Psicologa Organizacional

18 de maio de 2025

 



Fanatismo: Quando a Paixão Cega e a Consciência se Cala


Vivemos tempos intensos. Em nome de ideologias, crenças ou paixões esportivas, muitas pessoas têm se afastado umas das outras, se agredido e até rompido vínculos profundos. Não é a paixão em si o problema, mas o que acontece quando ela ultrapassa os limites do saudável. Estamos falando do fanatismo — um fenômeno que pode afetar qualquer área da vida humana e que, silenciosamente, vai sufocando a empatia, a escuta e o pensamento crítico.


O que é o fanatismo?


Fanatismo é quando a defesa de uma ideia se torna cega, incondicional e intolerante. O fanático acredita que está com a verdade absoluta e que todos os que pensam diferente estão errados, perdidos ou merecem punição. Isso se aplica a partidos políticos, religiões, clubes de futebol, movimentos sociais, líderes e até causas aparentemente nobres.


Enquanto a consciência busca compreender, o fanatismo busca dominar. Ele cria um pensamento binário: “nós contra eles”, “certos contra errados”, “puros contra impuros”. Nesse modelo, não há espaço para o diálogo, para o reconhecimento da complexidade da vida ou para a convivência com o diferente.


O que leva ao fanatismo?


Por trás do fanatismo, muitas vezes, há insegurança, medo e necessidade de pertencimento. A pessoa encontra em uma ideia ou grupo uma sensação de identidade, proteção e propósito. Isso, por si só, não é negativo — todos precisamos de raízes. O problema surge quando essa identificação se torna tão forte que qualquer crítica é vista como ameaça, qualquer discordância como ofensa, e qualquer adversário como inimigo.


O fanatismo funciona como uma armadura psicológica. Ele protege a pessoa da dúvida, da dor de rever crenças, do desafio de crescer emocional e intelectualmente. Mas essa armadura também aprisiona. Ela impede o desenvolvimento da autonomia, da escuta sensível e da capacidade de convivência.


Fanatismo: um risco para a convivência humana


Na política, o fanatismo rompe amizades, destrói o diálogo democrático e transforma o debate em guerra.

Na religião, pode gerar exclusão, perseguição e até violência em nome de Deus.

No esporte, transforma o que deveria ser festa em campo de batalha.


O fanatismo não constrói: ele impõe, silencia, divide.

Ele não pergunta: afirma.

Não ouve: acusa.

Não acolhe: rejeita.


E é justamente por isso que precisamos falar sobre ele.


Precisamos de mais humanidade e menos radicalismo


Sair do fanatismo exige coragem emocional e maturidade ética. É reconhecer que nossas crenças são importantes, mas que não valem mais que a dignidade humana. É aceitar que podemos amar uma causa sem odiar quem pensa diferente. É entender que diálogo não é concessão: é construção.


O mundo está sedento por vozes que saibam conversar, escutar, acolher. Está cansado de extremos e gritos. O que precisamos é de pontes, não de muros.


Se há algo mais forte do que a paixão cega, é o amor lúcido: aquele que ama com consciência, que defende com respeito e que reconhece o outro não como ameaça, mas como alguém digno de escuta.



Acimarley Freitas

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