A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA
AUTOESTIMA SEGUNDO A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
Resumo
A
autoestima, dentro da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), é compreendida como
um aspecto essencial do desenvolvimento humano, relacionado à autoaceitação e à
percepção de valor pessoal. Este artigo argumenta a importância de promover a
autoestima e apresenta seus principais subconjuntos: autoeficácia,
autocompaixão, autoaceitação, autenticidade, autoestima condicional,
autoimagem, autorrealização e autovalorização. A abordagem destaca que a
autoestima é construída em um ambiente de aceitação incondicional, empatia e
genuinidade, pilares da ACP. Exemplos práticos são utilizados para ilustrar
como esses subconjuntos impactam a vida cotidiana, reforçando a relevância de
fortalecer a relação consigo mesmo.
Palavras-chave:
Autoestima, Abordagem Centrada na Pessoa, Psicologia, Desenvolvimento Pessoal,
Carl Rogers.
Introdução
A
autoestima é um constructo psicológico central para o bem-estar e o
funcionamento pleno do indivíduo. Segundo Carl Rogers (1961), criador da
Abordagem Centrada na Pessoa, a autoestima é fortemente influenciada pelas
condições de valorização introjetadas ao longo da vida. Este artigo busca
argumentar sobre a importância de desenvolver a autoestima e apresenta uma
análise de seus principais subconjuntos, fundamentados na ACP, com exemplos
práticos que facilitam a compreensão dos leitores.
Subconjuntos da Autoestima
1. Autoeficácia
A
autoeficácia é a crença do indivíduo em sua capacidade de realizar tarefas e
atingir objetivos (Bandura, 1997). Na ACP, ela emerge em um ambiente que
promove aceitação incondicional e encoraja o indivíduo a explorar seu
potencial.
Exemplo 1:
Um estudante que acredita em sua capacidade de aprender consegue superar
dificuldades escolares ao buscar estratégias para estudar de forma mais
eficiente.
Exemplo 2:
Um profissional que confia em suas habilidades de liderança assume projetos desafiadores,
resultando em crescimento pessoal e profissional.
2. Autocompaixão
A
autocompaixão refere-se à capacidade de tratar a si mesmo com bondade,
especialmente em momentos de dificuldade (Neff, 2003). Na ACP, a prática da
autocompaixão é incentivada pela aceitação incondicional dos sentimentos do
cliente.
Exemplo 1:
Uma pessoa que comete um erro no trabalho evita o autojulgamento e utiliza a
experiência como aprendizado para melhorar.
Exemplo 2:
Após uma separação, um indivíduo pratica autocompaixão ao reconhecer suas
emoções, em vez de se culpar pelo fim do relacionamento.
3. Autoaceitação
Autoaceitação
é o reconhecimento e a aceitação de quem se é, sem julgamentos (Rogers, 1983).
Na ACP, ela é promovida pela relação terapêutica baseada na empatia e
genuinidade.
Exemplo 1:
Uma pessoa que aceita sua introversão escolhe atividades que respeitam sua
necessidade de tranquilidade, ao invés de se forçar a participar de eventos
sociais desgastantes.
Exemplo 2:
Um indivíduo que reconhece suas limitações físicas busca alternativas que
valorizem suas potencialidades, como aprender novas habilidades adaptativas.
4. Autenticidade
A
autenticidade é a habilidade de ser verdadeiro consigo mesmo, essencial para o
funcionamento pleno (Rogers, 1961). É cultivada quando o indivíduo vive alinhado
aos seus valores internos.
Exemplo 1:
Um jovem que escolhe uma carreira alinhada com suas paixões, em vez de seguir
as expectativas familiares, sente-se mais realizado.
Exemplo 2: Uma
pessoa que expressa opiniões genuínas em um grupo demonstra autenticidade,
fortalecendo suas relações interpessoais.
5. Autoestima Condicional
A
autoestima condicional é baseada em fatores externos, como sucesso ou aprovação
social (Rogers, 1983). A ACP busca libertar o indivíduo dessas condições de
valorização.
Exemplo 1:
Um atleta que baseia seu valor apenas em vitórias enfrenta crises emocionais
quando perde, evidenciando a fragilidade da autoestima condicional.
Exemplo 2:
Uma adolescente que depende de curtidas nas redes sociais para se sentir
valorizada pode desenvolver uma autoestima mais estável ao focar em suas
qualidades internas.
6. Autoimagem
A
autoimagem é o conjunto de percepções que o indivíduo tem sobre si mesmo. Pode
ser distorcida pelas condições de valorização e ajustada pela terapia centrada
na pessoa.
Exemplo 1:
Uma pessoa que se vê como incompetente devido a críticas familiares descobre,
na terapia, que tem muitas habilidades e potencialidades.
Exemplo 2: Um
profissional que se considera incapaz de aprender novas tecnologias se
surpreende ao dominar uma ferramenta ao receber apoio adequado.
7. Autorrealização
A
autorrealização é o processo de desenvolver o máximo potencial, alinhado à
busca pelo funcionamento pleno (Rogers, 1961).
Exemplo 1:
Um músico que dedica tempo à prática e compõe canções sente-se realizado ao
compartilhar sua arte com o mundo.
Exemplo 2:
Um empresário que segue seus valores de sustentabilidade constrói um negócio
alinhado ao que acredita, experimentando um profundo senso de propósito.
8. Autovalorização
A
autovalorização é a capacidade de reconhecer-se como digno de respeito.
Promovida pela aceitação incondicional, é um elemento central para a autoestima
saudável.
Exemplo 1:
Um trabalhador que reconhece seu valor exige condições justas de trabalho,
demonstrando autovalorização.
Exemplo 2:
Uma mãe que cuida de sua saúde mental demonstra que se valoriza e serve de
exemplo para seus filhos.
Considerações Finais
O
desenvolvimento da autoestima é essencial para o bem-estar e o crescimento
pessoal. A ACP oferece uma base teórica sólida para compreender e promover a
autoestima, considerando seus múltiplos subconjuntos. Por meio de exemplos
práticos, fica evidente que ambientes de aceitação incondicional, genuinidade e
empatia podem transformar a relação do indivíduo consigo mesmo, permitindo uma
vida mais plena e congruente.
Referências
Rogers,
C. R. (1961). Tornar-se pessoa: uma perspectiva de um terapeuta. São Paulo:
Martins Fontes.
Rogers,
C. R. (1983). Liberdade para aprender. São Paulo: Martins Fontes.
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