Psicologa Organizacional

17 de outubro de 2014

PSICOLOGIA



Psicologia da Educação: uma disciplina em crise no pós-construtivismo

Atualmente, temos percebido a existência objetiva de uma crise epistemológica no que se refere à Psicologia da Educação e à sua relação com a Pedagogia. Não é preciso ir muito longe para se constatar que essa disciplina aplicada tem ficado à deriva, exercendo, muitas vezes, uma função decorativa nos cursos de formação de educadores, quando poderia ser um de seus eixos centrais. Nesses termos, a Psicologia da Educação acaba sendo reduzida a uma simples exposição linear de escolas e abordagens psicológicas, de forma a-histórica, descontextualizada e sem a devida análise dos pressupostos filosóficos e sociológicos de cada uma delas, como se valessem em si mesmas. A aplicação de princípios psicológicos à Educação torna-se uma abstração, algo que, no final das contas, pouco interessa ao educador, como instância formativa. Este deve preocupar-se mais com a Didática e com as diversas Metodologias, que "ensinam a dar aulas", "têm utilidade" e revelam uma dimensão mais pragmática do processo educacional. No limite, os estudos em Psicologia seriam importantes na medida em que permitissem aos educadores a identificação de eventuais distúrbios de aprendizagem e algumas receitas para seu "tratamento" em sala de aula.

Como reação contrária a este posicionamento simplista, tem-se observado, entre alguns educadores e pedagogos, certa aversão àquela disciplina, frequentemente acusada de corromper a Educação com modismos psicologizantes. Essa atitude preconceituosa em relação à Psicologia Educacional1 tem, entretanto, nos incomodado bastante na qualidade de pesquisadores de linha vigotskiana, comprometidos com o sucesso da práxis pedagógica e com a qualidade da formação docente em todos os seus aspectos, inclusive na dimensão psicológica deste processo. Resolvemos, pois, escrever este ensaio. O trabalho resulta de estudos bibliográficos, realizados nos domínios da Psicologia Histórico-Cultural, em suas interseções com a Pedagogia Histórico-Crítica, bem como de nossas experiências profissionais em escolas de educação básica e no contexto universitário. O intuito é exteriorizar reflexões e inquietudes a respeito dessa problemática, haja vista ser relevante, na atual conjuntura, promover estudos críticos, que busquem entender as raízes da presente crise na Psicologia da Educação.

A confluência das várias pesquisas poderá apontar novos rumos a essa disciplina, porquanto não se trata de negá-la ou considerá-la anacrônica. Antes, é preciso compreender seu verdadeiro papel nas circunstâncias concretas em que vivemos, devolvendo-lhe seu lugar de direito no interior da própria Pedagogia. Com certeza, trata-se de uma tarefa difícil e complexa; mas necessária para repensarmos a permanência de alguns preconceitos, ainda no século XXI, quanto à legitimidade das contribuições da ciência psicológica para a ciência pedagógica, conquanto não se imagine que uma possa ser reduzida à outra. Sendo educadores, e não psicólogos, apropriando-nos das palavras de Libâneo (1999, p. 83), é conveniente ressaltarmos que "As ideias expostas aqui não formam um pensamento acabado, pelo contrário, devem ser consideradas como uma tenta... 




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