Psicologa Organizacional

25 de junho de 2025

 

Promoção da Autoestima pela Abordagem Centrada na Pessoa: Um Estudo sobre Valor Pessoal e Aceitação Incondicional

 

Resumo

Este artigo explora a importância da autoestima dentro da psicologia, com foco na eficácia da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) proposta por Carl Rogers. A autoestima é um conceito central para o bem-estar psicológico, influenciando as relações interpessoais, a resiliência emocional e a autorrealização. A ACP, fundamentada nos pilares da empatia, aceitação positiva incondicional e congruência, oferece uma base terapêutica poderosa para promover o crescimento pessoal e a valorização do indivíduo. Por meio de uma análise bibliográfica, este estudo revisa trabalhos teóricos e empíricos que conectam a ACP aos processos de transformação emocional e fortalecimento da autoestima. Os resultados reforçam que a consideração positiva incondicional e a criação de um ambiente terapêutico centrado no cliente são fatores essenciais para a reconstrução de uma autoimagem saudável. Por fim, o artigo destaca a relevância da abordagem humanista na prática clínica, propondo novas oportunidades de estudos para ampliar sua aplicabilidade.

 

Palavras-chave: autoestima, Carl Rogers, abordagem humanista, empatia, aceitação incondicional.

 

Introdução

A autoestima é amplamente reconhecida como um dos pilares fundamentais da saúde mental, ocupando um papel relevante em diversas teorias psicológicas. Trata-se da percepção que o indivíduo tem de si mesmo, englobando autovalorização, autoconfiança e sentimento de pertencimento. Níveis saudáveis de autoestima estão diretamente associados à resiliência emocional e à capacidade de navegar pelos desafios da vida.

A abordagem centrada na pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers, fundamenta-se em princípios que reconhecem a capacidade inata do ser humano de se desenvolver e se autorrealizar desde que esteja inserido em um ambiente terapêutico que promova segurança e aceitação. A ACP apresenta como pressupostos a empatia, a aceitação positiva incondicional e a congruência do terapeuta, oferecendo, assim, condições para fortalecer a autoestima do cliente.

Neste artigo, busca-se compreender como os princípios da ACP contribuem para o fortalecimento da autoestima, explorando as bases teóricas dessa aproximação e sua aplicabilidade prática no contexto clínico.

 

Revisão da Literatura

 

Conceito de Autoestima na Perspectiva Psicológica e Humanista

A autoestima é amplamente entendida como um construto multidimensional que reflete atitudes, percepções e afetos relacionados ao próprio "eu". Na abordagem humanista, ela está diretamente associada ao conceito de autorrealização, conforme proposto por Abraham Maslow (1970) em sua hierarquia de necessidades. Nessa perspectiva, a autoestima surge como um fator essencial para a conquista do potencial máximo do indivíduo.

Para Carl Rogers, a autoestima está intrinsecamente ligada à autoaceitação. Ele argumenta que um ambiente com suporte de empatia e aceitação incondicional permite ao cliente explorar seu verdadeiro "eu" e reconstruir sua autoimagem.

 

Princípios Centrais da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)

Os principais pilares da ACP incluem:

 

1. Empatia:

            O terapeuta deve demonstrar compreensão profunda dos sentimentos e experiências do cliente, ajudando-o a lidar com emoções difíceis e a se sentir validado.

 

2. Aceitação Positiva Incondicional:

Rogers enfatizou que o cliente precisa sentir-se plenamente aceito pelo terapeuta, independentemente de suas ações, pensamentos ou emoções. Esse ambiente acolhedor promove a exploração de aspectos dolorosos ou ocultos do "eu".

 

3. Congruência:

Refere-se à autenticidade do terapeuta, sendo uma figura genuína, sem máscaras ou julgamentos, que contribui para a relação terapêutica autêntica.

 

Estudos anteriores, como os de Joseph e Murphy (2013), evidenciam que essas condições facilitadoras ajudam a construir a confiança do cliente em si mesmo e a promover mudanças significativas na autoestima.

 

Trabalhos Prévios sobre o Impacto da ACP na Autoestima

Pesquisas indicam que a ACP é efetiva tanto em adolescentes quanto em adultos que lidam com baixa autoestima. Por exemplo, um estudo de Neff (2003) sugeriu que a empatia e a aceitação terapêutica aumentam a autocompaixão e promovem uma melhora na autoimagem. Além disso, os efeitos positivos da ACP vão além do atendimento individual, sendo aplicáveis em contextos educacionais e comunitários.

 

Metodologia

Este artigo segue uma abordagem qualitativa, baseada em uma revisão bibliográfica de literatura. Foram consultados estudos teóricos e empíricos publicados nas últimas duas décadas, com foco no impacto da ACP na promoção da autoestima. As bases de dados revisadas incluem PubMed, Scopus, e PsycINFO, e as palavras-chave utilizadas foram “autoestima”, “abordagem centrada na pessoa” e “Carl Rogers”. Somente estudos revisados por pares e relevantes para o tema foram incluídos.

A análise foi estruturada para responder à seguinte questão: Como a abordagem centrada na pessoa contribui para a promoção da autoestima?

 

Discussão

A análise dos dados obtidos aponta que a ACP tem um impacto consistente no fortalecimento da autoestima de indivíduos com dificuldades emocionais. O componente chave dessa abordagem é a aceitação incondicional, que reduz os efeitos de julgamentos negativos internalizados e promove a autoconfiança.

Outro ponto crucial é o papel da empatia, que permite ao cliente reconhecer emoções reprimidas e transformar crenças autolimitantes. Muitos estudos atuais destacam a relação positiva entre a autenticidade do terapeuta (congruência) e a abertura do cliente para explorar áreas sensíveis de sua identidade.

Esses achados têm implicações diretas na prática clínica, sugerindo que terapeutas capacitados pela ACP podem facilitar uma transformação significativa na autoestima, especialmente em populações que enfrentam dificuldades como transtornos depressivos, traumas ou críticas excessivas.

 

Conclusão

A autoestima desempenha um papel central na saúde mental e no desenvolvimento psicossocial dos indivíduos. Através da Abordagem Centrada na Pessoa, é possível oferecer um espaço terapêutico seguro, no qual os clientes possam se desenvolver plenamente enquanto exploram seus valores e reconceituam sua autopercepção.

O impacto positivo observado nas práticas da ACP reforça a relevância dessa abordagem, não apenas em contextos terapêuticos individuais, mas também em espaços educativos e sociais mais amplos. Estudos futuros devem investigar a eficácia da ACP com diferentes populações e em contextos culturais variados, visando ampliar sua aplicabilidade e compreensão teórica.

 

 

Referências Bibliográficas

1. Joseph, S., & Murphy, D. (2013). Person-Centered Approach, Positive Psychology, and Relational Depth. *Journal of Humanistic Psychology, 53*(2), 139–163.

2. Maslow, A. H. (1970). *Motivation and Personality*. Harper & Row.

3. Neff, K. D. (2003). Self-compassion: An alternative conceptualization of a healthy attitude toward oneself. *Self and Identity, 2*, 85–101.

4. Rogers, C. R. (1961). *On Becoming a Person: A Therapist’s View of Psychotherapy*. Houghton Mifflin.

5. Rosenberg, M. (1965). *Society and the Adolescent Self-Image*. Princeton University Press.

 

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