Psicologa Organizacional

27 de abril de 2015

VOCÊ FAZ PARTE DOS 5% ou DO RESTO?



Era o inicio de um novo ano, e lá estava o professor Hermann, tentando começar sua aula. Não conseguia. Pediu educadamente silêncio. Não adiantou e parece que ninguém queria ouvi-lo.

Fixou sua visão em toda classe. Arrastou a cadeira e bateu-a contra o piso de madeira. Subiu na cadeira, apoiando-se na mesa, e falou em voz alta:

“Prestem muita atenção porque vou dizer isso uma só vez!”
Silêncio total na sala. E continuou:

“Há alguns anos descobri que todos nós professores trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma classe. Minha descoberta baseia-se que, em cada cem alunos, apenas cinco por cento fazem realmente a diferença no futuro. Na verdade estes que fazem à diferença tornam-se profissionais eficazes e contribuem para melhorar a vida das pessoas. Os outros restantes, 95% só servem para fazer numero dentro de uma classe. A realidade é simples o restante apenas passa pela vida como excepcionais medíocres.”

Descendo da cadeira, puxando-a para junto da mesa, continuou:

“Essa porcentagem vale para todos. De cada cem mecânicos, apenas cinco são realmente bons; de cada cem cozinheiros, só cinco são excelentes; de cada cem vendedores, somente cinco são verdadeiros profissionais, enfim, de cem pessoas em todo qualquer segmento, apenas cinco são especiais.”

Agora andando lentamente pela sala, acrescentou:
“É uma pena não poder separar estes 5% do restante. Se isso fosse possível Eu deixaria na sala, os alunos especiais e é claro convidaria os demais para saírem, então teria silêncio para dar uma boa aula, que preparo com muita dedicação. Mas não há como saber, quem são os especiais e o resto. Só o tempo poderá mostrar. É claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo gostaria de pertencer. O meu muito obrigado pela atenção e agora vamos a nossa aula de hoje.”

Nem é preciso dizer, que a partir daí, a classe passou a ter um comportamento exemplar, naquela matéria, até o final do ano. Na verdade, todos não queriam ser classificados como “parte do resto”.

O professor Hermann foi um dos 5% que fizeram a diferença, entre os professores daquele curso. Ensinou que, se não tentarmos fazer o melhor possível, com certeza, faremos parte da turma do resto.

MORAL DA HISTÓRIA:

“SE VOCÊ CONTINUAR AGINDO DE FORMA CONDICIONADA, COMO A GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS, VOCÊ NÃO PODERÁ SURPREENDER-SE QUANDO DESCOBRIR QUE FAZ “PARTE DO RESTO”. SÓ VOCÊ PODE FAZER A ESCOLHA; PERTENCER AO PEQUENO GRUPO DE ESPECIAIS OU APENAS FAZER PARTE DA “NINGUENZADA”.
A ESCOLHA É SUA.....


POR: Gemir Cassan 

24 de abril de 2015

Dicas para você memorizar o que estuda





Existem muitas pessoas com dificuldade de memorizar o que lê, o que estuda. Passa um tempo, já não se lembram mais e na hora do teste acontece o temível “branco”.

Essa situação é explicada através da forma com que o indivíduo estudou determinada matéria. Quando o assunto é exatas, os professores indicam a prática dos exercícios, pois através dela os resultados serão cada vez mais fáceis de serem obtidos.

Agora, quando se trata da parte de humanas, que envolve leitura, ou seja, teoria, tudo parece ficar mais complicado!

Mas isso acontece porque você ainda não parou para analisar como lê melhor. Essas são 10 dicas para tornar sua leitura eficaz na hora da provação:

1. Primeiro, avalie que tipo de ambiente favorece sua leitura: claro, aberto, fechado, mais escuro. Se este último for o de sua preferência, lembre-se de não deixar o lugar muito escurecido, pois é prejudicial à saúde dos olhos e incita ao sono.

2. Desligue a TV, o som, o computador. Qualquer tipo de ruído pode atrapalhar e dispersar sua atenção.

3. Que tipo de posição o agrada quando você vai ler? Sentado, em pé andando de um lado para outro, inclinado. Fique como achar que estará confortável, no entanto, nunca leia deitado, pois poderá dormir dentro de poucos minutos.

4. Coloque água por perto, um doce, ou um pedaço de bolo para que você não queira ficar levantando sem parar.

5. O mais importante: Decida estudar! Resolva tirar aquele tempo para seu estudo. Não vá estudar nunca com má vontade, com indisposição ou reclamando, pois não vai te ajudar em nada, ao contrário, você não conseguirá lembrar do que estudou desse jeito. Simplesmente, tome a decisão, mesmo que não queira!

6. Faça uma leitura silenciosa do texto. Aproveite e vá sublinhando as partes mais importantes de cada parágrafo.

7. Leia o texto em voz alta. Ao final de cada parágrafo, faça anotações ou escreva no papel o que achou mais importante.

8. Agora, chegou a vez de você ler o texto e fingir que deve dar uma aula ou apresentar um seminário sobre o mesmo. Dessa forma, forçará a si mesmo a relembrar o que leu. Nesta etapa, consulte, sempre que necessário, o que escreveu e o que sublinhou. Mas não fique lendo, explique com as próprias palavras.

9. Você treinou para dar sua aula ou apresentar seu seminário. Então, neste momento, imagine que está realizando esse feito e de preferência NÃO faça nenhum tipo de consulta. E então, o que você lembra?

10. Se ainda sim estiver esquecendo fatos importantes, releia novamente o texto, explique-o na frente do espelho. Não desista, respire fundo e recomece. Afinal, você está treinando seu cérebro e pode ser que demore um pouco para que o mesmo se acostume com este hábito de memorização.

Coloque em prática essas dez dicas e tenha ótimos resultados, pois pode acreditar que foram testadas e aprovadas por alguém com dificuldades de memorizar o que lê...

Fonte:

21 de abril de 2015

Filosofar é Preciso


As Contribuições Humanistas, Fenomenológicas e Existenciais à Pratica da Psicoterapia






Falar de uma maneira geral das contribuições das abordagens fenomenológicas, humanistas e existenciais à psicoterapia é uma atividade complexa, tal a diversidade de teorias advindas dessas. Este texto buscará falar apenas de maneira superficial destas filosofias e apresentará a base de sua contribuição à psicoterapia.
A psicoterapia moderna começou a ser praticada na forma da psicanálise.  Freud, médico neurologista, traz sua influência médica para seu método e buscando, pelo menos no início, a cura das neuroses através da fala. Logo após, a psicanálise apresentou várias dissidências, Adler, Jung, Ferenzci, etc, e a perspectiva psicanalítica foi ampliada.
Paralelo à psicanálise, desenvolvia-se o Behaviorismo, criado por Watson e desenvolvido por Skinner. O behaviorismo se caracterizou pelo estudo do ser humano através do seu comportamento. Então, enquanto a psicanálise buscava entender o homem pela via do inconsciente, o behaviorismo o buscava por meio de comportamentos e, logo, começou a ensaiar sua prática clínica.
No mesmo período, surgem as filosofias fenomenológicas e existenciais. Primeiro, Husserl propunha a volta ao fenômeno como ele aparece e, depois, Heidegger que busca aplicar a fenomenologia à existência. Influenciado pela fenomenologia, surge, no século XX, o movimento existencialista [01] na Europa, tendo como grandes expoentes Sartre e Camus, que enfatizavam a liberdade, angústia e o absurdo da existência humana.
Essa filosofia adentrou o campo da psicologia. Sartre propôs a psicanálise existencial, que teria como base a busca pelo projeto original de cada homem, e Heidegger ajudou a desenvolver a Danseinsanálise, que tem como base sua filosofia. A filosofia existencial focava sua crítica à psicanálise, afirmando que esta negava ou limitava a característica essencial do homem, sua liberdade.
Portanto, para o campo da psicoterapia, tal filosofia trouxe a visão do homem como livre e, logo, responsável por suas escolhas e, em um nível mais profundo, criar a si mesmo. Com isso, se afastou de qualquer tentativa de enquadramento do ser humano.
 As psicoterapias de base fenomenológicas, humanistas e existenciais buscam entender o homem através de si mesmo, das suas angústias, sentimentos, motivações e sentidos que atribuem a sua vida. Trazem, no cerne de sua filosofia, a ideia de um homem construtor de sua história dentro de suas possibilidades e nunca determinado a priori.
Logo, o terapeuta, que tem tais filosofias como suas bases teóricas, não se prende na busca de explicações casuísticas para o comportamento do cliente e sim, em uma atuação libertária, que vá contribuir para que o cliente recrie seu modo de ser.
Para tal, estas abordagens têm um grande foco na relação terapeuta-cliente. Diferentemente da Psicanálise e Terapia Cognitivo-Comportamental, a relação terapêutica é vista como um encontro existencial entre duas pessoas, com o terapeuta estando disponível emocionalmente e autêntico para estar com o cliente, uma relação EU-TU e não EU-ISSO.
Os termos EU-TU e EU-ISSO veem da filosofia dialógica de Buber [02]. Para entender bem a diferença da relação proposta nesse modo de psicoterapia, é interessante falar, mesmo que rapidamente, da filosofia de Buber, que é muito evocada por psicólogos humanistas e existenciais. Buber dividia as relações entre pessoas em dois tipos; EU-TU e o EU-ISSO. Na relação dialógica EU-ISSO, o ser humano usa o outro ser humano como um instrumento para chegar a determinado fim e, na relação EU-TU, a própria relação é o fim, como o homem se relacionado dialogicamente com Outra, tendo base à inclusão da totalidade, mutualidade e alteridade.
Por fim, é importante ressaltar que existem importantes diferenças entre a filosofia humanista e a filosofia existencial. Ainda, é amplo o corpo de terapias que tem como base ou se denominam; humanista, existencial ou humanista-existencial, ex; Abordagem Centrada na Pessoa, Gestalt-Terapia, Danseinsanálise, Terapia Vivencial, Psicanálise Existencial, entre outras, cada uma tendo características próprias e também havendo divergências importantes entre elas, tanto na prática, como na própria leitura que fazem das filosofias.


17 de abril de 2015

Depressão na adolescência não é frescura; conheça 11 sinais



Segundo a OMS, a depressão é o principal problema de saúde entre adolescentes.

Já está em fase de teste um exame laboratorial para diagnosticar a depressão. O recurso será especialmente útil para constatar a doença em adolescentes que, algumas vezes, não têm os sintomas levados a sério pela família, porque os sinais que dão são confundidos com alterações de comportamento comuns nessa fase.

"A ausência de comprovação do diagnóstico por meio de um exame laboratorial faz com que muita gente não entenda a depressão como uma doença do cérebro", diz o psiquiatra Miguel Angelo Boarati, coordenador do Programa de Transtornos Afetivos na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "Por desconhecimento ou preconceito, as pessoas julgam que jovens deprimidos têm falta de vontade de melhorar ou não querem reagir."

A descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depressão foi anunciada em setembro de 2014 por um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, publicado no periódico especializado "Translational Psychiatry", é possível identificar a doença por meio de marcadores biológicos encontrados no sangue. Foram examinados 64 voluntários e os resultados foram promissores. Agora, os autores se preparam para uma segunda fase de testes: a ideia é validar o achado com uma população maior de pacientes.

Muitos portadores de depressão enfrentam preconceito dentro da própria família, segundo Silvana Martani, psicóloga do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e organizadora do livro "Manual Teen" (Editora Wak). "É muito comum que o adolescente deprimido ouça frases do tipo: 'você está chorando de barriga cheia' ou 'você não tem problemas, não tem motivos para estar triste'", fala a especialista.

Doença mais frequente na adolescência
Desvalorizar o sofrimento do adolescente é a pior atitude que a família pode adotar. "A depressão, como qualquer outra doença, deve ser tratada com seriedade, nenhuma queixa persistente pode ser desvalorizada", afirma a psicóloga Silvana.

De acordo com um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em maio de 2014, a depressão é o principal problema de saúde entre os adolescentes, fator diretamente relacionado ao suicídio, uma das três maiores causas de morte na faixa etária de dez a 19 anos, juntamente com acidentes de trânsito e o vírus da Aids.

"Dois terços dos suicídios são cometidos por adolescentes que estavam clinicamente deprimidos", diz a psicóloga Luiza de Lima Braga, que pesquisou o comportamento suicida em adolescentes em seu trabalho de mestrado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

O suicídio pode ser a consequência mais grave de um quadro depressivo não tratado adequadamente, mas não é a única. "A depressão na infância e na adolescência é duradoura e afeta múltiplas funções, causando significativos danos psicossociais", declara Luiza.

"Segundo um estudo americano (o "Los Angeles Epidemiologic Catchment Area Project"), 25% dos adultos com depressão relataram o primeiro episódio da doença antes dos 18 anos", afirma a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma, professora da Universidade de Santo Amaro e uma das autoras do "Manual de Atenção à Saúde do Adolescente", da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.  Por isso, diante de alterações de comportamento e sinais de depressão, os pais devem investigar o que está ocorrendo e, se necessário, buscar ajuda médica e psicológica.

Envolvimento da família
O tratamento da depressão na adolescência é, em geral, multidisciplinar. "As melhores opções de conduta associam o uso de antidepressivos, receitados por um psiquiatra, com apoio psicoterápico e acompanhamento à família. Orientar a escola também é importante, para que o jovem não tenha perdas acadêmicas durante o tratamento", diz César de Moraes, especialista em psiquiatria infantil e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas.

Nem todos os casos requerem medicação, mas é fundamental o envolvimento dos familiares. "Os pais devem acompanhar de perto o tratamento, seguir as orientações dadas pelos profissionais envolvidos, não julgar ou criticar o filho por estar deprimido e, se necessário, realizar mudanças no ambiente familiar", diz o psiquiatra Miguel Angelo Boarati.

Segundo o Boarati, os conflitos em família, as cobranças por desempenho em múltiplas tarefas e a falta de diálogo em casa podem ser gatilhos que desencadeiam a depressão nos adolescentes.

Sinais da depressão
Vários comportamentos relacionados à depressão podem ocorrer em algum momento da adolescência. Por isso, os especialistas esclarecem que é preciso considerar a intensidade e a frequência desses sinais e analisá-los dentro de um contexto mais amplo, avaliando o estado geral do adolescente. Saiba mais sobre eles a seguir.

1 - Humor depressivo
O adolescente parece não sentir alegria ou prazer de viver. Mostra-se melancólico, entediado, indisposto e sem esperança. Tem baixa autoestima e pode apresentar crises de choro sem razão aparente.

2 – Apatia
Às vezes, é confundida com preguiça. O adolescente demonstra falta de energia, cansaço frequente e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

3 - Isolamento social
Os adolescentes deprimidos tendem a se isolar de amigos e familiares.

4 - Irritabilidade e instabilidade
Mau humor, descontrole emocional e explosões de raiva podem fazer parte do quadro depressivo.

5 - Alteração do ritmo de sono
O adolescente pode dormir mais ou menos do que de costume. Também são comuns episódios de insônia.

6 - Alteração no apetite
Perder a vontade de comer é o mais frequente, mas pode haver, também, aumento de apetite, sobretudo por alimentos doces. Perda ou ganho de peso significativo em pouco tempo podem estar associados.

7 - Dificuldade de concentração
Frequentemente está associada à queda no rendimento escolar. Em alguns casos, o jovem depressivo abandona os estudos.

8 - Uso de drogas
Muitas vezes, resultante de tentativas de automedicação para alívio do sofrimento causado pela doença.

9 – Automutilação
Em situações de extremo sofrimento, alguns adolescentes podem adotar um comportamento autodestrutivo, cortando-se ou queimando-se. Provocar dor física é uma forma de tentar tirar o foco da dor emocional.

10 - Comportamento de risco
O flerte com o perigo pode ser uma forma de combater a apatia. Andar distraidamente no meio de avenidas movimentadas, praticar esportes radicais sem cuidados de segurança ou mesmo fazer sexo sem proteção podem ser formas de buscar emoções fortes.

11 - Pensamentos suicidas
São comuns ideias mórbidas e tentativas de suicídio.






15 de abril de 2015

Os jovens e os dilemas da sexualidade



         Escolher por quais caminhos seguir e que decisões tomar é difícil em qualquer fase da vida.  Durante a juventude tomar decisões e fazer escolhas são grandes tormentos, gerando dúvidas e conflitos. Quando o assunto é a sexualidade as dúvidas parecem ser ainda maiores.

           O comportamento do jovem mudou nos últimos anos, a sexualidade é vista de maneira bastante banalizada, assim como também os relacionamentos afetivos. A aparente liberdade gera conflito, principalmente entre os jovens que estão vivendo um momento de transição entre a adolescência e a vida adulta.

            Seguir os valores herdados da família, ou assumir o comportamento adotado pelo grupo? Essa segundo Ana Cláudia Bortolozzi Maia, professora do departamento de Psicologia da Unesp de Bauru é uma dúvida muito freqüente entre os jovens. Ela ressalta que para se sentirem inseridos no grupo, os jovens adotam comportamentos, como consumir bebidas alcoólicas e drogas ou assumir determinados comportamentos sexuais, sem estarem de fato conscientes dessas atitudes e, portanto, preparados para as possíveis conseqüências dessas escolhas. É preciso refletir sempre os “porquês” das nossas atitudes, especialmente quando elas exigem responsabilidades pessoais e sociais.

            Atualmente, os jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo. A sexualidade tem sido discutida de forma mais “aberta”, nos discursos pessoais, nos meios de comunicação, na literatura e artes. Entretanto, segundo a professora Ana Cláudia, essa aparente “liberdade sexual” não torna as pessoas mais “livres”, pois ainda há bastante repressão e preconceito sobre o assunto. Além disso, as regras de como devemos nos comportar sexualmente prevalecem em todos os discursos, o que torna uma questão velada de repressão.

            Ela cita a questão da virgindade feminina, que antes era supervalorizada e hoje é vista como um problema para muitas meninas. Muitas garotas iniciam a vida sexual de forma precipitada, mais para responder a uma exigência do grupo do que a uma escolha pessoal, o que as tornam menos propensas a assumir as responsabilidades que uma vida sexual ativa requer.  Ana Cláudia explica que essa cobrança do grupo, também é vista como um tipo de repressão, pois parece que hoje as pessoas perderam a possibilidade de assumir ‘ser’ ou ‘não ser’ virgem, diante da cobrança do grupo social. Outro exemplo diz respeito às cobranças exigidas ao papel feminino. Atualmente, cobra-se da mulher a entrada no mercado de trabalho, e por conseqüência isso pode resultar em uma maior autonomia. Mas, apesar disso, ainda  hoje é exigido também da mulher que ela se case, tenha filhos e seja uma boa mãe.  Ter que se casar ou ter filhos parecem condições inerentes à felicidade pessoal. A mulher que tem uma opção de vida diferente dessa é vista como infeliz.

            Outro exemplo ainda, diz respeito aos relacionamentos amorosos. Na década de 80 surge a expressão “ficar com”. Essa expressão representa uma nova condição de relacionamento em que as pessoas irão manter contatos físicos e afetivos durante um curto tempo, sem que isso signifique um vínculo duradouro. O “ficar com”, apesar de aparentar uma grande liberdade sexual está repleto de regras. Essas regras dependem do grupo social (idade, classe social e educacional) e momento histórico. Ana Cláudia considera esse comportamento um avanço nas relações afetivas, pois acredita que há uma maior possibilidade de escolher parceiros e de experimentar as sensações prazerosas do toque com o outro, sem que esse relacionamento necessariamente leve ao “casamento”. Isso, para ela, é um fator importante no desenvolvimento afetivo do jovem. No entanto, alerta para uma possível banalização das relações, quando jovens ficam com “usando o outro como objeto”, o que muitas vezes pode provocar frustrações para ambas as partes envolvidas.

            O jovem do século XXI é visto como livre, bem informado, “antenado” com os acontecimentos, mas as pesquisas mostram que quando o assunto é sexo há muitas dúvidas e conflitos. Desde dúvidas específicas sobre questões biológicas, como as doenças sexualmente transmissíveis, até conflitos sobre os valores e as atitudes que devem tomar em determinadas situações.

            Apesar de iniciarem a vida sexual mais cedo, os jovens não têm informações e orientações suficientes. A mídia, salvo exceções, contribui para a desinformação sobre sexo e a deturpação de valores. A superbanalização de assuntos relacionados à sexualidade e das relações afetivas gera dúvidas e atitudes precipitadas. Isso pode levar muitos jovens a se relacionarem de forma conflituosa com os outros e também com a própria sexualidade.

            Existe muita preocupação por parte dos jovens em entrar em um padrão. Tanto meninas quando meninos, ainda reproduzem o comportamento machista de anos atrás.  Para a professora Ana Cláudia as garotas ainda sonham com um “príncipe encantado” (que seja um bom partido: fiel e bem sucedido na vida) e os garotos com uma “bela princesa” (que seja adequada aos padrões de beleza física, com indícios de uma futura boa dona de casa e mãe de família, mesmo que possa almejar o mercado de trabalho). Essas expectativas retratam determinadas características, que só reproduzem a repressão e o machismo, que atualmente se encontra mascarado. Os jovens, de maneira geral, ainda se preocupam em seguir padrões de comportamento. Ana Cláudia ressalta que ainda que sociedade imponha um certo tipo de comportamento sexual e afetivo considerado normal, o que dever ser levado em conta é o bem estar de cada um.

Enfim, hoje existe uma aparente liberdade sexual. Ao mesmo tempo em que as pessoas são, em comparações há anos anteriores, mais livres para fazer escolhas no campo afetivo e sexual, ainda há muita cobrança por parte da sociedade, e esta cobrança acaba sendo internalizada, e assim as pessoas acabam assumindo comportamentos e valores adotados pela maioria.        

Apesar da necessária identificação com o grupo, para que nos reconheçamos no outro, todos nós temos as nossas individualidades que devem ser respeitadas.  Devemos refletir que nossas atitudes refletem nossa história pessoal de educação sexual, repleta de valores e concepções. Parece arriscado assumir comportamentos apenas para seguir os padrões, por considera-los certos, sem refletir sobre eles. Seria melhor se vivêssemos de acordo com nossos valores, mas sempre tendo consciência das responsabilidades das escolhas que fazemos, não só durante a juventude, mas ao longo de toda a vida. Você já pensou sobre isso?





14 de abril de 2015

Pensamentos e Discussões Cognitivas Sobre a Fisiologia do Envelhecimento Sexual do Casal




Sempre acreditei que a sexualidade permanece como se não um aspecto vital na vida humana, mas também, como um fator muito importante, mesmo que na idade avançada dos seres humanos, e é mais significativa na vida dos homens do que das mulheres, é claro... Crenças a parte, preconiza-se que a sexualidade é uma opção que pode ser individual, mas sempre recomenda-se para o casal, que eles, entre outras coisas, possam sim, acreditar nisso e exercê-la, independentemente da história sexual prévia, das oportunidades e do estado geral atual da saúde do casal.         
Por que digo isso? Por que acredito, independentemente se o casal estará, digamos “turbinados” e ou “estimulados” por esse ou aquele medicamento, o que importa é a senescência, ou seja, é uma época em que as perturbações metabólicas têm reduzida capacidade de adaptação, principalmente nos territórios endócrinos, que controlam clinicamente os sistemas biológicos e os estados psicológicos que estabelecem e potencializam as crenças, as vontades, os desejos e as fantasias. Sem contar é claro as questões do amor romântico, que acredito serem também fundamentais para a continuidade, a afetividade, o desejo e a prática da sexualidade entre as pessoas, mesmo de idades já avançadas.
Penso também, que embora não haja necessariamente as evidências de que as concentrações dos principais hormônios estejam alteradas com o passar da idade, os sistemas orgânicos que os utilizam têm um equilíbrio precário e estão constantemente buscando novos pontos de equilíbrio para manterem sua regulação.
Assim, com o avançar da idade existem significantes alterações na produção de hormônios, no seu metabolismo e principalmente no seu mecanismo de ação, modificando assim, tanto a quantidade, quanto a qualidade das relações sexuais do casal.
Algumas dessas alterações podem exercer um papel importante na fisiopatologia da senescência, como a dinâmica hipofisária, a fisiologia adrenal e tireoidiana, a homeostasia glicêmica, a função reprodutiva e o metabolismo do cálcio. A partir dos 40 - 50 anos, qualquer teste endócrino dependerá muito do estado nutricional, da presença ou não de alguma disfunção coexistente e o como está o relacionamento afetivo em geral.
Preconiza-se que talvez vários estudos, como também, médicos e pacientes frequentemente interpretam mal as alterações sexuais que são normais na vida das pessoas mais velhas. Por exemplo, na maioria das mulheres, isso inclui a diminuição de secreção de hormônios, a diminuição da libido, o aumento do tempo e da estimulação para atingir excitação, a pouca lubrificação vaginal e é claro a diminuição do interesse pela sexualidade, sem contar é claro, como estarão os seus estados psicossociais vigentes.
Com relação aos homens, ocorre entre outros fatores, a perda da ereção, diminuição do volume ejaculado, rápida detumescência após o coito, um prolongado período refratário antes de se conseguir nova ereção, diminuição da secreção de hormônio e também (em menor escala) a diminuição sim do interesse por sexo em geral.
Estes achados normais em pessoas de mais idade, aliados a problemas médicos ou psicológicos, podem precipitar como já dito, principalmente apatia sexual (mulheres) e disfunções eréteis e mesmo impotência (homens). Este desempenho está na dependência direta dos níveis hormonais séricos, principalmente de Progesterona, Testosterona, Gonadotrofinas e Prolactina.
Por outro lado, na maioria das vezes, a maioria destes pacientes têm erroneamente em mente, que sexo está apenas ligado à função reprodutiva e religiosa, e têm a visão holística de que sexo é vital também para sua saúde, nas relações interpessoais e no senso de integridade (culturalmente falando)... E que, qualquer alteração no desempenho e frequência, resulta em dificuldades de se comunicarem, atitudes conflitantes, embaraços e queixas sexuais e afetivas em geral.
Um estudo de Weizman e Hart (1987); em que investigaram o comportamento sexual de muitos homens e mulheres sadios, com idades que variavam de 35 a 65 anos; eles observaram que, mesmo sendo todos casados, fisicamente sadios e sem problemas psicológicos ou maritais, as pessoas apresentaram queixas como impotência, atividades masturbatórias e menor atividade sexual.
Logo, isto indica há esse ver, que o interesse sexual continuava presente nestes pacientes do referido estudo, mas a forma de expressão sexual variava desde o desejo e o coito ativo, até o prazer auto-erótico das fantasias e da masturbação. Ocorreram também, relatos de histórias de ataques cardíacos, incontinência urinária, uso de sedativos e ou medicação psiquiátrica concomitantemente.
As disfunções sexuais apresentam assim, alta prevalência entre as pessoas de mais idade e é frequentemente considerada uma consequência inevitável da idade, mas para mim, isso é um erro e ou pelo menos muito simplório de se diagnosticar como apenas essa a causa; explico... Para determinar se outros fatores se relacionam ou se associam a esse declínio das funções sexuais, deveríamos sempre também destacar e investigar outros fatores de extrema importância, como, as relações físicas práticas e significantes, o estado de saúde hereditário e geral, diabetes mellitus e os episódios de incontinência urinária. Portanto, embora que mesmo que já sabido que as disfunções sexuais aumentem com a idade, elas estão sim, frequentemente relacionadas também com outros estados mórbidos do que e apenas relacionada simplesmente com a idade.
Preconiza-se que os pacientes mais idosos têm muitas agressões à sua sexualidade. Nossa cultura frequentemente desencoraja o interesse não só sexual dos mais velhos, mas também em muitos casos os relacionamentos afetivos em geral (namorar para que?).
Outro dado, as alterações do envelhecimento, os efeitos de doenças crônicas ou ainda as medicações em geral, podem contribuir negativamente tanto física como psicologicamente no desempenho sexual. As emoções e o stress nas relações das pessoas mais velhas podem levar até há transtornos psicológicos e cognitivos mais graves, aumentando aí sim, o declínio sexual em geral. Erros na apreciação desses fatores psicológicos podem resultar em tratamento inapropriado e piorar ainda mais o sofrimento dos pacientes.
A literatura médica demonstra em vários estudos e pesquisas que pacientes que sofreram infarto do miocárdio e sofrem de problemas circulatórios apresentam disfunções eréteis, devido além das causas orgânicas, medo e crenças infundadas, de que a volta às atividades sexuais possam redundar um novo episódio isquêmico.
Segundo Vitiello (1987); hoje, em nosso meio, as mulheres têm uma expectativa de vida em torno de 65 anos e como a faixa etária em que se interrompem as menstruações se situa em torno de 45 anos, um terço da vida feminina transcorre após a menopausa. É chamada por muitas pessoas terceira idade, que é digamos muito ainda esquecida, mal tratada, marginalizada, vítima de piadas de mau gosto e seus relacionamentos afetivos e sexuais, quando existem são ridicularizados, chegando-se a dizer em várias “rodas de conversas” que existem três sexos: sexo masculino, sexo feminino e... Sexagenário.
A sexualidade dos mais idosos passa a ser considerada até como uma indecência, texto esse dito principalmente pelos mais conservadores e religiosos. Mas não é só a sociedade, as instituições e a família que exercem pressão sobre a sexualidade dos idosos. As próprias pessoas quando chegam a essa idade se consideram e acreditam serem assexuadas e assim permanecem.
Essa postura se deve à ignorância e crenças infundadas sobre o assunto, porque a sexualidade pode ser exercida sim e plenamente em qualquer idade, pois, com o passar do tempo e dos anos muitos de nós poderíamos e deveríamos pensar em qualidade e não apenas e quantidade das e nas nossas relações afetivas.
Acredito também, baseado em minhas pesquisas e leituras na área, que as alterações que a idade impõe aos idosos são: uma diminuição normal da libido e dos hormônios, ereções mais demoradas e curtas, pressão ejaculatória menor, menor volume do ejaculado, vaginismo, mais rápida detumescência e maior período refratário entre as ereções, menor lubrificação nas mulheres, etc... Em suma, não há necessariamente razão a priori para os idosos abandonarem sua atividade sexual, mesmo se estiverem apresentando algumas dessas características.
O sexo pode ser tão gratificante como na juventude ou na idade adulta, acredito que é também uma questão de adaptação... Explico: Desde que a revolução sexual começou, após a 2ª Guerra Mundial, o sexo deixou em parte de ser pecado, de ser sujo, passando a ser mais frequente dentro do casamento, não apenas com fins procriativos.
Hoje em dia, com bem mais igualdades entre os sexos, principalmente as mulheres rejeitam qualquer censura e propõe o direito lídimo de uma educação sexual desde as escolas, onde o sexo é apresentado como natural, fisiológico e saudável. Ou seja, a “nova moral” permite a prática do sexo sem tantos inocentes, sem muitas vítimas, sem prejuízos para os parceiros e uma nova consciência de paternidade responsável. Mas, ainda assim, as exigências do desempenho sexual tem efeitos danosos para ambos os sexos.
Isto tudo resulta, em que os homens passem a ter a obrigação de satisfazer a parceira, o que cria um grau de ansiedade crescente e com o passar da idade as deficiências ou a queda do desempenho se tornam muito frequentes também para os mais novos já nos dias de hoje.
No caso das mulheres, por sua vez, buscam atingir mais o orgasmo que atualmente ainda só ocorre em metade das relações, e de várias formas aumentam também as relações fóbicas, se martirizando na busca de obtê-lo a todo custo e acaba desenvolvendo também uma ansiedade por si mesma inibidora, além é claro das questões de medo de perder o parceiro.
Para piorar a situação as mídias eletrônicas estão repletas de mensagens que exploram os corpos sexualmente, levando ao hábito e a uma busca constante de novas formas de erotização. Alie-se a tudo isto a ignorância (falta de conhecimento) e as deficientes técnicas sexuais, temos principalmente nos homens idosos, um aumento das disfunções sexuais reportadas.
Segundo Lewis (1989); as mulheres tem ainda hoje uma maior expectativa de vida, em geral elas são no mínimo alguns anos mais jovem que os homens, que morrem antes e, então elas, perdendo parceiro passam a tem poucas chances de se casar e se relacionar novamente. Quando o faz, tem problemas com a família, com a previdência social, com a comunidade religiosa, com as amigas e consigo mesma para se adaptar ao novo parceiro e a nova vida sexual.
Segundo CAVALCANTI e CAVALCANTI (1987); os atos fisiológicos que constituem as respostas sexuais humanas são filogeneticamente determinados. Todos os seres humanos herdam em parte a capacidade de libido, excitação e orgasmo (fisiologicamente falando) e esta sequência é chamada de funcional; porém se há um bloqueio e ou uma patologia em uma ou em várias etapas desta sucessão, os seres humanos são equivocadamente considerados (as) disfuncionais.
Logo, preconiza-se que se o organismo é normal e a estimulação sexual efetiva, elas quase sempre levarão a uma resposta sexual fisiológica inevitável; sem contar com todas as questões emocionais e afetivas envolvidas. Mas nem todos os seres humanos tem a mesma potencialidade para responder sexualmente e é necessária uma série de fatores como disponibilidade de tempo, parceiro (a), local, condições de saúde, fantasias, etc., para se obter resposta realmente eficaz e satisfatória.
Nas sociedades antigas, tradicionais e machistas, as mulheres ficam como que à disposição dos seus parceiros para ter relações sexuais, mesmo que não esteja ardendo de vontade e de desejo. Portanto, temos que ter um estímulo capaz de eliciar uma resposta após certa latência, porém, se os estímulos forem repetitivos, a latência aumenta, o limiar aumenta e a fadiga se instala. Deve-se esperar a recuperação física para se obter novamente respostas; ou ainda nos meus estudos de casos, um pouco mais de educação e respeito para com as parceiras.
Ainda é preciso distinguir duas outras situações: o hábito e a saciedade. No hábito, como sabemos, os mesmos estímulos repetidos conduzem a uma familiaridade com a situação e, portanto, levam ao desinteresse, “saciedade” e a indiferença. É o que acontece com casais unidos há muito tempo, onde a rotina e a exposição do mesmo estímulo sexual fazem com que os (as) parceiros (as) se tornem inapetentes.
A “saciedade”, a indiferença e o desinteresse se instalam quando o mesmo estímulo (ou a fala dele) é apresentado repetitivamente, perdendo seu papel eliciador. Não confundir com fadiga... As pessoas podem estar fatigadas e não saciados e vice-versa. Uma única relação sexual pode deixar uma pessoa saciada e não fatigada (relações repetidas).
Para HELLINGA (1978); a Andropausa pode começar ainda na vida adulta devido à hipofunção das células de Leydig, sem qualquer cronologia com a idade, como acontece com a maioria das mulheres. A produção de Testosterona declina, resultando num pico matinal inferior, valores inferiores a 300 ng/ml.
Os sintomas são vagos e inespecíficos, dentro de um processo gradual de transição de hipofunção até o aleydigismo, com diminuição da libido e da potência, acompanhadas de fadiga aos exercícios (mesmo que leves) e decréscimo das atividades mentais, principalmente atenção e memória. Pode se seguir anorexia, nervosismo, cefaléias, irritabilidade, distúrbios gastrointestinais, distúrbios de sono, extrassístoles, taquicardia, distúrbios vasomotores (ondas de calor), depressão e alterações emocionais.
Os diagnósticos, por muitas vezes suspeitados, devem ser confirmados; baixos níveis de 17-Cetosteróides ou de Testosterona no plasma e na urina são decisivos e uma boa resposta aos andrógenos de substituição é a última prova. Porém, segundo este autor, devemos diferenciar a Andropausa do climatério masculino. Ele chama de Andropausa se a deficiência primária está na Hipófise ou no Hipotálamo, onde o LH está baixo ou ausente.
Por outro lado, em outro momento, se as células de Leydig não respondem bem, o LH tende a aumentar e os sintomas descritos tendem a se agravar. É o climatério masculino. A ocorrência de Andropausa é muito mais freqüente do que a síndrome climatérica bem definida, porém há uma tendência em se negligenciar a existência de ambas e os pacientes serem encaminhados ao tratamento psiquiátrico/psicológico. Não devemos negar a existência de fatores psiquiátrico-psicológicos que, em parte, preenchem sim o seu papel em muitos casos, porém em geral são secundários às causas orgânicas e fisiológicas principais.
Acredito que após tais estudos e leituras que a causa é diferente, porém a resultante é a mesma, ou seja, a falta ou a deficiência de andrógenos. A avaliação da função da célula de Leydig é feita em geral pelo radioimunoensaio de Testosterona e LH.
Isto tudo, conduz a outro problema, os efeitos colaterais da androgenoterapia que podem causar carcinoma de próstata e repercussão sobre o coração e os vasos sangüíneos levando à hipertensão e/ou arteriosclerose, tornando o ato sexual perigoso para os homens mais idosos. Várias são as referências em estudos, de morte durante o intercurso entre esses pacientes (morte heróica, foi a última).
Toda energia reprimida deve ser utilizada na atividade sexual para que os indivíduos gozem de perfeita saúde física e mental. Tanto que existe um ditado recorrente de muitos estudiosos que dizem: “Quanto mais se faz sexo, mas se quer fazer e melhor se sentem as pessoas, é um afrodisíaco”.
Preconiza-se novamente outro ditado do meu pai, já falecido que dizia: “Que resta, portanto, encontrar um (a) parceiro(a) interessante e interessado (a), para compartilhar uma sexualidade plena”. Porém, como já mencionei anteriormente podem coexistir inúmeras patologias nessa idade que irão agravar e complicar o quadro ou mesmo serem diretamente responsáveis pela perda da sexualidade.
Agora, outra pergunta: “Quais são os achados reais que a senescência impõe ao homem?”. Os trabalhos de NOWAKOWSKI e SCHMIDT (1959) e DOEPFMER (1960); que evidenciam que o peso e o volume dos Testículos diminuem ligeiramente em muitos homens. Em níveis microscópicos se observam espessamentos das paredes dos túbulos seminíferos com hialinização e fibrose gradual e com diminuição da atividade espermatogênica. Porém, em muitos túbulos, a espermatogênese se mantém e de há muito se sabe que a fertilidade pode estar presente aos 90 anos; mas, em geral, 20 a 30% dos indivíduos com mais de 60 anos são subférteis ou mesmo inférteis.
O conteúdo de frutose seminal diminui a um terço do normal, o que evidencia um declínio na função das células de Leydig, cujo número se reduz a 40% na maioria dos casos, a partir dos 70 anos de idade, resultando em menor produção de hormônios e menor excreção de 17-Cetosteróides. Este declínio da função testicular devido ao envelhecimento pode ser primário (Testículo) ou secundário (Hipófise) ou de ambos.
As alterações são na libido e na função erétil e, embora as maiorias dos homens idosos mantenham-se interessados em sexo, menos de 15% referem atividade sexual contínua, devido primariamente à disfunção erétil. Pois, já se sabe que a ereção depende da interação completa entre sistema nervoso autônomo, sistema cardiovascular e neurotransmissores locais como a acetilcolina, NO (óxido nítrico) e o VIP (peptídeo intestinal vasoativo). O estímulo sexual aumenta o influxo sangüíneo nos corpos cavernosos e restringe o seu efluxo, causando a rigidez peniana.
Com a idade, também diminuem os esteróides Gonadais, a velocidade de condução nervosa e a complacência vascular, podendo qualquer uma delas interferir no processo erétil. Então outros estudos em que os homens são submetidos a programas de investigação com o Doppler e o teste da papaverina, fica claro e surpreendentemente se encontrar fuga venosa em apenas 15% dos pacientes e insuficiência arterial com indicação para próteses penianas em não mais que 12% dos casos. Logo, em mais de 70% dos casos, aparentemente, a causa não é vascular! Outra pergunta: “Pensa-se então em desordens neurológicas?”.
Segundo SUGIYAMA (1989); o reflexo cremastérico pesquisado por um choque único aplicado na região ventromedial da coxa ou no dorso do pênis demonstra claramente como dirimir as dúvidas. Se houver lesão neurológica o reflexo tem latência aumentada e pode se  tornar ausente, mesmo com estímulos fortes supra limiares. Para este autor, esta metodologia favorece a localização das lesões medulares e permite minimizar o efeito da córtex cerebral sobre o próprio reflexo.
Outro estudo, temos ainda os relatos dos doutores CATALAN, HAWTON e DAY (1990); que destacam que as disfunções sexuais devem ser focalizadas levando em conta que 1/3 dos homens e 18% das mulheres sofrem de problemas físicos, mais de 1/3 dos casais têm problemas psiquiátricos/psicológicos e 2/3 dos casais têm problemas maritais ou de relacionamento com os (as) parceiros (as), que contribuem para a gênese das mesmas.
Encontramos ainda referências a disfunções sexuais em pacientes que apresentaram acidentes vasculares cerebrais, principalmente do hemisfério cerebral dominante, hipertensos, doença de Peyronie, lepra, distrofia miotônica, uremia, diabéticos (as) de longa data, portadores (as) de artrite reumatóide ou espondilite anquilosante, infarto do miocárdio, queimaduras, hepatopatias crônicas, operados de cânceres urológicos, operadas de mastectomias e cirurgias genitais, pós-radioterapia de tumores de bexiga ou próstata, cirurgias abdominais ou pélvicas, insuficiência respiratória, endocrinopatias, cardiopatias, o uso de drogas e medicamentos.
Sendo assim, podemos visualizar causas orgânicas e causas psicossociais, cujas conseqüências podem ser de grande importância na sexualidade dos (as) pacientes e ter reflexos sobre as reações do (a) parceiro (a) sexual, resultando em efeitos nada desprezíveis sobre o (a) próprio paciente, redundando num ciclo vicioso que mantém de forma direta ou indireta o problema existente ou, o que é pior, induz a um agravamento da situação.
Consultando a literatura recente sobre disfunções sexuais e patologias mais comuns, me deparei com os trabalhos sobre pacientes hipertensos (as), diabéticos (as) ou não, cuja doença vascular associada à neuropatia ou a problemas psicológicos, se torna um desafio quanto ao seu tratamento, em ambos os sexos, pois os usos de diuréticos, simpatolíticos e betabloqueadores se associam a disfunções eréteis, impotência e diminuição da libido mais no sexo masculino. ZEMEL (1988); estima entre 40 a 80% o índice de pacientes diabéticos (as) e  hipertensos (as) com uma dessas disfunções relatadas.
Outra patologia extremamente comum de ser relacionada com as disfunções sexuais é o acidente vascular cerebral. MONGA, LAWSON e INGLIS (1986); estudando mais de 100 pacientes (2/3 homens e 1/3 mulheres) com mais de 60 anos, referem diminuição da libido em ambos os sexos. Os homens referem perda de ereção e da ejaculação após o insulto cerebral e as mulheres se queixam de problemas orgásticos e de lubrificação vaginal, 95% dos homens e 75% das mulheres estavam satisfeitos com sua atividade sexual antes do acidente, enquanto após o mesmo, somente 26% dos homens e 37% das mulheres diziam o mesmo. Todos relatam ter medo que a atividade sexual altere a pressão arterial e precipite novo acidente.
Outro estudo pesquisado destaco COSLETT e HEILMAN (1986); que estudando pacientes com acidentes vasculares nos hemisférios direito - dominante - e esquerdo, referem a prevalência das lesões à direita sobre as disfunções - (9/12) para apenas (1/4) à esquerda, o que corresponde à hipótese de ser o hemisfério dominante crítico para ativação das funções sexuais.
Um grupo de pacientes que tem apresentado problemas de sexualidade e fertilidade, são aqueles submetidos a tratamentos para tumores de próstata e das vias urinárias. Assim, SCHOVER (1987) e BANKER (1988); se preocupam com a preservação da função sexual e da fertilidade em pacientes que foram operados de câncer da próstata, da bexiga, do pênis, da uretra ou dos rins e inclusive da recuperação da espermatogênese após quimio ou radioterapia.
Quanto aos efeitos desta última, van HEERINGEN, De SHRYVER e VERBEEK (1988); estudando 18 pacientes com idades entre 60 e 82 anos, submetidos à radioterapia por Ca de próstata, encontraram apenas 03 casos de impotência, ressaltando a importância de assistência psiquiátrica/psicológica para reduzir a proporção de problemas psicogênicos que incidem nesses pacientes.
Outro interessante estudo é o de BANKER (1988); que acompanhou prospectivamente pacientes irradiados também por câncer de próstata. Para aqueles ativos sexualmente (três ou mais intercursos mensais) antes da irradiação, a chance de manter a potência com ereções perfeitas era de 73%. Mas, para os casos menos ativos, o decréscimo da potência era de 40 a 46%, evidenciando a importância da atividade sexual prévia.
Por fim e mais recentemente, KRAUSS, D.J.; LANTINGA, LJ. CAREY, MP. MEISLER, A.W.; e KELLY, (1989); acompanharam o pós-operatório de 19 pacientes com próteses penianas e suas esposas durante um ano e relatam que o casal se mostra em geral satisfeito, principalmente os maridos que aumentam a frequência dos coitos, mesmo sem sofrer alterações da libido.


FONTE: https://psicologado.com/psicologia-geral/sexualidade/pensamentos-e-discussoes-cognitivas-sobre-a-fisiologia-do-envelhecimento-sexual-do-casal?utm_source=boletim&utm_medium=e-mail&utm_content=titulo_artigo&utm_campaign=psicologado_artigos&email=acimarleyfreitas@gmail.com

13 de abril de 2015

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE



De modo geral, o termo educação profissional já constava como proposta das reformas educacionais defendidas pelos arautos do escolanovismo, nas décadas de 1920 e 1930, como Fernando Azevedo (1931), principal mentor da ideia de uma educação pública, gratuita e laica. Ainda que com ideais liberais e de preparação para o trabalho, a escola é vislumbrada naquele contexto como espaço privilegiado para o desenvolvimento de práticas e conteúdos de saúde visando à formação dos futuros trabalhadores, de modo a possibilitar o aumento da sua capacidade produtiva.
A ‘educação profissional em saúde’ foi permitida legalmente, no Brasil, a partir da Lei 4.024/61. Até então, o ensino técnico estava organizado com base nas Leis Orgânicas de Ensino, promulgadas, durante o Estado Novo, pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (Lima, 1996). Estas tratavam, porém, especificamente, da formação de quadros profissionais para a indústria, o comércio, a agricultura e a formação de professores, o que não impediu que na década de 1940 fosse aprovada legislação educacional para a área de enfermagem, que busca regular a formação técnica dos práticos de enfermagem (Decreto-Lei n. 8.778/ 1946) e dos auxiliares de enfermagem (Lei n. 775/1949), para o então incipiente e pouco desenvolvido mercado de trabalho hospitalar.
A partir dessa época, mais precisamente no final da década de 1950, começa a predominar, no discurso de estudiosos e técnicos de instituições internacionais, uma concepção de desenvolvimento que se constitui, ao mesmo tempo, em uma teoria da educação, ambas inspiradas na teoria do ‘capital humano’ de Theodore W. Schultz, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Economia em 1979. No primeiro caso, reorienta a estratégia da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) que passa a preconizar na década de 1960 o desenvolvimento integrado, a partir do planejamento econômico-social, como instrumento de superação do subdesenvolvimento. No segundo, irá influenciar toda a política educacional brasileira desenhada a partir da segunda metade dos anos 60, especialmente a ‘educação profissional em saúde’, materializando-se de forma acabada na década de 1970, com a Lei 5.692/71, que reformula o ensino de 1° e 2° graus no país, implantando compulsoriamente a terminalidade profissional atrelada a este último grau de ensino.
Os estudos sobre economia da educação e economia da saúde, de matriz neoclássica, ofereceram o suporte conceitual e analítico necessário para o desenvolvimento da ideia de que os gastos com os setores sociais não se limitavam a despesas com consumo, mas eram investimentos rentáveis que o Estado deveria assumir como meio de promoção do desenvolvimento econômico. Nesse sentido, os dispêndios em programas de saúde e na melhoria da organização sanitária significavam a promoção da saúde e, consequentemente, uma maior produtividade do trabalho. Em contrapartida, o investimento em educação, por ser esta produtora de capacidade de trabalho, significava, potencialmente, o aumento da renda e a posse de um capital. É no bojo dessa discussão que emerge a noção de recursos humanos em saúde, para designar a mão-de-obra engajada no setor.
O marco internacional para adoção dessa visão foi a Carta de Punta del Este, em 1961, que elaborou o Primeiro Plano Decenal de Saúde para as Américas, ratificado no Brasil, em 1967, na IV Conferência Nacional de Saúde, cujo tema central foi recursos humanos para as atividades de saúde. Nesse contexto, difunde-se a ideia da formação de técnicos de saúde de nível médio em função das necessidades de um suposto mercado de trabalho para estes profissionais surgidas em decorrência do crescimento econômico acelerado no tempo do ‘milagre econômico’ brasileiro (1968-1974) e da introdução de sofisticados equipamentos médicos no processo de trabalho em saúde, no âmbito hospitalar.
De fato, os serviços de saúde foram um importante pólo de criação de postos de trabalho nesse período, e isso está diretamente associado ao modelo de saúde adotado no pós-64, de ampliação em larga escala da produção de serviços médicos hospitalares. Porém, isso ocorreu às custas de duas categorias polares: os atendentes de enfermagem, com nível de escolaridade equivalente às quatro primeiras séries do atual ensino fundamental, e os médicos. Portanto, como aponta Frigotto (1986), no contexto da recomposição do capitalismo em sua fase monopolista, o fetiche e a mistificação da necessidade de formação técnica média para um suposto mercado de trabalho veiculada pela teoria do ‘capital humano’ cumpriu um papel político, ideológico e econômico específicos. No plano político-ideológico, essa teoria veicula a ideia de que o subdesenvolvimento não diz respeito às relações de poder e dominação, sendo apenas uma questão de modernização de alguns fatores, onde os recursos humanos qualificados – ‘capital humano’ – constituem o elemento fundamental. Em contrapartida, passa a ideia de que o antagonismo capital-trabalho pode ser superado mediante um processo meritocrático – pelo trabalho, especialmente pelo trabalho potenciado como educação, treinamento etc. No plano econômico, o conceito de ‘capital humano’ estabelece, de um lado, o nivelamento entre capital constante e capital variável (força de trabalho) na produção de valor; coloca o trabalhador assalariado como um duplo proprietário: da força de trabalho – adquirida pelo capitalista – e de um capital adquirido por ele – quantidade de educação ou de ‘capital humano’. Por outro lado, esse conceito reduz a concepção de educação e, por extensão, a educação profissional a mero fator técnico da produção.
Sendo assim, verificou-se, no setor saúde, que não só a formação de técnicos de enfermagem, por exemplo, não determinou o seu ingresso no mercado de trabalho – e mesmo aqueles que conseguiram não se garantiu a ocupação do cargo – como essa concepção tecnicista de educação profissional contribuiu, entre outros, para naturalizar as ações feitas pelos trabalhadores técnicos em saúde: reduzir a formação profissional a meros treinamentos; conformar os trabalhadores à divisão técnica do trabalho em saúde; manter a hegemonia do ideário cientificista e tecnicista na área; incentivar a crença nas técnicas pedagógicas como instrumento para resolver problemas da formação técnica e de saúde da população; estabelecer análises lineares e imediatas entre educação e mercado de trabalho em saúde, de modo a adequar a formação às necessidades desse mercado, reduzindo o ensino às tarefas do posto de trabalho. Contribuiu, em síntese, para a adaptação e conformação dos trabalhadores ao existente, numa perspectiva economicista, instrumentalista, pragmática e moralizadora (Pereira, 2006).
Antagônica a essa concepção de adaptação, foi sendo construída nos anos 80, ao mesmo tempo, uma concepção de educação que a recoloca no âmbito das práticas sociais, isto é, como uma prática constituída e constituinte das relações sociais e uma concepção de escola, cujo eixo básico centra-se na questão da escola unitária, de formação tecnológica ou politécnica e na necessidade de aprofundamento do sentido e dos desafios de tomar-se o trabalho como princípio educativo. Nesse debate, a relação trabalho-educação é colocada em novo patamar, buscando sobretudo resgatar a dimensão contraditória do fenômeno educativo, seu caráter mediador e sua especificidade no processo de transformação da sociedade. Se a escola tende a mediar os interesses do capital e a adaptação ao existente, não é da sua natureza ser capitalista. Nesse sentido, abre-se no seu interior a possibilidade e a necessidade de construir outras mediações que a articulem com os interesses dos trabalhadores no processo de sua qualificação, mediações que resgatem o homem em sua tripla dimensão – individualidade, natureza e ser social – e o saber científico-tecnológico produzido historicamente por esse mesmo homem.
Desse último ponto de vista, o papel do ensino médio e da educação profissional em saúde deveria ser o de recuperar a relação entre conhecimento e a prática do trabalho. Isto significaria explicitar como a ciência se converte em potência material no processo de produção de mercadorias, de maneira geral, e nos serviços de saúde, em particular. Assim, seu horizonte deveria ser o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos científicos das diversas técnicas e não o mero adestramento em técnicas produtivas. A noção de politécnica postula uma formação que a partir do próprio trabalho social desenvolva a compreensão das bases de organização do trabalho em nossa sociedade. Trata-se da possibilidade de formar profissionais em um processo onde se aprende praticando, mas, ao praticar, se compreendem os princípios científicos que estão direta e indiretamente na base desta forma de organizar o trabalho na sociedade. Implica ainda que o processo de trabalho desenvolva em uma unidade indissolúvel os aspectos manuais e intelectuais, pois são características do trabalho humano. A separação dessas funções é um produto histórico-social e não é absoluta, mas relativa (Saviani, 2003; EPSJV, 2005; Ramos, s.d.).
À educação cabe, neste contexto, contribuir para a emancipação dos trabalhadores em relação a uma ordem social e econômica excludente e alienada, que tende a transformar a saúde e a educação em uma mercadoria como outra qualquer, e conseqüentemente ter como meta transformar a sociedade e tornar realidade o direito universal à saúde e à educação. Considerando o trabalho e a ‘educação profissional em saúde’, Pereira (2006) destaca algumas premissas dessa concepção, tais como: os trabalhadores técnicos de saúde desenvolvem trabalho complexo, na perspectiva de valor de uso e, portanto, precisam de formação qualificada; a defesa da escola e da escolaridade como política pública e como condição para a formação dos trabalhadores técnicos em saúde; a defesa da explicitação da dimensão política e técnica da prática educativa na saúde; a crítica ao positivismo, ao cientificismo e ao tecnicismo; o trabalho como princípio educativo e a ideia da qualificação como construção social (Castro, 1992; Hirata, 1994).
As reflexões em torno do ideário da politecnia tinham como fulcro as transformações que estavam ocorrendo no mundo do trabalho com a introdução de novas tecnologias informáticas e biotecnológicas e novas formas de energia que se intensificaram no decorrer dos anos 90, chegando a ser incorporado no projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional apresentado pelos setores educacionais progressistas à Câmara dos Deputados em 1988. Entretanto, esse projeto de LDB foi derrotado pelo do Senador Darcy Ribeiro, aprovado em 20 de dezembro de 1996, com a Lei 9.394, que levou a diversas regulamentações posteriores, entre as quais, a regulamentação curricular com base na pedagogia das competências, que se tornou a referência fundamental para a política educacional de maneira geral, mas em especial para a ‘educação profissional em saúde’.
Originária do mundo dos negócios, a noção de competência, assim como a de sociedade do conhecimento, emerge como produto e resultado da crise do modelo fordista de desenvolvimento. Uma crise da acumulação, concentração e centralização de capital, que implicou um novo tipo de organização do trabalho, baseado em tecnologia flexível, em contraposição à tecnologia rígida do sistema taylorista-fordista, e na formação de um trabalhador também flexível, baseada na pedagogia das competências.
Na área de saúde, a noção de competência foi difundida com a instituição do Sistema de Certificação de Competências do Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores na área de Enfermagem do Ministério da Saúde (Profae/MS), a partir do ano 2000, e de acordo com Ramos (s.d.), apesar de (re)construir essa noção numa perspectiva contrária àquela que predomina na organização de sistemas de competências profissionais, de corte funcionalista e condutivista, e de relacioná-la ao desenvolvimento da autonomia dos trabalhadores em saúde para enfrentar os acontecimentos dos processos de trabalho, na sua complexidade, heterogeneidade e imprevisibilidade, essa opção pedagógica acaba não contribuindo para o fortalecimento da relação entre o mundo da escola e do trabalho. Entre outros motivos, por levar à ‘desintegração curricular’, ao tentar reproduzir as situações de trabalho nos espaços formativos.
Do ponto de vista legal – a atual Legislação Educacional, conforme prevista no art. 39 da Lei 9.394 e no Decreto 5.154, de 23 de julho de 2004 –, a educação profissional em saúde compreende a formação inicial ou continuada, a formação técnica média e a formação tecnológica superior. Ela pode ser realizada em serviços de saúde (formação inicial ou continuada) e em instituições de ensino (formação inicial ou continuada, formação técnica e tecnológica). A formação técnica compreende as formas de ensino integrado, concomitante ou subseqüente ao ensino médio. Tanto a formação técnica como a formação tecnológica se organizam atualmente em doze subáreas de formação em saúde, conforme os Referenciais Curriculares Nacionais da área (Brasil/Ministério da Educação, 2000). São elas: biodiagnóstico, enfermagem, estética, farmácia, hemoterapia, nutrição e dietética, radiologia e diagnóstico por imagem, reabilitação, saúde bucal, saúde visual, segurança do trabalho e vigilância sanitária. A área profissional saúde diz respeito às ações integradas referentes às necessidades individuais e coletivas, com base em modelo que ultrapasse a ênfase na assistência médico-hospitalar. As ações de saúde se desenvolvem em locais, tais como: centros de saúde, postos de saúde, hospitais gerais e especializados, laboratórios, domicílios, centros comunitários, escolas e outros espaços sociais.
Portanto, a educação profissional em saúde é um objeto de disputa e embate de projetos societários. Apesar da hegemonia de ideias e práticas de educação profissional que têm como objetivo a adaptação e conformação dos trabalhadores ao existente e ao mercado de trabalho, assim como às necessidades de manutenção e transformação do capital, existem projetos contra hegemônicos que lutam por uma educação e saúde que tenham como finalidade a construção de uma sociedade mais humana e solidária (Pereira & Ramos, 2006). São exemplos, na ‘educação profissional em saúde’, a ‘concepção ensino e serviço’, desenvolvida pelas Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (Etsus), e a ‘concepção politécnica’, desenvolvida pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz). Essas experiências são realizadas no cenário histórico e social do capitalismo tardio, um cenário contraditório e complexo, em que se confrontam as posições progressistas, que defendem e reafirmam a saúde como um direito universal, e a realidade da formação recente do capitalismo em nosso país, que tende a tornar a saúde uma mercadoria.
A educação profissional em saúde no seu viés de transformação afirma a formação omnilateral e a humanização do trabalhador pelo trabalho. O caráter politécnico do ensino, como diz Frigotto (1985, p. 4), “decorre da dimensão de um desenvolvimento total das possibilidades humanas, onde, como afirma Marx, na Ideologia Alemã, os pintores serão ‘hombres que además pintem’.



Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/eduprosau.html