Promoção da Autoestima pela
Abordagem Centrada na Pessoa: Um Estudo sobre Valor Pessoal e Aceitação
Incondicional
Resumo
Este
artigo explora a importância da autoestima dentro da psicologia, com foco na
eficácia da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) proposta por Carl Rogers. A
autoestima é um conceito central para o bem-estar psicológico, influenciando as
relações interpessoais, a resiliência emocional e a autorrealização. A ACP,
fundamentada nos pilares da empatia, aceitação positiva incondicional e
congruência, oferece uma base terapêutica poderosa para promover o crescimento
pessoal e a valorização do indivíduo. Por meio de uma análise bibliográfica,
este estudo revisa trabalhos teóricos e empíricos que conectam a ACP aos
processos de transformação emocional e fortalecimento da autoestima. Os
resultados reforçam que a consideração positiva incondicional e a criação de um
ambiente terapêutico centrado no cliente são fatores essenciais para a
reconstrução de uma autoimagem saudável. Por fim, o artigo destaca a relevância
da abordagem humanista na prática clínica, propondo novas oportunidades de
estudos para ampliar sua aplicabilidade.
Palavras-chave:
autoestima, Carl Rogers, abordagem humanista, empatia, aceitação incondicional.
Introdução
A
autoestima é amplamente reconhecida como um dos pilares fundamentais da saúde
mental, ocupando um papel relevante em diversas teorias psicológicas. Trata-se
da percepção que o indivíduo tem de si mesmo, englobando autovalorização,
autoconfiança e sentimento de pertencimento. Níveis saudáveis de autoestima
estão diretamente associados à resiliência emocional e à capacidade de navegar
pelos desafios da vida.
A
abordagem centrada na pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers, fundamenta-se
em princípios que reconhecem a capacidade inata do ser humano de se desenvolver
e se autorrealizar desde que esteja inserido em um ambiente terapêutico que
promova segurança e aceitação. A ACP apresenta como pressupostos a empatia, a
aceitação positiva incondicional e a congruência do terapeuta, oferecendo,
assim, condições para fortalecer a autoestima do cliente.
Neste
artigo, busca-se compreender como os princípios da ACP contribuem para o
fortalecimento da autoestima, explorando as bases teóricas dessa aproximação e
sua aplicabilidade prática no contexto clínico.
Revisão da Literatura
Conceito de Autoestima na Perspectiva
Psicológica e Humanista
A
autoestima é amplamente entendida como um construto multidimensional que
reflete atitudes, percepções e afetos relacionados ao próprio "eu".
Na abordagem humanista, ela está diretamente associada ao conceito de
autorrealização, conforme proposto por Abraham Maslow (1970) em sua hierarquia
de necessidades. Nessa perspectiva, a autoestima surge como um fator essencial
para a conquista do potencial máximo do indivíduo.
Para
Carl Rogers, a autoestima está intrinsecamente ligada à autoaceitação. Ele
argumenta que um ambiente com suporte de empatia e aceitação incondicional
permite ao cliente explorar seu verdadeiro "eu" e reconstruir sua
autoimagem.
Princípios Centrais da Abordagem
Centrada na Pessoa (ACP)
Os
principais pilares da ACP incluem:
1. Empatia:
O
terapeuta deve demonstrar compreensão profunda dos sentimentos e experiências
do cliente, ajudando-o a lidar com emoções difíceis e a se sentir validado.
2. Aceitação Positiva
Incondicional:
Rogers
enfatizou que o cliente precisa sentir-se plenamente aceito pelo terapeuta,
independentemente de suas ações, pensamentos ou emoções. Esse ambiente
acolhedor promove a exploração de aspectos dolorosos ou ocultos do
"eu".
3. Congruência:
Refere-se
à autenticidade do terapeuta, sendo uma figura genuína, sem máscaras ou
julgamentos, que contribui para a relação terapêutica autêntica.
Estudos
anteriores, como os de Joseph e Murphy (2013), evidenciam que essas condições facilitadoras
ajudam a construir a confiança do cliente em si mesmo e a promover mudanças
significativas na autoestima.
Trabalhos Prévios sobre o Impacto
da ACP na Autoestima
Pesquisas
indicam que a ACP é efetiva tanto em adolescentes quanto em adultos que lidam
com baixa autoestima. Por exemplo, um estudo de Neff (2003) sugeriu que a
empatia e a aceitação terapêutica aumentam a autocompaixão e promovem uma
melhora na autoimagem. Além disso, os efeitos positivos da ACP vão além do
atendimento individual, sendo aplicáveis em contextos educacionais e
comunitários.
Metodologia
Este
artigo segue uma abordagem qualitativa, baseada em uma revisão bibliográfica de
literatura. Foram consultados estudos teóricos e empíricos publicados nas
últimas duas décadas, com foco no impacto da ACP na promoção da autoestima. As
bases de dados revisadas incluem PubMed, Scopus, e PsycINFO, e as
palavras-chave utilizadas foram “autoestima”, “abordagem centrada na pessoa” e
“Carl Rogers”. Somente estudos revisados por pares e relevantes para o tema
foram incluídos.
A
análise foi estruturada para responder à seguinte questão: Como a abordagem
centrada na pessoa contribui para a promoção da autoestima?
Discussão
A
análise dos dados obtidos aponta que a ACP tem um impacto consistente no
fortalecimento da autoestima de indivíduos com dificuldades emocionais. O
componente chave dessa abordagem é a aceitação incondicional, que reduz os
efeitos de julgamentos negativos internalizados e promove a autoconfiança.
Outro
ponto crucial é o papel da empatia, que permite ao cliente reconhecer emoções
reprimidas e transformar crenças autolimitantes. Muitos estudos atuais destacam
a relação positiva entre a autenticidade do terapeuta (congruência) e a
abertura do cliente para explorar áreas sensíveis de sua identidade.
Esses
achados têm implicações diretas na prática clínica, sugerindo que terapeutas
capacitados pela ACP podem facilitar uma transformação significativa na autoestima,
especialmente em populações que enfrentam dificuldades como transtornos
depressivos, traumas ou críticas excessivas.
Conclusão
A
autoestima desempenha um papel central na saúde mental e no desenvolvimento
psicossocial dos indivíduos. Através da Abordagem Centrada na Pessoa, é
possível oferecer um espaço terapêutico seguro, no qual os clientes possam se
desenvolver plenamente enquanto exploram seus valores e reconceituam sua
autopercepção.
O
impacto positivo observado nas práticas da ACP reforça a relevância dessa
abordagem, não apenas em contextos terapêuticos individuais, mas também em
espaços educativos e sociais mais amplos. Estudos futuros devem investigar a
eficácia da ACP com diferentes populações e em contextos culturais variados, visando
ampliar sua aplicabilidade e compreensão teórica.
Referências
Bibliográficas
1.
Joseph, S., & Murphy, D. (2013). Person-Centered Approach, Positive
Psychology, and Relational Depth. *Journal of Humanistic Psychology, 53*(2),
139–163.
2.
Maslow, A. H. (1970). *Motivation and Personality*. Harper & Row.
3.
Neff, K. D. (2003). Self-compassion: An alternative conceptualization of a
healthy attitude toward oneself. *Self and Identity, 2*, 85–101.
4.
Rogers, C. R. (1961). *On Becoming a Person: A Therapist’s View of
Psychotherapy*. Houghton Mifflin.
5.
Rosenberg, M. (1965). *Society and the Adolescent Self-Image*. Princeton
University Press.
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