Qualquer tipo de ruído
pode atrapalhar e dispersar sua atenção.
3. Que tipo de posição o agrada quando você vai ler? Sentado,
em pé andando de um lado para outro, inclinado. Fique como achar que estará
confortável, no entanto, nunca leia deitado, pois poderá dormir dentro de
poucos minutos.
4. Coloque água por perto, um doce, ou um pedaço de bolo para
que você não queira ficar levantando sem parar.
5. O mais importante: Decida estudar! Resolva tirar aquele
tempo para seu estudo. Não vá estudar nunca com má vontade, com indisposição ou
reclamando, pois não vai te ajudar em nada, ao contrário, você não conseguirá
lembrar do que estudou desse jeito. Simplesmente, tome a decisão, mesmo que não
queira!
6. Faça uma leitura silenciosa do texto. Aproveite e vá
sublinhando as partes mais importantes de cada parágrafo.
7. Leia o texto em voz alta. Ao final de cada parágrafo, faça
anotações ou escreva no papel o que achou mais importante.
8. Agora, chegou a vez de você ler o texto e fingir que deve
dar uma aula ou apresentar um seminário sobre o mesmo. Dessa forma, forçará a
si mesmo a relembrar o que leu. Nesta etapa, consulte, sempre que necessário, o
que escreveu e o que sublinhou. Mas não fique lendo, explique com as próprias
palavras.
9. Você treinou para dar sua aula ou apresentar seu
seminário. Então, neste momento, imagine que está realizando esse feito e de
preferência NÃO faça nenhum tipo de consulta. E então, o que você lembra?
10. Se ainda sim estiver esquecendo fatos importantes, releia
novamente o texto, explique-o na frente do espelho. Não desista, respire fundo
e recomece. Afinal, você está treinando seu cérebro e pode ser que demore um
pouco para que o mesmo se acostume com este hábito de memorização.
Coloque em prática essas dez dicas e tenha ótimos resultados,
pois pode acreditar que foram testadas e aprovadas por alguém com dificuldades
de memorizar o que lê...
Fonte:
21 de abril de 2015
As Contribuições Humanistas, Fenomenológicas e Existenciais à Pratica da Psicoterapia
Falar
de uma maneira geral das contribuições das abordagens fenomenológicas,
humanistas e existenciais à psicoterapia é uma atividade complexa, tal a
diversidade de teorias advindas dessas. Este texto buscará falar apenas de
maneira superficial destas filosofias e apresentará a base de sua contribuição
à psicoterapia.
A
psicoterapia moderna começou a ser praticada na forma da psicanálise. Freud, médico neurologista, traz sua
influência médica para seu método e buscando, pelo menos no início, a cura das
neuroses através da fala. Logo após, a psicanálise apresentou várias
dissidências, Adler, Jung, Ferenzci, etc, e a perspectiva psicanalítica foi
ampliada.
Paralelo
à psicanálise, desenvolvia-se o Behaviorismo, criado por Watson e desenvolvido
por Skinner. O behaviorismo se caracterizou pelo estudo do ser humano através
do seu comportamento. Então, enquanto a psicanálise buscava entender o homem
pela via do inconsciente, o behaviorismo o buscava por meio de comportamentos
e, logo, começou a ensaiar sua prática clínica.
No
mesmo período, surgem as filosofias fenomenológicas e existenciais. Primeiro,
Husserl propunha a volta ao fenômeno como ele aparece e, depois, Heidegger que
busca aplicar a fenomenologia à existência. Influenciado pela fenomenologia,
surge, no século XX, o movimento existencialista [01] na Europa, tendo como
grandes expoentes Sartre e Camus, que enfatizavam a liberdade, angústia e o
absurdo da existência humana.
Essa
filosofia adentrou o campo da psicologia. Sartre propôs a psicanálise
existencial, que teria como base a busca pelo projeto original de cada homem, e
Heidegger ajudou a desenvolver a Danseinsanálise, que tem como base sua
filosofia. A filosofia existencial focava sua crítica à psicanálise, afirmando
que esta negava ou limitava a característica essencial do homem, sua liberdade.
Portanto,
para o campo da psicoterapia, tal filosofia trouxe a visão do homem como livre
e, logo, responsável por suas escolhas e, em um nível mais profundo, criar a si
mesmo. Com isso, se afastou de qualquer tentativa de enquadramento do ser
humano.
As psicoterapias de base fenomenológicas,
humanistas e existenciais buscam entender o homem através de si mesmo, das suas
angústias, sentimentos, motivações e sentidos que atribuem a sua vida. Trazem,
no cerne de sua filosofia, a ideia de um homem construtor de sua história dentro
de suas possibilidades e nunca determinado a priori.
Logo,
o terapeuta, que tem tais filosofias como suas bases teóricas, não se prende na
busca de explicações casuísticas para o comportamento do cliente e sim, em uma
atuação libertária, que vá contribuir para que o cliente recrie seu modo de
ser.
Para
tal, estas abordagens têm um grande foco na relação terapeuta-cliente.
Diferentemente da Psicanálise e Terapia Cognitivo-Comportamental, a relação
terapêutica é vista como um encontro existencial entre duas pessoas, com o
terapeuta estando disponível emocionalmente e autêntico para estar com o
cliente, uma relação EU-TU e não EU-ISSO.
Os
termos EU-TU e EU-ISSO veem da filosofia dialógica de Buber [02]. Para entender
bem a diferença da relação proposta nesse modo de psicoterapia, é interessante
falar, mesmo que rapidamente, da filosofia de Buber, que é muito evocada por
psicólogos humanistas e existenciais. Buber dividia as relações entre pessoas
em dois tipos; EU-TU e o EU-ISSO. Na relação dialógica EU-ISSO, o ser humano
usa o outro ser humano como um instrumento para chegar a determinado fim e, na
relação EU-TU, a própria relação é o fim, como o homem se relacionado
dialogicamente com Outra, tendo base à inclusão da totalidade, mutualidade e
alteridade.
Por
fim, é importante ressaltar que existem importantes diferenças entre a
filosofia humanista e a filosofia existencial. Ainda, é amplo o corpo de
terapias que tem como base ou se denominam; humanista, existencial ou
humanista-existencial, ex; Abordagem Centrada na Pessoa, Gestalt-Terapia,
Danseinsanálise, Terapia Vivencial, Psicanálise Existencial, entre outras, cada
uma tendo características próprias e também havendo divergências importantes
entre elas, tanto na prática, como na própria leitura que fazem das filosofias.
17 de abril de 2015
Depressão na adolescência não é frescura; conheça 11 sinais
Segundo a OMS, a
depressão é o principal problema de saúde entre adolescentes.
Já está em fase de
teste um exame laboratorial para diagnosticar a depressão. O recurso será
especialmente útil para constatar a doença em adolescentes que, algumas vezes,
não têm os sintomas levados a sério pela família, porque os sinais que dão são
confundidos com alterações de comportamento comuns nessa fase.
"A ausência de
comprovação do diagnóstico por meio de um exame laboratorial faz com que muita
gente não entenda a depressão como uma doença do cérebro", diz o
psiquiatra Miguel Angelo Boarati, coordenador do Programa de Transtornos
Afetivos na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "Por desconhecimento ou
preconceito, as pessoas julgam que jovens deprimidos têm falta de vontade de
melhorar ou não querem reagir."
A descoberta de um
exame capaz de diagnosticar a depressão foi anunciada em setembro de 2014 por
um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.
Segundo o estudo, publicado no periódico especializado "Translational
Psychiatry", é possível identificar a doença por meio de marcadores
biológicos encontrados no sangue. Foram examinados 64 voluntários e os
resultados foram promissores. Agora, os autores se preparam para uma segunda
fase de testes: a ideia é validar o achado com uma população maior de
pacientes.
Muitos portadores de
depressão enfrentam preconceito dentro da própria família, segundo Silvana
Martani, psicóloga do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e
organizadora do livro "Manual Teen" (Editora Wak). "É muito
comum que o adolescente deprimido ouça frases do tipo: 'você está chorando de
barriga cheia' ou 'você não tem problemas, não tem motivos para estar
triste'", fala a especialista.
Doença
mais frequente na adolescência
Desvalorizar o
sofrimento do adolescente é a pior atitude que a família pode adotar. "A depressão,
como qualquer outra doença, deve ser tratada com seriedade, nenhuma queixa
persistente pode ser desvalorizada", afirma a psicóloga
Silvana.
De acordo com um
relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em maio de 2014, a depressão é o principal problema de saúde
entre os adolescentes, fator diretamente relacionado ao suicídio, uma das
três maiores causas de morte na faixa etária de dez a 19 anos, juntamente com
acidentes de trânsito e o vírus da Aids.
"Dois terços dos
suicídios são cometidos por adolescentes que estavam clinicamente deprimidos",
diz a psicóloga Luiza de Lima Braga, que pesquisou o comportamento suicida em
adolescentes em seu trabalho de mestrado pela UFRGS (Universidade Federal do
Rio Grande do Sul).
O suicídio pode ser a
consequência mais grave de um quadro depressivo não tratado adequadamente, mas
não é a única. "A depressão na
infância e na adolescência é duradoura e afeta múltiplas funções, causando
significativos danos psicossociais", declara Luiza.
"Segundo um estudo
americano (o "Los Angeles Epidemiologic Catchment Area Project"), 25%
dos adultos com depressão relataram o primeiro episódio da doença antes dos 18
anos", afirma a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma, professora da
Universidade de Santo Amaro e uma das autoras do "Manual de Atenção à
Saúde do Adolescente", da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Por isso, diante de alterações de
comportamento e sinais de depressão, os pais devem investigar o que está
ocorrendo e, se necessário, buscar ajuda médica e psicológica.
Envolvimento
da família
O tratamento da
depressão na adolescência é, em geral, multidisciplinar. "As melhores opções de conduta associam o
uso de antidepressivos, receitados por um psiquiatra, com apoio psicoterápico e
acompanhamento à família. Orientar a escola também é importante, para que o jovem
não tenha perdas acadêmicas durante o tratamento", diz César de
Moraes, especialista em psiquiatria infantil e professor da PUC (Pontifícia
Universidade Católica) de Campinas.
Nem todos os casos
requerem medicação, mas é fundamental o envolvimento dos familiares. "Os
pais devem acompanhar de perto o tratamento, seguir as orientações dadas pelos
profissionais envolvidos, não julgar ou criticar o filho por estar deprimido e,
se necessário, realizar mudanças no ambiente familiar", diz o psiquiatra
Miguel Angelo Boarati.
Segundo o Boarati, os
conflitos em família, as cobranças por desempenho em múltiplas tarefas e a
falta de diálogo em casa podem ser gatilhos que desencadeiam a depressão nos
adolescentes.
Sinais
da depressão
Vários comportamentos
relacionados à depressão podem ocorrer em algum momento da adolescência. Por
isso, os especialistas esclarecem que é preciso considerar a intensidade e a
frequência desses sinais e analisá-los dentro de um contexto mais amplo,
avaliando o estado geral do adolescente. Saiba mais sobre eles a seguir.
1
- Humor depressivo
O adolescente parece
não sentir alegria ou prazer de viver. Mostra-se melancólico, entediado,
indisposto e sem esperança. Tem baixa autoestima e pode apresentar crises de
choro sem razão aparente.
2
– Apatia
Às vezes, é confundida
com preguiça. O adolescente demonstra falta de energia, cansaço frequente e
perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.
3
- Isolamento social
Os adolescentes
deprimidos tendem a se isolar de amigos e familiares.
4 - Irritabilidade e
instabilidade
Mau humor, descontrole
emocional e explosões de raiva podem fazer parte do quadro depressivo.
5
- Alteração do ritmo de sono
O adolescente pode
dormir mais ou menos do que de costume. Também são comuns episódios de insônia.
6
- Alteração no apetite
Perder a vontade de
comer é o mais frequente, mas pode haver, também, aumento de apetite, sobretudo
por alimentos doces. Perda ou ganho de peso significativo em pouco tempo podem
estar associados.
7
- Dificuldade de concentração
Frequentemente está
associada à queda no rendimento escolar. Em alguns casos, o jovem depressivo
abandona os estudos.
8
- Uso de drogas
Muitas vezes,
resultante de tentativas de automedicação para alívio do sofrimento causado
pela doença.
9
– Automutilação
Em situações de extremo
sofrimento, alguns adolescentes podem adotar um comportamento autodestrutivo,
cortando-se ou queimando-se. Provocar dor física é uma forma de tentar tirar o foco da
dor emocional.
10
- Comportamento de risco
O flerte com o perigo
pode ser uma forma de combater a apatia. Andar distraidamente no meio de
avenidas movimentadas, praticar esportes radicais sem cuidados de segurança ou
mesmo fazer sexo sem proteção podem ser formas de buscar emoções fortes.
11
- Pensamentos suicidas
São comuns ideias
mórbidas e tentativas de suicídio.
15 de abril de 2015
Os jovens e os dilemas da sexualidade
Escolher por
quais caminhos seguir e que decisões tomar é difícil em qualquer fase da
vida. Durante a juventude tomar decisões
e fazer escolhas são grandes tormentos, gerando dúvidas e conflitos. Quando o
assunto é a sexualidade as dúvidas parecem ser ainda maiores.
O
comportamento do jovem mudou nos últimos anos, a sexualidade é vista de maneira
bastante banalizada, assim como também os relacionamentos afetivos. A aparente
liberdade gera conflito, principalmente entre os jovens que estão vivendo um
momento de transição entre a adolescência e a vida adulta.
Seguir os
valores herdados da família, ou assumir o comportamento adotado pelo grupo?
Essa segundo Ana Cláudia Bortolozzi Maia, professora do departamento de
Psicologia da Unesp de Bauru é uma dúvida muito freqüente entre os jovens. Ela
ressalta que para se sentirem inseridos no grupo, os jovens adotam
comportamentos, como consumir bebidas alcoólicas e drogas ou assumir
determinados comportamentos sexuais, sem estarem de fato conscientes dessas
atitudes e, portanto, preparados para as possíveis conseqüências dessas
escolhas. É preciso refletir sempre os “porquês” das nossas atitudes, especialmente
quando elas exigem responsabilidades pessoais e sociais.
Atualmente,
os jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo. A sexualidade tem sido
discutida de forma mais “aberta”, nos discursos pessoais, nos meios de comunicação,
na literatura e artes. Entretanto, segundo a professora Ana Cláudia, essa
aparente “liberdade sexual” não torna as pessoas mais “livres”, pois ainda há
bastante repressão e preconceito sobre o assunto. Além disso, as regras de como
devemos nos comportar sexualmente prevalecem em todos os discursos, o que torna
uma questão velada de repressão.
Ela cita a
questão da virgindade feminina, que antes era supervalorizada e hoje é vista
como um problema para muitas meninas. Muitas garotas iniciam a vida sexual de
forma precipitada, mais para responder a uma exigência do grupo do que a uma
escolha pessoal, o que as tornam menos propensas a assumir as responsabilidades
que uma vida sexual ativa requer. Ana Cláudia
explica que essa cobrança do grupo, também é vista como um tipo de repressão,
pois parece que hoje as pessoas perderam a possibilidade de assumir ‘ser’ ou
‘não ser’ virgem, diante da cobrança do grupo social. Outro exemplo diz
respeito às cobranças exigidas ao papel feminino. Atualmente, cobra-se da
mulher a entrada no mercado de trabalho, e por conseqüência isso pode resultar
em uma maior autonomia. Mas, apesar disso, ainda hoje é exigido também da mulher que ela se
case, tenha filhos e seja uma boa mãe.
Ter que se casar ou ter filhos parecem condições inerentes à felicidade
pessoal. A mulher que tem uma opção de vida diferente dessa é vista como
infeliz.
Outro
exemplo ainda, diz respeito aos relacionamentos amorosos. Na década de 80 surge
a expressão “ficar com”. Essa expressão representa uma nova condição de
relacionamento em que as pessoas irão manter contatos físicos e afetivos
durante um curto tempo, sem que isso signifique um vínculo duradouro. O “ficar
com”, apesar de aparentar uma grande liberdade sexual está repleto de regras.
Essas regras dependem do grupo social (idade, classe social e educacional) e
momento histórico. Ana Cláudia considera esse comportamento um avanço nas
relações afetivas, pois acredita que há uma maior possibilidade de escolher
parceiros e de experimentar as sensações prazerosas do toque com o outro, sem
que esse relacionamento necessariamente leve ao “casamento”. Isso, para ela, é
um fator importante no desenvolvimento afetivo do jovem. No entanto, alerta
para uma possível banalização das relações, quando jovens ficam com “usando o outro
como objeto”, o que muitas vezes pode provocar frustrações para
ambas as partes envolvidas.
O jovem do
século XXI é visto como livre, bem informado, “antenado” com os acontecimentos,
mas as pesquisas mostram que quando o
assunto é sexo há muitas dúvidas e conflitos. Desde dúvidas específicas
sobre questões biológicas, como as doenças sexualmente transmissíveis, até
conflitos sobre os valores e as atitudes que devem tomar em determinadas
situações.
Apesar de iniciarem a vida sexual mais
cedo, os jovens não têm informações e orientações suficientes. A mídia, salvo exceções, contribui
para a desinformação sobre sexo e a deturpação de valores. A superbanalização
de assuntos relacionados à sexualidade e das relações afetivas gera dúvidas e
atitudes precipitadas. Isso pode levar muitos jovens a se relacionarem de forma
conflituosa com os outros e também com a própria sexualidade.
Existe
muita preocupação por parte dos jovens em entrar em um padrão. Tanto meninas
quando meninos, ainda reproduzem o comportamento machista de anos atrás. Para a professora Ana Cláudia as garotas
ainda sonham com um “príncipe encantado” (que seja um bom partido: fiel e bem
sucedido na vida) e os garotos com uma “bela princesa” (que seja adequada aos
padrões de beleza física, com indícios de uma futura boa dona de casa e mãe de
família, mesmo que possa almejar o mercado de trabalho). Essas expectativas
retratam determinadas características, que só reproduzem a repressão e o
machismo, que atualmente se encontra mascarado. Os jovens, de maneira geral,
ainda se preocupam em seguir padrões de comportamento. Ana Cláudia ressalta que
ainda que sociedade imponha um certo tipo de comportamento sexual e afetivo
considerado normal, o que dever ser levado em conta é o bem estar de cada um.
Enfim, hoje existe uma aparente liberdade sexual. Ao mesmo
tempo em que as pessoas são, em comparações há anos anteriores, mais livres
para fazer escolhas no campo afetivo e sexual, ainda há muita cobrança por
parte da sociedade, e esta cobrança acaba sendo internalizada, e assim as
pessoas acabam assumindo comportamentos e valores adotados pela maioria.
Apesar da necessária
identificação com o grupo, para que nos reconheçamos no outro, todos nós temos
as nossas individualidades que devem ser respeitadas.
Devemos
refletir que nossas atitudes refletem nossa história pessoal de educação
sexual, repleta de valores e concepções. Parece arriscado assumir
comportamentos apenas para seguir os padrões, por considera-los certos, sem
refletir sobre eles. Seria melhor se vivêssemos de acordo com nossos valores,
mas sempre tendo consciência das
responsabilidades das escolhas que fazemos, não só durante a juventude, mas
ao longo de toda a vida. Você já pensou sobre isso?
14 de abril de 2015
Pensamentos e Discussões Cognitivas Sobre a Fisiologia do Envelhecimento Sexual do Casal
Sempre
acreditei que a sexualidade permanece como se não um aspecto vital na vida humana,
mas também, como um fator muito importante, mesmo que na idade avançada dos
seres humanos, e é mais significativa na vida dos homens do que das mulheres, é
claro... Crenças a parte, preconiza-se que a sexualidade é uma opção que pode
ser individual, mas sempre recomenda-se para o casal, que eles, entre outras
coisas, possam sim, acreditar nisso e exercê-la, independentemente da história
sexual prévia, das oportunidades e do estado geral atual da saúde do
casal.
Por
que digo isso? Por que acredito, independentemente se o casal estará, digamos
“turbinados” e ou “estimulados” por esse ou aquele medicamento, o que importa é
a senescência, ou seja, é uma época em que as perturbações metabólicas têm
reduzida capacidade de adaptação, principalmente nos territórios endócrinos,
que controlam clinicamente os sistemas biológicos e os estados psicológicos que
estabelecem e potencializam as crenças, as vontades, os desejos e as fantasias.
Sem contar é claro as questões do amor romântico, que acredito serem também
fundamentais para a continuidade, a afetividade, o desejo e a prática da
sexualidade entre as pessoas, mesmo de idades já avançadas.
Penso
também, que embora não haja necessariamente as evidências de que as
concentrações dos principais hormônios estejam alteradas com o passar da idade,
os sistemas orgânicos que os utilizam têm um equilíbrio precário e estão
constantemente buscando novos pontos de equilíbrio para manterem sua regulação.
Assim,
com o avançar da idade existem significantes alterações na produção de
hormônios, no seu metabolismo e principalmente no seu mecanismo de ação,
modificando assim, tanto a quantidade, quanto a qualidade das relações sexuais
do casal.
Algumas
dessas alterações podem exercer um papel importante na fisiopatologia da
senescência, como a dinâmica hipofisária, a fisiologia adrenal e tireoidiana, a
homeostasia glicêmica, a função reprodutiva e o metabolismo do cálcio. A partir
dos 40 - 50 anos, qualquer teste endócrino dependerá muito do estado
nutricional, da presença ou não de alguma disfunção coexistente e o como está o
relacionamento afetivo em geral.
Preconiza-se
que talvez vários estudos, como também, médicos e pacientes frequentemente
interpretam mal as alterações sexuais que são normais na vida das pessoas mais
velhas. Por exemplo, na maioria das mulheres, isso inclui a diminuição de
secreção de hormônios, a diminuição da libido, o aumento do tempo e da
estimulação para atingir excitação, a pouca lubrificação vaginal e é claro a
diminuição do interesse pela sexualidade, sem contar é claro, como estarão os
seus estados psicossociais vigentes.
Com
relação aos homens, ocorre entre outros fatores, a perda da ereção, diminuição
do volume ejaculado, rápida detumescência após o coito, um prolongado período
refratário antes de se conseguir nova ereção, diminuição da secreção de
hormônio e também (em menor escala) a diminuição sim do interesse por sexo em
geral.
Estes
achados normais em pessoas de mais idade, aliados a problemas médicos ou
psicológicos, podem precipitar como já dito, principalmente apatia sexual
(mulheres) e disfunções eréteis e mesmo impotência (homens). Este desempenho
está na dependência direta dos níveis hormonais séricos, principalmente de
Progesterona, Testosterona, Gonadotrofinas e Prolactina.
Por
outro lado, na maioria das vezes, a maioria destes pacientes têm erroneamente
em mente, que sexo está apenas ligado à função reprodutiva e religiosa, e têm a
visão holística de que sexo é vital também para sua saúde, nas relações
interpessoais e no senso de integridade (culturalmente falando)... E que,
qualquer alteração no desempenho e frequência, resulta em dificuldades de se
comunicarem, atitudes conflitantes, embaraços e queixas sexuais e afetivas em
geral.
Um
estudo de Weizman e Hart (1987); em que investigaram o comportamento sexual de
muitos homens e mulheres sadios, com idades que variavam de 35 a 65 anos; eles
observaram que, mesmo sendo todos casados, fisicamente sadios e sem problemas
psicológicos ou maritais, as pessoas apresentaram queixas como impotência,
atividades masturbatórias e menor atividade sexual.
Logo,
isto indica há esse ver, que o interesse sexual continuava presente nestes
pacientes do referido estudo, mas a forma de expressão sexual variava desde o
desejo e o coito ativo, até o prazer auto-erótico das fantasias e da
masturbação. Ocorreram também, relatos de histórias de ataques cardíacos,
incontinência urinária, uso de sedativos e ou medicação psiquiátrica
concomitantemente.
As
disfunções sexuais apresentam assim, alta prevalência entre as pessoas de mais
idade e é frequentemente considerada uma consequência inevitável da idade, mas
para mim, isso é um erro e ou pelo menos muito simplório de se diagnosticar
como apenas essa a causa; explico... Para determinar se outros fatores se
relacionam ou se associam a esse declínio das funções sexuais, deveríamos
sempre também destacar e investigar outros fatores de extrema importância,
como, as relações físicas práticas e significantes, o estado de saúde
hereditário e geral, diabetes mellitus e os episódios de incontinência
urinária. Portanto, embora que mesmo que já sabido que as disfunções sexuais
aumentem com a idade, elas estão sim, frequentemente relacionadas também com
outros estados mórbidos do que e apenas relacionada simplesmente com a idade.
Preconiza-se
que os pacientes mais idosos têm muitas agressões à sua sexualidade. Nossa
cultura frequentemente desencoraja o interesse não só sexual dos mais velhos,
mas também em muitos casos os relacionamentos afetivos em geral (namorar para
que?).
Outro
dado, as alterações do envelhecimento, os efeitos de doenças crônicas ou ainda
as medicações em geral, podem contribuir negativamente tanto física como
psicologicamente no desempenho sexual. As emoções e o stress nas relações das
pessoas mais velhas podem levar até há transtornos psicológicos e cognitivos
mais graves, aumentando aí sim, o declínio sexual em geral. Erros na apreciação
desses fatores psicológicos podem resultar em tratamento inapropriado e piorar
ainda mais o sofrimento dos pacientes.
A
literatura médica demonstra em vários estudos e pesquisas que pacientes que
sofreram infarto do miocárdio e sofrem de problemas circulatórios apresentam
disfunções eréteis, devido além das causas orgânicas, medo e crenças
infundadas, de que a volta às atividades sexuais possam redundar um novo
episódio isquêmico.
Segundo
Vitiello (1987); hoje, em nosso meio, as mulheres têm uma expectativa de vida
em torno de 65 anos e como a faixa etária em que se interrompem as menstruações
se situa em torno de 45 anos, um terço da vida feminina transcorre após a
menopausa. É chamada por muitas pessoas terceira idade, que é digamos muito
ainda esquecida, mal tratada, marginalizada, vítima de piadas de mau gosto e
seus relacionamentos afetivos e sexuais, quando existem são ridicularizados,
chegando-se a dizer em várias “rodas de conversas” que existem três sexos: sexo
masculino, sexo feminino e... Sexagenário.
A
sexualidade dos mais idosos passa a ser considerada até como uma indecência,
texto esse dito principalmente pelos mais conservadores e religiosos. Mas não é
só a sociedade, as instituições e a família que exercem pressão sobre a
sexualidade dos idosos. As próprias pessoas quando chegam a essa idade se
consideram e acreditam serem assexuadas e assim permanecem.
Essa
postura se deve à ignorância e crenças infundadas sobre o assunto, porque a
sexualidade pode ser exercida sim e plenamente em qualquer idade, pois, com o
passar do tempo e dos anos muitos de nós poderíamos e deveríamos pensar em
qualidade e não apenas e quantidade das e nas nossas relações afetivas.
Acredito
também, baseado em minhas pesquisas e leituras na área, que as alterações que a
idade impõe aos idosos são: uma diminuição normal da libido e dos hormônios,
ereções mais demoradas e curtas, pressão ejaculatória menor, menor volume do
ejaculado, vaginismo, mais rápida detumescência e maior período refratário
entre as ereções, menor lubrificação nas mulheres, etc... Em suma, não há
necessariamente razão a priori para os idosos abandonarem sua atividade sexual,
mesmo se estiverem apresentando algumas dessas características.
O
sexo pode ser tão gratificante como na juventude ou na idade adulta, acredito
que é também uma questão de adaptação... Explico: Desde que a revolução sexual
começou, após a 2ª Guerra Mundial, o sexo deixou em parte de ser pecado, de ser
sujo, passando a ser mais frequente dentro do casamento, não apenas com fins
procriativos.
Hoje
em dia, com bem mais igualdades entre os sexos, principalmente as mulheres
rejeitam qualquer censura e propõe o direito lídimo de uma educação sexual
desde as escolas, onde o sexo é apresentado como natural, fisiológico e
saudável. Ou seja, a “nova moral” permite a prática do sexo sem tantos
inocentes, sem muitas vítimas, sem prejuízos para os parceiros e uma nova
consciência de paternidade responsável. Mas, ainda assim, as exigências do
desempenho sexual tem efeitos danosos para ambos os sexos.
Isto
tudo resulta, em que os homens passem a ter a obrigação de satisfazer a
parceira, o que cria um grau de ansiedade crescente e com o passar da idade as
deficiências ou a queda do desempenho se tornam muito frequentes também para os
mais novos já nos dias de hoje.
No
caso das mulheres, por sua vez, buscam atingir mais o orgasmo que atualmente
ainda só ocorre em metade das relações, e de várias formas aumentam também as
relações fóbicas, se martirizando na busca de obtê-lo a todo custo e acaba
desenvolvendo também uma ansiedade por si mesma inibidora, além é claro das
questões de medo de perder o parceiro.
Para
piorar a situação as mídias eletrônicas estão repletas de mensagens que
exploram os corpos sexualmente, levando ao hábito e a uma busca constante de
novas formas de erotização. Alie-se a tudo isto a ignorância (falta de
conhecimento) e as deficientes técnicas sexuais, temos principalmente nos
homens idosos, um aumento das disfunções sexuais reportadas.
Segundo
Lewis (1989); as mulheres tem ainda hoje uma maior expectativa de vida, em
geral elas são no mínimo alguns anos mais jovem que os homens, que morrem antes
e, então elas, perdendo parceiro passam a tem poucas chances de se casar e se
relacionar novamente. Quando o faz, tem problemas com a família, com a
previdência social, com a comunidade religiosa, com as amigas e consigo mesma
para se adaptar ao novo parceiro e a nova vida sexual.
Segundo
CAVALCANTI e CAVALCANTI (1987); os atos fisiológicos que constituem as
respostas sexuais humanas são filogeneticamente determinados. Todos os seres
humanos herdam em parte a capacidade de libido, excitação e orgasmo
(fisiologicamente falando) e esta sequência é chamada de funcional; porém se há
um bloqueio e ou uma patologia em uma ou em várias etapas desta sucessão, os
seres humanos são equivocadamente considerados (as) disfuncionais.
Logo,
preconiza-se que se o organismo é normal e a estimulação sexual efetiva, elas
quase sempre levarão a uma resposta sexual fisiológica inevitável; sem contar
com todas as questões emocionais e afetivas envolvidas. Mas nem todos os seres
humanos tem a mesma potencialidade para responder sexualmente e é necessária
uma série de fatores como disponibilidade de tempo, parceiro (a), local,
condições de saúde, fantasias, etc., para se obter resposta realmente eficaz e
satisfatória.
Nas
sociedades antigas, tradicionais e machistas, as mulheres ficam como que à
disposição dos seus parceiros para ter relações sexuais, mesmo que não esteja
ardendo de vontade e de desejo. Portanto, temos que ter um estímulo capaz de
eliciar uma resposta após certa latência, porém, se os estímulos forem
repetitivos, a latência aumenta, o limiar aumenta e a fadiga se instala.
Deve-se esperar a recuperação física para se obter novamente respostas; ou
ainda nos meus estudos de casos, um pouco mais de educação e respeito para com
as parceiras.
Ainda
é preciso distinguir duas outras situações: o hábito e a saciedade. No hábito,
como sabemos, os mesmos estímulos repetidos conduzem a uma familiaridade com a
situação e, portanto, levam ao desinteresse, “saciedade” e a indiferença. É o
que acontece com casais unidos há muito tempo, onde a rotina e a exposição do
mesmo estímulo sexual fazem com que os (as) parceiros (as) se tornem
inapetentes.
A
“saciedade”, a indiferença e o desinteresse se instalam quando o mesmo estímulo
(ou a fala dele) é apresentado repetitivamente, perdendo seu papel eliciador.
Não confundir com fadiga... As pessoas podem estar fatigadas e não saciados e
vice-versa. Uma única relação sexual pode deixar uma pessoa saciada e não
fatigada (relações repetidas).
Para
HELLINGA (1978); a Andropausa pode começar ainda na vida adulta devido à
hipofunção das células de Leydig, sem qualquer cronologia com a idade, como
acontece com a maioria das mulheres. A produção de Testosterona declina,
resultando num pico matinal inferior, valores inferiores a 300 ng/ml.
Os
sintomas são vagos e inespecíficos, dentro de um processo gradual de transição
de hipofunção até o aleydigismo, com diminuição da libido e da potência,
acompanhadas de fadiga aos exercícios (mesmo que leves) e decréscimo das
atividades mentais, principalmente atenção e memória. Pode se seguir anorexia,
nervosismo, cefaléias, irritabilidade, distúrbios gastrointestinais, distúrbios
de sono, extrassístoles, taquicardia, distúrbios vasomotores (ondas de calor),
depressão e alterações emocionais.
Os
diagnósticos, por muitas vezes suspeitados, devem ser confirmados; baixos
níveis de 17-Cetosteróides ou de Testosterona no plasma e na urina são
decisivos e uma boa resposta aos andrógenos de substituição é a última prova.
Porém, segundo este autor, devemos diferenciar a Andropausa do climatério
masculino. Ele chama de Andropausa se a deficiência primária está na Hipófise
ou no Hipotálamo, onde o LH está baixo ou ausente.
Por
outro lado, em outro momento, se as células de Leydig não respondem bem, o LH
tende a aumentar e os sintomas descritos tendem a se agravar. É o climatério
masculino. A ocorrência de Andropausa é muito mais freqüente do que a síndrome
climatérica bem definida, porém há uma tendência em se negligenciar a
existência de ambas e os pacientes serem encaminhados ao tratamento
psiquiátrico/psicológico. Não devemos negar a existência de fatores
psiquiátrico-psicológicos que, em parte, preenchem sim o seu papel em muitos
casos, porém em geral são secundários às causas orgânicas e fisiológicas
principais.
Acredito
que após tais estudos e leituras que a causa é diferente, porém a resultante é
a mesma, ou seja, a falta ou a deficiência de andrógenos. A avaliação da função
da célula de Leydig é feita em geral pelo radioimunoensaio de Testosterona e
LH.
Isto
tudo, conduz a outro problema, os efeitos colaterais da androgenoterapia que
podem causar carcinoma de próstata e repercussão sobre o coração e os vasos
sangüíneos levando à hipertensão e/ou arteriosclerose, tornando o ato sexual
perigoso para os homens mais idosos. Várias são as referências em estudos, de
morte durante o intercurso entre esses pacientes (morte heróica, foi a última).
Toda
energia reprimida deve ser utilizada na atividade sexual para que os indivíduos
gozem de perfeita saúde física e mental. Tanto que existe um ditado recorrente
de muitos estudiosos que dizem: “Quanto mais se faz sexo, mas se quer fazer e
melhor se sentem as pessoas, é um afrodisíaco”.
Preconiza-se
novamente outro ditado do meu pai, já falecido que dizia: “Que resta, portanto,
encontrar um (a) parceiro(a) interessante e interessado (a), para compartilhar
uma sexualidade plena”. Porém, como já mencionei anteriormente podem coexistir
inúmeras patologias nessa idade que irão agravar e complicar o quadro ou mesmo
serem diretamente responsáveis pela perda da sexualidade.
Agora,
outra pergunta: “Quais são os achados reais que a senescência impõe ao homem?”.
Os trabalhos de NOWAKOWSKI e SCHMIDT (1959) e DOEPFMER (1960); que evidenciam
que o peso e o volume dos Testículos diminuem ligeiramente em muitos homens. Em
níveis microscópicos se observam espessamentos das paredes dos túbulos
seminíferos com hialinização e fibrose gradual e com diminuição da atividade
espermatogênica. Porém, em muitos túbulos, a espermatogênese se mantém e de há
muito se sabe que a fertilidade pode estar presente aos 90 anos; mas, em geral,
20 a 30% dos indivíduos com mais de 60 anos são subférteis ou mesmo inférteis.
O
conteúdo de frutose seminal diminui a um terço do normal, o que evidencia um
declínio na função das células de Leydig, cujo número se reduz a 40% na maioria
dos casos, a partir dos 70 anos de idade, resultando em menor produção de
hormônios e menor excreção de 17-Cetosteróides. Este declínio da função
testicular devido ao envelhecimento pode ser primário (Testículo) ou secundário
(Hipófise) ou de ambos.
As
alterações são na libido e na função erétil e, embora as maiorias dos homens
idosos mantenham-se interessados em sexo, menos de 15% referem atividade sexual
contínua, devido primariamente à disfunção erétil. Pois, já se sabe que a
ereção depende da interação completa entre sistema nervoso autônomo, sistema
cardiovascular e neurotransmissores locais como a acetilcolina, NO (óxido
nítrico) e o VIP (peptídeo intestinal vasoativo). O estímulo sexual aumenta o
influxo sangüíneo nos corpos cavernosos e restringe o seu efluxo, causando a
rigidez peniana.
Com
a idade, também diminuem os esteróides Gonadais, a velocidade de condução
nervosa e a complacência vascular, podendo qualquer uma delas interferir no
processo erétil. Então outros estudos em que os homens são submetidos a
programas de investigação com o Doppler e o teste da papaverina, fica claro e
surpreendentemente se encontrar fuga venosa em apenas 15% dos pacientes e
insuficiência arterial com indicação para próteses penianas em não mais que 12%
dos casos. Logo, em mais de 70% dos casos, aparentemente, a causa não é
vascular! Outra pergunta: “Pensa-se então em desordens neurológicas?”.
Segundo
SUGIYAMA (1989); o reflexo cremastérico pesquisado por um choque único aplicado
na região ventromedial da coxa ou no dorso do pênis demonstra claramente como
dirimir as dúvidas. Se houver lesão neurológica o reflexo tem latência
aumentada e pode se tornar ausente,
mesmo com estímulos fortes supra limiares. Para este autor, esta metodologia
favorece a localização das lesões medulares e permite minimizar o efeito da
córtex cerebral sobre o próprio reflexo.
Outro
estudo, temos ainda os relatos dos doutores CATALAN, HAWTON e DAY (1990); que
destacam que as disfunções sexuais devem ser focalizadas levando em conta que
1/3 dos homens e 18% das mulheres sofrem de problemas físicos, mais de 1/3 dos
casais têm problemas psiquiátricos/psicológicos e 2/3 dos casais têm problemas
maritais ou de relacionamento com os (as) parceiros (as), que contribuem para a
gênese das mesmas.
Encontramos
ainda referências a disfunções sexuais em pacientes que apresentaram acidentes
vasculares cerebrais, principalmente do hemisfério cerebral dominante,
hipertensos, doença de Peyronie, lepra, distrofia miotônica, uremia, diabéticos
(as) de longa data, portadores (as) de artrite reumatóide ou espondilite
anquilosante, infarto do miocárdio, queimaduras, hepatopatias crônicas,
operados de cânceres urológicos, operadas de mastectomias e cirurgias genitais,
pós-radioterapia de tumores de bexiga ou próstata, cirurgias abdominais ou
pélvicas, insuficiência respiratória, endocrinopatias, cardiopatias, o uso de
drogas e medicamentos.
Sendo
assim, podemos visualizar causas orgânicas e causas psicossociais, cujas
conseqüências podem ser de grande importância na sexualidade dos (as) pacientes
e ter reflexos sobre as reações do (a) parceiro (a) sexual, resultando em
efeitos nada desprezíveis sobre o (a) próprio paciente, redundando num ciclo
vicioso que mantém de forma direta ou indireta o problema existente ou, o que é
pior, induz a um agravamento da situação.
Consultando
a literatura recente sobre disfunções sexuais e patologias mais comuns, me
deparei com os trabalhos sobre pacientes hipertensos (as), diabéticos (as) ou
não, cuja doença vascular associada à neuropatia ou a problemas psicológicos,
se torna um desafio quanto ao seu tratamento, em ambos os sexos, pois os usos
de diuréticos, simpatolíticos e betabloqueadores se associam a disfunções
eréteis, impotência e diminuição da libido mais no sexo masculino. ZEMEL
(1988); estima entre 40 a 80% o índice de pacientes diabéticos (as) e hipertensos (as) com uma dessas disfunções
relatadas.
Outra
patologia extremamente comum de ser relacionada com as disfunções sexuais é o
acidente vascular cerebral. MONGA, LAWSON e INGLIS (1986); estudando mais de
100 pacientes (2/3 homens e 1/3 mulheres) com mais de 60 anos, referem
diminuição da libido em ambos os sexos. Os homens referem perda de ereção e da
ejaculação após o insulto cerebral e as mulheres se queixam de problemas
orgásticos e de lubrificação vaginal, 95% dos homens e 75% das mulheres estavam
satisfeitos com sua atividade sexual antes do acidente, enquanto após o mesmo,
somente 26% dos homens e 37% das mulheres diziam o mesmo. Todos relatam ter
medo que a atividade sexual altere a pressão arterial e precipite novo
acidente.
Outro
estudo pesquisado destaco COSLETT e HEILMAN (1986); que estudando pacientes com
acidentes vasculares nos hemisférios direito - dominante - e esquerdo, referem
a prevalência das lesões à direita sobre as disfunções - (9/12) para apenas
(1/4) à esquerda, o que corresponde à hipótese de ser o hemisfério dominante
crítico para ativação das funções sexuais.
Um
grupo de pacientes que tem apresentado problemas de sexualidade e fertilidade,
são aqueles submetidos a tratamentos para tumores de próstata e das vias
urinárias. Assim, SCHOVER (1987) e BANKER (1988); se preocupam com a preservação
da função sexual e da fertilidade em pacientes que foram operados de câncer da
próstata, da bexiga, do pênis, da uretra ou dos rins e inclusive da recuperação
da espermatogênese após quimio ou radioterapia.
Quanto
aos efeitos desta última, van HEERINGEN, De SHRYVER e VERBEEK (1988); estudando
18 pacientes com idades entre 60 e 82 anos, submetidos à radioterapia por Ca de
próstata, encontraram apenas 03 casos de impotência, ressaltando a importância
de assistência psiquiátrica/psicológica para reduzir a proporção de problemas
psicogênicos que incidem nesses pacientes.
Outro
interessante estudo é o de BANKER (1988); que acompanhou prospectivamente
pacientes irradiados também por câncer de próstata. Para aqueles ativos
sexualmente (três ou mais intercursos mensais) antes da irradiação, a chance de
manter a potência com ereções perfeitas era de 73%. Mas, para os casos menos
ativos, o decréscimo da potência era de 40 a 46%, evidenciando a importância da
atividade sexual prévia.
Por
fim e mais recentemente, KRAUSS, D.J.; LANTINGA, LJ. CAREY, MP. MEISLER, A.W.;
e KELLY, (1989); acompanharam o pós-operatório de 19 pacientes com próteses
penianas e suas esposas durante um ano e relatam que o casal se mostra em geral
satisfeito, principalmente os maridos que aumentam a frequência dos coitos,
mesmo sem sofrer alterações da libido.
FONTE:
https://psicologado.com/psicologia-geral/sexualidade/pensamentos-e-discussoes-cognitivas-sobre-a-fisiologia-do-envelhecimento-sexual-do-casal?utm_source=boletim&utm_medium=e-mail&utm_content=titulo_artigo&utm_campaign=psicologado_artigos&email=acimarleyfreitas@gmail.com
13 de abril de 2015
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE
De modo geral, o termo educação
profissional já constava como proposta das reformas educacionais defendidas
pelos arautos do escolanovismo, nas décadas de 1920 e 1930, como Fernando
Azevedo (1931), principal mentor da ideia de uma educação pública, gratuita e
laica. Ainda que com ideais liberais e de preparação para o trabalho, a escola
é vislumbrada naquele contexto como espaço privilegiado para o desenvolvimento
de práticas e conteúdos de saúde visando à formação dos futuros trabalhadores,
de modo a possibilitar o aumento da sua capacidade produtiva.
A ‘educação profissional em saúde’
foi permitida legalmente, no Brasil, a partir da Lei 4.024/61. Até então, o
ensino técnico estava organizado com base nas Leis Orgânicas de Ensino,
promulgadas, durante o Estado Novo, pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo
Capanema (Lima, 1996). Estas tratavam, porém, especificamente, da formação de
quadros profissionais para a indústria, o comércio, a agricultura e a formação
de professores, o que não impediu que na década de 1940 fosse aprovada
legislação educacional para a área de enfermagem, que busca regular a formação
técnica dos práticos de enfermagem (Decreto-Lei n. 8.778/ 1946) e dos
auxiliares de enfermagem (Lei n. 775/1949), para o então incipiente e pouco
desenvolvido mercado de trabalho hospitalar.
A partir dessa época, mais
precisamente no final da década de 1950, começa a predominar, no discurso de
estudiosos e técnicos de instituições internacionais, uma concepção de
desenvolvimento que se constitui, ao mesmo tempo, em uma teoria da educação, ambas
inspiradas na teoria do ‘capital humano’ de Theodore W. Schultz, que lhe valeu
o Prêmio Nobel de Economia em 1979. No primeiro caso, reorienta a estratégia da
Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) que passa a preconizar na
década de 1960 o desenvolvimento integrado, a partir do planejamento
econômico-social, como instrumento de superação do subdesenvolvimento. No
segundo, irá influenciar toda a política educacional brasileira desenhada a
partir da segunda metade dos anos 60, especialmente a ‘educação profissional em
saúde’, materializando-se de forma acabada na década de 1970, com a Lei
5.692/71, que reformula o ensino de 1° e 2° graus no país, implantando
compulsoriamente a terminalidade profissional atrelada a este último grau de
ensino.
Os estudos sobre economia da educação
e economia da saúde, de matriz neoclássica, ofereceram o suporte conceitual e
analítico necessário para o desenvolvimento da ideia de que os gastos com os
setores sociais não se limitavam a despesas com consumo, mas eram investimentos
rentáveis que o Estado deveria assumir como meio de promoção do desenvolvimento
econômico. Nesse sentido, os dispêndios em programas de saúde e na melhoria da
organização sanitária significavam a promoção da saúde e, consequentemente, uma
maior produtividade do trabalho. Em contrapartida, o investimento em educação,
por ser esta produtora de capacidade de trabalho, significava, potencialmente,
o aumento da renda e a posse de um capital. É no bojo dessa discussão que
emerge a noção de recursos humanos em saúde, para designar a mão-de-obra
engajada no setor.
O marco internacional para adoção
dessa visão foi a Carta de Punta del Este, em 1961, que elaborou o Primeiro
Plano Decenal de Saúde para as Américas, ratificado no Brasil, em 1967, na IV
Conferência Nacional de Saúde, cujo tema central foi recursos humanos para as
atividades de saúde. Nesse contexto, difunde-se a ideia da formação de técnicos
de saúde de nível médio em função das necessidades de um suposto mercado de
trabalho para estes profissionais surgidas em decorrência do crescimento
econômico acelerado no tempo do ‘milagre econômico’ brasileiro (1968-1974) e da
introdução de sofisticados equipamentos médicos no processo de trabalho em
saúde, no âmbito hospitalar.
De fato, os serviços de saúde foram
um importante pólo de criação de postos de trabalho nesse período, e isso está
diretamente associado ao modelo de saúde adotado no pós-64, de ampliação em
larga escala da produção de serviços médicos hospitalares. Porém, isso ocorreu
às custas de duas categorias polares: os atendentes de enfermagem, com nível de
escolaridade equivalente às quatro primeiras séries do atual ensino
fundamental, e os médicos. Portanto, como aponta Frigotto (1986), no contexto
da recomposição do capitalismo em sua fase monopolista, o fetiche e a
mistificação da necessidade de formação técnica média para um suposto mercado
de trabalho veiculada pela teoria do ‘capital humano’ cumpriu um papel
político, ideológico e econômico específicos. No plano político-ideológico, essa
teoria veicula a ideia de que o subdesenvolvimento não diz respeito às relações
de poder e dominação, sendo apenas uma questão de modernização de alguns
fatores, onde os recursos humanos qualificados – ‘capital humano’ – constituem
o elemento fundamental. Em contrapartida, passa a ideia de que o antagonismo
capital-trabalho pode ser superado mediante um processo meritocrático – pelo
trabalho, especialmente pelo trabalho potenciado como educação, treinamento
etc. No plano econômico, o conceito de ‘capital humano’ estabelece, de um lado,
o nivelamento entre capital constante e capital variável (força de trabalho) na
produção de valor; coloca o trabalhador assalariado como um duplo proprietário:
da força de trabalho – adquirida pelo capitalista – e de um capital adquirido
por ele – quantidade de educação ou de ‘capital humano’. Por outro lado, esse
conceito reduz a concepção de educação e, por extensão, a educação profissional
a mero fator técnico da produção.
Sendo assim, verificou-se, no setor
saúde, que não só a formação de técnicos de enfermagem, por exemplo, não
determinou o seu ingresso no mercado de trabalho – e mesmo aqueles que
conseguiram não se garantiu a ocupação do cargo – como essa concepção
tecnicista de educação profissional contribuiu, entre outros, para naturalizar
as ações feitas pelos trabalhadores técnicos em saúde: reduzir a formação
profissional a meros treinamentos; conformar os trabalhadores à divisão técnica
do trabalho em saúde; manter a hegemonia do ideário cientificista e tecnicista
na área; incentivar a crença nas técnicas pedagógicas como instrumento para
resolver problemas da formação técnica e de saúde da população; estabelecer
análises lineares e imediatas entre educação e mercado de trabalho em saúde, de
modo a adequar a formação às necessidades desse mercado, reduzindo o ensino às
tarefas do posto de trabalho. Contribuiu, em síntese, para a adaptação e
conformação dos trabalhadores ao existente, numa perspectiva economicista,
instrumentalista, pragmática e moralizadora (Pereira, 2006).
Antagônica a essa concepção de
adaptação, foi sendo construída nos anos 80, ao mesmo tempo, uma concepção de
educação que a recoloca no âmbito das práticas sociais, isto é, como uma
prática constituída e constituinte das relações sociais e uma concepção de
escola, cujo eixo básico centra-se na questão da escola unitária, de formação
tecnológica ou politécnica e na necessidade de aprofundamento do sentido e dos
desafios de tomar-se o trabalho como princípio educativo. Nesse debate, a
relação trabalho-educação é colocada em novo patamar, buscando sobretudo
resgatar a dimensão contraditória do fenômeno educativo, seu caráter mediador e
sua especificidade no processo de transformação da sociedade. Se a escola tende
a mediar os interesses do capital e a adaptação ao existente, não é da sua
natureza ser capitalista. Nesse sentido, abre-se no seu interior a
possibilidade e a necessidade de construir outras mediações que a articulem com
os interesses dos trabalhadores no processo de sua qualificação, mediações que
resgatem o homem em sua tripla dimensão – individualidade, natureza e ser
social – e o saber científico-tecnológico produzido historicamente por esse
mesmo homem.
Desse último ponto de vista, o papel
do ensino médio e da educação profissional em saúde deveria ser o de recuperar
a relação entre conhecimento e a prática do trabalho. Isto significaria
explicitar como a ciência se converte em potência material no processo de
produção de mercadorias, de maneira geral, e nos serviços de saúde, em particular.
Assim, seu
horizonte deveria ser o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos
científicos das diversas técnicas e não o mero adestramento em técnicas
produtivas. A noção de politécnica postula uma formação que a partir
do próprio trabalho social desenvolva a compreensão das bases de organização do
trabalho em nossa sociedade. Trata-se da
possibilidade de formar profissionais em um processo onde se aprende
praticando, mas, ao praticar, se compreendem os princípios científicos que
estão direta e indiretamente na base desta forma de organizar o trabalho na
sociedade. Implica ainda que o processo de trabalho desenvolva em uma
unidade indissolúvel os aspectos manuais e intelectuais, pois são
características do trabalho humano. A separação dessas funções é um produto
histórico-social e não é absoluta, mas relativa (Saviani, 2003; EPSJV, 2005;
Ramos, s.d.).
À educação cabe, neste contexto,
contribuir para a emancipação dos trabalhadores em relação a uma ordem social e
econômica excludente e alienada, que tende a transformar a saúde e a educação
em uma mercadoria como outra qualquer, e conseqüentemente ter como meta
transformar a sociedade e tornar realidade o direito universal à saúde e à
educação. Considerando o trabalho e a ‘educação profissional em saúde’, Pereira
(2006) destaca algumas premissas dessa concepção, tais como: os trabalhadores
técnicos de saúde desenvolvem trabalho complexo, na perspectiva de valor de uso
e, portanto, precisam de formação qualificada; a defesa da escola e da
escolaridade como política pública e como condição para a formação dos
trabalhadores técnicos em saúde; a defesa da explicitação da dimensão política
e técnica da prática educativa na saúde; a crítica ao positivismo, ao
cientificismo e ao tecnicismo; o trabalho como princípio educativo e a ideia da
qualificação como construção social (Castro, 1992; Hirata, 1994).
As reflexões em torno do ideário da
politecnia tinham como fulcro as transformações que estavam ocorrendo no mundo
do trabalho com a introdução de novas tecnologias informáticas e
biotecnológicas e novas formas de energia que se intensificaram no decorrer dos
anos 90, chegando a ser incorporado no projeto de Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional apresentado pelos setores educacionais progressistas à Câmara
dos Deputados em 1988. Entretanto, esse projeto de LDB foi derrotado pelo do
Senador Darcy Ribeiro, aprovado em 20 de dezembro de 1996, com a Lei 9.394, que
levou a diversas regulamentações posteriores, entre as quais, a regulamentação
curricular com base na pedagogia das competências, que se tornou a referência
fundamental para a política educacional de maneira geral, mas em especial para
a ‘educação profissional em saúde’.
Originária do mundo dos negócios, a
noção de competência, assim como a de sociedade do conhecimento, emerge como
produto e resultado da crise do modelo fordista de desenvolvimento. Uma crise
da acumulação, concentração e centralização de capital, que implicou um novo
tipo de organização do trabalho, baseado em tecnologia flexível, em contraposição
à tecnologia rígida do sistema taylorista-fordista, e na formação de um
trabalhador também flexível, baseada na pedagogia das competências.
Na área de saúde, a noção de
competência foi difundida com a instituição do Sistema de Certificação de Competências
do Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores na área de Enfermagem do
Ministério da Saúde (Profae/MS), a partir do ano 2000, e de acordo com Ramos
(s.d.), apesar de (re)construir essa noção numa perspectiva contrária àquela
que predomina na organização de sistemas de competências profissionais, de
corte funcionalista e condutivista, e de relacioná-la ao desenvolvimento da
autonomia dos trabalhadores em saúde para enfrentar os acontecimentos dos
processos de trabalho, na sua complexidade, heterogeneidade e
imprevisibilidade, essa opção pedagógica acaba não contribuindo para o
fortalecimento da relação entre o mundo da escola e do trabalho. Entre outros
motivos, por levar à ‘desintegração curricular’, ao tentar reproduzir as
situações de trabalho nos espaços formativos.
Do ponto de vista legal – a atual
Legislação Educacional, conforme prevista no art. 39 da Lei 9.394 e no Decreto
5.154, de 23 de julho de 2004 –, a educação profissional em saúde compreende a
formação inicial ou continuada, a formação técnica média e a formação
tecnológica superior. Ela pode ser realizada em serviços de saúde (formação
inicial ou continuada) e em instituições de ensino (formação inicial ou
continuada, formação técnica e tecnológica). A formação técnica compreende as
formas de ensino integrado, concomitante ou subseqüente ao ensino médio. Tanto
a formação técnica como a formação tecnológica se organizam atualmente em doze
subáreas de formação em saúde, conforme os Referenciais Curriculares Nacionais
da área (Brasil/Ministério da Educação, 2000). São elas: biodiagnóstico,
enfermagem, estética, farmácia, hemoterapia, nutrição e dietética, radiologia e
diagnóstico por imagem, reabilitação, saúde bucal, saúde visual, segurança do
trabalho e vigilância sanitária. A área profissional saúde diz respeito às
ações integradas referentes às necessidades individuais e coletivas, com base
em modelo que ultrapasse a ênfase na assistência médico-hospitalar. As ações de
saúde se desenvolvem em locais, tais como: centros de saúde, postos de saúde,
hospitais gerais e especializados, laboratórios, domicílios, centros
comunitários, escolas e outros espaços sociais.
Portanto, a educação profissional em
saúde é um objeto de disputa e embate de projetos societários. Apesar da
hegemonia de ideias e práticas de educação profissional que têm como objetivo a
adaptação e conformação dos trabalhadores ao existente e ao mercado de
trabalho, assim como às necessidades de manutenção e transformação do capital,
existem projetos contra hegemônicos que lutam por uma educação e saúde que
tenham como finalidade a construção de uma sociedade mais humana e solidária
(Pereira & Ramos, 2006). São exemplos, na ‘educação profissional em saúde’,
a ‘concepção ensino e serviço’, desenvolvida pelas Escolas Técnicas do Sistema
Único de Saúde (Etsus), e a ‘concepção politécnica’, desenvolvida pela Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz).
Essas experiências são realizadas no cenário histórico e social do capitalismo
tardio, um cenário contraditório e complexo, em que se confrontam as posições
progressistas, que defendem e reafirmam a saúde como um direito universal, e a
realidade da formação recente do capitalismo em nosso país, que tende a tornar
a saúde uma mercadoria.
A educação profissional em saúde no
seu viés de transformação afirma a formação omnilateral e a humanização do
trabalhador pelo trabalho. O caráter politécnico do ensino, como diz Frigotto
(1985, p. 4), “decorre da dimensão de um desenvolvimento total das possibilidades
humanas, onde, como afirma Marx, na Ideologia Alemã, os pintores serão ‘hombres
que además pintem’.
Fonte:
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/eduprosau.html
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