Indisciplina na Escola: Saberes e Fazeres
Pedagógicos no Contexto Escolar
1. Introdução
Ser professor nunca foi uma tarefa simples. Hoje, porém, novos elementos
vieram tornar o trabalho docente ainda mais difícil. A disciplina parece ter se
tornado particularmente problemática. Analisar as causas do problema é
preocupação sobre a qual, hoje, se debruçam todos os que estão envolvidos com
educação e que desejam uma escola de qualidade. Baseando-se no estudo de alguns
pesquisadores como Júlio Groppa Aquino, Tânea Zaguri, Paulo Freire e Daryl
Siedentop, entre outros e dos teóricos Jean Pyaget e Levi Vigostsk,, foi
possível compreender algumas das ações comportamentais típicas de indisciplina
que se fazem presentes no cotidiano escolar, dando mais que motivos para
realização de um estudo como este aqui tratado, no intuito de não só conhecer
mais sobre o assunto, mas também guiar e ajudar profissionais da área da
educação.
Sabe-se que são inúmeros os elementos que concorrem para a atual
situação educacional brasileira. Diante dessa realidade, pretende-se abordar
neste artigo, as razões que vão desde a influência da família para formação do
caráter do sujeito, até os motivos que geram atitudes comportamentais de
indisciplina no ambiente escolar, analisando não só suas causas, mas entendendo
quais os fatores que contribuem para as dificuldades da aprendizagem, partindo
da prática profissional da autora, na qual corpo docente, alunos e família
buscam respostas no contexto educacional para o entendimento do porquê de tanta
indisciplina nas escolas.
A busca de conclusões sobre esta indagação e no intuito de entender os
problemas que cercam o andamento da educação no âmbito escolar, é que se
investiga, no contexto deste tema, o problema indisciplinar que tem sido o
frequente motivo de tantos desconfortos nas salas de aula, repercutindo não só
na escola, mas no ambiente familiar e no meio social envolvente.
Cabe ressaltar que as pessoas que rodeiam o aluno, principalmente as
pessoas da família, influem muito no seu comportamento, pois a criança nasce no
seio desta, sendo, portanto, os pais os primeiros educadores, onde a
extraordinária influência dos que cotidianamente tratam com os alunos reflete
em muitos dos atos praticados por eles. Este tema é sem dúvida, demasiado
vasto. Em consequência disto, serão tratadas apenas algumas vertentes, não numa
perspectiva de meta à chegada de conhecimentos definitivos,
mas de ponto de partida para outras
abordagens interativas do ato educativo. Como a indisciplina constitui
atualmente problemas graves, os quais a escola enfrenta, não podiam deixar de
serem referidos os efeitos negativos que ela produz nos docentes,
principalmente os de caráter emocional.
Em virtude desta temática, se pode fazer uma reflexão que se inicia com
a indisciplina no âmbito educacional, onde a abordagem passa pela prática
educativa no contexto escolar e mostra de maneira realista o ambiente familiar
e sua influência educativa, sem esquecer o papel do coordenador pedagógico e da
importância da sua intervenção na prática dos fazeres e saberes educativos
confrontando os conceitos e proporções da disciplina e da indisciplina,
explicitando a relação professor-aluno. Vale lembrar que esse estudo tem como
proposta básica entender o histórico comportamental dos alunados, conhecendo os
tipos de ações comportamentais que geram a indisciplina no contexto escolar,
contribuindo para um saber pedagógico, percebendo assim quais fatores que geram
a dificuldade da aprendizagem, entendendo que a disciplina é fator primordial
para uma aprendizagem plena.
Nesse intuito, pretende-se investigar o tema aqui abordado, para obter
subsídios que possam evidenciar a proposta desta discursão, alcançando
reflexões e entendimento sobre o porquê da indisciplina na escola e de como o
coordenador pedagógico pode atuar e intervir na prática dos saberes e fazeres
do docente no contexto escolar.
2. A Indisciplina
no Âmbito Educacional
Quando se fala em indisciplina, logo se pensa em mau comportamento e
demais atitudes inadequadas que uma pessoa pode ter. É comum relacionar essas,
ao ambiente escolar, esquecendo-se que não apenas este espaço, como qualquer
ambiente influencia de algum modo o ser humano, proporcionando tanto hábitos e
atitudes positivas quanto negativas para formação do caráter de uma criança,
adolescente ou adulto.
Esse assunto também nos remete a escola, pois esta deve ser um ambiente
que forma e que constrói valores ou ainda que tem por missão desconstruir
aspectos que as crianças ou adolescentes trazem em sua formação premissa, as
quais são percebidas em seu ingresso à escola, devendo esta mediar e moldar da
melhor maneira possível esses aspectos negativos nesta criança, complementando
e possibilitando uma nova construção de caráter.
Para que possam ocorrer essas possibilidades em busca de uma nova
formação de caráter, é preciso que exista uma sintonia entre escola, família,
alunos e professores, tendo em vista que é comum todos estes segmentos se
depararem com tais problemas disciplinares no âmbito educacional, precisando
não apenas resolver tais problemas, mas principalmente aprender a identificar
suas causas. Os motivos circunstanciais das ações indisciplinares tem, uma alta
importância para a obtenção de conhecimento desses fatores agentes, devendo-se,
principalmente, levar em consideração o ambiente externo, onde ocorre a
formação e a educação informal, que tanto influencia e molda esse aluno. Dentro
das escolas, costuma-se falar muito em uma pedagogia em que o conhecimento
prévio e a realidade de vida da criança são válidos e consideravelmente
importantes para construção de novos conhecimentos, no entanto essa bagagem não
deve ser de todo modo entendida como inadequada, pois o histórico de vida do
aluno diz muito sobre seus aspectos característicos, legitimando de muitas
formas a maneira de se portar inadequadamente ou não, na escola.
Adquirem-se mais
facilmente os conceitos e as regras, se as circunstâncias específicas de onde
são abstraídos estiverem frequente, e não raramente, associadas aos atributos
(critérios) de definição ou exemplares dos mesmos, e se os sujeitos possuírem
mais, e não menos, informações relevantes sobre a natureza destes atributos
(AUSUBEL, 2003).
Face ao exposto, entende-se que associar os critérios de disciplina no
âmbito escolar torna-se mais relevante quando o aluno, assim também como o
professor, compartilha de interesses em comum rumo a uma educação de qualidade.
Sabendo que o objetivo da educação é formar indivíduos autônomos e
cooperativos, então, é necessário que esta se desenvolva em um ambiente de
participação mutua. E para isso, a escola precisa ser esse ambiente
socializador, pois a importância de se ter claro a sua parcela de contribuição
na formação moral de seus alunos é primordial. Já o professor tem a função de
colaborar para que isso se efetive da melhor maneira possível, devendo
proporcionar experiências pares, com base na cooperação, construindo um
ambiente com regras coerentes e justas. Também, deve-se questionar sobre a
coerência das regras da própria escola.
O ambiente escolar tem ainda, a função de facilitar o processo de
socialização do indivíduo, para assim, cumprir com essa função numa sociedade
democrática, contribuindo com uma educação de qualidade, não só no que diz
respeito ao seu currículo, mas também no que diz respeito aos valores éticos
sociais.
O papel da escola
passa a ser mais significativo ainda, uma vez que lida com um saber que muitas
vezes precisa ser repensado, reavaliado e reestruturado. Infelizmente, nem
sempre ou quase sempre a escola "não tem cumprido o objetivo da educação
que desejamos, de cunho democrático, socializando o saber e os meios para aprendê-lo
e transformá- lo" (RIOS, 1995, p. 32).
Assim sendo, precisa-se repensar a educação atual, averiguando se de
fato aqueles que deveriam ser os facilitadores desta integração tem trabalhado
ou lecionado nesta perspectiva.
O Estatuto da Criança e do Adolescente trata, em capítulo específico, do
direito à educação, estabelecendo seus objetivos, os direitos dos educandos, as
obrigações do Estado, dos pais e dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino
(ECA, Capítulo IV - artigos. 53/ 59). No artigo 2° da Lei 9394/96 - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação estabelece que a educação visa ao preparo para o
exercício da cidadania. Em virtude disso,
Cabe a escola a
preparação para o exercício da cidadania. E para ser cidadão é necessário
conhecimento, memória, respeito pelo espaço coletivo, normas de relações
interpessoais e diálogo aberto entre olhares éticos (La Taille, 1996).
Tendo em vista, esta colocação, é relevante dizer que para o exercício
desta cidadania, ou das relações entre o coletivo, faz-se necessário uma
prática docente que busque integrar em seu processo de ensino-aprendizagem, um
olhar não só ético, mas também uma relação interpessoal favorável, devendo não
olhar apenas para a indisciplina, mas procurar entender as razões que levaram à
prática de tal comportamento, já que sabe-se que a indisciplina escolar
apresenta-se como o descumprimento de normas, tão impostas pela escola e demais
legislações que desejam esta aplicação. Em virtude disso, o processo de
aprendizagem sofre variáveis em seu percurso, necessitando da disciplina para
que ocorra de forma tranquila e eficaz, transformando essa aprendizagem em algo
significativo para o aluno.
As diversas manifestações da indisciplina são o desafio para os
educadores em sala de aula e na escola e tem sido a causa de muitos problemas
de caráter qualitativo e/ou quantitativo para o processo de
ensino-aprendizagem. Segundo (VASCONCELLOS, 1997).
Sem autoridade não
se faz educação; o aluno precisa dela, seja para se orientar, seja para poder
opor-se (o conflito com a autoridade é normal, especialmente no adolescente),
no processo de constituição de sua personalidade. O que se critica é o
autoritarismo, que é a negação da verdadeira autoridade, pois se baseia na
coisificação, na domesticação do outro (p. 248).
Diante dessas considerações, obedecer às regras não significa submissão
ou servidão. O sentido da obediência para a criança ou adolescente terá valor
quando aprenderem que viver em sociedade significa construir regras e que
disciplina é sinônimo de autocontrole. Nessa vertente, é pertinente entender
que o problema da indisciplina está ligado a uma série de outras questões e não
devemos esquecer que ela é apenas mais um aspecto da educação escolar e que
todos os envolvidos no processo de educação de uma criança tem o dever de
transpor estes princípios.
Diante da atuação da autora no contexto escolar como coordenadora
pedagógica, foi possível perceber a presença de indisciplina escolar no
percurso de sua prática, a qual idealizou um projeto de caráter interdisciplinar,
transdisciplinar e multidisciplinar sobre o tema aqui abordado para coleta de
dados substancias que justificassem seu estudo e sua intervenção nas ações
comportamentais de má conduta e na averiguação dos fatores agentes para os
problemas de aprendizagem na escola. Esta pesquisa foi feita com alunos e
professores da instituição de ensino e a essa inicialmente tem como vertente o
seguinte questionamento.
Gráfico nº 01- A
presença da indisciplina no âmbito Educacional.
Como se pode constatar, a presença da indisciplina no contexto escolar
se faz presente majoritariamente e isto faz entender que os esforços para mudar
este quadro são urgentes.
A escola e os
professores, na medida em que cumprem os seus papéis, têm uma tarefa importante
na transformação e mudança dos alunos de modo que, nem escola e nem
professores, permaneçam indiferentes perante a situação de indisciplina dos
alunos. Algo deve ser feito pela escola e pelos professores para contornarem a
situação: a escola deve, sobretudo, criar condições materiais, humanas e
ambientais no sentido de proporcionar um clima de convivência agradável entre
os alunos (NUNES, 2006).
Conforme ressaltado, vale lembrar que a indisciplina precisa ser pensada
na articulação e organização do PPP- Projeto Político Pedagógico, como também
no Regimento Escolar, onde se traçam metas e vertentes para tratar deste
problema no espaço educativo formal. De acordo com o pensamento de COSTA, o
projeto educativo assume-se como um,
Documento de
carácter pedagógico que, elaborado com a participação da comunidade educativa,
estabelece a identidade própria de cada escola através da adequação do quadro
legal em vigor à sua situação concreta, apresenta o modo geral de organização e
os objetivos pretendidos pela instituição e, enquanto instrumento de gestão, é
o ponto de referência orientador na coerência e unidade da ação educativa
(1991, p. 10).
Por isso, a escola deve ter essas metas traçadas e apresentadas de
maneira considerável para que todos que fazem parte do contexto escolar
entendam as normas de conduta da instituição e que os sujeitos deste hemisfério
educativo, possam ser conscientizados dessas vertentes normativas.
2.1 A Prática
Educativa no Contexto Escolar
Sabe-se que a escola é uma importante instituição humana, cuja função é
de preparar o indivíduo para viver na sociedade. É por meio da escola que são
transmitidos valores culturais, morais e sociais, sendo desta, o dever de
informar ao indivíduo o pleno conhecimento das regras que a regem. Já à escola
cabe levar o aluno a um tipo de disciplina de transformação que o levará à
apreensão de saberes. Saberes estes que formarão um cidadão comprometido com o
bem estar da coletividade. Para Durkheim, a educação não é mais do que um fato
social, isto é, em resultado da educação produzem-se seres sociais. Nesta linha
de pensamento o sociólogo acredita que,
A educação é a ação
exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão amadurecidas para
a vida social. Tem por objetivo suscitar na criança um certo número de estádios
físicos, intelectuais e morais que dela reclamam quer a sociedade politica no
seu conjunto, quer o meio social ao qual se destina (1984, p. 28).
Aos poucos, a criança/adolescente deixa de imitar os adultos e passa a
absorver valores transmitidos pela escola, aumentando assim a sua
autonomia frente ao seu grupo social. Apesar da escola ser um lugar
importante para se conviver e adquirir novos saberes, ela não é a única
responsável pela educação e formação moral e ética social de uma criança,
adolescente ou adulto, mas é sim um complemento indispensável para formação
deste, devendo auxiliar a família nesse processo de educar e aprender. A LDB-
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em sua Lei n° 9.394/96 inicia
afirmando que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem em
vários lugares, um dos quais é a escola, como mostra em seu Art.1º.
A educação abrange
os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
No entanto, para que essas razões se apliquem como mostra a LDB, é
necessário que os responsáveis por essa educação formativa entendam e apliquem
com eficácia esses saberes, proporcionando aos seus agentes resultados
favoráveis a esta aplicabilidade.
Fazendo ainda uma ponte entre a escola e a prática educativa,
constata-se que, para o professor conseguir transmitir/ensinar a matéria de
estudo ou valores formativos, da melhor forma possível, ao aluno, é preciso que
existam meios propícios ao processo de ensino-aprendizagem, não que isso vá
garantir a eficácia deste aprender, mas na certeza de que esses aspectos vão
colaborar para a absorção positiva do processo.
Vale lembrar que entre educador e educandos não há mais uma relação de
verticalidade, em que um é o sujeito e o outro objeto, pois agora a pedagogia é
dialógica e ambos são sujeitos do ato cognoscente, ou seja, agentes do aprender
ensinando e o ensinar aprendendo e por esta razão, a busca por estratégias e
caminhos que mantenham a indisciplina em níveis democraticamente aceitáveis
dentro da escola, devem ser pensadas ou repensadas para que sua impertinência
não se torne mais importante do que a aprendizagem significativa dentro da
escola.
A escola de hoje sofre muitas transformações, desde seu aspecto físico
até sua transformação de valores, visto que
a escola tem como função mediar
conhecimentos, acaba assumindo o papel de
protetora do indivíduo contra a
sociedade e o meio que influencia e cerca os
mesmos. Sabe-se que todo ser humano tem suas crenças, e com base nelas, seus
pensamentos e sentimentos que culminam nas atitudes. É nesse contexto que a
escola foi pensada, para que através dela, desenvolva-se nas crianças a crença
numa sociedade mais humana e justa, sem preconceitos, em que
os cidadãos atuem compromissados com o bem comum, pois se acredita que a
escola tornaria- se vazia e ineficiente caso omitisse de resgatar certos
valores "adormecidos" na consciência humana. Por esse motivo,
torna-se essencial refletir o mundo atual, fortalecer e renovar as "crenças",
inserindo no processo educacional valores que possibilitem a formação integral
de nossos alunos.
Não se pode esquecer que quando os alunos chegam ao âmbito escolar, eles
já possuem uma história de vida, recebem frequentemente influências fora da
escola, apresentam um comportamento individual, social e uma vivência
sociocultural específica ao ambiente de origem de cada um deles. Todas essas
características individuais dos alunos integram elementos básicos que auxiliam
ou que pelo menos deveriam auxiliar na formação do currículo escolar.
Além dos aspectos já mencionados, acredita-se que este importante espaço
tem tarefa básica no processo de socialização das crianças, com o objetivo de
enquadrá-las ou ajustá-las às estruturas da sociedade contemporânea. Neste
sentido, acredita-se que as relações sociais, as trocas de experiência, o
cotidiano, formam um conjunto de fatores que garantem a construção de uma
instituição de ensino que busca integrar a vida escolar à vida social. Em
contrapartida tem-se que a perfeita observação de todos esses elementos
direciona à verdadeira práxis docente, ou seja, a articulação entre a teoria e
a prática em sala de aula. Construir valores na sala de aula requer
profissionalismo e competência por parte dos professores quanto à utilização de
uma importante ferramenta pedagógica: a vivência sociocultural dessas crianças.
Quando os
professores de uma unidade escolar sentam-se com seus alunos e desconstroem e
sabem reconstruir a plenitude da significação e dos tipos de disciplina, não
apenas a aula corre mais facilmente e a aprendizagem se concretiza de maneira
mais saborosa como estudantes e mestres descobrem que, reconhecendo a
disciplina como ferramenta essencial às relações interpessoais, aprendem
autonomia, exercitam a firmeza e conseguem, com mais dignidade, construir o
caráter (ANTUNES, 2005).
Dessa forma, o professor deve considerar no exercício de sua função o
aluno como sujeito de múltiplas relações, que por estar em processo de
formação, deve ser considerado em sua totalidade. Assim, deve assegurar ao
educando uma formação crítica, capaz de levá-lo a refletir sobre temáticas
cotidianas e interferir positivamente em seu meio e, sobretudo, em sua vida
para transformá-la.
É notório que as construções e desconstruções de saberes diversos de alunos
e professores devem se perpetuar ao longo desta etapa de ensino-aprendizagem e
que esse momento depende do querer e da importância que ambos dão a este
processo.
Percebe-se que durante o processo de ensino-aprendizagem muitas ações
comportamentais ocorrem a favor ou não, para o benefício intelectual dos alunos
e é nesse momento que as reclamações dos professores ganham maior repercussão,
pois as mesmas se referem à prática de sua função no dia a dia, sendo que as
mais constantes dizem respeito à indisciplina de seus alunos e por esse motivo
chegam muitas vezes a achar que seu trabalho está sendo inviabilizado pelo
mesmo motivo.
Essa questão não é nova nas salas de aula de nossas escolas, porém vem
ganhado dimensão pelos inúmeros problemas que vêm agregados aos atos
indisciplinares. Por esse mesmo motivo, muitos professores têm desencadeado
problemas emocionais como o estresse contínuo em sua função, tamanha sua
dificuldade de conviver, administrar, resolver e criar alternativas de
intervenção que possam ajudá-lo a contornar situações indisciplinares. Cabe
frisar que, na maioria das vezes, os professores optam por encaminhar os alunos
indisciplinados à coordenação pedagógica para que se possam ser aplicadas
punições ou algum tipo de medida repressiva pela atitude infligida pelos
mesmos. Existe também uma expectativa dos docentes quanto à atitude do
coordenador pedagógico sobre as praticas desse aluno, esperando mais rigor no
exercício de sua função, como se isso fosse a resolução do problema, não
sabendo que ações autoritárias e repressivas não ajudam esse aluno a refletir e
repensar seu comportamento, mas sim estreita sua condição de se perceber quanto
ser agente e determinante para formação de seu próprio caráter, acentuando
ainda mais o seu comportamento indesejado.
O coordenador pode
ser um dos agentes de mudança das práticas dos professores mediante as
articulações externas que realiza entre estes, num movimento de interações
permeadas por valores, convicções , atitudes; e por meio de suas articulações
internas, que sua ação desencadeia nos professores, ao mobilizar suas dimensões
políticas , humano-interacionais e técnicas, reveladas em sua prática (ALMEIDA.
2001).
Para isso, faz-se necessário que a autonomia para resolução desta
prática e destes conflitos no âmbito educacional sejam favoráveis e
determinantes para o encaminhamento das questões de indisciplina do que, ao
contrário, tornando os laços e as relações entre alunos e professores mais
estreitas e eficazes, fazendo o próprio aluno perceber que pode contar com o
professor como aliado e não como o algoz em seu processo de formação. Por isso,
falar da prática educativa no ambiente escolar pode parecer muitas vezes
simplório, levando em consideração a formação dos docentes e da equipe
pedagógica, porém vai muito mais além da pura capacitação de sua área
específica e sim a real condição e competência de conhecer e constatar os
fatores e aspectos que estão desencadeando problemas de indisciplina na escola.
Esses fatores podem ser desde o real entendimento e diferenciação do
conceito disciplinar ou indisciplinar que os docentes têm a respeito deste
assunto; a relação professor-aluno, que muitas vezes se perde em sua essência,
o próprio conhecimento destes professores sobre infância e adolescência e suas
fases de desenvolvimento; a importância da estrutura familiar, que possui
fatores específicos de cada vivência, as quais contribuem para as dificuldades
de aprendizagem e por fim os tipos de ações comportamentais, que são
específicas nos atos de indisciplina na escola.
Para tanto, é necessário que o professor evidencie a interação de
diferentes tipos de pessoas e que dentro da sala de aula esses indivíduos
discordam entre si, mudem de opinião, e possuam tempo próprio de aprendizagem.
É preciso levar o professor a entender que se faz necessário se equipar de um
ensino individualizado dentro da sala de aula.
No decorrer da docência, o professor precisa também entender o ensino
como um desafio que ele precisa superar. Sua prática educacional molda-se
dentro do que exige a educação. A atividade docente deve ser pensada e
analisada para que o professor auxilie na transformação da instituição e de
suas tradições.
A busca pelo aperfeiçoamento da prática educativa é essencial para a
conquista do aprimoramento do docente. Para isto, o professor, na procura de
sua realização profissional, precisa utilizar-se da pesquisa, e assim fazer as
mudanças necessárias à prática educacional. Avaliando-se, ele beneficiará a si
e aos alunos e proporcionará mais qualidade à sua didática, estreitando o
espaço entre os atos indisciplinares.
Para elucidar este subcapítulo, aponta-se a seguir índices que
contribuem para a indisciplina no cotidiano escolar e que foram percebidos na
prática profissional da autora, onde os mesmos proporcionam situações divergentes
no processo de ensino-aprendizagem no âmbito educacional, onde para a aquisição
destes dados, foi proposto um formulário indagativo para coleta de informações
pertinentes aos problemas que vêm afligindo as relações em sala de aula.
O formulário indagativo teve por objetivo levar os alunos a uma reflexão
crítica pessoal, oportunizando aos mesmos um alto avaliação no que diz respeito
ao seu comportamento na sala de aula e esse processo foi realizado com os
alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, composto por perguntas
abertas e fechadas, obtendo-se a participação de 178 alunos.
Gráfico nº 02-
Casos mais comuns de Indisciplina em sala de aula.
Dado a relevância dos dados, percebe-se que esses fatores são os mais
diagnosticados em sala de aula e que os mesmos promovem as ações
comportamentais inoportunas no cotidiano escolar, resultando em muitos
desacertos entre alunos e professores. Esses desacertos causam ao aluno percas
talvez irreparáveis, no que diz respeito ao seu desenvolvimento intelectual, e
ao professor provoca uma perca do domínio em suas aulas e no favorecimento de
sua missão, promovendo, na maioria das vezes, a retirada deste aluno da sala de
aula, comprometendo ainda mais esse processo de ensino-aprendizagem.
2.2 O Ambiente
Familiar e sua Influência Educativa
Sabemos que as famílias de hoje, não são mais como as de antigamente.
Costumes e tradições, bem como alguns valores se perderam com o tempo e nos
dias atuais a família, devido a suas novas ocupações, tem se tornado distante
de seu compromisso com a escola e com o processo educativo de seus filhos.
A colaboração da família no processo educativo de seu(s) filho(s) é de
fundamental importância, sendo esta o alicerce para formação de caráter dos
mesmos. Sabe-se que antes da entrada do indivíduo na escola, a família é
a principal mediadora para o sucesso escolar desta criança, que por sua
vez pode ampliar o seu potencial, facilitando o trabalho mútuo do professor,
pois, além de funcionar como agente socializador, ainda é a primeira a passar
conteúdos nos quais se desenvolvem padrões de socialização e experiências de
vida primária, que vão refletir na vida escolar.
O vínculo entre família e escola tem sido um assunto muito abordado na
atualidade, pois, levando-se em consideração que cada uma tem sua importância e
seu papel, esse entrosamento tem se tornado obsoleto e muitas vezes ineficiente
no sentido de construção de uma educação de qualidade, onde a atuação de ambas
as partes tem se promovido de maneira indiferente, já que a escola precisa da
parceria da família para desenvolver um trabalho produtivo e edificador em sua
perspectiva e a família precisa dar suporte à escola para emancipação de uma
educação pertinente e eficaz. A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDB) em
sua lei 9394/96 do seu Art. 2º, diz:
A educação, dever
da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Com a rotina diária e agitação da vida familiar, esse processo se
quebra, levando a família a esquecer que tem seus deveres, atribuindo à escola
a responsabilidade de educar, ensinar e formar a criança. O ambiente familiar
também é um grande influenciador para formação de caráter e de atuação no
desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança, já que sendo a importância
da ação familiar na tarefa educativa reconhecida pela escola, impõe-se uma
íntima colaboração, que deverá significar a ajuda mútua na consecução do ideal
educativo que cada vez se torna mais difícil.
Diante disso, também é válido ressaltar que nunca na escola se discutiu
tanto quanto hoje assuntos como a falta de limites, o desrespeito na sala de
aula e a desmotivação dos alunos. Nunca se observou tantos professores
cansados, estressados e, muitas vezes, doentes física e mentalmente.
Nunca os sentimentos de impotência e frustração estiveram tão
marcadamente presentes na vida escolar. Para ESTEVE(1999, p.13), toda essa
situação tem relação com uma acelerada mudança no contexto social. Segundo ele:
Nosso sistema
educacional, rapidamente massificado nas últimas décadas, ainda não dispõe de
uma capacidade de reação para atender às novas demandas sociais. Quando
consegue atender a uma exigência reivindicada imperativamente pela sociedade, o
faz com tanta lentidão que, então, as demandas sociais já são outras.
Considerando todos esses fatores, percebe-se que esses são ocasionados
por meio da indisciplina que tem se perpetuado no cotidiano escolar e que esses
conflitos acabam agravando-se quando a escola tenta intervir. Ocorre que muitos
pais, por todos os problemas já citados, delegam responsabilidades à escola,
mas não aceitam com tranquilidade quando essa mesma escola exerce o papel que
deveria ser deles. Em outras palavras
[...] os pais que
não têm condições emocionais de suportar a sua parcela de responsabilidade, ou
culpa, pelo mau rendimento escolar, ou algum transtorno de conduta do filho,
farão de tudo, para encontrar argumentos e pinçar fatos, a fim de imputar aos
professores que reprovaram o aluno, ou à escola como um todo, a total
responsabilidade pelo fracasso do filho (ZIMERMAN apud BOSSOLS, 2003:
14).
Portanto, cabe à família se conscientizar do seu papel formador e
indispensável na vida de seus filhos e compreender que a escola não pode ser a
única responsável pela formação deste indivíduo, embora caiba à escola orientar
tanto o aluno quanto à sua família, tornando a comunicação entre professores,
alunos e família um momento mediado e, sobretudo, estreito, para que possam
existir parcerias e para que nenhum dos lados se sinta sobrecarregado no
processo formativo deste indivíduo. A esse respeito, é importante deixar claro
também que a maioria dos fatores de influência sobre a aprendizagem da criança
ou do adolescente são provenientes do ambiente familiar e que os fenômenos
basicamente multidimensionais, ou seja, que tem múltiplas dimensões e que
concerne a níveis ou campos variados de influência também não podem ser
entendidos como únicos e exclusivos para a ação negativa do desempenho dos
alunos.
Em função da família e de como o ambiente familiar pode causar
influências positivas quanto negativas na formação de caráter da criança ou do
adolescente, é que a autora em sua prática pedagógica e no seu campo de atuação
pôde perceber que os fatores que provavelmente ocasionam todos os aspectos
negativos neste ambiente parte inicialmente pela falta dos pais sofrida pelos
filhos, pois nos dias atuais essa lacuna é notória nas famílias brasileiras,
mas nem por isso a educação deve ser posta de lado.
Percebe-se também que o que tem atrapalhado bastante os filhos/alunos no
âmbito educacional formal e contribuído para a indisciplina é a tentativa de os
pais compensarem sua ausência através de preocupações exageradas para atender
aos desejo mais inadequados, compensando sua ausência de maneira errada. É bem
verdade que tais compensações distorcem a educação e sendo assim, o
comportamento inadequado se acentua com maior evidência, fazendo os pais muitas
das vezes aceitar dos filhos o que jamais aceitariam de qualquer outra pessoa,
perdendo deste modo a autoridade educativa sobre estes, o que gera a
indisciplina em casa, na rua e na escola, prejudicando sua formação.
É oportuno frisar, que esta criança ou adolescente no ambiente escolar
será propenso a desencadear ações comportamentais de caráter indisciplinar,
pois não está acostumado a seguir regras, ouvir nãos ou ter limites e isto
torna o ambiente escolar propício a ser um lugar chato, passando a escola a
lugar de algoz no desenvolvimento educativo e formativo deste aluno, se
tornando um lugar “adequado” (na visão do aluno) para burlar regras, regidos
pelo saciar de seus desejos, passando a serem tão indisciplinados quanto forem
suas vontades. Segundo Içami Tiba(2008, p. 35) “Os filhos deveriam, desde já,
praticar em casa o que terão que fazer na sociedade. Esta é a verdadeira
educação, tendo como uma das suas bases a disciplina”. Fica claro então que, os
pais são os principais agentes na formação de seus filhos, influenciando e
muito a vida dos mesmos, tornando-se a escola uma colaboradora neste processo
formativo.
3. O Papel do
Coordenador Pedagógico
A sociedade vem passando por diversas transformações que vão desde seu
caráter formativo aos de ordem econômica, política, social e ideológica. A
escola, por sua vez, sofre com essas transformações e é dever desta se adequar
e se desenvolver em quanto instituição de ensino; incluir práticas pedagógicas
que possam se integrar dentro desse novo contexto social a fim de conseguir
enfrentar os desafios que comprometem a sua ação frente às exigências que
surgem.
Em razão disso, os profissionais que nela trabalham, precisam entender que
seus alunos necessitam ter uma formação mais direcionada, e cabe a estes
profissionais promover o desenvolvimento das habilidades e competências desses
sujeitos. Para tanto, faz-se necessária a presença de um coordenador
pedagógico, o qual precisa estar consciente de seu papel, da importância de sua
formação continuada e de todos que fazem parte do ambiente escolar. A função da
coordenação pedagógica é o suporte que gerencia, coordena e supervisiona todas
as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando
sempre a permanência do aluno com sucesso.
Em consequência disso, a missão do Coordenador pedagógico é dar um
sentido positivo, consciente e preciso à ação da escola, para que esta cumpra
realmente suas finalidades, promovendo com sentido seus esforços e empenhos
pedagógicos, no intuito de instigar, ampliar e desenvolver aspectos
qualitativos e quantitativos em seus sujeitos. Segundo (VIEIRA, 2003)
Para o coordenador
pedagógico, o principal objetivo de sua função é garantir um processo de
ensino-aprendizagem saudável e bem-sucedido para os alunos do curso em que
atua. Para tanto, ele desempenha várias tarefas no seu cotidiano: tarefas
burocráticas, atendimento a alunos e pais, cuidado e planejamento de todo o
processo educativo do curso... emergências e imprevistos e, principalmente, a
formação em serviço dos professores com os quais trabalha (p.83).
Como colocou Vieira, a ação do coordenador pedagógico nos faz
compreender que sua responsabilidade é ampla e que a variedade de pessoas com
que esse profissional lida diariamente em sua prática é diversificada, pois há
uma gama de personalidades e interesses
diversificados. Esse profissional deverá atender e
superar qualquer obstáculo, para mediar situações as quais é de cunho pedagógico
e que o mesmo precisa resolver.
Todavia, é importante ressaltar que apesar das responsabilidades que são
atribuídas ao coordenador pedagógico, este ainda sim, não é o único mediador
responsável pelo sucesso escolar e formador do aluno, é preciso que o corpo
docente, família, diretor, alunos e comunidade, estejam engajados em um
objetivo em comum, para que o sucesso se dê simultaneamente. Para Orsolon
(2000) O coordenador é apenas um dos atores que compõem o coletivo da escola.
Para coordenar, direcionando suas ações para a transformação, precisa estar
consciente de que seu trabalho não se dá isoladamente.
Então, é nesse contexto de coletividade que se dá a construção de um
projeto transformador. Cada um com sua dedicação e contribuição para atingir o
que se deseja na instituição, necessitando que estejam ali com uma única
intenção: buscar sempre o melhor para a formação educacional dos seus alunos
através de suas contribuições dentro da escola.
3.1 Intervenção
Pedagógica
Gerir a escola do século XXI não é uma tarefa para qualquer gestor. Nos
dias atuais se rediscutem em meio ao contexto educacional o espaço formal, o
tempo, a didática, o sujeito e os conteúdos de aprendizagem, portanto a figura
do coordenador pedagógico se destaca como articuladora e representante dessa
nova forma de pensar a educação. Diante da realidade e da prática docente da
autora, é relevante compartilhar neste capítulo alguns pontos que foram
observados em sua experiência profissional.
A intervenção pedagógica no contexto escolar se faz necessária e atuante
no âmbito educativo, por neste existir conflitos nas relações professor-aluno,
aluno- aluno, família-professor, onde a mediação destes problemas se faz
urgente. As cobranças dos docentes para com a escola são constantes, porém,
essas cobranças não são de premissa básica sobre a aprendizagem e nem sobre os
fatores negativos de cognição, mas sim, de caráter comportamental, sendo as
implicações que permeiam a indisciplina em sala de aula de caráter atitudinais
dos sujeitos, onde a resposta esperada pelo professor é que uma medida punitiva
seja aplicada ao aluno.
O fato é, que realmente por algumas vezes atitudes mais incisivas
precisam ser tomadas com relação ao tipo de ação comportamental indisciplinar
que o aluno venha apresentar em sala de aula, entretanto, é importante e
necessário que o coordenador investigue as razões que causaram determinadas
atitudes e que este possa confrontar de maneira sábia os conflitos e razões que
estejam interferindo no processo de ensino-aprendizagem, bem como, o
envolvimento e compreensão da relação do professor-aluno, no intuito de
desconstruir ideias impertinentes a este processo e possibilitar uma nova visão
do problema, para garantir assim, um efeito positivo neste processo de nova
construção de valores e autoconhecimento, tanto para a visão reflexiva do
aluno, quanto para a do professor.
Por esses motivos divergentes que assolam o cotidiano escolar, é que se
faz importante a intervenção do coordenador pedagógico, não só para mediar as
situações de conflito, mas para investigar as razões que traduzem os
comportamentos indisciplinares, entendendo de onde se originam, bem como essas
ações comportamentais influenciam na aprendizagem do aluno. Se o educando
apresenta dificuldades em seu processo de aprendizagem, cabe também a esse
gestor identificar as causas que tornam esse processo ineficiente, devendo
este, promover ações que possam apontar caminhos e alternativas para o sucesso
cognitivo e intelectual deste aluno.
De forma geral, um dos grandes desafios na função do coordenador
pedagógico é sua incessante articulação entre a teoria e a prática, na qual o
saber e o fazer reflexivo precisam estar contextualizados, uma vez que a
transformação da realidade educacional decorre do confronto entre teoria e
prática.
4. Disciplina X
Indisciplina
A questão da Disciplina e da Indisciplina na sala de aula tem sido um
assunto preocupante para gestores, professores, em fim, para toda a educação
brasileira.
Uma aflição frequente na educação brasileira e, portanto, uma angústia
comum a todos os professores é conceituar indisciplina, perguntando-se o que é
Indisciplina? Essa pergunta é preocupante, porque uma pesquisa recente
realizada nas Ilhas Britânicas enfatizava que para a maioria dos professores
entrevistados a Indisciplina é a conversa, e portanto a conversa do aluno em
sala de aula, passava a ser sinônimo de Indisciplina e por via oposta o
silêncio acabava por caracterizar a ideia de classe disciplinada. Ora, esta
ideia que parece também ser pertinente a muitos professores no Brasil é
extremamente preocupante, porque em primeiro lugar, é conversando que se
aprende e em segundo lugar, por que a conversa é uma das mais extraordinárias
manifestações da inteligência humana. A melhor ideia que se possa fazer de Indisciplina
é acreditar que a mesma exista quando a ação do aluno impede a escola de
realizar os objetivos cruciais da sua existência, tornando assim a missão da
escola ineficiente e improdutiva.
Pensar em indisciplina ou em disciplina nos remete a pensar em comportamento
ou em ações comportamentais que caracterizam um ato disciplinar ou
indisciplinar. Dentro de uma visão de desenvolvimento moral, podemos entender
que essa problemática de caráter externo, na verdade para transparecerem,
precisam de relações interindividuais favoráveis para desenvolver a disciplina
ou a indisciplina que está interna na criança ou no adolescente. De acordo com
a visão Piagetiana, para que ambas ocorram, é preciso que exista a interação do
indivíduo com o ambiente para que possa ser construída e evoluída de dentro do
próprio sujeito, necessitando assim da influencia de outros seres agentes. Vale
lembrar que o entendimento deste conceito está ligado com as fases do
desenvolvimento moral da criança (desenvolvimento de anomia, heteronomia e
autonomia). De acordo com PIAGET (1999,p. 3), “para que as realidades morais se
constituam é necessário uma disciplina normativa, e para que essa disciplina se
constitua é necessário que os indivíduos estabeleçam relações uns com os
outros”.
Diante desta afirmação, deve-se entender que mais do que investigar os
motivos da indisciplina, deve-se averiguar as relações afetivas, emocionais e
psicológicas, para daí estabelecer limites que possam ser assegurados a partir
da intervenção de todos que rodeiam esse aluno e que possam ser entendidos
pelos mesmos, pois, disciplina não se impõe, se conquista, não com
autoritarismo, mas com autoridade. De La Taille afirma que,
Se os adultos não
desempenham essa função de autoridade, para Freud, não inspirarão medo, para
Durkheim, não desenvolverão, na criança, o espírito de disciplina e, para
Piaget, não desencadearão nela o surgimento do sentimento do respeito moral
(1998, p. 92).
Fica evidenciado que a reflexão crítica pessoal é o que gera a
consciência de valores morais éticos, que conduzem o sujeito aos bons modos e
que os mesmos não serão influenciados por nenhum ambiente, se estes tiverem a
compromisso consigo. A possibilidade do professor fazer com que os alunos
formem o seu caráter através do treino mental, exigindo que o aluno vença a si
mesmo com consciência, exige que do mediador exponha o conjunto de leis, normas
e padrões de comportamentos que visam ser deferidos, formando um conjunto de
valores atribuídos para quem se adequa ou escapa aos padrões estabelecidos,
tornando os problemas que ocorrem na sala de aula não mais os que perturbam o
andamento da sala ou da aula, mas sim, os que não mais se caracterizam como ações
indisciplinares.
Essa reflexão, nos leva a possuir saberes pertinentes a este respeito,
entendendo ainda que o processo de aprendizagem se caracteriza como eficiente
quando a indisciplina está fora do caminho do conhecimento cultural e cognitivo
do aluno, sendo a disciplina uma condição necessária para a produção da
aprendizagem.
4.1 A Relação
Professor – Aluno
A relação professor-aluno é fundamental em todos os níveis e modalidades
de ensino. Através dela o aluno pode ser motivado a construir seu conhecimento.
A relação educador-educando não deve ser uma relação de imposição, mas sim uma
relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser
considerado como um sujeito interativo e ativo no seu processo de construção de
conhecimento. Assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, como um
indivíduo mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar também o
que o aluno já sabe, isto é, sua bagagem cultural e intelectual, para a
construção da aprendizagem. Além disso, essa estratégia define um ponto de
partida para o ensino e para a sequência de atividades. Como afirma o psicólogo
da aprendizagem David Ausubel (2003) que diz que o fator mais importante que
influencia o aprendizado é o que o aprendiz já sabe.
Em vista de este parecer, o professor e os gestores formam um conjunto
de mediadores da cultura que possibilita progressos no desenvolvimento do
indivíduo. Nessa perspectiva, não cabe analisar somente a relação
professor-aluno, mas também a relação aluno-aluno. Para Vygotsky(2001), a
construção do conhecimento se dará coletivamente, portanto, sem ignorar a ação
intrapsíquica do sujeito.
Uma das mais frequentes incompatibilidades nas relações entre o educando
e o educador são os comportamentos de conduta, apresentados em sala de aula,
pois estes geram muitas vezes a retirada do aluno da sala pelo professor e esta
atitude provoca desconforto entre ambos, porém cada um com suas razões. O aluno
se sente acuado ou envergonhado por ter que se retirar da presença dos colegas
e do professor sem poder se explicar, e o professor que na sua falta de
paciência, não se dá a oportunidade de ouvir as explicações deste aluno. Todo
esse desconforto gera uma distância nas relações, causando uma visão negativa e
uma formação de opinião errada entre ambos.
Para que a indisciplina não brote quase por geração espontânea, é útil
que o professor tenha bem presente a importância dos aspectos relacionais com
os seus alunos.
Pela sua conduta, o
professor deve ser um exemplo, para que possa exercer, sem autoritarismo, a sua
função educativa. Deve proporcionar, na sala de aula, um clima de participação
e de respeito, sem esquecer que o aluno é um indivíduo com direito a ter
dúvidas, a ter dificuldades, a ter opiniões, a colaborar e a ser criança
(PIRES, 2002, p. 71).
Se o professor valorizar apenas a sua função de instrutor, é mais
provável que os conflitos disciplinares apareçam. Para evitar tal situação, a
ação da escola deverá centrar-se na prevenção da indisciplina e não na forma de
controlá-la.
5. Histórico
Comportamental
Na pequena unidade social que é a sala de aula, educando e educador
encontram-se ligados por uma relação particular e extremamente complexa. Entre
ambos se estabelece um panorama comportamental, onde se espera determinados
comportamentos. Falar de comportamento é falar da leitura que cada pessoa faz
de determinada situação, de aspectos comportamentais individuais, muitos deles
ligados à aprendizagem, efetuada ou não e das normas e regras de convivência em
sociedade.
A tarefa de avaliar e julgar os comportamentos dos alunos é extremamente
complexa, pois classificar e determinar comportamento e defini-lo como
indisciplinado é ofício delicado, verificando-se muitas vezes atuações e
leituras diversas dos professores, em relação ao mesmo ato. Sob a visão da
autora deste artigo, é inadequado associar esses fenômenos de indisciplina a
comportamentos que fogem aos parâmetros do “normal”, e são classificados como
indisciplinados.
As ações comportamentais tratadas a seguir bem como sua relevância para
o assunto abordado têm seus conceitos baseados no estudo dos teóricos outrora
já citados que abordam estudos comportamentais e aspectos de distúrbios de
aprendizagem.
Estes termos vem acrescentar o entendimento sobre os tipos de ações comportamentais
que existem no espaço escolar, como: comportamento de Entusiasmo, comportamento
de implicação, comportamento de inconsistência, comportamento de passividade,
comportamento desviante, comportamento disruptivo e comportamento perturbador.
Acredita-se que a tomada de entendimento sobre estes procedimentos
comportamentais em sua ampla aplicabilidade de conhecimento são favoráveis para
a condução de problemas indisciplinares na escola, caso estes forem conhecidos
e entendidos de maneira madura por todos que compõem a escola.
5.1 Tipos De Ações
Comportamentais
Vejamos em seguida os tipos de ações comportamentais que podem ser
detectadas através de atitudes específicas que traduzem a forma e a qualidade
do ato indisciplinar.
5.1.1 Comportamento
de Entusiasmo:
É aquele em que o aluno possui um conjunto de ações comportamentais que
conduzem uma demonstração de prazer em organizar e realizar as atividades em
sala de aula durante o processo de ensino-aprendizagem.
5.1.2 Comportamento
de Implicação:
Caracteriza-se pelo estado em que o aluno se encontra em um determinado
processo, podendo ser positivo ou não, proporcionando uma espécie de
conformidade durante o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, obtendo um
comportamento que não atrapalha o andamento da aula e garante aos colegas e
professores o bom andamento do processo educativo.
5.1.3 Comportamento
de Inconsistência:
Apresenta instabilidade em sua ação comportamental, desencadeando
incoerências atitudinais e inconstantes, onde as interrupções ou suspensões
durante as atividades escolares são contínuas, interrompendo o processo de
ensino- aprendizagem.
5.1.4 Comportamento
de Passividade:
O aluno não se mostra atuante, nem reage as ações que sofre ou recebe do
processo de ensino-aprendizagem, não incomoda a dinâmica da aula, porém
necessita da advertência constante do professor para se atentar ao processo
educativo, demonstrando uma continuidade comportamental apática.
5.1.5 Comportamento
Desviança:
É detectado por meio de demonstrações atitudinais que desencadeiam um
alto desconforto aos que compartilham do mesmo espaço que o indivíduo,
apresentando ações que parecem aos outros inapropriadas e que tem caráter
contrário as regras que vigoram no momento.
5.1.6 Comportamento
Disruptível:
Esse comportamento transgride as normas escolares, prejudicando a
aprendizagem e seu relacionamento com os outros, rompendo o caráter qualitativo
do desenvolvimento intelectual, fazendo parte dessas ações típicas desse tipo
de comportamento o vandalismo, faltar às aulas, desobediência, irritação,
ameaças ou violência física, uso de linguagem imprópria, tagarelice, algazarra,
alcoolismo/drogas, desinteresse entre outros.
5.1.7 Comportamento
Perturbador:
Especifica-se pelo estado em que o indivíduo se encontra em determinado
momento, estabelecendo ações comportamentais de caráter destrutivo, onde
sorrateiramente essas ações abalam o desenvolvimento tanto formativo quanto
intelectual, porém este tipo de comportamento será propício a ocorrer
dependendo do contexto em que se apresentou a aula ou o tipo de aula, o aluno e
o professor, influenciando sua aparição.
Portanto, embasada em informações fundamentadas e ainda sob a luz da
pesquisa de campo baseada na vivência e da prática profissional da autora na
instituição Colégio Caminho do Saber, foi possível colher dados que mostram
como esses tipos de ações comportamentais influenciam no processo educativo e
formativo do discente, caracterizando a indisciplina no âmbito educacional
formal. Pode-se averiguar o resultado desta pesquisa no quadro abaixo, o qual
mostra sob a visão do docente, a frequência e a presença de cada comportamento
apresentado em sala de aula. Para coleta desses dados foi aplicado um
formulário indagativo a 30 professores da instituição de ensino, no qual se
especulava o tipo de comportamento que mais se apresenta na sala de aula destes
professores.
Gráfico nº 03-
Ações comportamentais presentes na escola sob a visão da prática Docente.
Como foi demonstrado no gráfico nº 03, “ Ações comportamentais presentes
na escola sob a visão da prática Docente”, os dados nos levam a percepção de
que o comportamento típico de indisciplina mais comum em sala de aula é o
comportamento Perturbador, pois este, como já descrito, pode apresentar-se de
acordo com o contexto em que se apresentou a aula ou o tipo de aula, o aluno e
o professor, influenciando sua aparição. Esse dado serve de norte para que se
repense as práticas pedagógicas e docentes que estão sendo aplicadas na escola
e na sala de aula de cada professor, a fim de promover uma reflexão acerca
deste agente problematizador que é a indisciplina.
É lícito destacar que falar de indisciplina e detectar atos
indisciplinares é realmente muito simples, pois apenas é preciso que o docente
se incomode com determinada atitude de conduta que creia ser inapropriada ou
que o aluno se negue, rompendo ou burlando normas e regras as quais o educador
acredita estarem claras, para, enfim, se denominar como indisciplina. Mas
averiguar e entender os reais motivos que causaram estes atos inapropriados é muito
mais complexo e difícil quando não existem informações pertinentes para
detectar esses atos.
Gráfico nº 04-
Ações comportamentais presentes na escola sob a visão da atuação dos Discentes.
Detectar atos indisciplinares por meio da prática docente é fácil, pois
o educador está envolvido com os alunos todo no tempo do processo de
ensino-aprendizagem e por esta razão consegue detectar com facilidade as
atitudes de indisciplina, porém para se obter uma visão de ambos segmentos, um
formulário indagativo também foi proposto para os alunos da escola para coleta
desses dados no que diz respeito as atitudes comportamentais dos mesmos.
Para tanto, antes da aplicação desta pesquisa com os alunos, foi pensado
em uma ação de intervenção pedagógica pela coordenação da escola, para tratar
do assunto de indisciplina por meio de uma roda de discursão aberta e mediada
pelo coordenador, que trouxe de maneira lúdica o significado da disciplina e da
indisciplina, mostrando e comparando ambos e levando o alunado a uma
experiência dinâmica da aprendizagem sobre o assunto de maneira crítico
reflexiva, dando sentido ao processo final, que foi a coleta de dados.
6. Fatores que
Geram a Dificuldade da Aprendizagem
De uma perspectiva ampla e abrangente, a respeito da indisciplina, é
pertinente pontuar que a indisciplina influencia e muito para as dificuldades
de aprendizagens que predominam no espaço educacional, onde a adversidade pode
sim, partir do empenho que o ambiente escolar pode causar. É claro que a
família e seu meio, acarretam para o aluno uma série de fatores que moldam e
causam ações típicas de indisciplina, como já vimos no capítulo 2 deste
estudo.
Porém, é importante deixar claro que depois que o aluno está dentro da
escola, ele é responsabilidade desta. Essa precisa então estar comprometida com
a educação do cidadão, além de se preocupar com os resultados que obterá de
seus alunados e se o tipo de aprendizagem que está oferecendo está qualificando
e desenvolvendo habilidades e competências dos sujeitos que estão no
processo.
Nota-se que os fatores que cooperam para as dificuldades de
aprendizagem, partem dos atos indisciplinares como a inquietude dos alunos; a
não cooperação com o professor nas aulas; a distração impertinente; as trocas
de mensagens e de bilhetinhos em meio a aula; o comportamento violento; a
constante ausência da sala para ir ao banheiro ou beber água; as incessantes
interrupções das aulas com atitudes agressivas como verbais e físicas; a não
aceitação de se trabalhar em grupo; o profundo desinteresse nas aulas; a
verbalização inadequada e alta; a gozação aos colegas e professores; os
questionamentos impertinentes e inadequados durante a aula e o não acatamento
as ordens dos professores.
Além da influencia da família em seu processo de aprendizagem, do
ambiente social externo a escola, das relações professor e aluno e da
convivência na própria escola, esses são mais alguns fatores que contribuem
para a dificuldade da aprendizagem no contexto escolar e que precisa ser
pensado como um problema que necessita de uma atenção pedagógica eficiente e
oportuna, para que a relevância de suas ações educativas possam produzir
efeitos positivos na construção de uma escola melhor para todos que fazem parte
do processo de ensino-aprendizagem da criança, adolescente ou do adulto.
6.1 A Disciplina
como Fator Primordial para uma Aprendizagem Plena
Percebe-se então que este é um tema complexo, pois a disciplina pode
variar de acordo com as condições específicas em que ela se encontra. Somente
somos levados a entender que a disciplina é um ato complementar, isto é,
depende das características do disciplinador e do disciplinando, para que a
mesma seja traduzida em boas condutas, porém, diferentes professores podem
conseguir diferentes resultados com uma mesma classe, para isso, é preciso
repensar práticas e pensamentos antagônicos, para que o assunto seja fluente e
compreendido pelo espaço educativo formal, que também deve se responsabilizar
pelas ações indisciplinares e de valores éticos sociais perdidos e trazidos
pelo/do ambiente externo, para a escola.
A disciplina contribui para a facilitação do processo educativo de seus
sujeitos, pois com ela as regras de convivência se tornam mais aplicadas e as
ações contraditórias sessam, proporcionando assim, um momento mais favorável
para obtenção do saber. Para tanto faz-se preciso que não apenas os alunos, mas
também os professores se conscientizem de que a disciplina não é uma norma de
conduta apenas para um ou para outro, mas para todos que fazem parte do
processo de ensinar e de aprender, tendo o educador que ser o primeiro a dar o
exemplo, para tornar suas exigências relevantes e persuasivas.
Através da pesquisa realizada, pôde-se notar que por parte dos docentes
é mais eficaz desenvolver suas aulas quando este usa sua voz normal e natural,
pois se o professor quer que seus alunos falem em um volume normal e agradável
é importante que ele seja o principal exemplo. Falar apenas quando houver
silêncio na sala de aula também é outro ponto que contribui para a disciplina e
para ajudar na aprendizagem, aguardando que cada aluno reconheça a presença
deste professor, sem a necessidade de qualquer apresentação ou manifestação,
contribuindo assim para a construção do respeito mútuo. Usar a comunicação não
verbal é um ótimo passo para aprendizagem significativa, levando-se em conta
que chamar a atenção deste aluno para o que está sendo falado é muito bom, além
de pontuar problemas de forma rápida e sábia.
7. Considerações
Finais
Fazer o balanço do caminho que se percorreu ao longo desse estudo é,
antes de tudo, ter consciência que muito ficou por dizer, porém, ao finalizar
esta pequena etapa pela temática da indisciplina na escola, pôde-se constatar
que atualmente os vários agentes educativos, especialmente a escola, parece
viver tempos difíceis. Não porque não seja capaz de continuar a manter, na sua
grande maioria, a qualidade dos seus profissionais, mas porque essencialmente
tem tomado consciência dos múltiplos planos, em relação aos quais se adivinham
grandes transformações, com consequências para as interações no seio da
comunidade educativa, em virtude dos novos patamares de socialização escolar.
Ficou evidenciado que as grandes transformações sociais e familiares
provocadas pelo processo de democratização no acesso à educação fizeram chegar
à escola novos públicos com expectativas bastante diferentes e com uma
realidade comportamental bem diversificada. A escola se vê, nos dias atuais,
com dificuldades diversas em tratar por igual o que por natureza é desigual e
individual. A família, por sua vez, evidencia dificuldades em acompanhar o
desenvolvimento escolar de seus filhos, distanciando-se da escola.
Esta situação, acompanhada pela diversidade sociocultural, originou
problemas de integração e de motivação escolar que se revestem de fenômenos de
indisciplina, colocando um sério entrave ao desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem e afetando o equilíbrio emocional de todos os membros da
comunidade educativa.
Em todo o processo educativo formal no âmbito escolar é imprescindível
que exista a presença do coordenador pedagógico, para que a mediação rumo à
resolução de conflitos comportamentais e de dificuldades de aprendizagem possam
ser ministradas, averiguadas e resolvidas por meio de sua mediação, sendo a
autoridade uma função vital na questão disciplinar por meio deste profissional.
É importante ainda entender que quando existe uma interação entre os indivíduos
na sala de aula e estes podem construir um conceito de disciplina que não seja
imposto por leis arbitrárias, mas construído por meio da negociação de regras
claras e justas, pode-se obter de maneira satisfatória uma boa expectativa em
relação ao cumprimento das normas e metas que se deseja alcançar, levando os
educandos a desenvolverem autonomia e percepção crítica da realidade, já que uma
participação ativa na sociedade pressupõe uma conscientização dos
educandos quanto aos seus deveres nesta comunidade.
Por estas razões, pode-se admitir que o decurso da vida escolar
implicará a participação em processos, face aos quais, conceitos como os de
reinvenção, capacidade decisória, negociação, aprendizagem, diálogo,
democratização e talvez muitos outros, começam a preencher-se, convertendo a
sua dimensão puramente intelectual em realidade vivida e assumida, tornando-se
uma espécie de categorias determinantes do modo de ser e estar na escola de
hoje.
Dada a importância desta temática, é lícito compor nessas considerações
finais o desconforto que as atitudes comportamentais vem causando na
instituição diagnosticada e de como as regras e papeis, bem como as relações
entre família, corpo docente e discente se mostram heterogêneas e apontados
como os principais fatores daquilo que pode ser referenciado com importância
para o aparecimento de indisciplina e estão intrinsecamente ligados à
escola e ao professor, em particular.
Assim, com este estudo valida-se a coleta de dados de caráter
investigativo, uma vez que o mesmo teve o intuito de entender quais os fatores
que levam a indisciplina no contexto escolar, resultando na importância da
função do coordenador pedagógico para mediação das situações de conflitos
gerados pelos tipos de ações comportamentais neste estudo exploradas.
Recomenda-se que em estudos posteriores se aborde e aprofunde a
problemática aqui aproximada, recorrendo a novas metodologias que
complementarão as utilizadas aqui. Dada a complexidade deste fenômenos, que
envolve fatores políticos, sociais, familiares e educativos, haverá ainda um
longo caminho a percorrer no sentido de se tentar perceber um pouco melhor este
problema.
Na perspectiva de contribuição qualitativa e com a investigação
realizada neste estudo, espera-se ter respondido à questão de partida que
problematizou todo este estudo, contribuindo de uma forma positiva e
exploratória para o aprofundamento de conhecimentos neste campo das Ciências
Sociais.
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