Psicologa Organizacional

31 de janeiro de 2015

HISTÓRIA DA LOUCURA






       Seja ela chamada de furor, mania, delírio, fúria, frenesi ou alienação, seja o insano designado por um termo popular (doido, pancada, degringolado, maluco, biruta, tantã), a loucura sempre foi considerada como o outro da razão. Extravagância, perda do juízo, perturbação do pensamento, divagação do espírito, domínio das paixões, tais são as imagens dessa doença que atinge os homens desde a noite dos tempos e cuja origem é buscada ora na magia (possessão demoníaca ou divina), ora no cérebro ou nos humores (medicina hipocrática), ora, ainda, nos movimentos da alma (psicologia). Foi com Descartes e a famosa primeira frase das Meditações que se concretizou, no século XVII, a idéia de que a loucura talvez fosse inerente ao próprio pensamento: “E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo são meus, a não ser que me compare àqueles insensatos cujo cérebro é tão perturbado e ofuscado pelos negros vapores da bile, que eles constantemente asseguram ser reis, quando são muito pobres, estar vestidos de ouro e púrpura, quando estão nus, ou imaginam ser cântaros ou ter um corpo de vidro? Mas, qual! Eles são loucos, e eu não seria menos extravagante se me pautasse por seus exemplos.”
       Há três maneiras de pensar o fenômeno da loucura desde que ela foi arrancada do universo da magia ou da religião: a primeira consiste em introduzi-la no quadro nosológico construído pelo saber psiquiátrico e considerá-la uma psicose (paranóia, esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva [transtorno bipolar do humor]); a segunda visa elaborar uma antropologia de suas diferentes manifestações de acordo com as culturas (etnopsiquiatria, etnopsicanálise, sociologia, psiquiatria transcultural); a terceira, finalmente, propõe abordar a questão pelo ângulo de uma escuta transferencial da fala, do desejo ou da vivência do louco (psiquiatria dinâmica, análise existencial, fenomenologia, psicanálise, antipsiquiatria).
       De fato, essas três maneiras de conceber a loucura sempre se cruzaram. É difícil, com efeito, conceber a verdade da loucura independentemente da razão que a pensa, mesmo que essa verdade ultrapasse a razão. E, se a psicanálise nasceu de um grande desejo de tratar e curar as doenças nervosas, ela sempre se implantou, ao mesmo tempo, no campo do tratamento da loucura, numa reação contra o niilismo terapêutico de uma psiquiatria mais preocupada em classificar entidades clínicas do que em escutar o sofrimento dos enfermos. Testemunho disso, se necessário, foi a experiência princeps de Eugen Bleuler, em Zurique.

II – A LOUCURA DA PRÉ-HISTÓRIA   Estudos de tribos primitivas permitiram que se observassem os primórdios de vários conceitos atualmente utilizados em Psiquiatria. Evidenciaram a influência modificadora da cultura sobre expressões sintomatológicas das psicopatologias. Assim, permitiram esclarecer as deficiências de certas explicações teóricas do comportamento humano que, embora se pretendessem universais, carregavam marcas dos padrões de uma determinada cultura e de um determinado período.
       O homem primitivo atribuía todas as doenças à ação de forças externas ao corpo humano, forças sobrenaturais como os maus espíritos, os bruxos, os demônios, os deuses. Essas explicações demonológicas eram particularmente usadas para explicar doenças que afetavam a conduta, ou seja, as doenças mentais. Talvez o sonho com o retorno dos mortos e as lembranças de ameaças, pedidos e afeições destes tenham encorajado a crença na influência do além. A observação de comportamentos insensatos, destituídos de sentido, impertinentes e destrutivos de indivíduos delirantes, bem como a apreensão causada por ataques convulsivos e o esforço para explicar o fenômeno podem ter fortalecido o conceito de possessão demoníaca como causa das mudanças peculiares ou assustadoras no comportamento percebidas por familiares.
       Acredita-se que nos tempos pré-históricos, as pessoas com distúrbios de comportamento eram atendidas em rituais tribais ou simplesmente abandonadas à própria sorte.

III – A LOUCURA NA ANTIGUIDADE
       A Antigüidade é o período que abrange o desenvolvimento das antigas civilizações orientais e clássicas (egípcia, mesopotâmica, hebraica, persa e principalmente greco-romana), terminando com a queda do Império Romano do Ocidente. Na Grécia e na Roma antigas, os loucos gozavam de certo grau de “extraterritorialidade”: não existiam procedimentos e espaços sociais destinados especificamente a eles. Os de famílias mais abastadas eram mantidos em suas residências, com a atenção de acompanhantes. Já os pobres circulavam livremente pelas ruas, tendo sua subsistência garantida pela caridade pública ou pela realização de trabalhos simples para particulares. A loucura era experimentada em “estado livre”, no convívio com toda a sociedade, que freqüentemente considerava as crises de agitação, manifestações de cunho sobrenatural, decorrentes de possessões demoníacas, e não resultantes de doenças mentais.
       A atenção aos loucos era diluída porque, por um lado, havia um pequeno número de indivíduos que hoje chamaríamos de doentes mentais e estes, como o restante da população, tinham uma baixa expectativa de vida; para outros, a loucura era conceituada com base nos aspectos exteriores, no comportamento diretamente observável do indivíduo __ principalmente quando este se traduzia em embaraço para a família ou para a comunidade. Isso não significa que sociedades da Antiguidade fossem benevolentes em relação aos loucos, pois há inúmeros relatos históricos de violências aplicadas na época, como flagelação, acorrentamento, prisão etc.
       O indivíduo louco ou insano era visto como um problema privado ou familiar, não como problema social. Por isso, o poder público só interferia quando a loucura envolvia assuntos ligados ao Direito, como invalidação ou anulação de casamentos por enlouquecimento de um dos cônjuges ou proteção patrimonial de insanos perdulários.

IV – A LOUCURA NA IDADE MÉDIA
       A Idade Média é um imenso intervalo de tempo entre a Antigüidade Clássica e a Idade Moderna ou modernidade. Alguns historiadores situam seu início entre o ataque dos bárbaros a Roma, após a morte de Teodósio (395 d.C.) e a tomada de Roma por Alarico (410 d.C.). Termina em torno de 1453, ano da tomada de Constantinopla pelos turcos.
        Nesse período, sob a influência do cristianismo, acreditava-se que o mundo era um todo organizado de acordo com os desígnios de Deus. Por isso, tudo e todos obedeciam à ordem divina. Os insanos, assim como os retardados e os miseráveis, eram considerados parte da sociedade e o principal alvo da caridade dos mais abastados, que assim procuravam expiar seus pecados.
Os doentes mentais eram chamados de insanos, “lunáticos” (do latim luna = Lua, pois acreditava-se que a mente das pessoas era influenciada pelas fases da lua) ou “pecadores” (do latim peccatu = pecado, indicando a transgressão de qualquer preceito religioso  ou a existência de certos defeitos ou vícios nos indivíduos).
A doença mental era decorrente de uma relação defeituosa entre o homem e a divindade, um castigo por faltas morais e pecados cometidos, ou provocada pela penetração de um espírito maligno no organismo do indivíduo ou, ainda, pela evasão da alma do corpo da pessoa.
Ainda assim, os loucos desfrutavam de relativa liberdade de ir e vir: suas famílias confiavam na caridade alheia para garantir a sobrevivência de seus filhos e aceitavam seus impulsos e características peculiares como expressão da vontade de Deus. Muitas vezes, esses “insanos”, “lunáticos” ou “pecadores” eram submetidos a rituais religiosos de exorcismo ou adorcismo.  Os padres, beatos, “homens santos” e membros da nobreza que praticavam esses rituais não agiam com crueldade física.
       Doentes com distúrbios mentais mais graves ou mais agressivos eram flagelados, acorrentados, escorraçados, submetidos a jejuns prolongados, sob a alegação de estarem “possuídos pelos demônios”. Podiam até ser queimados, por serem considerados feiticeiros. No final da Idade Média, vários indivíduos de comportamento “desviante”, de loucos a contestadores, foram assim perseguidos, julgados e queimados vivos nas fogueiras da Santa Inquisição.

V – A IDADE MODERNA E A SEGREGAÇÃO
       A idade moderna inicia-se com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1493 e termina com a Revolução Francesa de 1789.
       A partir do século XIV as instituições e as idéias da época feudal começaram a apresentar sinais de decadência. Iniciava-se então a fase conhecida como Renascimento ou Renascença, em que a filosofia escolástica e religiosa medieval foi substituída por uma retomada do pensamento e da cultura greco-latina nas artes, na literatura e nas ciências. Isso significou a retomada de princípios racionalistas na observação e descrição das doenças mentais, em oposição ao misticismo religioso.
       Com o final do feudalismo, que caracterizou a Idade Média, e o desenvolvimento do mercantilismo, iniciou-se um processo de acelerada formação de cidades, com o início da concentração de população. Por volta do século XVII problemas sociais e sanitários começaram a afligir as cidades que, cada vez mais populosas e afastadas das fontes de abastecimento, vêem os gêneros alimentícios encarecer e crescer o número de mendigos. Surge a mentalidade materialista, tipicamente burguesa, e novos valores se impõem, substituindo a prática da caridade pública.
       A situação para os doentes mentais já havia sido agravada a partir do século XVI porque, em meio às mudanças provocadas pela Reforma protestante, mosteiros e igrejas deixaram de abrigar os insanos nas casas de caridade e asilos seculares. Os doentes mentais violentos, não violentos, não podendo permanecer nas ruas das cidades, foram trancados em celas e masmorras de prisões.
       Nesse período, pobres e loucos, passaram a ser vistos como desocupados e como séria ameaça a toda a sociedade. Como não trabalhavam e não produziam riquezas, eram considerados marginais e improdutivos, não podendo compartilhar o espaço dessa nova sociedade. O fato de a doença mental não ser uma enfermidade apenas orgânica dificultava ainda mais uma mudança de concepção sobre os loucos que, considerados doentes de “alma”, eram vistos como uma ameaça a toda a humanidade.
       Para eliminar a pobreza, as cidades passaram a expulsar os mendigos. Os loucos, que vagavam em relativa liberdade pelas propriedades e vilas medievais, auxiliados pela caridade pública, passaram a ser considerados responsabilidade privada de suas famílias, a quem cabia mantê-los. Para os doentes mentais e os miseráveis sem família, o isolamento.
       Surgiram então os hospitais gerais, instalados nos antigos leprosários, já que a lepra epidêmica praticamente desaparecera da Europa. Nesses hospitais eram internados não só os loucos, mas toda a população marginalizada pelos padrões da época.
       Mesmo durante o renascimento, a “demonologia” ainda inspirou os piores excessos nessas instituições. Os mais inofensivos saíam às ruas para pedir esmolas e alguns executavam pequenos serviços para os mais afortunados, mas os insanos que se rebelavam contra o aprisionamento eram submetidos a procedimentos cruéis, como ingestão excessiva de purgantes, flagelamentos e sangrias. Como tais “tratamentos” obviamente os tornavam mais agressivos, eram acorrentados em terríveis masmorras, junto a bandidos e assassinos, como animais.
       Henrique VIII, rei da Inglaterra de 1509 a 1547 e fundador do anglicanismo, tentou remediar a situação e criou, em Londres, o Hospital Bethlehem, um asilo exclusivo para lunáticos ou insanos. No entanto, ali eles continuaram a ser maltratados.
       Muitas resistências tiveram de ser vencidas para que se aceitasse a idéia de que feiticeiras, bruxos, magos e “possuídos” pudessem estar sofrendo de uma doença mental. Essa mudança de perspectiva em relação aos doentes mentais foi sendo construída com o passar do tempo, com a contribuição da Reforma religiosa e a formulação dos princípios de “Liberdade Individual” que marcaram a passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Só então a Psiquiatria se estabeleceu como ciência na França. Porém, apesar de a psiquiatria passar a ser considerada uma ciência médica e de os indivíduos portadores de patologias serem vistos como “alienados”, a proposta de tratamento continuava a ser o isolamento em celas ou cubículos, com os doentes quase sempre acorrentados.

VI – A CONTEMPORANEIDADE
       O início do século XX foi caracterizado como um momento de reação à nosografia que vinha se constituindo. A chamada nosografia clássica havia avançado nas descrições das doenças mentais (monomanias, mania de perseguição, psicoses periódicas ou maníaco-depressivas, demência precoce etc.) como “doenças essenciais”. Bleuler, Meyer e outros psiquiatras, entretanto, propuseram outra abordagem, considerando as doenças mentais síndromes semiológicas ou evolutivas que indicam etiologias diversas. Para eles, portanto, a tipicidade de estrutura e evolução dessas síndromes só poderia ser assimilada a uma especificidade absoluta da natureza.
       A superposição de conceitos e suas manifestações gerou dois grandes movimentos no começo do século:
1.  A afirmação de concepções psicogênicas ou psicodinâmicas que paulatinamente se sobrepuseram ao enfoque orgânico e anatomopatológico. As descobertas fundamentais da estrutura do inconsciente e de seu papel patogênico, feitas por Freud, revolucionaram a psiquiatria clássica ou Kraepeliana.
2.  O estabelecimento da psiquiatria dinâmica que, tendo por eixo a descoberta do inconsciente, faz uma interpretação mais dinâmica do papel da atividade psíquica na formação dos quadros clínicos. Na verdade, os primórdios dessa corrente foram lançados por volta de 1775 em Ellenberg por Mesmer, que, em seus trabalhos sobre o magnetismo animal, já destacava a idéia de “doenças nervosas causadas por um fluido”. O termo “fluido” tinha, à época, o significado que hoje é dado a “espírito”, pelo espiritismo, e a “sugestão”, pelo hipnotismo.

Paralelamente, entretanto, desenvolveram-se também as teorias de cunho heredobiológico da loucura, isto é, que associavam a doença mental à constituição biológica – de caráter hereditário – do indivíduo. Isso ocorreu num período de intensificação dos processos migratórios, que acentuou a discriminação e a segregação racial. E a psiquiatria muitas vezes foi usada como instrumento de marginalização dos imigrantes: vale lembrar que, em 1893, 67% dos internados no Hospital de Worcester, nos Estados Unidos, eram estrangeiros. Essa tendência perde terreno a partir do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Sigmund Freud (1853-1939) é considerado o pai da teoria psicanalítica por ter descoberto que o homem possui um inconsciente e que este tem manifestações próprias que podem ser utilizadas no tratamento psiquiátrico. Ele descobriu ainda a sexualidade infantil e como sua experiência se apresenta nas disfunções sexuais adultas. Os discípulos e sucessores de Freud, sobretudo Karl Abraham, Melanie Klein e seus alunos, foram os primeiros a elaborar uma clínica da loucura. Jacques Lacan, por seu lado, foi o único dentre os herdeiros de Freud a realizar uma verdadeira reflexão filosófica sobre o estatuto da loucura. Desde 1932, preconizou em sua tese que o saber psiquiátrico fosse repensado segundo o modelo do inconsciente freudiano e, em 1946, comentou a famosa frase das Meditações, sustentando que a fundação do pensamento moderno por Descartes não excluía o fenômeno da loucura.
No campo da Psicanálise destacam-se outros nomes importantes, como os de Adler, Ericsson, Jung e Meyer. Suas contribuições foram essenciais para que os estudiosos das doenças mentais passassem a ver o homem de um ponto de vista holístico, lançando mão dos avanços efetuados por outras ciências, como a Neurologia, a Psicologia, a Sociologia e a Antropologia.
       Por volta de 1960, a generalização da farmacologia no tratamento das doenças mentais pôs fim à nosografia oriunda de Kraepelin e à abordagem freudo-bleuleriana, substituindo o manicômio pela camisa-de-força química, a clínica pelo diagnóstico comportamental e a escuta do sujeito pela “tecnologização” dos corpos. Daí o esfacelamento do vínculo dialético e crítica que unia as três antigas maneiras de pensar a loucura. É dessa crise e dessa ruptura que dá conta o livro de Michel Foucault (1926-1984) intitulado História da loucura na idade clássica. Este livro não pretendeu fazer a história dos loucos ao lado das pessoas sensatas, perante elas, nem tampouco a história da razão em sua oposição à loucura. Tratava-se de escrever a história da separação incessante, mas sempre modificada entre elas. Partindo dessa idéia de separação, Foucault produziu a separação entre a desrazão e a loucura, entre a loucura ameaçadora e a loucura domesticada, entre uma consciência crítica (onde a loucura se transforma em doença) e uma consciência trágica (onde ela se abre para a criação, como em Goya, Van Gogh ou Artaud), e separação interna, enfim, no cogito cartesiano, onde a loucura é excluída do pensamento no momento em que deixa de por em perigo os direitos deste último.
       Nesse contexto, Franco Basaglia, médico e psiquiatra, precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano conhecido como Psiquiatria Democrática, no ano de 1961 assumiu a direção do Hospital Psiquiátrico de Gorizia, iniciando mudanças com o objetivo de transformá-lo em uma comunidade terapêutica. Sua primeira atitude foi melhorar as condições de hospedaria e o cuidado técnico aos internos em Gorizia.
       Porém, à medida que se defrontava com a miséria humana criada pelas condições do hospital, percebia que uma simples humanização deste não seria suficiente. Ele notou que eram necessárias transformações profundas tanto no modelo de assistência psiquiátrica quanto nas relações entre a sociedade e a loucura.
       Basaglia criticava a postura tradicional da cultura médica, que transformava o indivíduo e seu corpo em meros objetos de intervenção clínica. No campo das relações entre a sociedade e a loucura, ele assumia uma posição crítica para com a psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do isolamento do louco (a internação como modelo de tratamento), sendo, portanto excludente e repressora.
       Após a leitura da obra do filósofo francês Michel Foucault História da Loucura na Idade Clássica, Basaglia formulou a “negação da psiquiatria” como discurso e prática hegemônicos sobre a loucura. Ele não pretendia acabar com a psiquiatria, mas considerava que apenas a psiquiatria não era capaz de dar conta do fenômeno complexo que é a loucura.
       O sujeito acometido da loucura, para ele, possui outras necessidades que a prática psiquiátrica não daria conta. Basaglia denunciou também o que seria o “duplo da doença mental”, ou seja, tudo o que se sobrepunha à doença propriamente dita, como resultado do processo de institucionalização a que eram submetidos os loucos no hospital, ou manicômio.
       A partir de 1970, quando foi nomeado diretor do Hospital Provincial na cidade de Trieste, iniciou o processo de fechamento daquele hospital psiquiátrico.
       Em Trieste ele promoveu a substituição do tratamento hospitalar e manicomial por uma rede territorial de atendimento, da qual faziam parte serviços de atenção comunitários, emergências psiquiátricas em hospital geral, cooperativas de trabalho protegido, centros de convivência e moradias assistidas (chamadas por ele de “grupos-apartamento”) para os loucos.
       No ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde (OMS) credenciou o Serviço Psiquiátrico de Trieste como principal referência mundial para uma reformulação da assistência em saúde mental.
       Franco Basaglia esteve algumas vezes no Brasil realizando seminários e conferências. Suas idéias se constituíram em algumas das principais influências para o movimento pela Reforma Psiquiátrica no país.
       Precipitando o declínio da psiquiatria clássica por um ato “psiquiatricida”, como diria Henri Ey, o livro de Michel Foucault, História da Loucura na Idade Clássica, abriu caminho para uma nova abordagem historiográfica da loucura, cujo impacto podemos avaliar pela acolhida negativa que ele recebeu e pelas múltiplas resistências que suscitou. Ele foi, sem sombra de dúvida, o ponto de partida para uma inversão de perspectiva entre a razão e a loucura, a qual foi levada em conta na quase totalidade dos trabalhos posteriores sobre o assunto, fossem eles foucaultianos ou não. Entretanto, essa abordagem não surtiu nenhum efeito no tratamento psiquiátrico da loucura, que evolui cada vez mais, nos dias de hoje, para um niilismo terapêutico e um organicismo comparáveis aos que Freud combateu cem anos atrás.

Autor: Marco Antonio Gasparetto


30 de janeiro de 2015

UMA VISÃO PSICOLÓGICA DO SEXO




Mais do que uma questão puramente física. O sexo está associado também a sentimentos de amor, carinho e amizade; necessidades de proteção e conquista, além da construção de uma família.

O sentimento de amor que está associado ao sexo é, para a maioria das pessoas, uma das principais razões da existência. Concomitantemente, a ausência ou a perda deste sentimento é responsável por grande parte da tristeza humana, podendo gerar problemas psicossomáticos. Inversamente, a prática de sexo pode ser favorável no combate à depressão e ao estresse. Inclusive algumas pesquisas já confirmaram que a prática de sexo pode dá uma qualidade de vida melhor, sensação de bem -estar e longevidade.

As mulheres são psicologicamente mais suscetíveis que os homens por diversos fatores. Um deles é o prazer sexual que em muitas gera frustração. Isto porque o caminho para alcançar o orgasmo em relação ao homem é mais longo e delicado. E isso não está ligado diretamente ao ponto G como muitos pensam. Até porque esta hipótese que até pouco tempo era uma certeza já foi contestada por alguns especialistas que afirmam ser um mito. Então qual é a explicação para que muitas mulheres não consigam alcançar o ápice do prazer?

Segundo Oswaldo Rodrigues Júnior, psicólogo e terapeuta sexual do Instituto Paulista de Sexualidade; a explicação para a dificuldade que algumas mulheres têm para atingirem o orgasmo pode estar no passado."(...) o problema é, de longe, muito mais psicológico. O pouco aprendizado e a falta da vivência sexual e erótica são as causas dessa anorgasmia feminina”, afirma. Isso porque a cultura machista que imperou por muitos anos e que ainda impera em algumas sociedades mostrava que a sexualidade era um meio exclusivo de reprodução humana e, para reproduzir, a mulher não precisava gostar de sexo, nem ter prazer. “Ainda hoje, as meninas e as adolescentes não são incentivadas a valorizarem a expressão e o prazer sexual. Tocar-se, conhecer o corpo como fonte de prazer são elementos contrários a muitas ideologias, políticas e religiões”, reconhece. “Com a falta do aprendizado nas duas primeiras décadas de vida, a mulher chega à idade adulta sem compreender o que fazer para produzir e facilitar orgasmos. Já com o homem, a experiência de vida é contrária, pois ele sempre será estimulado a vivenciar situações eróticas”, afirma o especialista.

Outro fator que impede a mulher de sentir o prazer sexual é o tabu da masturbação, vista como algo proibido e pecaminoso por alguns culturas e religiões. E para a psicologia e a sexologia o ato de não se masturbar, é visto como um preconceito. Já que para alcançar o orgasmo, a mulher precisa se sentir bem com sua sexualidade ( e não necessariamente com seu corpo) e conseguir estabelecer as sensações de prazer (psicologicamente) com o corpo. A relação sexual é tão psicológica que “se a mulher começa a crer que não precisa gostar de sexo, vai viver uma vida sem precisar dele”, sustenta Rodrigues Júnior.

A busca pelo orgasmo pode ser dificultada quando a autoestima está muito baixa. E não é só ficar preocupada demais se o parceiro vai reparar nas estrias ou nas celulites, pois o fator também pode ser outro: as genitálias. Embora as anomalias perceptíveis no órgão reprodutor feminino são raras. Há mulheres que mesmo não apresentando nenhuma anomalia se preocupam muito sobre o aspecto de suas genitálias e não conseguem atingir o ápice de uma relação sexual. E a melhor maneira de lidar com esse entrave é a autoaceitação. Ao se aceitar a mulher passa a pensar sobre sexo de modo mais positivo e a enxergar menos obstáculos que a impedem de ter uma sensação prazerosa. Conhecer o próprio corpo é o primeiro passo, sem medo. Conversar com o parceiro, controlar o medo e ansiedade são outros fatores que reduzem os transtornos causados pela situação mal resolvida com o sexo.

Ainda falando sobre fatores psicológicos que podem estar relacionados com o sexo. Existe também a questão das afinidades e de interesses em comuns, que possam sustentar uma relação mais duradoura. A semelhança de idades faz parte desta questão, bem como a semelhança de formação cultural e nível socioeconômico  Freud levantava a hipótese de que grande parte dos relacionamentos amorosos seria baseada em uma idealização das características do parceiro. O convívio é que revelaria o que seria idealização e o que seria realidade nessa caracterização do parceiro e, baseado nessa análise, seria decidido o sucesso ou não da relação. Pesquisas indicam que os filmes românticos tendem a criar uma imagem distorcida das relações amorosas, gerando uma idealização que, geralmente, não se concretiza nas relações reais, o que pode gerar frustração.

Outro fator a ser analisado são os gritos, gemidos, sussurros e palavreados obscenos durante a relação sexual, supostamente denotando excitação sexual. Porém estudos recentes indicam que, na maioria das vezes, tal comportamento não reflete real excitação sexual, mas apenas o desejo de estimular sexualmente o parceiro. Portanto, achar que a mulher está realmente excitada ao fazer isso também é um mito. Visto que isso na maioria da vezes, não passa de um fator psicológico em busca de um estímulo que possa ser prazeroso a outra pessoa.

Como de fato acontece nos filmes pornôs, sendo um exemplo disso.


Fonte: Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

29 de janeiro de 2015

COMO ESTUDAR



Existem vários alunos que são bons, participam das aulas, fazem trabalhos bem feitos e os entrega no dia marcado pelo professor, que estudam para as provas, mas que nem sempre atingem as notas desejadas nas mesmas.

Isso acontece por vários motivos: talvez o estudante esteja deixando para rever a matéria apenas um dia antes da prova e dessa forma não consegue, por falta de tempo, esclarecer as dúvidas com o professor ou mesmo com um colega; muita matéria sem fazer, acumulada, como tarefas de casa e exercícios extras para reforçar o aprendizado do conteúdo; conversas na sala de aula são um dos fatores que mais prejudicam, pois o aluno perde as explicações do professor e depois não conseguirá aprender a matéria sozinho; perder a concentração na aula, deixando o pensamento longe, preocupado com assuntos que não são da escola; dentre vários outros.

É importante que o aluno perceba, descubra quais as formas de estudar que mais lhe ajude a fixar os conteúdos. Elas podem ser através da fala, onde o aluno tem a necessidade de ler em voz alta; repetir essa a fala, na hora da escrita, ao fazer os exercícios; da visão, somente com a leitura silenciosa; pela escrita, além de ler o aluno precisa registrar o conteúdo graficamente – isso pode acontecer fazendo-se pequenos textos de resumo ou mesmo esquemas que são mais práticos; através da associação do conteúdo com exemplos do cotidiano do aluno, ou seja, fazer ligação com sua própria vida.

Quando o estudante consegue identificar quais as melhores maneiras de memorizar os conteúdos escolares passa a estudar melhor, percebe que o resultado de seu trabalho passa a aparecer, melhorando sua autoestima e motivação. Dessa forma procura se esforçar a cada dia, através da credibilidade adquirida por seus esforços.

Quem ainda não conseguiu identificar as melhores formas para obter bons resultados nas notas escolares, pode ainda procurar um profissional da área, especificamente um psicopedagogo, a fim de que este lhe auxilie nessas descobertas.

O importante é procurar segurança naquilo que faz e não deixar ir em vão todos os seus esforços diante do processo de aprendizagem.


25 de janeiro de 2015

REJEITANDO A MENTIRA



 “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros. ” Ef. 4.25

       A mentira é um pecado muito comum na sociedade e está também ficando comum na Igreja. Existem pessoas que pensam que não conseguirão viver sem mentir. A mentira é um método covarde de não encarar a realidade.
       A mentira é um princípio que vai contra o que Deus planejou para seus filhos.
       A mentira é uma porta aberta para a entrada de seres espirituais na vida da pessoa que acarretarão em maldições.
       Leiamos João 8.44.  “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” . A mentira é o oposto a verdade. Uma das provas da conversão é deixar de mentir. Cl. 3.9 “não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos ”.  O destino do mentiroso é o lago de fogo. Ap. 21.8 “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte. ”.  Deus abomina a mentira. Pv. 12.22. “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite ”. Conseqüências da mentira.  A mentira corrompe os homens. Mt. 15.18-20. “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina. ”. Apresenta um relacionamento entre o homem e Satanás.  A mentira procede do Diabo, e ao proferir mentiras o homem acaba se associando ao inimigo.  Deus não tem compromisso com o mentiroso. Ap. 22.15. “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira”.  A mentira causa danos irreparáveis. A mentira cauteriza a mente do mentiroso.  A mentira vicia com muita facilidade e conduz a outra... O Senhor nos ordena a rejeitar a mentira em todas as suas formas: a) Falso testemunho b) engano  c) hipocrisia  d) fingimento  e) exagero  f) calunia  g) desonestidade  h) fraude.
* rejeitemos das nossas vidas todo tipo de mentira
 Como se libertar da mentira?  Se arrepender, rejeitar a mentira, ter a determinação no coração em obedecer a Deus em verdade. Toda mentira é pecado e deve ser devidamente confessada. Jesus é o nosso exemplo por excelência. 1 Pe. 2.21-22. “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano ”. linguagem. Viva. v. 22 diz.” Ele nunca pecou, nunca disse uma mentira”. Jesus nos advertiu. Vejamos Mt. 5.37 “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno ” .  O povo de Deus deve aborrecer a mentira. Guarde-se da mentira. Pv. 30.8 “afasta de mim a falsidade e a mentira ”.

       A mentira é uma deformação do caráter que necessita de restauração e libertação através do poder da Palavra e do sangue de Jesus Cristo.
       Uma pessoa que tem o habito de mentir recebe como prêmio o descrédito.
       Na cidade Santa, a nova Jerusalém, não entrará nada contaminado, nem enganador nem nenhuma espécie de profano.
       Salmo 101.07. “O que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos ”.
       Colosenses 3.9 “não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos”.

De próprio punho

Acimarley C. S. Freitas.

22 de janeiro de 2015

ESTRESSE NO TRABALHO/OCUPACIONAL



O estresse ocupacional é o conjunto de perturbações que caracterizam o desequilíbrio físico e psíquico e que ocorrem no ambiente de trabalho

O que é estresse ocupacional?

Sempre que tratamos da palavra ocupacional, estamos falando de trabalho, emprego, ocupação, fonte de renda e termos correlatos. Quando nos ocupamos em discutir as patologias da ocupação, uma das mais proeminentes é o estresse.

Compreende-se por estresse um conjunto de perturbações ou instabilidade psíquica e orgânica provocadas por diversos estímulos que vão desde a condição climática até as emoções e condições de trabalho. Na base da compreensão do conceito de estresse está o desequilíbrio, no caso, na relação entre trabalhador e ocupação. Entende-se, então, estresse ocupacional como o quadro de respostas pouco adequadas à estimulação física e emocional decorrente das exigências do ambiente de trabalho, das capacidades exigidas para realizá-lo e das condições do trabalhador. Em alguns casos, o estresse ocupacional não tratado pode gerar a síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e psíquico em decorrência do trabalho.

O que pode desencadear o estresse ocupacional?

Existem muitos estímulos que podem desencadear o estresse, entre eles, estar exposto a condições como falta de recursos materiais, exigência física e psíquica superior ao que corresponde à função, ambientes de trabalho com problemas de relacionamento interpessoal ou que não garantam a saúde, o bem-estar e a segurança do trabalhador.

Quais são os principais tipos de estressores ocupacionais?

Alguns autores costumam dividir os estressores em três categorias: exigência de trabalho, incompatibilidade de papéis e condições materiais da ocupação. A exigência de trabalho pode ser um estressor ocupacional quando ultrapassa os níveis adequados para a manutenção da saúde do trabalhador, como longas jornadas, ritmo demasiadamente acelerado, turnos variáveis, horas extras etc. No caso da incompatibilidade de papéis, estamos tratando de questões organizacionais como a dificuldade de muitas empresas em ter boas descrições das atribuições e direitos de cada cargo, o que acaba impossibilitando o trabalhador de ter pleno domínio de suas funções e direitos. Por último, as condições materiais dizem respeito ao ambiente de trabalho: condições climáticas, de organização, iluminação, higiene e aspectos como a poluição visual e auditiva do local de trabalho.

Quais são os tratamentos possíveis?

Sempre que se trata de uma condição que não envolve apenas o adoecimento do indivíduo, mas a problemática de seu ambiente de trabalho e de suas atribuições, recomenda-se que as intervenções sejam feitas em três níveis diferentes: no nível primário, deve-se buscar reduzir os estímulos estressores, modificando o quanto for possível o ambiente de trabalho, buscando definir ocupações e direitos de cada trabalhador, como seus horários e funções. Já nesse nível, pode-se pensar em formas de acompanhamento psicológico, a partir do qual o sujeito pode ressignificar sua relação com o trabalho.

Em um segundo nível de atuação, deve-se buscar melhorar a resposta dos sujeitos ao ambiente de trabalho, com foco nos eventos estressores. Nesse sentido, as intervenções psicoterapêuticas buscam a compreensão e transformação da relação do sujeito com os estressores. Uma das formas comuns de atuação nesse sentido são as dinâmicas de grupo, as técnicas de relaxamento, meditação, acupuntura, psicoterapia etc. Vale ressaltar que, como são técnicas utilizadas quando o estresse ocupacional já está instalado, podem ser menos eficazes que as transformações sugeridas primariamente, isso porque não trabalham na fonte de estresse, mas em seus efeitos.

Por último está a atenção aos indivíduos acometidos da condição de estresse ocupacional que sofrem com os sintomas do desequilíbrio. Essa forma de atenção deve estar focada em reequilibrar o funcionamento físico e psicológico através da ação de equipes multidisciplinares, com terapeutas ocupacionais, psicólogos, médicos etc., que precisam constantemente destruir as barreiras do preconceito para adentrar o terreno das empresas, tornando-se possibilidade de aliança entre trabalho e saúde mental.

Fonte: http://www.brasilescola.com/psicologia/stress-ocupacional.htm

21 de janeiro de 2015

Deficiência Mental



No decorrer da história humana, inúmeras definições foram usadas para tentar explicar a deficiência mental.

Na antiguidade, como em Esparta, por exemplo, as crianças com deficiência física e mental eram consideradas sub-humanas, sendo eliminadas ou abandonadas. Já na Idade Média, as concepções, dominadas pela visão cristã, atribuíam às pessoas com deficiência o caráter de possuído pelo demônio, ou de divino, inspirado por Deus, para explicar as diferenças de comportamento. Foi também por influência da Igreja Cristã que, aos poucos, as pessoas com deficiência mental foram sendo reconhecidas como “portadoras de alma” e, portanto, dignas da misericórdia divina. Assim, as práticas de abandono e assassinatos foram sendo substituídas pelo acolhimento e institucionalização, numa espécie de mistura entre caridade e castigos, uma vez que ainda havia punições com intenção de “curar” ou “livrar do mal”.

Com a passagem para o capitalismo, a visão de deficiência mental passou por novas transformações, relacionando-se agora com a improdutividade econômica desses sujeitos. Além disso, afastando-se das concepções religiosas, a ideia de deficiência mental estava agora pautada em explicações médicas, voltadas para as causas e consequências orgânicas.

No desenvolver da sociedade, inúmeras outras concepções foram sendo construídas sobre a deficiência mental, tratando de aspectos sociais, educacionais e da institucionalização de pessoas com deficiência mental, gerando discussões públicas sobre direitos e responsabilidades dessas pessoas.

O que é Deficiência Mental?

Como dissemos, para compreender a deficiência mental, temos que recorrer a todas as dimensões de conhecimento dessa condição. Alguns autores ainda defendem a deficiência mental como um fenômeno interno ao sujeito, outros consideram a deficiência mental como um fenômeno que deve ser compreendido também em sua dimensão social, de desvalorização da condição médica, diante da produção econômica prejudicada.

Por muitos anos, buscou-se investigar as causas da deficiência mental, como problemas hereditários, na gestação, ausência de nutrientes, hormônios, problemas no desenvolvimento, na interação social, na alimentação, entre outros tantos fatores, conhecidos como fatores de risco.

Entretanto, até hoje, há ainda uma grande parcela de deficiências mentais sem causa conhecida. Além disso, o foco de investigações na causa em nada contribuía para a compreensão das particularidades de cada deficiência, uma vez que duas pessoas com o mesmo diagnóstico de deficiência podem ter desenvolvimentos completamente diferentes.

Para alguns autores, a compreensão da deficiência mental deve ser feita de forma global, levando em consideração aspectos funcionais, ou seja, propõe-se que as possibilidades de interação sejam o foco do diagnóstico, no lugar das dificuldades médicas. Essa compreensão tira da pessoa com deficiência o fardo de impossibilidades decorrentes da limitação intelectual e passa a atentar para as capacidades de socialização em ambientes adequados de apoio.

Existe diferença entre deficiência mental e doença mental?

Quando uma pessoa tem problemas severos de percepção de si e da realidade que o cerca, e é incapaz de decidir por si, diz-se que ele é doente mental. Essa condição é completamente diferente da deficiência mental em que, como vimos, essa percepção está preservada.

Assim, podemos compreender como doença mental o quadro de alterações significativas capaz de comprometer a percepção da realidade, como nos casos de esquizofrenias, transtornos obsessivos compulsivos, transtorno bipolar, entre outros.

Para entender melhor, podemos retomar a questão do desenvolvimento das funções necessárias para a interação com o meio: na deficiência, o desenvolvimento delas é limitado, já na doença mental, as funções existem, mas estão comprometidas por condições psíquicas anormais.

Como se faz o diagnóstico?

O DSM IV é um manual para diagnósticos em distúrbios mentais. Nele, a definição de Deficiência Mental aproxima-se da ideia de um funcionamento intelectual inferior. Não se trata apenas de um QI baixo, para que seja caracterizada a deficiência mental é necessário identificar o comprometimento de pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação, uso de recursos comunitários, habilidades acadêmicas, de trabalho, lazer, saúde, segurança, autocuidados, habilidades sociais e de relacionamento interpessoal, que devem se manifestar antes dos 18 anos.

Existem formas de prevenção e tratamento?

Como mencionamos, existem fatores de risco relacionados à deficiência mental e existem propostas de prevenção em três níveis: o primeiro consiste em atentar para problemas na gravidez que podem ser evitados, a partir de um pré-natal bem feito, quando a mãe evita o consumo de álcool e drogas, tem uma alimentação e condições físicas adequadas.

O segundo nível de prevenção consiste em diminuir ou reverter o impacto dos problemas, como por exemplo, a utilização de mecanismos e medicamentos que possam evitar a progressão das complicações. Já num terceiro nível de prevenção, deve-se buscar o desenvolvimento das capacidades do indivíduo, como dissemos, com foco nas habilidades preservadas através de trabalhos de estimulação.

Assim, compreendemos que a prevenção puramente biológica ou genética, ou que apenas considere o período pré-natal, não daria conta de diminuir o número de pessoas com deficiência ou ainda de melhorar a vida daquelas que já desenvolveram os problemas.


12 de janeiro de 2015

A EFICÁCIA DO RISO



Ao escutar uma piada, daquelas que nos fazem disparar a rir, são produzidos na boca uma série de sons vocálicos que duram de 1/16 segundos e repetem a cada 1/15 segundo. Enquanto os sons são emitidos, o ar sai dos pulmões a mais de 100 Km/h.

Uma gargalhada provoca aceleração dos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e dilatação das pupilas.

Os adultos riem em média 20 vezes por dia, e as crianças até dez vezes mais. Rir é um aspecto tão inerente à existência humana que esquecemos como são interessantes esses ataques repentinos de alegria.

Por que as pessoas riem quando escutam uma piada? Segundo o escritor húngaro Arthur Kostler (1905-1983), o riso é um reflexo de luxo, que não possui utilidade biológica.

Entretanto a Natureza não investe em algo inútil, acredita-se que o impulso de rir possa ter contribuído para a sobrevivência no decurso da evolução.

A gelotologia que pesquisa sobre o riso, aponta que esta é a mais antiga forma de comunicação.

Os centros da linguagem estão situados no córtex mais recente, e o riso origina-se de uma parte mais antiga do cérebro, responsável pelas emoções como o medo e a alegria. Razão pela qual o riso escapa ao controle consciente. Não se pode dar uma boa gargalhada atendendo a um comando, muito menos é possível reprimi-la.

O riso pode apresentar um aspecto físico, cognitivo e emocional. Acontecimento este que não reduz o senso de humor a uma única região do cérebro.

Rir, achar algo engraçado, é um processo complexo, que requer várias etapas do pensamento.


Fonte: http://www.brasilescola.com/curiosidades/a-eficacia-riso.htm

11 de janeiro de 2015

MANTENDO O FOCO


 
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante de ti.”Provérbios 4:25

Quando Jesus estava treinando os seus discípulos, uma das coisas que buscou produzir neles foi a capacidade de manter o foco, de concentrar-se em objetivos definidos sem se desviar por distrações ou mesmo por necessidades.
Acho muito interessante, até surpreendente, a ordem que o Mestre dá à sua equipe de setenta discípulos ao enviá-los para preceder sua visita a várias cidades: “a ninguém saudeis pelo caminho” (Lc 10:4). Anteriormente, em outra missão de treinamento, Ele já havia enviado seus doze a pregar aos judeus, mandando expressamente que não tomassem rumo aos gentios e nem entrassem na cidade de samaritanos (conf. Mt 10:5-6).

Ordens como estas soam estranho nos lábios de um Senhor tão amoroso e nobre quanto o nosso. Não cumprimentar ninguém, evitar determinados tipos de pessoas e lugares não parece fazer parte da ética que Ele veio trazer. Porque então Jesus foi tão radical nestes comandos? Qual era seu propósito em tais orientações?

Como eu disse antes, o Senhor estava treinando seus discípulos para a liderança. Muitas das coisas que Ele fez e falou visava a desenvolver naqueles homens habilidades para serem líderes bem-sucedidos da igreja que estava por nascer. Aqui, nesse caso específico, Jesus estava trabalhando neles um dos princípios mais fundamentais da liderança: a concentração. Ninguém alcança grandes conquistas sem a habilidade de focalizar suas metas e manter esse foco até o fim. “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza persevera” (Is 32:8).

Em cada área da nossa vida temos que saber claramente o que buscamos. Infelizmente, a maioria das pessoas vive ao “Deus dará”, sendo jogada de um lado para o outro pela maré das circunstâncias. Não sabem para onde vão e nem o que buscam da vida. Não têm projetos.

É verdade que alguns chegam a sonhar, a desejar determinadas conquistas, mas há uma grande distância entre um sonho e um projeto. O primeiro pode ficar apenas no nível da imaginação, enquanto o segundo requer planejamento e atitude.

No exercício da liderança, seja no lar, na vida profissional ou na igreja, é fundamental que estejamos trabalhando por projetos. Eles incluem metas, objetivos, alvos definidos, a curto e a longo prazo. Temos que saber o que buscamos, como e em quanto tempo pretendemos alcançar cada conquista. Temos que estabelecer etapas e trabalhá-las com seriedade.

Se alguém sonha em comprar a casa própria, tem um bom sonho, mas talvez tudo o que esta pessoa consiga com ele seja um túmulo (mesmo assim, por pouco tempo, até que novos “inquilinos” reivindiquem o espaço). Agora, se esta pessoa transformar o sonho em projeto e concentrar-se o tempo que for preciso em trabalhar por ele, muito provavelmente terá sua casa, independentemente do poder aquisitivo que tenha no começo.

Para alguns, ter uma casa pode ser um projeto a curto prazo que envolva juntar um pouco mais de dinheiro ou assumir uma prestação plausível. Para outros, pode exigir muito tempo e vencer várias etapas: estudar, formar-se profissionalmente, conseguir um emprego, crescer nele, poupar e, finalmente, conquistar o objetivo final, a tão sonhada (e suada) casa própria!

Jesus ensinou seus discípulos a concentrarem-se no alvo. Se é para evangelizar judeu, não perca tempo com gentio. Se é para ir a cidade, não bata-papo pelo caminho. Se uma meta foi traçada, não deixe que nada desvie o seu foco dela. Quando se tem um alvo, o mais importante é atingi-lo.

O próprio Jesus foi um exemplo patente dessa postura. Seu projeto de vida passava pela cruz. O Pai quis assim. Antes Ele deveria oferecer a salvação aos judeus, formar uma equipe que depois desse continuidade à sua obra e vencer o pecado através de uma vida irrepreensível. Depois viria a cruz e, com ela, a oportunidade de salvação a todos os povos e a glória devolvida à destra de Deus... Ele concentrou-se em cumprir esse trajeto, sendo radical para não aceitar outras “visões” ou propostas da vida. Dos galileus que quiseram proclamá-lo rei sem a ignomínia da cruz, Ele fugiu (conf. Jo 6:15). Ao amigo Pedro que tentou enchê-lo de autopiedade e demovê-lo do sacrifício, repreendeu (conf. Mt 6:23). Aos gregos que queriam vê-lo antes da hora, não deu resposta (conf. Jo 12:20-28). A Satanás que lhe propôs mundos e fundos sem custo, resistiu até ao sangue (conf. Mt 4:1-11)... “Tudo porque manifestava, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc 9:51). Se aquele era o projeto traçado no céu, nada o desviaria dele!


Convém avaliarmos nossa vida. Há projetos que nos norteiam? Na família, na vida secular, no ministério, estamos trabalhando por metas ou somos um barco à deriva? Já aprendemos a manter o foco ou nos distraímos a todo o tempo, correndo o risco de ver o prazo se esgotar antes que cumpramos nosso papel. É bom parar e pensar nisso... Ter visão é ter foco!

10 de janeiro de 2015

CIÚME



2º Parte

O ciúme é um tipo de sentimento que acomete inúmeros seres humanos. Ocorre quando há distorção do sentimento de zelo e cuidado para com uma determinada pessoa. Ao contrário do que se pensa, o ciúme é um sentimento pessoal, voltado para quem o sente.

O ciúme se manifesta:
- perante uma ameaça à solidez de um relacionamento;
- diante da possibilidade de perda da pessoa por quem se tem ciúme;
- ou quando se detecta a perda da exclusividade em relação ao sujeito passivo do ciúme.

Essas afirmações se diferem do que se pensava antigamente, já que se acreditava que o ciúme era um sentimento positivo, visto como uma prova de amor.

Existem pessoas que desde a infância desenvolvem esse sentimento. Ocorre aproximadamente aos quatro anos de idade, quando a criança se identifica com um dos pais (o do mesmo sexo que ela) e sente ciúme deste até mesmo quando seu (sua) parceiro (a) se aproxima.

Em geral, o ciúme se manifesta por instabilidade na relação, dúvidas, raiva, medo, vergonha por parte de um membro do casal ou dos dois. Pode ser considerado normal, quando ocorre em determinadas situações, como ser excluído e/ou rejeitado pelo parceiro (a) ou ainda quando um terceiro (a) passa a buscar a atenção desse; pode ser tensional, quando provoca sentimentos desagradáveis como angústia e fragilidade ligados à relação; e ainda patológico, quando a insegurança proporcionada pelo ciúme promove reações e certezas infundadas.

Em relação ao ciúme patológico, é considerado distúrbio paranoico pela psiquiatria, pois seu portador não diferencia fantasia e imaginação da realidade. É caracterizado por extrema desconfiança, constante busca de provas e confissões. A pessoa com este tipo de paranoia sente-se ansiosa, depressiva, humilhada, com desejo de vingança e com aumento da libido. Tal distúrbio, se detectado, deve ser rapidamente tratado, pois pode induzir seu portador a tomar atitudes extremamente perigosas.
Fonte: http://www.brasilescola.com/psicologia/ciumes.htm

CIÚME



O ciúme é uma emoção provocada por uma sensação de ameaça. Ele torna-se patológico quando a desconfiança não tem fundamento, podendo levar a pessoa a cometer atos agressivos.
Provocado por uma sensação de ameaça, o ciúme, de modo geral, é uma das emoções mais experimentadas pelos seres humanos. Este é visto, para alguns autores, como reação de adaptação frente a ameaças de abandono e infidelidade. Outras definições podem ser dadas como existência de um “outro” real ou imaginário.

O ciúme envolve três ou mais pessoas, o sujeito ativo do ciúme, aquele que o sente; o sujeito passivo, aquele por quem se sente o ciúme; e as pessoas que são a causa do ciúme. É visto pela população como o tempero da relação amorosa, um sentimento voltado para o(a) companheiro(a), uma vez que aquele que ama, cuida, zela, acolhe e respeita. Porém, se examinado minuciosamente, o ciúme é percebido como um sentimento voltado para a própria pessoa que teme a perda do outro.

O ciúme se torna patológico quando a desconfiança não tem fundamento, e pode levar a pessoa a praticar atos de agressividade, homicídios. Este tipo de ciúme se caracteriza por controle total do companheiro, preocupação exagerada, ideias obsessivas. Este é um temor que compromete a relação, pois aí existe um medo irracional de perder a pessoa amada.

Fonte: http://www.brasilescola.com/psicologia/ciume.htm

AUTOCONHECIMENTO



O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o conhecimento de um indivíduo sobre si mesmo. A prática de se conhecer melhor faz com que uma pessoa tenha controle sobre suas emoções, independente de serem positivas ou não. Tal controle emocional provocado pelo autoconhecimento pode evitar sentimentos de baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional e outros, atuando como importante exercício de bem-estar e ocasionando resoluções produtivas e conscientes acerca de seus variados problemas.

Toda pessoa possui o refúgio dos seus recursos pessoais, mas esse pode ser acionado de forma a não se desgastar se houver o controle das emoções ou ainda ser utilizado de forma a obter futura recomposição. Ela também consegue permanecer equilibrada em casos de fatores externos como críticas, perda de emprego, término de relacionamento e outros que vulneram o emocional. O conhecimento de si próprio não dá prioridade a opiniões ou respostas e sim estimula seus fatores positivos a detectar os negativos a fim de modificá-los favoravelmente.

Pode-se buscar o autoconhecimento a partir da detecção dos defeitos e qualidades, sendo esses externos (corporais) e internos (emocionais). O equilíbrio entre os fatores internos e externos deve ser buscado para que não haja espaço para manipulação e fragilidade. Também pode haver reflexão de vida, analisando o comportamento obtido até então e as atitudes tomadas para que se consiga detectar maus atos e comportamentos, a fim de que não mais ocorram.


Fonte: http://www.brasilescola.com/psicologia/autoconhecimento.htm