Psicologa Organizacional

5 de junho de 2025

 

Sentimentos e Emoções na Abordagem Centrada na Pessoa: o que são e como reconhecê-los

 

Vivenciar nossas emoções e sentimentos faz parte da experiência humana. Mas, apesar de serem palavras frequentemente usadas como sinônimos, emoção e sentimento são conceitos distintos. Entender essa diferença pode ser transformador — especialmente quando falamos sobre crescimento pessoal, psicoterapia e relações saudáveis.

Neste artigo, vamos explorar o que são sentimentos e emoções sob a luz da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), de Carl Rogers, e apresentar listas com definições claras para te ajudar a reconhecer e nomear o que você sente no dia a dia.

 

O que são sentimentos?

Na visão da ACP, o sentimento é a vivência subjetiva e consciente de um estado emocional. Ele representa a forma como o indivíduo percebe internamente aquilo que está experimentando — é o significado que damos à emoção sentida.

Carl Rogers, fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, destacou a importância de entrar em contato com os próprios sentimentos e expressá-los com autenticidade. Para ele, esse contato genuíno é um dos caminhos mais poderosos para a mudança terapêutica.

Sentimentos são duradouros, carregam interpretações pessoais e estão profundamente ligados às nossas experiências, valores e relações.

 

O que são emoções?

As emoções, por sua vez, são respostas psicofisiológicas automáticas a estímulos do ambiente. Elas são universais, instintivas e ocorrem antes mesmo de termos consciência do que estamos sentindo.

Por exemplo: ao ouvir um barulho alto e repentino, você pode sentir medo. O corpo reage com tensão muscular, batimentos cardíacos acelerados e foco direcionado. Só depois disso, você interpreta e nomeia essa reação — é aí que surge o sentimento correspondente, como insegurança, preocupação ou alívio.

As emoções nos ajudam a nos proteger, adaptar e reagir. São parte essencial da vida e da sobrevivência humana.

 

Qual é a diferença entre sentimento e emoção?

Critério

Emoção

Sentimento

Natureza

Reação automática e biológica

Interpretação consciente e subjetiva

Duração

Breve, momentânea

Pode durar minutos, horas ou dias

Consciência

Pode ser inconsciente

É consciente e nomeável

Complexidade

Básica e universal

Complexa e influenciada por experiências pessoais

Exemplo

Medo diante de uma ameaça

Insegurança por causa de memórias dolorosas

 

Lista de emoções básicas e seus significados

A pesquisa do psicólogo Paul Ekman identificou um conjunto de emoções universais, comuns a todas as culturas. São elas:

1. Alegria

Estado de prazer e contentamento. Nos motiva à aproximação e à conexão social.

2. Tristeza

Resposta à perda ou frustração. Favorece o recolhimento e a reflexão interior.

3. Medo

Reação diante de perigo real ou imaginado. Prepara o corpo para lutar, fugir ou congelar.

4. Raiva

Surge diante de algo percebido como injusto ou ameaçador. Está ligada à defesa pessoal e ao estabelecimento de limites.

5. Nojo

Rejeição a algo considerado repulsivo, seja físico ou moral.

6. Surpresa

Reação breve diante do inesperado. Permite adaptação rápida.

7. Desprezo

Expressa julgamento ou superioridade moral em relação a algo ou alguém.

 

Lista de sentimentos e suas definições

Para aprofundar a compreensão, aqui está uma lista de sentimentos organizados em dois grupos: quando as necessidades estão sendo atendidas e quando não estão sendo atendidas, conforme proposta da Comunicação Não-Violenta (CNV), que dialoga bem com os princípios da ACP.

Sentimentos quando as necessidades estão sendo atendidas:

  • Alegria – Sensação interna de leveza e bem-estar.
  • Gratidão – Reconhecimento por algo positivo recebido.
  • Tranquilidade – Paz interna e ausência de conflito.
  • Orgulho – Satisfação por conquistas pessoais.
  • Esperança – Confiança em um futuro melhor.
  • Entusiasmo – Energia positiva diante de algo desejado.
  • Amor – Afeição profunda e conexão com o outro.
  • Confiança – Segurança emocional em si ou no outro.

Sentimentos quando as necessidades não estão sendo atendidas:

  • Medo – Insegurança sobre o que está por vir.
  • Ansiedade – Agitação interior diante da incerteza.
  • Tristeza – Dor emocional por perda ou frustração.
  • Raiva – Frustração diante de um limite rompido.
  • Vergonha – Sensação de inadequação ou exposição.
  • Culpa – Peso emocional por algo feito ou não feito.
  • Solidão – Falta de vínculo ou conexão afetiva.
  • Frustração – Bloqueio ou interrupção de um desejo.
  • Insegurança – Falta de confiança em si ou no ambiente.
  • Desânimo – Falta de energia para continuar.

 

Por que nomear sentimentos e emoções é importante na psicoterapia?

Na prática da Abordagem Centrada na Pessoa, nomear o que se sente amplia a consciência e possibilita uma relação mais honesta consigo mesmo. Quando o terapeuta oferece escuta empática, aceitação incondicional e autenticidade, o cliente começa a reconhecer suas emoções com mais clareza e se autorregula com mais maturidade.

Rogers afirmava que a mudança terapêutica começa quando a pessoa experiencia e aceita seus sentimentos tal como são, sem máscaras, julgamentos ou pressões externas.

 

Entender a diferença entre sentimento e emoção é um passo importante para quem busca autoconhecimento, maturidade emocional e relações mais saudáveis. Na terapia, esse processo se torna ainda mais potente quando somos escutados com empatia e liberdade.

Se você deseja aprofundar seu contato com o que sente e vive, a psicoterapia pode ser um espaço seguro para isso.

 

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