TEXTO
BASE: Mt 18:23-35 e Lc 7:47
I - INTRODUÇÃO
Assim
como o perdão de Deus para o homem é peça fundamental no plano da redenção, a
disciplina do perdão deve estar bem no centro de nosso viver cristão.
A verdade é que não temos problemas com
o conceito; é fácil falar sobre o
perdão. Praticar é que é difícil, já
que nossos referenciais e padrões de justiça são muito diferentes dos de Deus.
É comum guardarmos ressentimentos
justificáveis, ou seja, segundo nossa
ótica humana falha, estamos "cobertos de razão" em não perdoar,
pois o que fizeram conosco é "imperdoável".
Em
outras ocasiões ficamos procurando sinais verdadeiros de arrependimento nas
pessoas para que então possamos "do
alto da nossa magnificência", liberar o perdão para elas. Freqüentemente
relembramos aos outros da necessidade de arrependimento antes que lhes
perdoemos.
Desse
modo muitas vezes somos farisaicos e rápidos em achar faltas, mas tardios em
reconhecer que também somos falhos,
também precisamos ser perdoados, e só
somos o que somos porque um dia Deus nos perdoou através do sacrifício de Jesus
Cristo.
Hoje é dia de sermos completamente
curados e libertos de todos os ressentimentos e de todas as barreiras que a falta de perdão têm gerado em nossos relacionamentos,
e tomarmos posse desse fruto poderoso
do Espírito Santo em nossas vidas, que nos faz perdoados e perdoadores.
II - O QUE É O PERDÃO?
Perdoar
significa conceder a remissão de qualquer ofensa ou dívida, gerada por falta ou
transgressão e desistir de qualquer
reivindicação, ou seja, liberar o
ofensor de qualquer obrigação proveniente de sua falta.
Devemos conceder o perdão livremente,
não extraindo ou esperando nenhum pagamento por ele. Uma atitude muito comum é condicionar o perdão a um
determinado posicionamento ou retribuição, ou seja, é a famosa "chantagem
emocional":
- "Eu te perdôo, mas você vai ter
que dar algo em troca..."
Devemos desistir de
qualquer reivindicação e liberar de vez o ofensor a fim de os dois possam ser
livres.
Deus
nos concede perdão livremente, pois Jesus pagou o preço na cruz do Calvário. Assim
também nós devemos perdoar segundo o padrão que Ele estabeleceu.
Em
todo o ensinamento de Jesus vemos presentes as lições sobre o perdão, que
estabelecem um princípio espiritual muito importante que deve reger nossas
vidas, não só a conjugal, mas todas as áreas: se perdoamos, somos perdoados
(Mt. 6:14 e 15), pois Deus só pode nos perdoar na medida em que estamos
dispostos a perdoar os outros.
III - CONSEQÜÊNCIAS DA FALTA DE PERDÃO
Seguir na direção contrária do plano e
da vontade de Deus, fatalmente nos leva a um caminho de derrota e destruição. Com o perdão não é diferente.
A Palavra nos mostra que a falta de
perdão nos mantém em escravidão, debaixo do jugo do inimigo. Se o perdão revela a presença do Espírito Santo em
nós, a falta deste abre uma grande brecha para o inimigo espiritual operar.
Vejamos então suas conseqüências:
* Quando retemos o perdão para aqueles
que nos magoaram e feriram, somos
entregues aos atormentadores, conforme nos revela o texto de Mt 18:34. Por isso
muitos relacionamentos não prosperam, já que existem seres espirituais que
estão habilitados a trazer a contenda e a discórdia pela falta de perdão entre
os relações sociais. Freqüentemente a falta de perdão é a base para formação de
fortalezas espirituais;
* Uma das mais sérias conseqüências da
falta de perdão é a amargura, que é o
resultado de uma falta de perdão que já dura muito tempo (Heb 12:15). O efeito
final da amargura é que muitos serão "contaminados" e se permitirmos
que se enraíze, ela certamente:
-
Nos destruirá, muitas vezes se manifestando em doenças físicas e emocionais;
-
Atingirá outras pessoas;
-
Dará a luz outros pecados;
-
Endurecerá e esfriará o nosso coração;
-
Esmagará o amor e freqüentemente o matará;
* A falta de perdão bloqueia nossa
comunhão com Deus. O Senhor Deus nos
instruiu a perdoar nossos irmãos antes de orarmos. Para que possamos caminhar
em fé, precisamos manter esse tipo de atitude para com os outros, para que
também as promessas de Deus não sejam retardadas em nossas vidas (Mt 5:22-26) e
nosso próprio perdão não seja bloqueado (Mt 6:14 e 15).
IV - COMO LIBERAR O PERDÃO
A
palavra fala a respeito daqueles que nós ofendemos como também daqueles que nos
têm ofendido. Portanto a falta de perdão
afeta tanto ao que se recusa a perdoar, como ao não perdoado.
Devemos seguir uma regra simples:
*
Se nós ofendemos - devemos iniciar o processo de perdão;
*
Se nós fomos os ofendidos - também devemos iniciá-lo.
O justificar-se apenas perpetua o pecado
e mantém a separação entre as duas pessoas. Geralmente julgamos as outras pessoas pelas ações, mas nós mesmos
pelas intenções.
Enquanto queremos
julgamento para os outros, desejamos misericórdia para nós.
Devemos seguir os padrões bíblicos para
o perdão:
*
O arrependimento de nosso cônjuge (ou de qualquer outra pessoa) não é
necessário para que haja o perdão. Perdoar
libera o ofensor para que ele se arrependa (Rm 2:4). Tanto o Senhor
Jesus (Lc 23:34) como Estevão (At 7:60), perdoaram seus executores enquanto
estavam sendo mortos, mesmo quando não havia nenhum sinal de arrependimento
por parte daqueles;
* Não há limites para o número de vezes que
devemos perdoar (Mt 18:22). O amor não mantém o registro de erros, mas
cobre multidão de pecados (I Pe 4:8) e é paciente (I Co 13:4);
*
Se o seu cônjuge estiver repetindo o mesmo pecado perdoe-o como Deus perdoa (Is
43:25). O
Senhor não se lembra de um pecado perdoado. Quando perdoamos de verdade não relembramos os pecados passados.
Esquecer significa não ficar pensando no assunto. Cada nova mágoa é como se
nunca tivesse acontecido antes. Nunca
mencione novamente uma mágoa que já havia sido perdoada (não levante
defuntos da cova...!!!);
* Muitos erram por não entender que o perdão
é um ato da vontade e não um sentimento. Precisamos decidir perdoar e os nossos
sentimentos seguirão essa decisão.
Devemos fazer com que nossa vontade concorde com a vontade de Deus e
procurarmos ser orientados pelo Espírito Santo. Somente através do coração
amoroso e compassivo dEle seremos capazes de perdoar aos nossos devedores, pois
os veremos como Ele os vê. Nossos sentimentos de dor e raiva serão sobrepujados
pelo grande amor de Deus por aqueles que nos feriram;
* Segundo a palavra de Pv 17:9 não
devemos falar aos outros a respeito da mágoa que sofremos. Muitas vezes isso acontece nas situações em que se
compartilha o acontecido, somente para obter simpatia e compreensão dos outros,
expondo o cônjuge e a situação permitindo que outros interfiram;
* Deus não categoriza os pecados como
grandes e pequenos. Não podemos
justificar o nosso pequeno pecado de justiça própria, por causa do grande
pecado de nosso cônjuge. Para Deus pecado é pecado (Rm 3:23). Quando caminhamos
em julgamento, freqüentemente, nos tornamos iguais àqueles a quem julgamos.
Devemos examinar a nós mesmos e não o nosso cônjuge, irmão ou amigo (Lc 6:37);
Muitos justificam sua falta de
posicionamento por sua "incapacidade" de perdoar:
-
"Por mais que eu tente não consigo esquecer o que ele me fez..."
Quando
se diz "não posso perdoar"
na verdade isso significa "não quero perdoar". Isso não é possível
pela capacidade humana, mas somente através do poder de Deus, pois nEle não há
obstáculos para o perdão. Somente com
Sua natureza habitando em nós seremos capazes de perdoar e confiar novamente.
CONCLUSÃO
"Antes,
sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus em Cristo vos perdoou." - Ef 4:32
Antes
de podermos perdoar aos outros, freqüentemente precisamos perdoar a nós mesmos,
tendo consciência da obra da cruz e do perdão do Senhor sobre as nossas vidas.
Se não perdoamos, nos mantemos numa posição superior à do Senhor, cheios de
orgulho e arrogância, pois se Ele sendo Deus pode nos perdoar, por que não podemos
perdoar ao nosso próximo?
Não
podemos nos esquecer que logo após a queda, homem e mulher ergueram uma
barreira entre si, permitindo que a acusação encontrasse lugar no
relacionamento. Não podemos permitir nem mesmo pequenas áreas de falta de
perdão em nossa vida social, e nem que o inimigo reconstrua a
"parede" da falta de perdão.
Jesus
veio para destruir toda separação entre nós e Deus, e conseqüentemente, entre
nós e o nosso próximo (Mt 27:51).
Vimos
nessa ministração aspectos práticos sobre a disciplina do perdão, que
seguiremos a partir de hoje, para o crescimento da noida social.
-
Reconhecer que o perdão é um ato da vontade e não um sentimento;
-
Pedir a Deus que nos mostre como Ele vê o ofensor;
-
Permitir que a Sua compaixão flua dentro de nós;
-
Escolher fazê-lo, ser obediente;
-
Não se lembrar mais da mágoa perdoada (não ficar pensando nela);
-
Declarar palavras que sejam opostas ao problema;
-
Abençoar aqueles a quem perdoamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário