A Abordagem Centrada na
Pessoa
“Se
eu deixar de interferir nas pessoas,
elas
se encarregam de si mesmas.
Se
eu deixar de comandar as pessoas,
elas
se comportam por si mesmas.
Se
eu deixar de pregar as pessoas,
elas
se aperfeiçoam por si mesmas.
Se
eu deixar de me impor as pessoas,
elas
se tornam elas mesmas”
LAO-TSÉ
(Citação de Carl
Rogers resumindo o princípio da Abordagem Centrada na Pessoa)
A
Abordagem Centrada na Pessoa - ACP vai além das psicoterapias, podendo ser
utilizada em todas as relações de ajuda e nas relações humanas de uma forma
geral.
É
uma abordagem que se diferencia das demais sob diversos aspectos, mas sobretudo
por não haver técnica. Acreditamos que a melhor maneira de se tentar ajudar
alguém é confiar no potencial da pessoa e na sua condição natural de pensar,
sentir, buscar e se direcionar no caminho de suas necessidades. É a partir
desta visão, que a ACP se baseia para tentar facilitar condições ideais à
pessoa, para que ela possa buscar em si as suas próprias respostas.
Pela
visão centrada na pessoa o outro precisa apenas de condições especiais para
rever a maneira como ele está se desenvolvendo e para isto o psicoterapeuta (educador,
etc…) busca criar essas condições para que a pessoa possa perceber em si
própria o seu caminho e as suas respostas.
“Todo organismo é movido por uma tendência
inerente para desenvolver todas as suas potencialidades e para desenvolvê-las
de maneira a favorecer o seu enriquecimento”. (ROGERS, 1959).
É
a partir deste pressuposto, chamado de “Tendência de atualização” que existem
alguns princípios que acreditamos serem facilitadores na relação de ajuda.
Tendência
de atualização
Toda
pessoa possui uma capacidade natural de se auto dirigir no sentido de buscar
suprir as suas necessidades. Existe em todo organismo uma tendência natural de
evolução, um movimento natural de atualização a todo o momento.
De
alguma maneira, por diversos motivos, todos nós somos influenciados por uma
série de formas de ser, impostas, que fazem com que, muitas vezes nos
distanciemos daquilo que somos ou sentimos.
Mesmo
assim, a tendência atualizante continua o seu movimento, no intuito de nos
levar adiante, mas em função de nos distanciarmos da gente mesmo, acabamos
muitas vezes por caminhar de uma maneira distorcida daquilo que realmente seria
o melhor pra gente.
Quando
são proporcionadas condições facilitadoras para que a pessoa se auto dirija,
ela tende a ampliar o seu repertório interno e a buscar novas formas de se
atualizar ganhando maiores condições de encontrar uma maior harmonia interna e
em consequência, uma maior harmonia com o seu meio.
Crendo
no potencial humano através da tendência atualizante, a Abordagem Centrada na
Pessoa entende que a melhor maneira de ajudar o outro é tentar criar condições
ideais para que este movimento aconteça levando em consideração novas
perspectivas e possibilidades.
Cremos
que há algumas condições facilitadoras básicas para que isto aconteça.
Essas
condições são:
1
– Compreensão empática
Em
primeiro lugar é imprescindível que tanto o facilitador quanto o cliente
sintam-se bem e verdadeiramente disponíveis nessa relação.
Depois,
o facilitador deverá ser capaz de tentar enxergar a pessoa buscando se
aproximar da visão dela, tendo desta forma, provavelmente, maior
disponibilidade interna em se livrar dos seus princípios e valores e de
compreender melhor o outro sob a perspectiva do outro, seus motivos, seus medos
e sentimentos e consequentemente mais condições de não julgar ou direcionar a
relação de ajuda.
2
– Congruência
É
imprescindível que o facilitador busque ser autêntico quanto aos seus
sentimentos e percepções em relação a pessoa que está buscando ajuda.
É
importante que tudo que o facilitador sinta de forma persistente na relação
seja dito. Com empatia, cuidado, respeito, mas principalmente com
autenticidade.
Para
a Abordagem Centrada na Pessoa, é importante que o facilitador diga o que
sente, mais é claro que como sendo a sua verdade, e não como verdade do outro.
Numa
relação de ajuda onde o facilitador assume os seus sentimentos como seus, além
de dar ao outro o direito de pensar a respeito, a tendência é que o outro
assuma os seus sentimentos também, livre de ameaças, apoiado na aceitação, na
autenticidade e no acolhimento.
3
– Aceitação Incondicional Positiva
É
a capacidade do facilitador em aceitar o outro sempre de maneira positiva,
entendendo que o outro à sua maneira está sempre, no fundo procurando se sentir
bem e se encontrar.
Se
o facilitador consegue de fato ser
empático e tem a convicção de que o outro busca sempre as alternativas que
entende como melhores dentro do seu repertório interno, através da tendência
atualizante, fica mais fácil aceitar à pessoa, mesmo não entendendo ou não
concordando. Aceitar não significa concordar.
Em
um ambiente onde a pessoa sinta-se verdadeiramente aceita e acolhida, livre de
ameaças, ela tende a ser ela mesma e a entrar em contato consigo própria para
buscar aquilo que julga importante para o seu desenvolvimento pessoal.
Psicoterapeuta
centrado na pessoa
Assim
como em tudo na Abordagem Centrada na Pessoa, é valorizada além da aceitação e
do acolhimento a autenticidade, ou seja, ou o psicoterapeuta dentro da sua
autenticidade partilha dos princípios centrados na pessoa, ou não.
Não
existe meio termo.
Isso
não significa que um psicoterapeuta centrado na pessoa deverá proceder como
Rogers procedia, a Abordagem Centrada na Pessoa tem uma proposta de ajuda onde, desde que, em sua
maneira de ser o psicoterapeuta preserve a empatia, a congruência, a aceitação
incondicional, creia no potencial do outro através da tendência atualizante,
rejeite a manipulação, a interpretação e o condicionamento, ele estará
exercendo ajuda ao cliente de maneira centrada na pessoa.
Para
a Abordagem Centrada na Pessoa, o conhecimento do psicoterapeuta tem
importância, mas a sabedoria tem um peso especial na relação de ajuda. Isso
significa que, muitas vezes o psicoterapeuta através de seu conhecimento cria uma relação
vertical, entre si e a pessoa que busca ajuda e naturalmente construa uma
barreira perdendo a disponibilidade real em ouvir o outro desprovido de
técnica.
Para
a Abordagem Centrada na Pessoa ou o psicoterapeuta vê sentido nesses
pressupostos e nesse jeito de ser, ou não haverá condições de existir ajuda
dentro da postura centrada na pessoa, pois caso o psicoterapeuta se utilize das
posturas citadas, sem que isso faça sentido para ele, naturalmente ele estará
se apropriando delas como técnica e a ACP é a não técnica. É um jeito de ser
permeado pela relação autentica por parte do facilitador.
Texto
de: Marcos Alberto da Silva Pinto-CRP 06/33896
Fonte:
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