Ballone, GJ - Depressão pós-traição, in. PsiqWeb,
Psiquiatria Geral, disponível na Internet em http://www.psiqweb.med.br/, 2011
Psicologa Organizacional
28 de julho de 2016
27 de julho de 2016
A Importância da Assistência Psicológica no Pré e Pós Operatório de Pacientes Submetidos à Cirurgia Bariátrica
A Importância da Assistência Psicológica no Pré e Pós Operatório
de Pacientes Submetidos à Cirurgia Bariátrica
A obesidade pode ser definida, de forma simplificada, como
uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo
consequência de balanço energético positivo e que acarreta repercussões à saúde
com perda importante não só na qualidade como na quantidade de vida (MENDONÇA;
ANJOS, 2004).
Para reduzir este acúmulo de gordura, obesos mórbidos
buscam a cirurgia bariátrica a fim de melhorar a qualidade de vida e a própria
autoestima. No entanto, é necessário acompanhamento do profissional terapeuta
antes, durante e após a cirurgia, pois esses pacientes ficam vulneráveis a
distúrbios psíquicos e alimentares. A psicoterapia também reintroduz os
indivíduos na sociedade, visto que eram marginalizados pelo preconceito, pelas
piadas e pelo padrão físico imposto no cotidiano.
O papel do terapeuta foi trabalhado no artigo dividido em
dois momentos: pré-operatório e pós-operatório, e, se mostra de extrema
relevância nestes períodos.
Em alguns casos, na obesidade mórbida, pode ser observada a
alimentação como objeto adicto. O indivíduo que não se desenvolve
emocionalmente de forma adequada apresenta dificuldades em lidar com suas
angústias, medos e decepções, e, com a intenção de inibir esses sentimentos
negativos, abusa na comida. O alimento passa a ser visto como algo que gere
prazer e um remédio para o psíquico, atingindo um nível de compulsão que
ultrapassa a real necessidade da quantidade ingerida. É aqui que se faz
necessário a psicoterapia no período pré-operatório, visando mostrar ao
paciente que seus problemas e sentimentos que o fazem alimentar excessivamente
não se resolverão com a cirurgia. Ele precisará aprender a lidar com o que lhe aflige
sem descontar na alimentação, já que sua massa corporal poderá ser reduzida,
mas se repetir as mesmas atitudes pode engordar outra vez.
Os obesos se veem fora do padrão físico imposto pela
sociedade e comumente são vítimas de preconceito e piadas reproduzidas em
ambientes que frequentam, fazendo com que haja retraimento social, e, cabe ao
terapeuta a introdução deste paciente na sociedade novamente, permitindo-lhe o
desenvolvimento da autoconfiança que fora perdida.
O paciente, inicialmente, é direcionado ao tratamento
clínico baseado em aumento de atividade física combinada a dietas hipocalóricas
e uso de medicações, porém, muitas vezes essa tentativa não obtém sucesso em
pacientes obesos grau III, sendo a cirurgia bariátrica considerada a abordagem mais
eficaz até o momento.
A cirurgia bariátrica é realizada visando restringir
significativamente a quantidade de alimento ingerido, combinado a desabsorção
de nutrientes e, dessa maneira, ela acaba por interferir apenas no lado
metabólico da patologia (AKAMINEI; ILIASII, 2013).
O terapeuta possui papel fundamental no período
pré-operatório, pois ele é responsável por analisar o comportamento do paciente
e o que o levou à obesidade, esclarecer a necessidade de mudanças nos hábitos
alimentares e explicar a possibilidade de surgimento de distúrbios psíquicos
recorrente dessa restrição alimentar, compreender o motivo pela qual o
indivíduo engordou e auxiliar na tomada de decisão a respeito da operação.
Juntamente a esse terapeuta, deve-se estar presente uma equipe multidisciplinar
composta por cirurgião, endocrinologista e nutricionista, segundo as diretrizes
decretadas pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica. Esta equipe é responsável, principalmente, por auxiliar
o paciente psicologicamente, visto que os danos psíquicos pré e pós-operatórios
podem ser severos, como o desenvolvimento de depressão.
No período pós-operatório, a psicoterapia é necessária para
ensinar ao paciente a lidar com as novas mudanças metabólicas, físicas e
psíquicas. Com a redução do estômago, a alimentação se torna uma tarefa muito
difícil já que são sentidos muitos desconfortos, logo, os alimentos devem ser
líquidos ou pastosos e em pequenas quantidades.
De acordo com (JR.; CHAIM; TURATO, 2009), a obesidade
vivida por todos como um grande problema, é também, no fundo, uma resposta para
todos problemas e o fato de abdicar de diferentes alimentos que antes davam
prazer ao paciente impede que ocorra todo o sistema defensivo em torno da
alimentação. Isso obriga o indivíduo a lidar com suas mágoas e angústias
por outros meios, o que nem sempre é possível, e, caso essa pessoa não seja bem
auxiliada, inicia-se os problemas psíquicos.
(JR.; CHAIM; TURATO, 2009) ainda afirma que a primeira
reação da maioria dos pacientes é sentirem-se vitoriosos ao conseguirem
reverter a condição anterior de sobrepeso, pensam como se todo os problemas
tivessem sido resolvidos na cirurgia, condição essa reforçada pela mudança
drástica do corpo no primeiro momento, compensando qualquer sofrimento. Porém,
com o passar do tempo, caso o indivíduo não tenha passado por um eficiente
auxilio terapêutico, a ameaça de que o peso pode voltar se impõe e o sintoma
“obesidade” que foi impedido pela cirurgia pode começar a aparecer em novas
vias de expressão sendo elas a depressiva e a compulsiva.
A via depressiva pode apresentar sintomas iniciais como
angústia e sensação de vazio e evoluir para transtornos depressivos manifestos.
Por outro lado, a via compulsiva pode levar o paciente de volta ao encontro com
o excesso alimentar, passando a ingerir sorvetes, leite condensado e chocolate
que são alimentos digeridos facilmente, não causando incômodo gastrointestinal
e, a partir desse momento, começa o “temido” aumento de peso que, se não
revertido, pode levar o indivíduo novamente ao quadro de obesidade (JR.; CHAIM;
TURATO, 2009).
Portanto, é de extrema importância a ação conjunta da
equipe multidisciplinar e, principalmente, o trabalho terapêutico em pacientes
que pretendem aderir à cirurgia bariátrica para reverter o quadro de obesidade.
Este profissional é responsável por auxiliar na manutenção do equilíbrio
psíquico e reintrodução social dos pacientes nos momentos pré e pós-cirúrgico.
21 de julho de 2016
Os Entraves da Educação no Brasil
Os Entraves da Educação no Brasil
A educação é entendida através de diferentes etapas de
escolarização que se apresentam de modo sistemático por meio do contexto
escolar. De um modo geral, pode-se defini-la como um processo que visa o
crescimento e desenvolvimento em qualquer estágio da vida do ser humano
(SANTOS, 2015).
O Brasil cresceu muito no século XX, em um período
relativamente curto, e a educação também cresceu bastante, mas não o
suficiente, diante das necessidades da economia, portanto os entraves em sua
prática também aumentaram. Nos últimos tempos aumentou bastante não apenas a
necessidade de mais escolas e vagas, mas, sobretudo, a necessidade de ter uma
população dotada de conhecimento, competências e atitudes adequadas aos
desafios da sociedade contemporânea (CASTRO, 2009 p.10).
Ao falar dos entraves encontrados na educação no Brasil é
importante ressaltar que essa problemática se inicia desde a formação dos
professores, que saem de um deficiente sistema universitário que não prepara o
professor para os mais complexos problemas sociais vividos por seus futuros
alunos, e consequentemente a má formação acadêmica reflete em professores
despreparados para ensinar.
Para melhorar a qualidade de ensino nas escolas
brasileiras, é necessário criar um novo modelo escolar, nossa educação é ruim
em todos os níveis, inclusive o universitário, que ainda formam professores
para o século XX e não para a nossa sociedade contemporânea. É fundamental e
preciso uma mudança profunda no sistema de ensino, uma mudança conceitual, onde
a escola ensina o aluno a aprender a criar conhecimento, e para isso os
professores precisam novamente aprender para ensinar (MOSÉ, 2013).
Ainda Mosé (2013) afirma que:
Os
nossos alunos precisam aprender a aprender. Escolas contemporâneas estão mais
preocupadas com a aprendizagem do que com o ensino. Hoje, a educação é centrada
na figura do professor e não no aluno. Temos que buscar estimular nas nossas
crianças a capacidade de reflexão, de argumentação e criticidade. E
oferecê-las, dentro das diversas possibilidades, caminhos para que elas
encontrem seus principais interesses. É possível incorporarmos essas ideias
dentro das nossas escolas.
Portanto, outro entrave na educação é a acomodação do aluno
na busca do conhecimento, e da escola em aceitar essa acomodação, afinal, nesse
mundo moderno é possível encontrar tudo pronto, a busca pelo conhecimento já
não é tão empolgante e reflexiva. Contudo, é necessária uma mudança aprofundada
nas escolas para que saiam alunos críticos, capazes de construir conhecimentos
e não apenas reproduzirem o que o professor ensina, afinal o educador é um
mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria
formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso,
também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos
sentidos para o que fazer dos seus alunos (GADOTTI, 2000).
Freire (1996 citado por Moura 2013 p. 15) coloca à escola o
dever de não só respeitar os saberes com que os educandos chegam a ela, mas
também, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em
relação com o ensino de conteúdos. Para ele, transformar a experiência
educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador.
Santos e colaboradores (2015) apresentaram em sua obra que
a qualidade do ensino depende muito da qualidade do professor, ou seja, o mesmo precisa ter gosto por ensinar e
sentir satisfação em aprender para passar adiante. Assim, a escola deve oferecer
condições materiais, físicas e pedagógicas para criar um ambiente propício à
aprendizagem (p. 32).
Gadotti (2009 citado por Santos e colaboradores 2015 p. 19)
refere que existem três condições que devem estar presentes numa escola de
qualidade: professores bem formados,
condições de trabalho e um projeto, ou seja, a autoestima dos professores é outro fator que influencia bastante na
qualidade da educação nas escolas brasileiras, cada vez mais o professor se
sente desmotivado por baixos pisos salariais, pouca estrutura e um desconforto
com o sistema educacional, onde
a meta é passar alunos e não criar cidadãos para a sociedade.
Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos
na escola e de buscar receitas fora dela, quando é ela mesma que deveria
governar-se. É dever da escola ser cidadã e desenvolver na sociedade a
capacidade de governar e controlar o desenvolvimento econômico e o mercado
Segundo Dourado (2007 citado por Santos 2015):
Ao
Estado ou Governo cabe assegurar o direito à mesma para todos os indivíduos,
incluindo a igualdade de condições de acesso e permanência na escola; ampliar a
obrigatoriedade da educação básica; definição de diretrizes para os níveis,
ciclos e modalidades de ensino; definir e garantir padrões de qualidade;
implementação de programas suplementares onde estejam incluídos a disposição de
recursos tecnológicos, segurança nas escolas, etc (p.35).
A educação é um fenômeno relativamente complexo pois está
associada a uma natureza multidimensional, são várias problemáticas e a
qualidade da educação envolve a interacção simultânea dos vários agentes
intervenientes, a formação de professores para que entrem nas escolas
preparados para os desafios contemporâneos, a valorização dos agentes
transmissores do saber e o estado que precisa garantir o direito de uma
educação de qualidade.
O objetivo desse estudo é conhecer os principais entraves
no processo da educação brasileira, que variam desde a formação acadêmica dos
professores até os desafios contemporâneos, desafios esses que são fazer com
que o professor aprenda novamente para ensinar, que o aluno aprenda a criar
conhecimento e que as escolas formem cidadãos formadores de conhecimentos e não
apenas reprodutores de conhecimento. O estudo reitera as dificuldades
enfrentadas pela escola, os professores e os alunos no processo de educação.
Para desenvolver o presente estudo foi efetuado um
levantamento de informação através de diversos artigos e outras fontes, como
livros, que abordavam as questões das dificuldades enfrentadas na educação
brasileira. Procedeu-se, deste modo, a uma metodologia de revisão da
literatura.
2. Considerações Finais
Em virtude dos fatos aqui mencionados percebemos que a
educação brasileira cresceu bastante, porém juntamente com ela cresceu as
problemáticas, a falta de estrutura nas escolas e, principalmente, a falta de
acompanhamento desse crescimento juntamente com os avanços da sociedade. Há,
portanto, muitos profissionais ingressando no meio educacional completamente
despreparados, com uma má formação acadêmica e um desânimo frente à profissão,
o que consequentemente reflete na qualidade da educação atual. Portanto, faz-se necessário que a educação seja
administrada de maneira em que possa formar cidadãos capazes de pensar por si
só, criar e refletir. É necessário também um trabalho na formação dos
professores, acompanhar as mudanças da sociedade, fazendo com que as escolas
aprendam antes de ensinar, reformulando o sistema educacional, para que possam
preparar pessoas, não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a
vida.
Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/os-entraves-da-educacao-no-brasil © Psicologado.com
13 de julho de 2016
Transtorno de Ansiedade Generalizada: uma Abordagem Farmacológica e Psicoterapêutica
Transtorno de Ansiedade Generalizada: uma Abordagem
Farmacológica e Psicoterapêutica
Na sociedade moderna, a introdução de novas tecnologias,
bem como a velocidade de informações e o ritmo de trabalho, fez com que as
pessoas modificassem seu estilo de vida para que pudessem se adaptar a um novo
contexto social. Devido a exigências como essa, as pessoas começaram a
desenvolver várias patologias relacionadas ao estresse, ansiedade e fobia.
Os transtornos de ansiedade constituem um grupo com maior
prevalência dentro dos transtornos psiquiátricos. Esse grupo inclui fobias
específicas, agorafobia, transtorno do pânico, de ansiedade generalizada, de
ansiedade social, obsessivo-compulsivo, de estresse pós-traumático e de
estresse agudo (NETO; GAUER; FURTADO, 2013).
O objetivo desse estudo é conceituar, detalhar e discutir
sobre o Transtorno de Ansiedade Generalizada e para isso foi realizada uma
revisão bibliográfica onde se buscou nos bancos de dados da Scielo, Medline,
Bireme, assim como em livros, estudos que descrevessem sobre o assunto. Os
artigos selecionados foram publicados na língua portuguesa no período entre
1995 e 2013 e todos apresentaram dados relevantes e foram incluídos nesta
revisão.
O tema foi dividido e subdividido no desenvolvimento em:
prevalência e incidência, comorbidades, etiologia, sintomas, diagnóstico e
possíveis tratamentos. Essa divisão teve o intuito de obter uma melhor clareza
na leitura e compressão do tema abordado.
2. Desenvolvimento
2.1 Conceito de Ansiedade
Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo,
apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de
perigo, de algo desconhecido ou estranho (ANA et al., 2000). Constitui-se como
resposta a uma possível ameaça desconhecida, vaga. Pode-se afirmar que a
impossibilidade do ser humano em dar sentido a determinadas situações é, de
longe, o maior gerador de ansiedade possível de vivenciar. Estar ansioso não é
algo incomum, é preciso saber identificar e diagnosticar quando esse estado
deixa de ser fisiológico, se tornando transtornos psiquiátricos.
2.2 Conceito de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Antes da publicação da revisão da terceira edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III-R), a conceituação do
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) não era definida. Em DSM-III-R e
DSM-IV foi definido então que TAG é a preocupação crônica e excessiva, assim
como a expectativa apreensiva do futuro, sendo um estado prolongado de
ansiedade, flutuante que não chega a crises de pânico ou a fobias, não tendo
motivo justificável (CRAIGHEAD; MIKLOWITZ, 2008; CASTILLO et al., 2000).
Segundo Clark e Beck (2012) o transtorno de ansiedade
generalizada é um estado persistente de ansiedade envolvendo preocupação
crônica, excessiva e invasiva que é acompanhada por sintomas físicos ou mentais
de ansiedade que causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento
diário.
2.3 Prevalência e Incidência
Os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças
quanto em adultos, são os transtornos ansiosos. Estima-se que, durante a vida,
a prevalência desses é de 9% para as crianças e 15% para os adultos. A
estimativa é crescente e alarmante devido ao alto índice de ocupação
intelectual, carga-horária de trabalho e/ou estudo, assim como a pressão
proporcionada por esses, desde muito cedo (GREBB; KAPLAN; SADOCK, 2011; BUENO;
FILHO; NARDI, 1996; NETO, 1995).
Sobre a população em geral, a incidência de desenvolver o
TAG é de cerca de 4 a
6%, sendo esse, o provável transtorno psiquiátrico que mais aflinge as pessoas.
A proporção de mulheres para cada homem afetado é de 2 para 1. Mas, segundo
Benjamin e Virginia (2008),a razão de mulheres para homens que recebem
tratamento hospitalar para o transtorno é de 1 para 1.
É possível que o TAG se inicie em qualquer idade, tendo
maior frequência na segunda década de vida, justamente a fase da vida que tende
a ser mais conturbada para os jovens entre 20 e 30 anos (CRAIGHEAD; MIKLOWITZ,
2008; CASTILLO et al., 2000).
2.4 Comorbidades
O estudo das comorbidades auxilia na investigação da
etiologia e possivelmente melhora o prognóstico do transtorno, de forma que
tanto no campo psiquiátrico, como no psicoterapêutico, ele auxiliará na
realização de diagnósticos mais precisos e intervenções mais eficazes (MENEZES
et al., 2007)
De acordo com Benjamim e Virginia (2008), o transtorno de
ansiedade generalizada é provavelmente o que coexiste com mais frequência com
outro transtorno mental, em sua maioria fobia social, fobia específica,
transtorno do pânico ou transtorno depressivo; é possível que 50 a 90% dos pacientes com
esse diagnóstico tenham outra condição mental.
Até 25% das pessoas com TAG eventualmente experimentam
transtorno do pânico e uma alta porcentagem tem chance de desenvolver
transtorno depressivo maior. Outros transtornos comuns associados incluem
transtorno distímico e transtornos relacionados ao uso de substâncias (SADOCK,
2008).
2.5 Etiologia
A causa do TAG não está amplamente conhecida. Acredita-se
que fatores psicossociais e biológicos estão envolvidos e operam em conjunto,
na maioria das vezes, sendo um não excludente do outro.
2.5.1 Fatores psicossociais
Os fatores psicossociais são explicados pela má
interpretação da realidade por parte dos portadores de TAG, isso se justifica
pela seletividade da atenção a detalhes negativos do ambiente.
As duas principais escolas de pensamentos sobre fatores
psicossociais responsáveis pelo desenvolvimento de TAG são a
cognitiva-comportamental e a psicanalítica (SADOCK, 2008).
Para a escola cognitivo-comportamental, os pacientes que
sofrem desse transtorno respondem errado aos perigos que percebem; já a escola
psicanalista, acredita na hipótese que a ansiedade gira em torno de conflitos
inconscientes não bem resolvidos.
2.5.2 Fatores biológicos
Baseando-se nos fatores biológicos, as hipóteses giram em
torno de anormalidades neuroquímicas no paciente portador de TAG, que envolve
os sistemas GABA, noradrenérgico e serotoninégico.
Uma desregulação do receptor regulatório GABAa é observada
em pacientes com TAG e vem sendo envolvido nas hipóteses sobre sua etiologia.
Como suporte para esta teoria está o fato de que os sintomas são tratados de
modo eficaz com facilitadores de GABAa, como os benzodiazepínicos e
barbitúricos (NETO; GAUER; FURTADO, 2013).
Segundo Benjamin e Virgínia (2008), outras áreas que têm
sido, por hipótese, envolvidas no TAG são os gânglios da base, sistema límbico
e o córtex frontal. Percebe-se que a taxa metabólica apresenta-se inferior nos
gânglios da base e substância branca em pacientes com esse transtorno.
2.6 Sintomas
O que diferencia o TAG dos outros transtornos é a
preocupação excessiva e contínua com coisas pequenas, banais, já que os demais
se dão por crises pontuais, por motivos específicos (BARLOW; DURAND, 2008).
O estado do transtorno gera sintomas somáticos que
comprometem significantemente o indivíduo no que diz respeito ao social,
ocupacional e que na maioria das vezes acentua o sofrimento.
Os principais sintomas no TAG, podem ser divididos em três
subgrupos: tensão motora, hiperatividade autonômica e vigilância cognitiva. O
primeiro é caracterizado por dores, tremores, cefaleia tensional e inquietação;
os sintomas de hiperatividade autonômicos são sudorese excessiva, palpitações,
vertigens e, comumente, sensações de asfixia. Já o último, o paciente se mostra
impaciente, com lapsos de memória, insônia, com sentimento de incapacidade e
apresentando problemas ao tentar se concentrar. Vale salientar, que os
portadores desse transtorno são bastante pessimistas em relação a acontecimentos
futuros, estando sempre apreensivo e preocupado com outras pessoas e também
quanto consigo mesmo (GREBB; KAPLAN; SADOCK, 2011; FILHO; BUENO; NARDI, 1996;
NETO, 1995).
2.7 Diagnóstico
Os instrumentos padronizados mais amplamente utilizados
para a obtenção do diagnóstico do Transtorno da Ansiedade Generalizada são:
CIDI5 (Composite International Diagnostic Interview) e SCID6 (Structured
Clinical Interview for DSMIII-R), sendo ambos baseados em entrevistas diretas
ao paciente. Entretanto, sua utilização na prática clínica é limitada pela
necessidade de um treinamento extensivo dos utilizadores e pela longa duração
das entrevistas (de 1h30 à 3h).
Existe também, outro instrumento para diagnóstico, que por
meio de estudos, apresenta-se válido para tal: o MINI. Esse foi desenvolvido
por pesquisadores do Hospital Pitié-Salpêtrière de Paris e da Universidade da
Flórida. O MINI é um questionário breve (15-30 minutos), compatível com os
critérios do DSM-III-R10/IV11 e da CID-1012 (versões distintas), que pode ser utilizado
por clínicos após um treinamento rápido (de 1h a 3h).
2.8 Tratamento
O TAG produz um impacto negativo considerável na qualidade
de vida, com prejuízo na atividade social e baixo índice de satisfação. Quando
não tratado, está associado ao aumento de utilização de serviços de saúde e
aumento das taxas de morbidade e mortalidade.
O tratamento de escolha é a associação de psicoterapia e
psicofármacos (FURTADO; GAUER; NETO, 2013). O uso dos medicamentos visa à
remissão ou o alívio parcial dos sintomas permitindo que o paciente melhore seu
desempenho tanto na vida social quanto laboral.
2.8.1 Tratamento farmacológico
Nos últimos anos, tem-se assistido a um grande avanço no
tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade. Particularmente em
relação ao transtorno de ansiedade generalizada, até a poucos anos, a única
alternativa eram os benzodiazepínicos (BZD) (ANDREATINI; FILHO; LACERDA, 2001).
As três opções de medicamentos a serem consideradas nesse
emprego são a buspirona, os benzodiazepínicos e os inibidores da recaptação de
serotonina (ISRSs) (SADOCK, 2008). Um fator importante na escolha do
ansiolítico é a presença de comorbidades que serão bem avaliadas pelo médico e
após será prescrita a medicação necessária (ANDREATINI; FILHO; LACERDA, 2001).
2.8.2 Tratamento com psicoterapia
Atualmente a psicoterapia em uma abordagem
cognitivo-comportamental se mostra mais eficaz no tratamento. A terapia
cognitivo-comportamental consiste basicamente em provocar uma mudança na
maneira alterada de perceber e raciocinar sobre o ambiente e especificamente
sobre o que causa a ansiedade (terapia cognitiva) e mudanças no comportamento
(terapia comportamental) (ANA et al., 2000).
Segundo Clark e Beck, a meta central da terapia cognitiva
para TAG é a redução da frequência, intensidade e duração de episódios de
preocupação que levariam a uma diminuição associada nos pensamentos intrusivos
ansiosos automáticos e na ansiedade generalizada
3. Conclusão
Observa-se que a alta prevalência do Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG) na sociedade moderna, tem impactado negativamente
na qualidade de vida das pessoas e também nas atividades laborais. O
diagnóstico correto se faz necessário para que se tenha uma abordagem completa
e uma intervenção precoce a esses pacientes. Muitos avanços foram observados
nos últimos anos em relação ao tratamento dessa patologia, sendo de extrema
importância o acompanhamento psicoterapêutico juntamente com o farmacológico
para que se tenha bons resultados e uma remissão total da sintomatologia.
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