Sentimentos
e Emoções na Abordagem Centrada na Pessoa: o que são e como reconhecê-los
Vivenciar nossas emoções e sentimentos faz parte da
experiência humana. Mas, apesar de serem palavras frequentemente usadas como
sinônimos, emoção e sentimento são conceitos distintos. Entender essa diferença
pode ser transformador — especialmente quando falamos sobre crescimento
pessoal, psicoterapia e relações saudáveis.
Neste artigo, vamos explorar o que são sentimentos
e emoções sob a luz da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), de Carl
Rogers, e apresentar listas com definições claras para te ajudar a reconhecer
e nomear o que você sente no dia a dia.
O que são sentimentos?
Na visão da ACP, o sentimento é a vivência subjetiva e consciente de
um estado emocional. Ele representa a forma como o indivíduo percebe
internamente aquilo que está experimentando — é o significado que damos à
emoção sentida.
Carl Rogers, fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, destacou a
importância de entrar em contato com os próprios sentimentos e
expressá-los com autenticidade. Para ele, esse contato genuíno é um dos
caminhos mais poderosos para a mudança terapêutica.
Sentimentos são duradouros, carregam interpretações pessoais e estão
profundamente ligados às nossas experiências, valores e relações.
O que são
emoções?
As emoções, por sua vez, são respostas
psicofisiológicas automáticas a estímulos do ambiente. Elas são universais,
instintivas e ocorrem antes mesmo de termos consciência do que estamos
sentindo.
Por exemplo: ao ouvir um barulho alto e repentino,
você pode sentir medo. O corpo reage com tensão muscular, batimentos cardíacos
acelerados e foco direcionado. Só depois disso, você interpreta e nomeia essa
reação — é aí que surge o sentimento correspondente, como insegurança,
preocupação ou alívio.
As emoções nos ajudam a nos proteger, adaptar e
reagir. São parte essencial da vida e da sobrevivência humana.
Qual é a
diferença entre sentimento e emoção?
Critério |
Emoção |
Sentimento |
Natureza |
Reação
automática e biológica |
Interpretação
consciente e subjetiva |
Duração |
Breve,
momentânea |
Pode
durar minutos, horas ou dias |
Consciência |
Pode
ser inconsciente |
É
consciente e nomeável |
Complexidade |
Básica
e universal |
Complexa
e influenciada por experiências pessoais |
Exemplo |
Medo
diante de uma ameaça |
Insegurança
por causa de memórias dolorosas |
Lista de
emoções básicas e seus significados
A pesquisa do psicólogo Paul Ekman identificou um
conjunto de emoções universais, comuns a todas as culturas. São elas:
1. Alegria
Estado de prazer e contentamento. Nos motiva à
aproximação e à conexão social.
2. Tristeza
Resposta à perda ou frustração. Favorece o
recolhimento e a reflexão interior.
3. Medo
Reação diante de perigo real ou imaginado. Prepara
o corpo para lutar, fugir ou congelar.
4. Raiva
Surge diante de algo percebido como injusto ou
ameaçador. Está ligada à defesa pessoal e ao estabelecimento de limites.
5. Nojo
Rejeição a algo considerado repulsivo, seja físico
ou moral.
6. Surpresa
Reação breve diante do inesperado. Permite
adaptação rápida.
7. Desprezo
Expressa julgamento ou superioridade moral em
relação a algo ou alguém.
Lista de
sentimentos e suas definições
Para aprofundar a compreensão, aqui está uma lista
de sentimentos organizados em dois grupos: quando as necessidades estão
sendo atendidas e quando não estão sendo atendidas, conforme
proposta da Comunicação Não-Violenta (CNV), que dialoga bem com os princípios
da ACP.
Sentimentos
quando as necessidades estão sendo atendidas:
- Alegria – Sensação interna de
leveza e bem-estar.
- Gratidão – Reconhecimento por algo
positivo recebido.
- Tranquilidade –
Paz interna e ausência de conflito.
- Orgulho – Satisfação por conquistas
pessoais.
- Esperança – Confiança em um futuro
melhor.
- Entusiasmo – Energia positiva diante
de algo desejado.
- Amor – Afeição profunda e
conexão com o outro.
- Confiança – Segurança emocional em si
ou no outro.
Sentimentos
quando as necessidades não estão sendo atendidas:
- Medo – Insegurança sobre o que
está por vir.
- Ansiedade – Agitação interior diante
da incerteza.
- Tristeza – Dor emocional por perda
ou frustração.
- Raiva – Frustração diante de um
limite rompido.
- Vergonha – Sensação de inadequação
ou exposição.
- Culpa – Peso emocional por algo
feito ou não feito.
- Solidão – Falta de vínculo ou
conexão afetiva.
- Frustração – Bloqueio ou interrupção
de um desejo.
- Insegurança – Falta de confiança em si
ou no ambiente.
- Desânimo – Falta de energia para
continuar.
Por que
nomear sentimentos e emoções é importante na psicoterapia?
Na prática da Abordagem Centrada na Pessoa, nomear
o que se sente amplia a consciência e possibilita uma relação mais
honesta consigo mesmo. Quando o terapeuta oferece escuta empática, aceitação
incondicional e autenticidade, o cliente começa a reconhecer suas emoções
com mais clareza e se autorregula com mais maturidade.
Rogers afirmava que a mudança terapêutica começa
quando a pessoa experiencia e aceita seus sentimentos tal como são, sem
máscaras, julgamentos ou pressões externas.
Entender a diferença entre sentimento e emoção é um
passo importante para quem busca autoconhecimento, maturidade emocional e
relações mais saudáveis. Na terapia, esse processo se torna ainda mais potente
quando somos escutados com empatia e liberdade.
Se você deseja aprofundar seu contato com o que
sente e vive, a psicoterapia pode ser um espaço seguro para isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário